Chegando à Itália , ou dela partindo, sou “obrigado” a parar,
na vinda ou na volta, em Arona.
Por quê?
Porque é justamente em Arona que, durante minha ausência, meu
amigo Pietro há anos guarda com carinho meu carro em sua garagem.
Arona não é exatamente um paraíso gastronômico e para comer
realmente bem é preciso pesquisar nas cidades próximas.
No raio de 20-30 quilômetros há ótimos restaurantes e, sem
exagero algum, há uma meia dúzia deles que ostentam uma, duas e até três
estrelas Michelin.
Os “Michelin” são locais
que recomendo e são os mais indicados para os brasileiros que, no exterior, não
se assustam com os preços exorbitantes.
Nossos patrícios estão mais que acostumados aos assaltos
praticados nos restaurantes de São Paulo, Rio, Brasília e no restante do Brasil
maravilha (“Quase-Ex-Terra-Prometida”, atualmente lhe cai melhor.....).
“Se você conhecer o “Il Fierobecco” vai se apaixonar pela
cozinha de Dario”
As palavras, ditas por Chiaretta, proprietária do “Bar
Pinguino”, em Boca, despertaram minha atenção.
“Fierobecco? Onde?”
“O Fierobecco fica na estrada de Bolzano Novarese. É um
restaurante simples, mas com uma adega ótima e uma cozinha ainda melhor”.
Tenho por norma confiar nas indicações, seja de pratos ou de garrafas,
que os moradores da região me transmitem.
Não havia, então,
porque duvidar do bom gosto gastronômico de Chiaretta.
Reserva feita, GPS acionado (não tente encontrar o
“Fierobecco” seguido o mapa ou confiando na sorte... É impossível), em menos de
20 minutos, apesar das dezenas de curvas, da estreita estrada, estacionei o
carro bem na porta do “Fierobecco”.
Local simples, decoração modesta, ambiente acolhedor.
Uma “trattoria” como
milhares de outras espalhadas pela Itália.
Você, que teima em
chamar de “Cantina” os restaurantes mais modestos da Bota, deve urgentemente
abandonar esta definição idiotizante e aprender, de uma por todas, que “Cantina”,
na Itália, significa adega e não restaurante.
Se pedir, para qualquer italiano, o endereço de uma “cantina”
o interlocutor certamente indicará a vinícola mais próxima.
A classificação italiana de locais onde comer, é a seguinte: Ristorante,
Trattoria, Osteria ou Hostaria, Pizzeria, Ristoro, Tavola Calda (self-service).
Cantina para se comer não existe!
Cantina é uma “invenção”, ridícula, que os italianos, analfabetos de pai e mãe, impuseram aos brasileiros.
O ambiente não decepciona, mas não entusiasma.
A boa impressão inicial fica por conta da ótima carta de
vinhos que alia uma inteligente e variada escolha com preços honestos.
A cozinha do “Fierobecco”, pilotada por Dario Marini, se
baseia firmemente na tradição da cozinha local, mas sem esquecer de “viajar”
por novos caminhos.
Um sensacional “Gazpacho” de morangos, uma Catalana de
“Mazzancolle” (Mazzancolla é um crustáceo parente do camarão, maior e mais saboroso)
uma garrafa de Chablis 1er Cru (35 Euros), um licor e um café, me aliviaram em
65 Euros.
Não preciso dizer que voltei no dia seguinte para provar mais
uma vez o fantástico “Gazpacho” e completar o almoço com um ótimo frango ao
molho de pêssegos frescos.
Os pratos foram regados,
desta feita, com um Geco di Tufo 2011 da
vinícola Benito Ferrara que comendo com
entusiasmo.
O “Fierobecco” é um restaurante que, apesar do
complicado endereço, merece várias visitas.
Fierobecco
Ameno/Lortallo