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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

VINHO SENZALA

 


Há anos B&B critica as indústrias vinícolas brasileiras por suas práticas predadoras.

Nossas empresas, do setor, se especializaram em produzir vinhos risíveis por preços “choráveis” e sempre contaram com as inefáveis e manjadíssimas canetas de aluguel para difundir balelas como: O espumante nacional é o segundo melhor do mundo”

“O Intrépido Syrah (de Cocalzinho) é uma aberração de tão bom… (Manoel Beato) ”  

“Espumantes nacionais ganham medalhas de ouro em concursos franceses”  

“ O inigualável Leopoldina Gran Chardonnay D.O 2017 da Casa Valduga recebeu medalha de ouro em concurso francês”,

 “Vinícola Campestre é medalha de ouro em concurso na França”

 “Espumante 130 Blanc de Blanc é eleito melhor do mundo em renomado concurso francês”

 “Vinícola Guaspari é premiada em dois grandes concursos internacionais”.

Os que nunca foram divulgados e condenados, com seriedade, são preços escorchantes que nossas vinícolas se especializam em praticar.



Baixo custo das terras e mão de obra barata, nunca resultaram em preços compatíveis com nossa realidade social e econômica: Os europeus bebem muito mais e pagam muito menos por seus vinhos infinitamente superiores aos produzidos no Brasil.

Resultado?

Enquanto o português bebe quase 52 litros/ano, o brasileiro consome 2,5 litros/anos.

As nossas indústrias vinícolas se especializaram em assaltar os consumidores que são obrigados a pagar verdadeiras fortunas por vinhos de qualidade mais que duvidosa.



O escândalo do “trabalho escravo”, praticado na Serra Gaúcha, por três vinícolas (serão somente 3?), é apena a ponta-picaretagem do setor.

Eu há anos não uso vinho nacional nem para cozinhar e sou favorável ao boicote até que os preços, dos quase-vinhos, produzidos no Brasil, sejam condizentes a sua baixa qualidade e realidade econômica do país.

Pagar R$ 180 por um Cabernet Sauvignon da Aurora?

Aurora Millésime Cabernet Sauvignon

Por: R$ 180,00


 

Pagar R$ 200 por um Septimum-Suruba-Salton (vinificado com nada menos

 do que sete uvas)?



Septimum - Salton

R$ 200

 

Nem fod......!

Vamos esperar (deitados?) as declarações de nosso sommeliers, críticos, influenciadores, ABS, bocas-livres etc.

Dionísio

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

PIMENTÕES MANTEIGA E ANCHOVAS II

 

Após a pequena história das anchovas ‘piemontesas”, vamos à receita dos “Pimentões Anchovas e Manteiga.

O prato é antigo, saboroso, barato e facílimo de realizar.

Ingredientes para 4 pessoas.



2 Grandes pimentões vermelhos, ou amarelos (se pequenos aumente para 3), 150gr de manteiga, 6 anchovas (se encontrar” 1 tubo de pasta de anchovas, melhor, ainda)

Preparo:

Coloque os pimentões em uma assadeira e leve ao forno por 30/35 minutos.



Quando começarem a “pele” começar a estufar e apresentar manchas queimadas, retire do forno, coloque em um saco de papel (aqueles do pão de padaria, servem) e em seguida em um outro de plástico, amarre bem e deixe esfriar (foto)



O estranho processo facilita a necessária retirada da pele dos pimentões (a pele do pimentão é indigesta…)



Após a retirada da pele e das sementes, corte os pimentões em fatias (foto)



Enquanto os pimentões esfriam, retire a manteiga da geladeira e deixe amolecer um pouco (serão necessários 10/15 minutos).



Em uma pequena frigideira adicione uma colher de sopa de manteiga, as anchovas e, esmagando com a ponta de um garfo, transforme o todo em uma pasta (foto)



 Adicione a manteiga restante e continue amalgamando o todo.

Quando obtiver um creme uniforme coloque um pouco de pasta de “manteiga-anchova” nas fatias de pimentões, enrole e guarde novamente na geladeira.



10 minutos antes de servir, o antepasto, retire os pimentões do refrigerados, coloque no prato de serviço e....Buon Appetito!


Qual o vinho para acompanhar o antepasto de pimentões?

Nada melhor do que um bom espumante brut.

Bacco

 

 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

RECEITA-HISTÓRIA " pimentões anchovas e manteiga"

 

Considero a expressão, “Cozinha Italiana”, imprecisa, genérica e nada correta.

Para iniciar conversa é preciso lembrar que a Itália nasce, como nação, em 1861.

Antes da unificação seu atual território era dividido em dezenas de estados independentes e muitas vezes inimigos.



Estado Pontifício, Reino das duas Sicília, Reino de Nápoles, Reino da Sardenha, Grão-Ducado da Toscana etc. eram alguns dos estados independentes que dividiam e dominavam o território italiano.

Somente em 1861 e depois de inúmeras batalhas, Vittorio Emanuele II foi proclamado rei da Itália unificada.



Se politicamente a Bota era totalmente dividida, não menos caóticas era a comunicação linguística entres os italianos, pois apenas 2,5% da população falava o italiano.

Lígure, Sardo, Napolitano, Piemontês, Veneto, Friulano, Calabrês, Siciliano, etc. eram algumas das línguas, de então e que continuam, até hoje, presentes na Itália.



Para se ter uma ideia, do “caos” linguístico, é preciso informar que até o rei da Itália, Vittorio Emanuele II, se comunicava somente em piemontês ou francês….Não sabia falar em Italiano.

Com símil diversidades e variedades de culturas, costumes, línguas etc. imaginar que a cozinha italiana era, naqueles séculos e seja, ainda , uma só, é não entender nada de nada da verdadeira culinária da Bota.



Alguns exemplos: Risotto, na Calábria, Tagliatelle al Pesto, na Sicília, Orecchiette com Cime di Rapa, no Friuli, Bagna Càoda, na Sardenha, Spaghetti alle Vongole, na Val D’Aosta?     

  Os pratos, acima elencados, não fazem parte da cultura e tradição culinária das regiões mencionadas e, se por um acaso, aparecer, “Bagna Càoda” no cardápio de uma “trattoria” em Taormina, fuja e procure imediatamente outro local.

O que há realmente?

Há, sim, “Cozinha Regional Italiana”.



Feita, a longa introdução, vamos à história da receita, tipicamente piemontesa, de “Peperoni al Burro e Acciughe” (Pimentões com Manteiga e Anchovas”).

Alguém, mais atento, poderia argumentar “….mas prato com anchovas no Piemonte? O Piemonte não tem mar......”

Sim, mas existe uma explicação.

Desde a antiguidade o sal sempre foi considerado um produto de muito valor.

Na Roma antiga era tão precioso e caro que os soldados recebiam seu pagamento em sal; daí a origem da palavra “salário”, termo que até hoje é usado na nossa e em muitas outras sociedades.



Um bem, com tamanha procura e grande valor, não poderia escapar das altas taxações.

A história nos mostra que o homem nunca foi grande apreciador de impostos e que sempre tentou burlá-los inventando mil expedientes, truques e subterfúgios.

Os comerciantes, mesmo arriscando a vida, contrabandeavam o sal, produzido na Ligúria e Provence, percorrendo um verdadeiro e perigoso labirinto de estradinhas, que partiam do nível do mar, escalavam montanhas de até 2.000 metros de altitude para finalmente alcançar as cidades do Piemonte onde o sal era comercializado e distribuído para outras regiões.



  Verdadeiras caravanas, de homens e burros, transportando em seus lombos barris repletos de sal, tentavam, assim, escapar dos postos de controle e burlar as altas taxas cobradas pelo governo.



Valia a pena?

Sim, pois o sal era um produto raro, caro, valioso e em seu nome até guerras aconteceram.

 Para dar uma “salgada” ideia de sua importância, na economia, é preciso informar que somente em 1974 a Itália aboliu o monopólio estatal do sal.

Alguns perguntarão: “Tudo bem, mas o que tem a ver esta longa matéria “salgada” com a receita dos pimentões?

Tem muito a ver, sim.

Um dos subterfúgios, usados pelos contrabandistas, para iludir a fiscalização, era o de encher ¾ dos barris com sal e completar, o restante ¼, com anchovas.



Os peixes pagavam taxas irrisórias se comparadas às do sal.....

As anchovas quando chegavam ao destino eram vendidas, por preços bem baixos, aos piemonteses que aos poucos começaram a apreciá-las incorporá-las em suas receitas.

Nasciam, com a “chegada” das anchovas, alguns dos pratos mais tradicionais e populares do Piemonte: “Bagna Càoda” (Molho Quente), “Vitel Tonnè” (Carne com molho de atum e anchovas) “Bagnet Verd” (Salsa Verde) “Anciue al Verd” (Anchovas com Molho Verde” etc.



Com o passar dos anos o consumo das anchovas aumentou, de tal forma, que muitos comerciantes abandonaram os altos riscos, que o contrabando do sal exigia e começaram a comercializar somente os peixes.




Nascia o “Anciulè” (comerciante de anchovas)

Continua.

Bacco

 

  

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

CHATEAU MUSAR X GLOBENGO

 



Sabe aquela pergunta meio idiota .....: “Se você pudesse levar apenas 10 coisas, para uma ilha deserta, quais seriam? ”

Eu, para uma ilha deserta, nada levaria, pois, jamais iria, mas mandaria, com muito prazer, todos os meus inimigos.

 Se a pergunta fosse um pouco mais inteligente e indagasse quais meus vinhos prediletos, sem titubear, incluiria, na lista, o fantástico “Chateau Musar Blanc”.

Meus vinhos brancos prediletos sempre foram e continuam sendo, os de Chassagne-Montrachet / Puligny-Montrachet, dois italianos, um libanês e um espanhol.

Os italianos?



“Etna Bianco Vigne Niche Superiore” da Tenuta delle Terre Nere e o incrível “Pensiero Metodo Classico” produzido pela Tenuta dei Fiori de Valter Bosticardo.

Na minha lista exclusiva, entram, sem dúvida, o libanês “Chateau Musar Blanc” e o espanhol “Viña Tondonia Reserva”.



O Líbano, uma das mais antigas “pátrias” do vinho (as vinhas já presentes em seu território há mais e 6.000 anos), possui apenas 2.000 mil hectares de vinhedos, sua produção anual mal alcança os 8 milhões de garrafas, mas o “Chateau Musar Blanc” pode ser considerado um dos melhores vinhos do planeta no quesito “custo-qualidade”.



As uvas Obaideh e Merwah, utilizadas na vinificação do “Chateau Musar Blanc”, são provenientes de vinhas, com mais de 70 anos, cultivadas nas encostas do Monte Líbano a 1.300 metros de altitude.

 O rendimento é muito baixo e as vetustas vinhas doam apenas 2 toneladas uva por hectare.

O “Chateau Musar Blanc”, após a vinificação em inox, tem passagem de 6 meses em barriques e afina durante 48 meses na garrafa.



“Vou à sua casa assistir ao jogo do Flamengo e Al Hilal ....Estou levando uma garrafa”.

O mais jovem dos meus filhos “se convidava” para ver a partida do mundial de clubes e, quem sabe, comemorar a derrota do “Globengo” (globo-flamengo) com um belo vinho.

 


O belo vinho?

Nada menos do que um “Chateau Musar Blanc 2016”.

O resultado, do jogo, todos sabem, mas poucos já beberam um vinho tão excepcional como aquele libanês que nos degustamos aquela tarde

O “Chateau Musar Blanc” 2016, com sua cor amarelo-dourado, penetrantes aromas, onde prevalecem os cítricos, sua marcante personalidade, incrível frescor e grande equilíbrio, é um vinho imperdível e que deve ser degustado em momento especiais.



O nosso momento especial foi a derrota do Globengo.....

O “Chateau Musar Blanc” custa na Europa 45/50 Euros

Dionísio

  

sábado, 4 de fevereiro de 2023

CERASUOLO DI VITTORIA 2

 


No outono e até o início do inverno, os cogumelos “invadem” os bosques dos Apeninos lígures.

Comestíveis, ou venenosos, há uma enorme variedade deles.

Os mais apreciados e mais difíceis de serem encontrados, são os da família dos “Boletus”, mais conhecidos, na Itália, como “Porcini”.



Todos os anos me aventuro nos bosques à procura de “porcini”, “famigliole”, “finferli”, “galletti” etc.

 Depois de algumas horas e não poucos quilômetros, subindo e descendo montes, quase sempre acabo por encontrar os cogumelos no restaurante mais próximo.....



Em Santa Margherita, mais precisamente no distrito de San Lorenzo della Costa, a “Trattoria degli Amici”, durante todo o outono e princípio do inverno, realiza verdadeiros festivais gastronômicos onde as principais estrelas são os cogumelos.

Crus, refogados, fritos, à milanesa, ao forno, com massa ou risotto.... Infinita variedade para todos os gostos.



O inverno, de 2022, foi quase morno, na Ligúria e o festival de cogumelos, da “Trattoria degli Amici”, continuou sendo oferecido até meados de dezembro.

Cansado de percorrer os bosques e somente encontrar cogumelos venenosos, resolvi poupar coxas e panturrilhas, reservei uma mesa na “Trattoria degli Amici” e finalmente fiz um verdadeiro “massacre” de “porcini” e “finferli”.



Para acompanhar os pratos, à base de cogumelos, pensei em um tinto pouco encorpado, estrutura mediana e não muito alcoólico.

Na carta, uma surpresa: “Cerasuolo di Vittoria”, 2017, Planeta.



Há anos não bebia o “Cerasuolo di Vittoria”, pois o ótimo vinho siciliano, que nunca esteve da “moda”, perdera seu já limitado espaço e foi quase banido, soterrado por um tsunami de medíocres e pavorosos Nero D’Avola.

O meu preferido? 

Sempre foi o produzido pela vinícola cos COS que, infelizmente, é difícil de encontrar até mesmo nas enotecas, supermercados e cartas de vinho dos restaurantes.



A lembrança do horroroso Chardonnay, que tentara beber em Cefalù, voltou imediatamente à minha mente e por um instante pensei em continuar “sabotando” os vinhos da vinícola Planeta e ignorar seu “Cerasuolo di Vittoria”

“Já se passaram quase 25 anos..... O Cerasuolo di Vittoria é vinificado com uvas autóctones, custa apenas 18 Euros, então......”

O então e a curiosidade venceram a desconfiança e.... ordenei o vinho da Planeta.

Boa escolha!



O “Cerasuolo di Vittoria”, que ostenta a DOCG desde 2005, é um blend de Nero d’Avola e Frappato.

A Nero d’Avola doa robustez, taninos, austeridade.

 A Frappato agrega elegância e aromas.

 O “Cerasuolo di Vittoria”, da Planeta, se apresenta com bela cor rubi, o nariz é de grande profundidade aromática e o paladar revela caráter, bom corpo, taninos finos e já integrados.



O “casamento” da Nero d’Avola e Frappato, castas utilizadas no “Cerasuolo di Vittoria”, gera um vinho harmônico, muito interessante e que em nada lembra os abomináveis “afrancesados” que a vinícola produzia nos anos 1990 e começo de 2000.

A Planeta parece ter renunciado ao modismo das castas “internacionais” e seu retorno às uvas autóctones é uma interessante e grata surpresa para todos os enófilos que apreciam os grandes vinhos sicilianos.

Recomendo, com entusiasmo, o “Cerasuolo di Vittoria” da Planeta que, pasmem, pode ser encontrado nas prateleiras dos supermercados e enotecas por 9/12 Euros.

Você, que acabou de comprar um “Vale da Pedra” da Guaspari por R$ 178,00, deve estar pensando: B&B tem razão…a vida do enófilo brasileiro e uma merda”



Bacco