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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

OS VINHOS DO MALUF


Uma das notícias mais comentadas dos últimos dias foi a de que o megalômano Paulo Maluf, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, candidato derrotado às eleições presidenciais de 1984, notoriamente enrolado com a Justiça e condenado à prisão no ano passado, estava botando à venda sua enorme coleção de vinhos da Domaine de la Romanée-Conti, amealhada com seus recursos ao longo dos anos. 

Na frase anterior, entenda o pronome possessivo "seus" como bem entender. 

A coleção de Romanée-Conti do Maluf, carinhosamente apelidada de "Espraiadas-Conti" por Dionísio, é conhecida pelo tamanho: certa vez, quando Aubert de Villaine, diretor da DRC, veio ao Brasil para o lançamento de uma safra, foi convidado pelo "turco" para um almoço em sua casa.  
 

Ao ver tantos exemplares de seus vinhos nas prateleiras da Espraiadas-Conti, sentenciou: "nem eu tenho uma coleção como essa de meu próprio vinho". 

No arquivo que circula pela internet, são 862 garrafas: 125 de Échezeaux, 152 de Grands-Échezeaux, 237 de La Tâche, 129 de Richebourg, 68 de Romanée-Conti e 151 de Romanée-Saint-Vivant.

Tirando por uma garrafa de Romanée-Conti 1995, todas as demais são de 1993 ou antes.  
 

O preço da coleção é de US$ 3.889.565,33, ou, ao câmbio de quando essa matéria foi escrita, R$ 14,8 milhões.  

Só são aceitos pagamentos à vista e pelo acervo completo. 

Quando se noticia uma venda dessas, alguns questionamentos surgem imediatamente: 

1. Quem, no Brasil de hoje, tem R$ 15 milhões para gastar em vinho? 

2. Sendo talvez o produtor mais falsificado do mundo, quem garante que todas essas garrafas são legítimas? 

3. Se a venda é apenas pelo lote completo, para quê comprar tantos DRCs, exceto pela ostentação? 
 

Sobre o ponto 1, com a Lava Jato e outras tentativas de moralizar o país, a coisa minguou.

 Mas sabemos que há muitos picaretas por aí, ávidos por uma oportunidade de lavar dinheiro. 

 Que os federais fiquem de olho. 

Sobre o ponto 2, em um papo rápido por telefone, Dionísio, que já teve a oportunidade de conhecer muitas das adegas faraônicas de Brasília, sentenciou: "tem muita falsificação aí no meio". 
 

Lendo tantas notícias sobre falcatruas e adulterações de vinhos e outros alimentos, muitas delas reportadas em B&B, e sabendo que tantos colecionadores foram enganados mundo afora, como os mostrados no documentário "Sour grapes", ouso dizer que Dionísio deve ter razão. 

Também é conhecida a história de um ex-senador goiano que recebeu, do amigo Queda d'água, umas garrafas de Château Cheval Blanc 1947, compradas em Las Vegas - que, como todos sabemos, tem grande tradição vinícola e de ser uma cidade de vestais. Veja:


 

Caro ex-senador, se pagou menos de US$ 3 mil por um Cheval Blanc 1947 em Las Vegas, sendo que, à época, o vinho custava 4 mil euros na França, provavelmente Vossa Excelência tomou um Amarone, ou um Cabernet da Toscana, ou alguma zurrapa marroquina, vendidos como cavalo branco.  

Se não notou a diferença, relaxe: Dionísio já mostrou que é difícil distinguir. 


Sobre o ponto 3, a resposta já foi dada por B&B em uma matéria mais antiga. Confira: 


Mas B&B, num esforço de reportagem, conseguiu falar com o próprio Maluf sobre os Romanèe-Conti.

 

Aguarde a próxima matéria


 

Um comentário:

  1. Ze, onde o nobre deputado, engenheiro, prefeito, governador e pianista (quem nao lembra dele dedicando uma sonata para o Fig numa noite dessas na decada de 80??) compra os vinhos dele? Ele revelou? Os vinhos vem com nota, tem origem de importacao documentada?

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