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quinta-feira, 30 de junho de 2022

I AM NOT A BIG WINE

 


“Você pode dar um pulo até aqui? Preciso escolher algumas etiquetas para completar a nova carta de vinhos”.

Enrico Valle, proprietário da “Vineria Macchiavello”, de Santa Margherita Ligure, com medo de errar sozinho, algumas vezes, pede minha opinião para dividir, assim, responsabilidades e.…cagadas.


Champagne, Franciacorta, Vouvray, Chablis, Chassagne-Montrachet, Puligny-Montrachet, Verdicchio, Etna Bianco etc., compensam as mediocridades que sou obrigado, algumas vezes, a engolir, assim, sem pensar duas vezes e cinco minutos depois, já estava com a taça na mão pronto para o “sacrifício”....

Aquela tarde não prometia muito e os vinhos, que Enrico selecionara, não nos entusiasmaram até que ..... ”. Este é um vinho tcheco, vamos provar? ”

Pensei: “Já bebi várias taças ruins, hoje, que mais uma não fará diferença…”


Antes de continuar: Alguém já provou algum vinho da República Tcheca?

Eu estive em Praga três vezes, mas nunca bebi algo que me empolgasse e aquela garrafa, com uma estranha e quase misteriosa etiqueta, estava longe de empolgar, mas viera à “Vineria” para “julgar” e julgar era preciso.

  Levei a taça ao nariz já pensando em detonar o conteúdo.

Resultado? Estou revendo meus “pré-conceitos”, até agora.

Grande vinho, o melhor da tarde e um dos melhores degustados, ultimamente, na “Vineria Macchiavello”.

Antes de prosseguir algumas informações sobre a viticultura tcheca.

Os tchecos estão entre os maiores bebedores de cerveja do planeta, mas é sempre bom lembrar que o consumo de vinho, na República Tcheca, supera os 20 litros/per-capita/ano (10 vezes mais do que no Brasil).


98% das vinhas (quase 20 mil hectares) estão localizados em 383 municípios da Morávia meridional, na divisa com a Áustria e Eslováquia e dois terços da produção são de vinhos brancos.

É bom lembrar que as vinha da Morávia estão na mesma latitude da Alsácia e da Borgonha, o clima é continental, úmido, sem estação seca, invernos frios e verões quentes.

As vindimas iniciam em meados de setembro e se prolongam até final de novembro.

Voltemos ao vinho “I Am Not A Big Wine”

O jovem produtor Milan Nestarec, proprietário de 8 hectares de vinhas, se transformou rapidamente em uma estrela da enologia tcheca.

O vinho “I Am Not A Big Wine”, um blend de Chardonnay e Riesling, é uma bomba aromática que surpreende até o mais experiente nariz.

Impossível elencar todos os aromas, mas percebi claramente notas agrumadas e mel.


Na boca é longo, quase “eterno”, complexo e de muita personalidade.

Grande vinho, mas.......

 Quando Enrico declarou o preço de venda (40 Euros), argumentei que com menos de 30 Euros eu poderia levar para casa uma garrafa de Chablis 1er Cru Vaillons, de Simonnet Febvre.


Resultado: Apesar de interessante e de otima qualidade, o preço do “I Am Not A Big Wine” é exagerado.

Quem quiser me convidar, imitando o Enrico, para beber, gratuitamente, uma garrafa do surpreendente vinho tcheco, desde já me declaro disponível, mas não me sentiria tão entusiasmado ao usar meu triste cartão de credito para fazer sorrir Milan Nestarec.


Bacco

 

 

quarta-feira, 22 de junho de 2022

OS FALSIFICADOS 2

 


O verdadeiro tsunami de garrafas, de Romanée-Conti, armazenadas nas adegas dos restaurantes e dos políticos, em Brasília, sempre aguçou minha desconfiança.

No falecido Piantella havia uma dúzia, ou mais, do renomado Pinot-Noir da Borgonha e nos estoques do “Dom Francisco” repousavam muitos mais.


 Somando todos os RC, presentes nos restaurantes brasilienses, era fácil calcular que, mais ou menos, uma centena de garrafas de Romanée-Conti moravam na penumbra das adegas candangas.

Bebi somente três garrafas de Romanée-Conti e todas vieram da mesma adega de um político local.


Tive acesso à adega e pude verificar que, entre outras preciosidades, havia numerosas ampolas de RC, de diversas safras, armazenadas à espera de uma nova e especial ocasião.

Impossível calcular quantas garrafas de RC se escondiam na penumbra dos subsolos brasilienses, mas juntando os Maluf da vida, que moravam, à época, no Planalto Central, não seria exagerado pensar em 500 ou mais.

 Conclusão: Se apenas em Brasília haveria aquela quantidade, mesmo aproximada, quantas mais “moravam” nas adegas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, São Bernardo do Campo, Atibaia etc.?

E as de New York, Los Angeles, Roma, Pequim, Londres, Frankfurt, Paris, Moscou, Tóquio, Dubai etc. etc. etc., quantas seriam?


A conta não fechava!

 Pelos meus cálculos nem 200.000 garrafas seriam suficientes para abastecer todas aquelas sedentas adegas......

Enquanto isso a Domaine de la Romanée-Conti continuava produzindo 4.500/5.000 por ano…. Muito estranho.



Um novo e moderno milagre da transformação da água em vinho?

Nada disso... o mágico tinha (e tem) um nome: Rudy Kurniawan mais conhecido pela alcunha de Dr. Conti.

A especialista em falsificação vinícola, Maureen Downey, calcula que ainda há, pelo valor atual, mais de 50 milhões de dólares de garrafas, falsificadas pelo Dr. Conti, vagando pelo planeta.

Downey declara, ainda, que pelo menos 20% de todo o vinho do mundo é, de uma forma ou outra, falsificado.


As 10 etiquetas mais falsificadas do planeta são todas francesas: Château Petrus, Domaine de la Romanée-Conti, Château-Lafite Rothschild, Château Mouton Rothschild, Château d’Yquem, Château Lafleur, Domaine Comtes George de Vogüé, Domaine Henri Jayer, Château Haut Brion e Château Cheval Blanc.

É sempre bom lembrar que Maureen Downey não é exatamente um dos críticos-patéticos-patetas-de-vinho que vagueiam pelas importadoras do Brasil mendigando uma graninha.

 Downey foi uma das testemunhas mais importantes no processo contra Rudy Kurniawan,atua como consultora nas maiores e mais renomadas casas de leilão do planeta e é conhecida como a “Sherlock Holmes” dos vinhos.

Sem meias palavras, Downey, afirma: “ …os casos de falsificação estão aumentando e até o crime organizado entrou fortemente no setor......infelizmente os compradores dos mercados emergentes não estão suficientemente preparados e são os alvos prediletos dos que criam e vendem garrafas falsificadas. Estima-se que 50% de todos os vinhos de luxo, na China, sejam falsificados...estamos assistindo, agora mesmo, a uma verdadeira invasão, jamais vista antes na Europa, de garrafas falsificadas produzidas na França, Bélgica e Suíça …”

Voltemos ao anúncio das “Americanas”….

Quem garante que o “Petrus”, anunciado, é original?

Marcelinho Coppelinho, Didu Bilu Teteia, Beato Salu, Diego Rebola, ou outro vivaldino, insignificante, qualquer?


Qual repertorio olfativo e gustativo possuem, os mencionados “experts”, para poder discernir, julgar e declarar qual o original e qual o falsificado?

Afirmei ter bebido, há alguns anos, algumas taças oriundas de três garrafas de Romanée-Conti e jamais poderia afirmar, com segurança, se seriam originais ou “vinificadas” ou pelo Dr. Conti.

Três taças desse, daquele, ou de outro mais, vinho, não são suficientes para criar repertórios, memória, seguranças olfativa e gustativa, em ninguém (sem $$$$, nem Parker consegue…).

O outro lado: Se um belo dia, em um restaurante qualquer, escolho um Barolo, mas o garçom me serve um Dolcetto, o mando imediatamente à merda.


Bebi centenas de Barolo, Dolcetto, Barbera, Grignolino, Freisa, Barbaresco, Lessona, Gattinara, Pelaverga, Gamba di Pernice, Carema, etc. e minhas memorias olfativas, gustativas, dos tintos piemonteses, estão mais do que consolidadas e me permitem distinguir, com segurança, qual vinho estou bebendo, mas o que dizer, por exemplo, do “Château Lafleur”, do qual nunca vi nem a garrafa?

 E do Petrus que nunca bebi?

Resumindo: A imensa maioria dos jogadores de futebol, políticos corruptos, influencers, novos ricos, velhos abonados e abobados, ostentadores compulsivos, fãs de Gusttttavo Limmmma, etc., muitas vezes e sem saber, gastam horrores e bebem “tremendas-bostas”.

Parabéns, são a alegria dos falsários, que agradecem....

Dionísio

 

 

segunda-feira, 20 de junho de 2022

OS FALSIFICADOS

 


Levei um susto quando vi um anúncio, das Lojas Americanas, em que são oferecidas garrafas de “Château Petrus” pelo módico preço de R$ 28.900, cada.

Vinho chateau petrus 1997

(8)

faça a 1ª pergunta

Chateau petrus 1997 um dos melhores E mais raros vinho do mundo

política de troca e devolução

R$ 28.900,00

 


Apesar do susto tive que refrear meu entusiasmo para não sair correndo e reservar algumas unidades, afinal não é sempre que aparece uma pechincha como esta......

Falando sério..... Acredito que é obrigatório ser rico, deslumbrado ou retardado para acreditar que uma simples garrafa de vinho possa valer quase 30.000 Reais.

Jogadores de futebol, colecionadores abastados-abestados (Maluf?), magnatas, oligarcas, políticos corruptos, traficantes, ostentadores compulsivos, que precisam “aparecer” e parecer ..... (esqueci alguns?)  são os prováveis compradores de etiquetas que ostentem preços iguais ou maiores, até, do que o Petrus anunciado pela “Americanas”

Políticos corruptos, magnatas, oligarcas e colecionadores ricos, eu posso entender, afinal o mundo deles não é igual ao nosso.

 É um mundo em que pobreza, miséria, luta pela vida etc. não existem, eles vivem em outra dimensão, outra realidade, como se tudo fosse um filme, um conto de fadas.

Para um magnata os 28,900 R$, gastos na compra de um Pétrus, representam, para os comuns mortais, os 2 centavos que sempre faltam no supermercado na hora do troco.

Para jogadores de futebol, influencer e os outros babacas do mesmo gênero, o “Petrus-28.900R$” representa a porta de entrada, um passaporte, para um mundo refinado, glamoroso.

 Refinamento e glamour que rapidamente evaporam, esgarçam, no exato momento em que a preciosa garrafa é aberta à beira de uma piscina, em tarde de 35º, para acompanhar uma bela feijoada completa ao som de Gustttttavo Limmmmma.


Perfeitos idiotas!

Há mais.....

Lembranças.

As cartas de vinhos, dos restaurantes brasilienses, nos anos 1990, sempre aguçaram minha curiosidade.

Notei, naqueles anos, que nas cartas de vinho, dos mais famosos “templos gastronômicos” candangos, muitos dos quais e ainda bem já fecharam as portas, o badalado Romanée-Conti era presença obrigatória.


Em todos os “Francisco”, “I Maestri”, “Piantella”, “Partenopea”, “Alice”, “Zuu”, “Cielo”, “Gero” e outros que já não recordo, o famosíssimo e caríssimo   Romanée-Conti aparecia ao lado de modestos chilenos, italianos, portugueses, argentinos etc.

A produção, dos 1,8 hectares de Romanée-Conti, é limitadíssima e não supera as 5.000 garrafas/ano, garrafas que são entregues aos tradicionais clientes que, regularmente e há décadas, as encomendam.

Mais uma coisa: Quem leva para casa o ícone da Borgonha deve “engolir” garrafas de “La Tache”, “Echézeaux”, “Richebourg” e outras mais, da famosa “Maison”.

Acontece que nas cartas dos restaurantes, nunca ou quase nunca aparecia, por exemplo, o “Richebourg”, “Echézeaux” etc.


Pensei: “Aqui, tem.......” e havia, mesmo.....

Continua

Dionísio

 

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quarta-feira, 15 de junho de 2022

BARBARESCO CA' DEL BAIO

 

A recepção fria, apressada, mal-educada, protagonizada pela senhora Sobrero, na homônima vinícola de Castiglione Falletto, foi totalmente esquecida pelo simpático, caloroso e profissional atendimento na “Ca’ del Baio” de Treiso.


Federica, uma das três filhas do proprietário, Giulio Grasso, atendeu cordialmente, me guiou por um breve tour pelas instalações da vinícola, discorreu entusiasmada sobre a história da sua “Ca’del Bajo”, abriu as portas da incrível sala onde repousam milhares de garrafas, não vendáveis, de antigas safras e encerrou a visita me concedendo (milagre) um pequeno desconto na fatura.


Quando perguntada, sobre a recusa de vender as garrafas das antigas safras, Federica respondeu ter sido uma decisão da família que visava preservar a memória da vinícola e acrescentou:

“Meus bisavós e avós vinificavam e vendiam tudo o que produziam para poder sobreviver. Nenhuma lembrança, daqueles anos, nos restou. Decidimos, então, deixar, para as novas gerações, nossas memorias através destas garrafas de antigas safras”.


Comentei que havia, ali, “milhares de lembranças” e que centenas seriam mais que suficientes para testemunhar a história da Ca’ del Baio.

Federica sorriu e respondeu: “Nos próximos anos e a cada ano, colocaremos à venda 3% de “nossa história”. Se estiver por perto quem sabe você possa comprar algumas delas…”


Antes da despedida, Federica, cordialmente ofereceu uma degustação de seu Chardonnay “Luna di Agosto” e do Barbaresco “Vallegrande 2017” que eu acabara de comprar.


O Chardonnay foi incluído na degustação depois de uma alegre discussão onde eu confessei jamais ter entendido a razão pela qual a casta francesa era vinificada no Piemonte: “Vocês sabem que é quase impossível alcançar os ótimos resultados dos vizinhos franceses, mas, apesar das 495 variedades de uva existentes na Itália, teimam em vinificar a Chardonnay”.


A taça de “Luna di agosto”, degustada, confirmou, pela enésima vez, a minha certeza de que os Chardonnay italianos são bonzinhos e nada além de bonzinhos....

 A taça de “Barbaresco Vallegrande 2017” precisa ser comentada com mais detalhes.


O vinho Barbaresco tem história milenar e há documentos que comprovam a existência de vinhas, na região, desde a ocupação românica.

É fácil perceber, então, que o Barbaresco teve bastante tempo para se impor e consagrar como grande vinho que hoje entusiasma até os mais exigentes paladares.

O Barbaresco é o irmão “menor” do Barolo.


Quando digo “menor” estou me referindo apenas aos números: As vinhas do Barbaresco ocupam 662 hectares enquanto as do Barolo se expandem por 1886 hectares.

O Barolo é produzido em 11 aldeias da região: Barolo, La Morra, Monforte, Serralunga, Castiglione Falletto, Roddi, Cherasco, Grinzane Cavour, Verduno, Diano D’Alba, Novello.

 Os vinhedos de Nebbiolo da Barbaresco estão presente apenas em Barbaresco, Neive, Treiso e em San Rocco, pequeno distrito de Alba.

Pouco menos de 4 milhões são as garrafas produzidas na DOCG Barbaresco enquanto as da DOCG Barolo quase alcançam os 13 milhões de unidades.

O Barbaresco, apesar de seus números menores, nada deve, em qualidade, ao seu irmão maior e mais famoso.

“Vallegrande” é um dos 69 crus do Barbaresco.

Impossível recordar todos, mas o “Vallegrande”, ao lado do Asili, Rio Sordo, Rabajá, Montestefano, Pora, Starderi, Martinenga, Gallina di Neive, Marcarini, Ovello, Pajè, é um dos mais renomados.

O Barbaresco “Vallegrande” Ca’ del Baio 2017, se apresenta com a clássica cor tênue, quase transparente, característica dos jovens Nebbiolo.

Já no nariz o “Vallegrande” revela a fina elegância de seus aromas, onde a violeta e menta são facilmente perceptíveis.


Na boca não é musculoso ...lembram daqueles vinhos “marmelada”, pesados, mastigáveis? Pois é ...O Vallegrande é exatamente o contrário.

Elegante, severo, envolvente, o Vallegrande seduz o paladar com sua complexo equilíbrio e longuíssima permanência.

Quem nunca provou um Barbaresco não deveria começar a nova “eno-aventura“ com o Vallegrande Ca’ del Baio …corre o risco de se tornar muito exigente.

Bacco

PS. O Barbaresco Ca’ del Baio custou, na vinícola, R$ 148.

O “Singular Nebbiolo”, que é um insulto à nobre casta piemontesa, é vendido, na loja da predadora Lidio Carraro, por escandalosos R$ 690


A vida do enófilo brasileiro é uma merda.......

quinta-feira, 9 de junho de 2022

ALBA MON "CHER" AMOUR

 


A pandemia e a paranoia me afastaram de Alba por dois longos anos.

Retornei, semana passada, à capital dos grandes vinhos e boa cozinha do Piemonte.

 Devo confessar que algumas surpresas, nem sempre agradáveis, ocorreram em minha breve passagem pela região.




As “Langhe” e seus vinhedos, continuam belíssimas, os turistas, de todas as partes do mundo, voltaram tomando de assalto restaurantes, bares, hotéis, agro turismos etc., mas algo mudou sensivelmente e para pior: Os preços ...

Sim, o turismo, na região, exige cartões reforçados, “bombados”.

É verdade que nosso Real se valorizou, frente ao Euro, em quase 12%, mas os preços piemonteses e de toda a Itália, pulverizaram a boa notícia com aumentos de 15-20 e até 30%.

Encontrar um bom hotel, agro turismo ou B&B, com diárias abaixo de 100 é raro, quase impossível.


O “Alba Residence”, meu endereço favorito em Alba, que em 2020 oferecia ótimas acomodações com diária de 50-60 Euros, em 2022 não entrega seus macios colchões por menos de 100 Euros.

Os restaurantes, que permaneceram fechados durantes meses, querem recuperar os perdidos “Euros-Covid” com aumentos importantes e conseguir almoçar ou jantar, mesmo bebendo apenas uma taça ou duas de vinho, por menos de 40/50 Euros, somente em sonho….

Feliz o tempo em que meu amigo Franco Bertolone levava para sua adega um litro de Barolo “Vigna Rionda” de Tommaso Canale desembolsando 10 Euros.

  Depois do falecimento de Tommaso, o mesmíssimo vinho, ostentando, agora, a etiqueta “Ester Canale”, não entra em nenhuma adega por menos de 315/350 Euros.

Nem todos os produtores locais tiveram o privilégio e a sorte de Davide Rosso, herdeiro de Tommaso Canale, de frequentar o famoso “Curso Predador” da quase-vinícola Miolo, mas quietos, quietos, aumentaram seus preços em 15-30-40%.


Comprar, diretamente do produtor, um bom Barolo ou Barbaresco, por menos de 30 Euros, é quase tão difícil quanto encontrar um petista inteligente.

Após consumir litros e litros de gasolina, visitar várias vinícolas e quase enfartar com os altos preços, tive um pouco de sorte e encontrei duas moscas brancas: Barbaresco “Vallegrande 2017” Ca’ del Baio (27 Euros) e Barolo “Pernanno 2016” Sobrero (37 Euros).

Ca’ del Baio e Sobrero, duas velhas conhecidas, aumentaram seus preços, mas não exageradamente e ainda é possível beber seus ótimos Barbaresco e Barolo por preços quase humanos.


Quem apostou que a pandemia limitaria as vendas, aumentaria os estoques das vinícolas, o que forçosamente levaria à uma diminuição dos preços, perdeu a aposta: Os produtores, dos grandes tintos piemonteses, quase já não têm garrafas para vender e somente as entregam para quem pagar mais.

A senhora Sobrero, que há anos me vende garrafas de seu Barolo, me atendeu friamente e quando pedi um desconto respondeu que seria impossível descontar um Euro sequer.


Maneira mais elegante de dizer: “...se quer, quer e se não quiser há quem queira e f.. ”.

Diferente foi a recepção na Ca’ del Baio.

Depois eu conto.....

Bacco 

segunda-feira, 6 de junho de 2022

UM INSULTO AO PALADAR CHAMADO CHANDON

 

ARGHHHHH
Acredite, quem quiser e quem puder…Provei, finalmente, o horroroso “Chandon Garden Spritz”.

Calma, calma.... Antes, de ser apedrejado, comunico que a porcaria argentina foi oferecida e nada paguei.

Devo confessar que bebi ótimas, boas, mais ou menos, ruins e até péssimas garrafas, mas nenhuma delas pode ser comparada ao “Chandon Garden Spritz”.


O inacreditável é que uma multinacional, com modernos e eficientes departamentos de pesquisas e marketing, lance, no mercado mundial, uma obscenidade “vinícola” como a “Chandon Garden Spritz”.

Com menor perigo e sem medo de contrair covid, os turistas retornam e a moda do Spritz volta a frequentar todas as mesas dos bares.


Eu considero o Long Drink italiano uma tremenda-bosta, mas minha opinião é soterrada por uma enorme avalanche de consumidores que encontram, no Spritz, o parceiro ideal para os aperitivos de antes do almoços e finais de tarde.

A receita mais comum?

 Prosecco, Aperol ou Campari, água com gás, gelo e ½ fatia de laranja.

Como já comentei, a Chandon, com seu mais novo rebento, o “Chandon Garden Spritz”, quer inovar, mas já começa pecando e pecando feio ao utilizar, como ingrediente principal, um espumante argentino, continua errando ao adicionar extrato de casca de laranja e para coroar a idiotice exagera no preço: A garrafa “Porcaria-Chandon-Garden” é vendida, na Itália, por insultuosos 19,00 Euros.


Ferrari

Brut Trentodoc

13,99 € 

É sempre bom lembrar que por bem menos é fácil encontrar, nos supermercados, os bons espumantes “Ferrari Brut” (12/14 Euros), “Contadi Castaldi Franciacorta Brut” (14/15 Euros), “Barone Pizzini Golf 1927 Brut” (19/20 Euros) e muitos outros, mais.

Somente um tolo, então, pagaria, por uma garrafa de Spritz argentino, 19,00 Euros.

Resultado?

Fracasso total!

Em um momento de inexplicável bobeira, Enrico, proprietário dos bares “Vineria Macchiavello” e “Terzo Tempo”, em Santa Marguerite Lígure, apostando no calor e nos turistas, que aos milhares visitam a cidade, durante a primavera/verão, comprou algumas caixas de “Chandon Garden Spritz”.


Até o exato momento, em que estou escrevendo esta matéria, apenas duas garrafas do Gardel-Spritz-Chandon haviam deixado as prateleiras: A primeira foi “desgustada” pelos funcionários e por mim, a segunda foi doada para um parente do proprietário.

Duas observações: A Chandon, que há anos produz espumantes, caros e medíocres, no Brasil, deve ter sido contaminada pelo vírus “Predatorius Brasilis” que ataca todos os produtores tupiniquins e os transforma em terríveis predadores.

A multinacional apostou que o nome “Chandon” bastaria para ofuscar a mente do consumidor europeus que não se abalaria em pagar preços brasileiros para comprar uma tremenda porcaria argentina... A empresa perdeu a aposta.

Se não quiser perder a compostura e praguejar sem parar, recomendo não comprar e nem de graça beber o deplorável “Chandon Garden Spritz”…Uma inimaginável porcaria.

Bacco

PS. Mais uma informação: O Chandon Brut, produzido com método Charmat, custa R$ 90/95.

O Ferrari Brut, método champenoise, custa 13 Euros (R$ 68.50).

Apesar do Ferrari ser um espumante popular e de média qualidade, se e quando comparado ao Chandon nacional, o pulveriza.

Quem tiver a oportunidade de provar, ambos, poderá comprovar minha afirmação e nunca mais comprará uma garrafa da predadora Chandon.