Uma das notícias mais comentadas dos
últimos dias foi a de que o megalômano Paulo Maluf, ex-prefeito e ex-governador
de São Paulo, candidato derrotado às eleições presidenciais de 1984,
notoriamente enrolado com a Justiça e condenado à prisão no ano passado, estava
botando à venda sua enorme coleção de vinhos da Domaine de la Romanée-Conti,
amealhada com seus recursos ao longo dos anos.
Na frase anterior, entenda o pronome
possessivo "seus" como bem entender.
A coleção de Romanée-Conti do Maluf,
carinhosamente apelidada de "Espraiadas-Conti" por Dionísio, é
conhecida pelo tamanho: certa vez, quando Aubert de Villaine, diretor da DRC,
veio ao Brasil para o lançamento de uma safra, foi convidado pelo
"turco" para um almoço em sua casa.
Ao ver tantos exemplares de seus
vinhos nas prateleiras da Espraiadas-Conti, sentenciou: "nem eu tenho uma coleção como essa de meu próprio vinho".
No arquivo que circula pela internet,
são 862 garrafas: 125 de Échezeaux,
152 de Grands-Échezeaux, 237 de La Tâche, 129 de Richebourg, 68 de Romanée-Conti e 151 de
Romanée-Saint-Vivant.
O preço da coleção é de US$ 3.889.565,33, ou, ao câmbio de
quando essa matéria foi escrita, R$ 14,8 milhões.
Só são aceitos pagamentos à vista e
pelo acervo completo.
Quando se noticia uma venda dessas,
alguns questionamentos surgem imediatamente:
1. Quem, no Brasil de hoje, tem R$ 15
milhões para gastar em vinho?
2. Sendo talvez o produtor mais falsificado
do mundo, quem garante que todas essas garrafas são legítimas?
Sobre o ponto 1, com a Lava Jato e
outras tentativas de moralizar o país, a coisa minguou.
Mas sabemos que há muitos picaretas por aí,
ávidos por uma oportunidade de lavar dinheiro.
Que os federais fiquem de olho.
Sobre o ponto 2, em um papo rápido
por telefone, Dionísio, que já teve a oportunidade de conhecer muitas das
adegas faraônicas de Brasília, sentenciou: "tem muita falsificação aí no meio".
Lendo tantas notícias sobre
falcatruas e adulterações de vinhos e outros alimentos, muitas delas reportadas
em B&B, e sabendo que tantos colecionadores foram enganados mundo afora, como
os mostrados no documentário "Sour grapes", ouso dizer que Dionísio
deve ter razão.
Também é conhecida a história de um
ex-senador goiano que recebeu, do amigo Queda d'água, umas garrafas de Château
Cheval Blanc 1947, compradas em Las Vegas - que, como todos sabemos, tem grande
tradição vinícola e de ser uma cidade de vestais. Veja:
Caro ex-senador, se pagou menos de
US$ 3 mil por um Cheval Blanc 1947 em Las Vegas, sendo que, à época, o vinho
custava 4 mil euros na França, provavelmente Vossa Excelência tomou um Amarone,
ou um Cabernet da Toscana, ou alguma zurrapa marroquina, vendidos como cavalo
branco.
Se não notou a diferença, relaxe:
Dionísio já mostrou que é difícil distinguir.
Sobre o ponto 3, a resposta já foi
dada por B&B em uma matéria mais antiga. Confira:
Aguarde a próxima matéria
Zé
Ze, onde o nobre deputado, engenheiro, prefeito, governador e pianista (quem nao lembra dele dedicando uma sonata para o Fig numa noite dessas na decada de 80??) compra os vinhos dele? Ele revelou? Os vinhos vem com nota, tem origem de importacao documentada?
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