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domingo, 16 de outubro de 2022

QUANDO O DINHEIRO É CAPIM




No mês de outubro, mais precisamente de 15 a 17, em Firenze e no dia 28, em Grinzane Cavour, dois leilões, de raras e caras etiqueta, movimentarão as carteiras dos super-abonados colecionadores, enófilos e apreciadores de vinhos.


De 15 a 17 de outubro, em Firenze, será realizada a segunda edição da “The Golden Vines Awards” onde, além de participar de degustações, jantares eventos etc., os felizes e endinheirados enófilos poderão comprar, no leilão, raras etiquetas.



Algumas: Dom Perignon, Krug, Château Cheval Blanc, Trimbach, Taylor’s Château d’ Yquem, Richard Hennessy and The Macallan etc.

Para ter acesso, aos exclusivos eventos, ceias, degustações, visitas a museus, vinícolas e participar do leilão, cada afortunado e abastado participante deverá desembolsar não poucas £££££ (Libras).



 Está prevista, para as ceias de 15 e 16 de outubro, comandadas pelos estrelados chefs italianos Davide Oldani e Matteo Lorenzini e regadas a Dom Perignon 2008, Krug Grande Couvèe, Krug Vintage, Dom Ruinart, Trimbach Close Sainte Hune 2012, Trebbiano d’Abruzzo Emidio Pepe 2004, Château Cheval Blanc 2005, Solaia, Château d’Yquem, Taylor’s Port 1970, uma “facada”  de nada modestas £ 6.000 por pessoa (R$ 36.000).



Caso, nosso endinheirado enófilo, queira ir além e fazer um tour nas vinícolas do Chianti Classico Antinori, Museu Salvatore Ferragamo, degustações de Dom Perignon, Domaine Arnoux-Lachaux & Hennessy e ter presença garantida no jantar, comandado pelo tri estrelado chef Massimo Bottura, do dia 17, no ”Palazzo Vecchio”, deverá abrir a carteira e deixar.ao “ ...e o vento levou” £ 10.000 (R$ 60.000).




Confesso que cear no medieval “Palazzo Vecchio” (século XIII) e por algumas horas me sentir quase íntimo de Cosimo de’ Medici, seria inesquecível, mas inesquecível seria, também e depois, sentar normalmente.....



O mundo nunca foi justo e nunca será.

 Apesar de ser declarado “beneficente”, o evento é uma belíssima demonstração de que nascer em Marajá do Sena, sem ser um assecla ou membro do clã Sarney, reduz, para abaixo de zero, as possibilidades do anônimo maranhense, José Antônio Souza, cear  no Palazzo Vecchio do Cosimo de’Medici



Resta como consolo, para os numerosos e simples mortais que não acendem charutos com notas de 100 Euros.....uma bela taça de vinho no “Rivoire” na magnifica “Piazza della Signoria”.



Dionísio

Continua....


segunda-feira, 10 de outubro de 2022

NÃO HÁ PREDADORES SUFICIENTES

 

Li, com a costumeira atenção e interesse, a matéria, de Bacco, “Timorasso? Adeus....”

A sensibilidade, das grandes vinícolas, para farejar e perceber, com precisão milimétrica, os bons negócios, é somente comparável ao faro dos ursos polares que captam a presença de uma foca, enterrada na neve, a 2 km de distância.



A atual “corrida”, às vinhas de Timorasso, em nada difere de outras recentes, ou mais antigas, na busca de lucro fácil e rápido.

Algumas?

Bolgheri dos “Supertuscans”, Franciacorta e seus espumantes, Etna seus ótimos tintos e brancos .... Onde há cheiro de sucesso e lucro fácil, chegam os predadores e, quando chegam....salve-se quem puder.



Os preços, em pouco tempo, dobram, triplicam e alcançam a estratosfera.

Quando isso acontece, não são poucos os que, assim como Bacco, voltam de porta-malas vazio e partem para outras localidades livres da praga predatória.

Alguém pode argumentar: “Sim, mas chegará o momento em que não haverá para onde correr”.



Pode ser, mas é improvável.

Alguns dados estatísticos revelam uma tendência, mas descartam, para os próximos 100 anos, o não ter para onde correr.

As empresas vinícolas italianas, em 2010, eram 383mil e, agora, em 2022 são “apenas” 255mil

A superfície média, das propriedades vinícolas italianas, em 2010, era de 1,6 hectares e hoje subiu para “impressionantes” 2,5 hectares.

O que significam os números acima?



Significam que não há predadores em quantidade suficiente para “devorar” centenas de milhares de pequenos e ótimos viticultores que continuarão produzindo joias raras por preços justos, humanos.



Para cada Timorasso “bombado” sempre haverá um Torbato, Costa di Sera dei Tabacchei (Erbaluce), Gamba di Pernice, Freisa, Susumaniello, Avanà, Incrocio Manzoni, Torgiano, Marzemino, Asprinio, Ghemme, Lessona e centenas de ótimos vinhos que não estupram nossos cartões....



 Seguido a filosofia “bacconiana”, são sempre mais raros, em minha adega, vinhos de grandes e caras etiquetas.

O espaço foi ocupado por garrafas baratas, quase desconhecidas, mas de ótima qualidade   e bom preço.



Ainda ontem, abri uma garrafa de Susumaniello 2018, da vinícola “L’Astore”,

O Susumaniello L’Astore, me convenceu que posso muito bem viver e beber bem sem estuprar minha conta bancaria.



O Susumaniello se apresentou com uma carregada cor rubi, aromas de frutas, onde sobressaia a ameixa e uma interessante presença de especiarias.

Na boca, complexo, harmônico equilibrado, taninos presentes, mas perfeitamente integrados e um interessante longo final.

Um vinho da Puglia que precisa ser (re) descoberto, não pelos predadores, mas pelos enófilos refinados e inteligentes e que custa 15 Euros.



Enquanto houver alguma inteligência haverá um belo e barato vinho para alegrar nossos cálices.

Dionísio

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

TIMORASSO? ADEUS.....

 



Na matéria “Alcachofras & Camarões” comentei que depois de uma viagem de compras, pelas vinhas de Timorasso, retornei com meu porta-malas vazio...

Zero garrafas de Derthona.

Sim, caros amigos, o Timorasso, agora, atende pelo nome de “Derthona Timorasso”

Derthona e o vetusto nome da hoje moderna Tortona.


Tortona é a cidade mais importante da região onde é produzido o Timorasso.

O “Derthona Timorasso”, como afirmei anteriormente, se afrancesou e os produtores, imitando os colegas de Chablis, lançaram o “Petit Derthona”.

“Petit Derthona” ou “Piccolo Derthona”, como queiram, é um subproduto do Timorasso, menos interessante, mais comum e mais barato: um vinho “genérico”



Mas não foi somente no nome que os produtores de Timorasso imitaram os franceses...

Meu porta-malas voltou vazio pois se assustou com os preços dos vinhos do Mariotto, Colombera, Massa etc.

Pensei: Será que os viticultores da região leram algumas matérias de B&B e sentiram inveja dos produtores dos quase-vinhos nacionais?

Nada disso!



Alguns famosos predadores piemonteses descobriram o potencial da Timorasso, compraram vinhas na região, investiram em propaganda, alugaram as canetas de vida fácil, sempre disponíveis e famintas e inflacionaram os preços.

Resultado: Uma garrafa de “Derthona Cavallina”, do Claudio Mariotto, não sai da vinícola por menos de 20 Euros e a de “Derthona Pitasso”, do mesmíssimo Mariotto, não entrega sua rolha por menos de 25 Euros.


É sempre bom lembrar que há uma década, os vinhos, acima mencionados, custavam 7/8 Euros.

Roagna, Vietti, Rivetti-Spinetta, Pio Cesare e outros pesos pesados do vinho piemontês, com seus faros apurados e dentes afiados, “descobriram” o grande potencial comercial da Timorasso.



Entraram firmes na região, compraram terrenos e estão aplicando a mesma insana política de preço de seus Barolo, Barbaresco, Barbera etc.

É sempre bom lembrar que um Barolo “Pira”, de Roagna, custa salgados 120/200 Euros o mesmo preço do Timorasso, da mesma predadora, ......

Veja


 Roagna Timorasso Derthona Montemarzino 2019

150,00

 Quer Mais?

 


Montecitorio Timorasso 2019 – Vigneti Massa

VIGNETI MASSA

Prezzo speciale46,20 €

 

E finalmente....

Giacomo Borgogno Derthona Timorasso Scaldapulce 2019 

Prezzo € 116,83

Risparmi € 5,81 (5%)

€ 111,02

 É preciso informar que o hiperbólico “Timorasso Scaldapulce (Esquentapulga) não foi produzido pela histórica vinícola “Giacomo Borgogno” de Barolo.

A “Giacomo Borgogno”, fundada em 1761, foi adquirida em 2008 pelo predador Oscar Farinetti, proprietário, entre outras “coisinhas” da Eataly, Fontanafredda, Monterossa, Tenuta Carranco, Vigne di Zamò, Serafini & Vidotti, Colombaio di Cencio etc.


As propriedades vinícolas de Farinetti se espalham pelo Piemonte, Lombardia, Friuli, Toscana, Sicília e “.... Na quarta parte nova os campos ara; E, se mais mundo houvera, lá chegara...”

Está mais do que provado que, com a chegada dos predadores os preços dispararam.

Os recém chegados  empresários, que já não são viticultores e não pisam em uma vinha há anos, visam apenas recuperar, no menor espaço de tempo, seus investimentos.

 Quem paga a conta, como de costume, é o eno-tonto que acredita em etiquetas famosas e milagrosas.


Eu, que já não sou eno-abestado, há anos, voltei de meu passeio, pelas vinhas de Timorasso, com as mãos abanando, mãos que utilizei para encomendar, via internet, ótimas e bem mais baratas garrafas de Chablis 1er Cru.

“Mas você escreveu que o Timorasso é um grande vinho… ”

Sim, afirmei e continuo convencido que o Timorasso é ótimo, mas não é “mais ótimo” do que um bom Verdicchio, Soave, Lugana, Fiano, Etna Bianco, Chablis ou Riesling da Alsácia.

O Timorasso está se aventurando, a largos passos, pelo perigoso caminho do “vinho-especulação”.

Desejo aos produtores um longo e brilhante sucessos, mas sem a presença de um meu único centavo para encher, ainda mais, suas já bem forradas carteiras.

Viva o Chablis, Lugana, Riesling da Alsácia, Verdicchio, Champagne, Soave .....



18/20  2 notes
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Un très beau Chablis signé Louis Moreau qui fera plaisir au plus grand nombre, avec une belle durée de vie... A 

 à l'unité26,90 €

 

 Bacco