Na
primeira parte, do pequeno guia húngaro, falei sobre os vinhos brancos secos,
do país, que merecem a atenção de quem não quer deixar um salário mínimo em um
premier cru da Borgonha.
Na
segunda etapa trago recomendações de outros vinhos e de outras bebidas do país.
TINTOS
Há,
sem dúvida, bons tintos na Hungria, mas os que provei não podem ser comparados
aos melhores italianos e franceses.
Mesmo
assim, para quando se acalmam as temperaturas infernais que “fritam” Budapeste,
no verão (de meados de junho a meados de setembro), há algumas etiquetas que
merecem atenção.
As
minhas preferidas foram essas:
“Kadarka” da vinícola Pósta
Borház.
Um
vinho nada excepcional, confesso, mas que me impressionou.
A
uva Kadarka me
foi descrita como a “Pinot Noir” húngara”, mas algumas garrafas, que provei, me
pareceram mais próximas à Cabernet Franc, casta muito popular na Hungria.
Esse Kadarka, da Pósta Borház,
da região de Pannon (lembrando que Panônia era o nome da província romana que
compreendia parte do atual território húngaro), não lembrava a Cabernet Franc;
apresentava corpo médio, sabor levemente frutado e até um leve defumado final.
Para arrematar, custava em torno de 3 mil
florins (menos de 8 euros).
Excelente!
“Turan”, da vinícola Nyolcas
És Fia.
A
uva Turan
é fruto do cruzamento de diversas outras castas encontradas na Hungria.
A
“Turan” tem cor forte, densa e que em nada lembra a do Nebbiolo, mas apesar das
aparências, nada encorajadoras, os vinhos não são pesados nem difíceis de
beber.
O
exemplar que provei, proveniente da região de Eger, foi uma grande e bela
surpresa: complexo, equilibrado e final bastante longo.
O
preço: 4,5
mil florins (cerca de 12 euros)
-
Egri Bikavér
Superior “Aldás”, da vinícola St. Andrea.
Em tradução literal, “egri bikavér” significa... “sangue de
touro”.
Como
a iniciação, de grande parte dos enófilos brasileiros se deu através do infame “Sangue de Boi”, a semelhança do nome chega a causar arrepios, medos,
mas na Hungria, “egri
bikavér” é uma denominação de
origem da região de Eger, cuja casta principal é a Kékfrankos (conhecida por
Blaufränkisch na Áustria) mas que pode ser assemblada à outras 12 uvas – um
egri bikavér nunca é varietal.
O
resultado: vinhos inexpressivos, leves, às vezes até aguados, mas, no caso dos Egri Bikavér Superior, o nível é outro.
Este,
da vinícola St. Andrea, me surpreendeu.
Muito mais refinado do que seus colegas, com
final interessante e longo, pronto para ser bebido apesar de seus apenas dois
aninhos.
TOKAJI ASZÚ
Evidentemente,
não dá para falar da viticultura húngara sem falar do Tokaji
Aszú.
A
região de Tokaji, cujo território fica majoritariamente na Hungria (e um pouco
na Eslováquia), se notabiliza, há séculos, por seu vinho doce botritizado.
A
região também produz vinhos secos que, apesar de serem menos impressionantes e
conhecidos que os outros brancos do país, não são banais.
A
atual classificação, do Tokaji Aszú, os divide em 5 ou 6 puttonyos.
O
5 puttonyos têm entre 120 e 150 gramas de açúcar por litro e os 6 puttonyos se
apresentam com mais de 150 gramas de açúcar por litro.
A
classificação de 3 puttonyos (60 g/l), com vinhos menos doces, está sendo
descontinuada, mas ainda há produtores que insistem em rotular suas garrafas
assim.
Há, também, o Szamorodni (30 g/l), um estilo
ainda menos doce que não me agradou e outros vinhos de sobremesa rotulados como
“late harvest”,
denominação presente em vários outros países.
Sobre
as cervejas grandes: Kőbányai e Sopron me pareceram melhores do que Dreher,
Arany Ászok e Borsodi.
Evitei
coquetéis e também não procurei cervejas artesanais, mas para os aficionados
segue válida a pesquisa nos distritos turísticos de Budapeste.
Caso
a cerveja húngara não agradar, não é difícil conseguir as ótimas Peroni e
Pilsner Urquell na Hungria.
Na
terceira parte, do guia, apresentarei alguns restaurantes de Budapeste e
sugestões de lembranças gastronômicas da Hungria.
Zé