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domingo, 27 de agosto de 2023

OS ENO-PILANTRAS

 



A quase totalidade de nossos sommeliers, críticos, jornalistas, influenciadores, “especialistas” etc., nunca visitou as regiões vinícolas onde são produzidos os vinhos que comentam, recomendam, exaltam, pontuam etc.

Raras viagens internacionais (sempre patrocinadas pelas importadoras), visitas relâmpago pelos vinhedos e adegas do Brasil (todas financiadas pelos produtores), degustações de vinhos, importados ou nacionais, em inúteis feiras ou eventos (rigorosamente na modalidade “boca-livre”), diplomas de algum curso picareta, dos muitos que infestam o Brasil, são os ridículos currículos de maioria dos nossos “mestres” do vinho.



A pergunta: Como, opinar, recomendar ou criticar, imparcial e honestamente, os vinhos de quem nos financia regularmente?

Impossível!

Daí a escandalosa enxurrada de elogios, aos quase-vinhos nacionais, que um exército de eno-picaretas, posta, todos os dias, nas redes sociais.

 A quase totalidade dos eno-picaretas não possui mínimo conhecimento vinícola, (pudor nem pensar...) e por alguns trocados não relutam em elogiar, pasmem, até o tremenda-bosta “Pérgola“ da quase-vinícola Campestre.


O enófilo brasileiro é massacrado, diariamente, com incontáveis desinformações que “vendem” o vinho brasileiro como um dos melhores do planeta.

Um verdadeiro festival de fake-news.



Não se pode culpar o enófilo que considera o espumante nacional como o segundo melhor do mundo.

Não é justo rir do consumidor que acredita na qualidade superior do vinho do cerrado goiano, de Pernambuco, da Serra da Mantiqueira, Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal etc.


Os culpados, pela desinformação, são os ano-picaretas que “vendem” suas canetas, ou vídeos vagabundos, ao primeiro que oferecer uma graninha.

Como desmascarar o eno-picareta, de plantão?

É facílimo!

 Pergunte ao “expert” se conhece a região dos vinhos que está comentando.

Já foi a Borgonha, Dão, Alsácia, Piemonte, Toscana, Rioja, Côtes du Rhône, Champagne etc.?



Quantas vezes e por quanto tempo?

Se a resposta for vaga e se a viagens, às grandes regiões produtores europeias, foram patrocinadas por importadoras, pode ter certeza que você está diante de um eno-pilantra-embromador.

Fuja!



Um dos poucos críticos competente, que conheço e visitou várias vezes os grandes cetros vinícolas europeus, é Jorge Lucki.

Jorge, apesar de ter sucumbido, ultimamente, ao tintilar dos $$$$ dos produtores nacionais e publicar ridículas listas dos “Melhores Espumantes”, Melhores Tintos” etc. continua sendo razoavelmente crível e confiável.



Salvo raras exceções (Chateau Musar e Viña Tondonia são duas delas...), visitei, várias vezes, todas as regiões onde são produzidos os vinhos que comento e recomendo, assim, pretendo publicar três ou quatro matérias sobre algumas viagens que realizei à procura de grandes e baratas garrafas.



A próxima matéria: Viagens pelas colinas do “Verdicchio dei Castelli di Jesi”.

Bacco

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

FEIJÕES E CAMARÕES

 


A longa e cansativa viagem de avião (14/15 horas), que começa em Brasília e termina no aeroporto de Malpensa, exige uma bela e reparadora noite de sono antes de percorrer mais 200 km de rodovia até alcançar Santa Margherita.

Durante muitos anos, Arona, cidade banhada pelas águas do Lago Maggiore, foi a preferida onde recuperar as forças e amenizar o efeito “jet lag”.

Os hotéis de Arona, nos últimos anos, foram infectados pelo mesmo vírus que ataca os vinhos nacionais: “Qualidade 3 satélites = Preços 5 estrelas”.



Sesto Calende, aconchegante e bela cidade à beira do rio Ticino, próxima de Malpensa, com inúmeras e mais convenientes opções hoteleiras, conseguiu me conquistar e passou a ser meu primeiro “porto” italiano.

Cidade tranquila, com pequeno, charmoso e bem cuidado centro histórico, bons bares e restaurantes, preços mais humanos e convenientes......Arona não deixou saudade.



 Para beber bem, gastando o justo, recomendo, com entusiasmo: “Enoteca Holly”, “Naturalmente Jhonny”, “Pasticceria e Drinks Emiazico”.

Na histórica “Enoteca Holly”, Fabio, proprietário e ótimo sommelier, não reluta em desarrolhar garrafas e mais garrafas de sua soberba adega.

Na “Enoteca Holly” aproveite a alegre balburdia dos “habituès” que todos os dias e pontualmente às 18h, “invadem” o wine-bar.



Pouco distante, no “Naturalmente Jhonny”, é “obrigatório” brindar com uma taça (duas seria o mais indicado...), do ótimo espumante “Franciacorta Brut Dosaggio Zero Ammonites”.

Considero o “Ammonites” um dos raros espumantes que, sem complexos de inferioridade, pode rivalizar com os bons Champagne.



Na pracinha, de Sesto Calende, Marco Emiazico, proprietário da homônima “Pasticceria”, não hesitará em abrir uma garrafa do surpreendente espumante “Mattia Vezzola Rosé e servir quantas taças você desejar.



Comer?

“La Biscia”, “Piazza Abba” “Il Portichetto”, “3 Re”.

Os quatro locais são válidos.

O “Il Portichetto”, misto de pizzeria e restaurante, oferece cozinha interessante (ótimo o peixe espada na brasa), adega de boa qualidade, preços contidos e o serviço rápido e profissional.



O “Piazza Abba” mais aconchegante e requintado, do que popular “Il Portichetto”, oferece uma adega de alta qualidade, bons pratos de massas e peixes.

Destaque especial para o atum com gergelim e um ótimo “Tiramisù”.

“La Biscia”, restaurante especializado em peixes e frutos do mar, apesar da boa cozinha é minha última opção na cidade.

Serviço empolado e preços nem sempre razoáveis justificam a derradeira colocação na lista....



O “3 Re” é o mais bonito e agradável restaurante de Sesto Calende.

A boa cozinha mereceria uma adega à altura, mas infelizmente a carta de “3 Re” além de cara é muito limitada.

Hoje quero homenagear a boa cozinha do “3 Re” e apresentar um interessante antepasto que provei, semana passada, no restaurante: “Gamberi Lardellati su Pesto di Cannellini”.



 Nome, sofisticado, complicado, mas que pode ser traduzido e apresentado como ......Creme de Feijão e Camarões.

INGREDIENTES (4 PESSOAS)

Os ingredientes principais, da receita original, são os feijões italianos “cannellini”

Não temos, no Brasil, a mesma variedade, mas podemos perfeitamente substitui-los por feijões brancos ou fradinho.



100 gramas de feijão, camarões médios, presunto cru, azeite, alguns raminhos de tomilho fresco, salsinha picada, pimenta do reino, sal.

PREPARO

Deixe os feijões de molho por algumas horas.

É sempre bom lembrar que feijões brancos demoram mais para amolecer do que o “fradinho”.

Esqueça a de pressão e cozinhe os feijões em panela comum para poder adicionar água quando necessário.



Enquanto os feijões cozinham envolva os camarões com o presunto cru e reserve.



Quando os feijões estivem prontos e macios coloque-os no liquidificador, junte, aos poucos, água do cozimento, o tomilho, sal, pimenta preta moída e bata até obter um creme não muito líquido.



Em uma frigideira, de bom tamanho, junte um pouco de azeite (duas ou três colheres) frite, em fogo baixo e por dois minutos, os camarões.

Coloque o creme, tépido, em um pratinho fundo, junte os camarões, adicione um pouco de azeite, a salsa picada e sirva.



Para beber?

Um bom branco seco, fresco, não muito encorpado.

Bacco.

P.S Não forneci endereços dos locais indicados, pois os mesmos podem ser encontrados no raio de 100 metros no centro de Sesto Calende

terça-feira, 15 de agosto de 2023

BRASILEIRO PODE BEBER? 2

 


A Miolo foi uma das primeiras, predadoras de vinho, a perceber que poderia relegar a um segundo plano a qualidade dos vinhos, mas mesmo assim lucrar muito com publicidade bem boladas.

Vinhos banais, altas pontuações (sempre pagas), canetas de vida fácil e sempre famintas, um famoso enólogo-viajante pronto a assinar até Lacto Purga, eram os caminhos a seguir para conseguir lucros fantásticos.



Não foi fazendo caridade que a Miolo, em pouco mais de três décadas, passou de 30 hectares de vinhedos e fornecedora de uvas às grandes engarrafadoras, para os atuais mais de 1.000 hectares e uma das maiores industrias vinícolas do país.

Voltemos às picaretagens......

O “Lote 43” animou a Miolo a contratar, mais uma vez, o enólogo viajante, Michel Rolland-Lero e surpreender, novamente, o mercado com uma etiqueta estupradora de cartões; “Sesmarias”.



Era uma fase em que bastava pronunciar o nome do Rollando-Lero para os diretores da ABS entrarem em espasmódicas excitações.

O nosso enólogo- viajante, que de bobo nada tem, prevendo o próximo fim de sua relação com a Miolo, entrou com tudo o que tinha e bolou sua última “obra prima”  vinificando Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, Tannat, Tempranillo, Touriga Nacional…e só parou por não encontrar mais castas para esmagar



Nascia mais um vinho Miolo: “Suruba-Sesmarias”.

Não pense que beber a criação da Miolo é tarefa simples, fácil, barata; para tirar a rolha do “Suruba-Sesmarias” é preciso desembolsar hiperbólicos   R$ 800/1.000.  

O sucesso, dos assaltos da Miolo aos cartões dos enófilos brasileiros, animou muitos outros produtores nacionais.



 Os predadores perceberam que os eno-palermas acreditavam no falso lema do “se é caro é bom” e investiram muito para alimentar, mais e mais, a crença

 Pizzato, Don Giovanni, Luiz Argenta, Era dos Ventos, Perini, Guaspari, Maximo Boschi, Valduga, Maria Maria, Salton, Vallontano, Guatambu, Pericó, Peterlongo etc. se especializaram em meter mão no bolso dos consumidores brasileiros, produzindo vinhos nacionais, quando muito e apenas razoáveis, por preços de Grand Cru francês 



Há três predadores especiais que deixei, propositalmente, fora da lista: Vilmar Bettu, Lidio Carraro e Geisse.

Não vou dedicar muito tempo sobre o que penso dos vinhos do Vilmar, mas devo reconhecer que o Bettu é um gênio do marketing e um Mandrake na hora da venda.

Vilmar, imitando Mandrake, consegue hipnotizar os eno-tontos e convencê-los a comprar, por preços estratosféricos, seus quase-vinhos-artesanais de araque.



Bettu é um verdadeiro alquimista: Transforma tremendas-bostas em lingotes de ouro.

Lidio Carraro.....



O que dizer de um dos maiores predadores da Serra Gaúcha?

Uma vinícola brasileira que anuncia um Cabernet Sauvignon gaúcho por um preço maior do que um Pauillac.

Veja 1)


LIDIO CARRARO GRANDE VINDIMA CABERNET SAUVIGNON 2012 + ESTOJO GRANDE VINDIMA

•DESTAQUE••LANÇAMENTO•

Parte superior do formulário

POR:
R$ 724,00




 

Veja 2)

Parte inferior do formulário

 

 


Château Lynch-Bages 2021

5e cru classé - 

Bordeaux

 - 

Pauillac

 - Rosso - Dettagli

128,10 € / Unità (R$ 678)

 

A predadora dos Pampas não se satisfaz apenas em “morder” os fãs do Cabernet Sauvignon e ataca, com sua rara voracidade, também, os admiradores do Nebbiolo.

Quem já bebeu o “Singular Nebbiolo” da Carraro e um bom Barolo, não consegue acreditar que ambos sejam vinificados com a mesma casta.

Eu considero o vinho da Carraro um verdadeiro insulto ao Nebbiolo, mas há eno-tontos e canetas de aluguel, que elogiam o Nebbiolo gaúcho e sem pestanejar desembolsam, por ele, escorchantes R$ 726,30 (o triplo de um ótimo Barolo 2019 de “Fratelli Alessandria”)

Veja



Barolo del Comune di Verduno Fratelli Alessandria 2019

Fratelli Alessandria

Quello dei Fratelli Alessandria è un Barolo del Comune di Verduno corposo e intenso che viene lasciato invecchiare per 36 mesi in botti di rovere francese e di slavonia. Presenta un bouquet molto fine e delicato dove si alternano note di violetta e sensazioni balsamiche, con un finale che gioca su caffè e pepe

41,00€ (R$ 217)

o 3 rate da 13,67 € senza interessi.  

Quando acreditava que ao Lidio Carraro havia esgotado todos seus ardis e imaginação na tentativa de ludibriar os enófilos tupiniquins, eis que que a predadora “descobre”, em suas grutas gaúchas, ânforas pré-colombianas.

 


 Nasciam, ali e então, duas novas incríveis picaretagens vinícolas: “Vinum Amphorae Chardonnay” e “Vinum Amphorae III”.




VINUM AMPHORAE CHARDONNAY SAFRA 2019 - COTA LOTE III COM 1 GARRAFA DE 750ML

•DESTAQUE••LANÇAMENTO•

Parte superior do formulário

POR:
R$ 731,60

ou 3x de R$ 243,87 Sem juros Cartão MasterCard

Parte inferior do formulário

 

O departamento de marketing da predadora resolveu adotar, nas etiquetas, o latim, pois pouco se conhece da língua faladas pelos etruscos, mas é quase certo que as ânforas, utilizadas, na vinificação dos dois vinhos, pertenciam a uma família etrusca que emigrou para o Rio Grande do Sul em 8717 AC.


VINUM AMPHORAE III SAFRA 2020 - COTA LOTE II COM 2 GARRAFAS DE 750ML

Parte superior do formulário

POR:
R$ 1.315,80

ou 4x de R$ 328,95 Sem juros Cartão MasterCard

 

Falando sério...Um Chardonnay nacional custando tanto quanto um Chassagne-Montrachet 1er Cru e um tinto gaúcho mais caro do que um Beaune 1 er Cru…Piada






AOP Beaune 1er Cru "Cuvée Cyrot-Chaudron"

Prix : 88,00 €

 

Millésime : 2014



Appellation : AOP Beaune 1er Cru



Domaine : Hospices De Beaune



Cépage : Pinot Noir



Format : Bouteille (75 cl)



Couleur : Rouge

 

Voltemos à realidade…. A Lidio Carraro, em picaretagem marqueteira, somente é segunda quando comparada à próxima predadora vinícola e estrela de minha próxima matéria.

Dionísio