Sabe quando uma grande uva, após décadas de esquecimento e abandono,
é “redescoberta”, reencontra o sucesso, seus vinhos são classificados entre os
melhores da Itália, galgam os degraus da fama e nada parece impedir sua ascensão?
Pois é, esta uva existe e atende pelo nome de “Timorasso”.
Um pouco de história....
A Timorasso já era largamente conhecida e vinificada já no
século XI e disputava, com outras uvas brancas, a preferência dos piemonteses.
A decadência e quase abandono ocorreu no final do século XIX
com o advento da filoxera.
Depois da praga, a Timorasso, muito sensível, complicada e de baixa produtividade, foi praticamente abandonada pelos viticultores piemonteses que dirigiram suas atenções para a mais dócil e produtiva Cortese.
O tempo passou e somente um 1987, Walter Massa, um atento e
perspicaz viticultor “redescobriu” o enorme potencial da Timorasso.
Massa e outros clarividentes produtores, investiu na Timorasso e a partir de 2005, os frutos do esforço já eram evidentes, palpáveis, compensadores: O vinho “Timorasso” deixava os confins da província de Alessandria e conquistava as taças dos bares, restaurantes e enotecas italianas.
Em minha constante busca do vinho bom, raro e barato, em meado
dos anos 1990, seguindo os conselhos de um jornalista italiano, especializado e tão
fuçador quanto eu, fui a caça dos melhores Timorasso
Dezenas etiquetas depois (havia pouco mais de 20 produtores), me convenci que os Timorasso de Walter Massa, Claudio Mariotto, Giovanni Daglio, La Colombera e Giacomo Boveri eram os melhores e que não seria necessário alargar minhas compras.
O “…não seria necessário alargas minhas compras…. ” não excluía total e definitivamente todos os outros produtores, mas os viticultores, acimas mencionados, eram os que regularmente frequentavam minhas taças.
O Timorasso, é preciso dizer, não é um primor de
elegância, fineza, leveza, delicadeza.
O Timorasso é um vinho de grande corpo, robusto,
estruturado, importante e pede comida: O Timorasso, com seus declarados
14.5º/15º, não é exatamente um vinho para aperitivo.
Acompanha regiamente peixes, frutos do mar, massas, risotti e
até carnes brancas.
Lembram da canção “Piston de Gafieira” de Billy Blanco?
https://www.youtube.com/watch?v=Ul8LPH4xXws
“...tudo vai bem, mas, eis, porém que de
repente um pé subiu e alguém de cara foi ao chão.....”
Pois é....não encontrei nada melhor, do que a letra de Billy
Blanco, para descrever o que aconteceu com o Timorasso
que deu com a cara no chão quando mudou de nome e adotou idioma e preços franceses.
Continua....
Bacco