Cansei de comentar as imbecilidades e picaretagem que brotam,
com incrível velocidade e enorme quantidade, no panorama vinícola
terceiro-mundista do Brasil.
Não há limite para a ignorância, cara de pau e picaretagem dos
Leandro
Balela, E$corchado$, Marianne Piauimonte, Thomas Baby Sampaio etc., da
vida (fácil?).
Vamos, então, falar de coisas sérias, belas e boas.
A Campânia, região localizada no sul da Itália, sempre foi
muito competente em vender seu belíssimo território, sua cultura, gastronomia e
canções.
Napoli e o Vesúvio, Pompeia e suas ruinas, as maravilhosas
Ischia, Procida, Capri, a “Costiera Amalfitana” (Amalfi, Ravello,
Positano, Maiori, Minori etc.) são endereços turísticos de fama mundial.
“O Sole Mio, “Torna a Surriento”, “Luna Rossa”, “Reginella” e muitas
outras, são canções que o mundo cantou e continua cantando.
A Campânia foi feliz e competente, também, em “vender” sua
gastronomia.
Qual o prato mais presente em todos cantos do planeta?
Se você respondeu, pizza, acertou em cheio, pois até na
esquálida São Miguel do Tapuio, lá no Maranhão (vergonha da nação?), há várias pizzarias.
Mas os vinhos da Campânia, quem conhece?
Se a pergunta for dirigida (sem a possibilidade consultar o
Google) à nova safra dos numerosos “eno-analfas” que invadem as redes sociais, o
silêncio será sepulcral.
Será que o Leandro Balela Baena já bebeu “Piedirosso”?
Será que a Marianne Piauimonte já provou um “Asprinio di Aversa”?
Será que Thomas-Baby-do-Vinho-Sampaio já tomou uma mamadeira
de “Coda di
Volpe”?
Será que o pessoal da “E$culachado$” já descolou uma grana de
um produtor de “Lacryma Cristi”?
Pois bem, os vinhos, acima citados, são uma pequena amostra do
rico patrimônio enológico da Campânia.
Todos os vinhos que mencionei e muitíssimos outros, fazem
parte do meu repertório vinícola e não preciso do Google para comentá-los
De todos os vinhos da Campânia o mais famoso é o grande Taurasi.
Taurasi, assim
como Barolo, Montalcino, Barbaresco, Gattinara etc., é uma aldeia, da província
de Avellino, que empresta o nome ao vinho produzido com Aglianico.
O Taurasi, apesar de sua excelente qualidade, nunca conseguiu alcançar
a fama nem os preços (ainda bem) das badaladas denominações do norte e centro
da Itália.
Resumindo: A Campânia sabe
“vender” turismo, canções, gastronomia, mas não seus vinhos.
Apesar de não ser fácil tarefa, quando encontro, nos
“wine-bar” algum vinho da Campânia sempre bebo uma taça.
“Quer provar um Greco e Fiano que acabei de
abrir? ”
Luigi, barman do “Gran Caffè Defilla”, um dos melhores
endereços para se beber, na Ligúria, com sua pergunta despertou imediatamente
meu interesse.
Anui e sem demora Luigi serviu uma taça de “Sintonia”.
Já no nariz o vinho apresentou uma complexidade intrigante: Os
aromas, elegantes e marcantes, exaltavam o grande “terroir” das duas milenares
castas.
Uma informação: pela enésima vez e certamente não a última,
informo aos “eno-influencers-analfas” (Marianne Piauimonte inclusa) que
“terroir” não significa apenas terreno.
Terroir é uma palavra, de origem francesa, que vai muito, mas
muito além, de um simples “terreno”.
Terroir engloba, entre outras coisas, solo, subsolo, clima,
microclima, história, tradição, cultura e práticas enológicas.
Espero que os eno-analfas (Marianne Piauimonte inclusa), que
infestam e emporcalham o panorama vinícola brasileiro, após lerem a informação,
parem de enaltecer o “TERROIR”
gaúcho, paulista, catarinense, goiano, mineiro, baiano e quiçá, amazonense.
Onde havia, até semana passada, braquiária, gado, mato,
cerrado, cupins, capivaras, calangos etc., há TERROR
e não TERROIR.
Quando menciono o terroir, do Greco di Tufo e do Fiano d’Avellino,
o faço lembrando que as duas castas são cultivadas, na região, há mais de 2.000 anos e tiveram tempo mais que suficiente para se adaptarem, perfeitamente, ao solo,
clima, microclima, práticas enológicas e às profundas raízes da história, tradição
e cultura vinícola local.
......E o “Sintonia”?
Continuará na próxima matéria ao lado de um primo de Paestum.
Bacco