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quinta-feira, 24 de novembro de 2022

CAMPO LIGURE

 


Admito que já há alguns anos raramente e sem entusiasmo, visito as capitais do turismo europeu.

Já perdi a conta de quantas vezes fui a Barcelona, Madri, Lisboa, Paris, Roma, Veneza, Firenze, Londres, Viena, Budapest, etc. e hoje não é difícil perceber que todas sucumbiram ao turismo de massa-pit-stop, praticado por turistas “manadas”, apressados, hora marcada, ávidos para ver tudo e todos no menor espaço de tempo possível e imaginável.


 Um pulo na igreja (há milhares), outro na praça principal, mais um em um museu, uma coca, uma pizza, filas nas portas de banheiros (principalmente as mulheres) 150 “selfies” e....Lá vamos nós para a próxima cidade.

Se o “turismo manada” ainda é suportável, difícil é conviver com os milhares de imigrantes que literalmente invadiram as zonas centrais das principais cidades europeias e as transformaram em pontos de vendas de drogas, de assaltos, roubos, banheiros, dormitórios etc.



Fugir da violência do Rio (exemplo) e encontrá-la, mesmo em menor escala, em Roma (outro exemplo) não dá.....

Solução?

Pequenas aldeias e médias cidades.

Já escrevi várias matérias sobre o assunto e termino esta introdução declarando que prefiro passar uma semana passeando por Pienza, San Quirico d’Orcia, Montepulciano, Montichiello, Castiglione, d’Orcia, Montalcino, Castelnuovo dell’Abate etc. do que um dia em Milão, Paris, Roma ....


Prefiro a sedutora e misteriosa magia medieval das aldeias italianas (há centenas) do que quase opaco brilho das metas “obrigatórias” do turismo europeu.

Vamos ao que interessa......Campo Ligure.



Não sei quantas vezes, percorrendo a autoestrada “A7”, para alcançar Santa Margherita, uma pequena aldeia e seu castelo chamaram minha atenção.

Também não sei quantas vezes prometi, a mim mesmo, visitá-la sem nunca manter a promessa...

Dia frio, nublado, triste....







Santa Margherita, para quem não sabe, nos meses outonais revela a mesma alegria de um cemitério em final de tarde chuvosa.

Lojas, hotéis, bares, restaurantes, quase todas fechados, raríssimos turistas; Santa Margherita parece hibernar.

Pensei em algumas opções não muito distantes e .... Campo Ligure.

Campo Ligure, pouco mais de 60 km, distante de minha casa foi a escolha mais acertada dos últimos meses.



Meia dúzia de ruas, pouco menos de 3.000 habitantes, 6 igrejas, 1 castelo, 2 praças, 2 museus, 1 ponte medieval, meia dúzia de bares, 2 restaurantes e....charme para todos os gostos.



Campo Ligure, apesar de milenar, não revela o costumeiro e arredondado traçado medieval e, salvo algumas muito estreitas (pouco mais de 1 metro de largura), suas ruas são retas e facilmente transitáveis.



Como sempre, no centro histórico, o trânsito de veículos somente é permitido por algumas horas e esta medida doa maior charme e tranquilidade a Campo Ligure.

Bem na entrada da cidade uma igreja e uma fonte.



 Poucos metros, à direita da fonte, há um estacionamento de fácil acesso e, coisa rara nas aldeias italianas, gratuito.

Carro estacionado, casaco de frio, cachecol …lá fui eu.

Primeira etapa, o castelo.

Sugiro visitar primeiramente o castelo, pois a subida exige um bom preparo e muito fôlego para enfrentar a longa escadaria.



Quase todo em ruina, o quase milenar castelo merece ser visitado pela importância histórica, pela bela vista da cidade e dos campos que a cercam, mas é na encosta da colina, onde foi construído, que o turista encontrará a mais incrível e importante atração de Campo Ligure: “Il Giardino di Tugnin” (O Jardim de Toninho).



O “Giardino” é na verdade um impressionante museu a céu aberto onde estão expostas várias esculturas em madeira do artista local Gianfranco Timossi.



Timossi realiza suas obras gigantescas, utilizando, especialmente, troncos e pês de oliveiras, oliveiras que abundam na região.



As fotos anexas dão uma pequena amostra do que pode ser encontrado nas encostas do castelo.



Continua

Bacco

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

MAIS UM GIGANTE

 

Nasce mais um gigante no mundo do vinho e confirma a atual tendência do lento, mas inexorável desaparecimento dos pequenos produtores europeus.

Comprar todas as pequenas propriedades parece ser missão quase impossível, a curto e médio prazo, mas os contínuos “assaltos” preocupam os enófilos que, assim como eu, fogem das grandes e caras “griffes”.



Na Itália são inúmeras as vinícolas de peso que saíram do controle familiar para cair nas mãos de grandes grupos: Vietti, Borgogno, Biondi e Santi, Ruffino, Gancia, Isole e Olena, Vigne di Zamò, Sella & Mosca, são apenas algumas delas (seria impossível elencar todas) e é sempre maior o interesse de grandes grupos pelas vinhas mais prestigiosas em todo canto do planeta.

Confirmando, a minha preocupação, informo que, há pouco meses, a aliança entre as famílias Pinault e Henriot deu vida a um novo e colossal grupo no segmento de vinhos de importantes e renomadas etiquetas.



A Pinault é proprietária, desde 1993, entre outras coisinhas, do celebérrimo “Château Latour”.

A mesma Pinault, também, colecionas joias raras tais como “Château Grillet”, “Domaine d’Eugénie” e o “Clos de Tart”.

Para dar uma ideia, da “força” da Pinault, informo que a empresa adquiriu, em 2017, os 7,53 hectares do “Clos de Tart” pela mixaria de 240 milhões de Euros (quase R$ 1,3 bilhão)



Uma rápida conta nos confirma que cada hectare custou a bagatela de 32 milhões de Euros (R$ 170 milhões de Reais).

É bom lembrar que a Pinault comanda, também, griffes famosas como Gucci, Saint-Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga, Bucheron etc.

A família Henriot entra no grupo com modestos 100 hectares na Champagne , onde produz o renomado “Champagne Henriot”, com os 78 hectares, em Chablis, da “Domaine William Fèvres”,  “Bouchard Père & Fils” e seus 130 hectares de invejáveis e renomados 1ers Cru  e Grand Crus da Borgonha:  Montrachet, Chevalier-Montrachet, Meursault, Volnay, Pommard, Beaune Clos Saint-Landry, Beaune Clos de la Mousse, Beaune Vigne de l’Enfant Jésus, Corton, Corton-Charlemagne, Bonnes-Mares, Clos de Vougeot, Chambertin, etc.



Quando colossos ,como os dois acima, se unem, percebo que preciso renovar meus estoques de KY.

Agora, um pequeno raciocínio para os que gostam de matemática.

Exemplo 1: Uma garrafa de “Clos de Tart Grand Cru Monopole” custa, em média, 800 Euros e 1 hectare, do homônimo vinhedo, como vimos, foi adquirido por 32 milhões de Euro.

Para “pagar” este 1 hectare a vinícola precisaria, então, vender 40.000 garrafas.



Exemplo2: Um hectare de vinhedos, dos mais caros, na Serra Gaúcha, custa R$ 500 mil.

Uma garrafa de “Lote 43” é vendida, pela Miolo, por R$ 258, assim a Miolo, precisaria vender 1.938 unidades para pagar 1 hectare do “Lote 43”

Vamos supor que o Lote 43, pelo que representa para a família Miolo, pela luta do imigrante Giuseppe e sua enxada, por todas as gotas de suor e lágrimas derramadas (parece samba canção do Lupicínio…), além de outras piedosas e melosas lembranças, valha o dobro, ou seja, R$ 1 milhão?



Menos de 4 mil unidades, do quase vinho “Lote 43”, seriam mais que suficientes para comprar 1 hectares do homônimo vinhedo e deixar os Miolo morrendo de rir de nossa cara enquanto esvaziam nossos bolsos.

Os idiotas franceses precisam vender 40.000 garrafas para comprar seu hectare na Côte de Nuits.

 Nos brasileiros, muito mais espertos, entregamos apenas 4.000 para adquirir a mesma superfície no mítico, fantástico, insuperável, divino, mágico (ufa) “Lote 43”.



Quem não entendeu o “sutil” recado precisa parar urgentemente de beber “Lote 43”......o quase vinho, da predadora Miolo, já afetou, irremediavelmente, seus neurônios.



Perceberam o porquê do meu bordão …. ”A vida do enófilo brasileiro é uma merda”?

Dionísio

terça-feira, 15 de novembro de 2022

YLLERA 2017

 


Se, comer bem em Brasília é uma utopia, encontrar um bar para beber uma boa taça de vinho, por preços honestos, na capital do país, é “Missão Impossível”.

Cidade cervejeira, de incontáveis botecos, onde a cultura, tradição e costume de beber vinho inexiste, Brasília é o Kalahari dos enófilos.

Algumas tentativas, de alguns loucos sonhadores, de abrir wine bar, “champanherias” e locais para servir vinho em taça, existiram, mas todas naufragaram antes de comemorar um ou dois aniversários.


  Um dos raros endereços, que sobreviveram e onde era possível degustar boas garrafas, sem estuprar o cartão, era o “Bartô” da QI 11 do Lago Sul.

Era......

O centro comercial da QI 11 não é exatamente um exemplo de sofisticação arquitetônica e apesar de inúmeras reformas continua parecendo um conjunto de lojas da periférica Ceilândia (Ceilândia é uma das horríveis “cidades satélites” da capital).

Na inútil tentativa de melhorar o visual, o centro comercial recebe nova e inútil tentativa de maquiagem.

 Onde?



 Exatamente na área externa onde o “Bartô” esparramava suas mesas e...... Lá se foi o “Bartô”

Já resignado e pensando em abrir minhas garrafas e convidar amigos para não beber sozinho, após retirar um dinheiro, em um dos bancos 24 horas, do “Gilberto Salomão”, casualmente esbarrei no "novo" “Vinalla”.



O “Vinalla” já mudou proprietário, nome, característica comercial etc., sei lá quantas vezes, mas confesso que nunca o vira tão aconchegante, bonito e refinado.

A curiosidade falou mais alto…. Entrei.

Mesas bem-postas, impecável mise em place, boa e grande seleção de garrafas...

 “ Posso beber uma taça? ”

A simpática e atenciosa moça anui, pediu para escolher uma garrafa e disse que poderia sentar onde quisesse.



Não me fiz de regado e, após uma minuciosa busca, escolhi um vinho espanhol: “Yllera Vendimia Nocturna 2017”.

Não poderia ter escolhido melhor.

Belo vinho que mais uma vez atesta a soberba qualidade dos vinhos ibérico.

É sempre bom lembrar que considero, o também espanhol, “Viña Tondonia”, um dos 10 melhores brancos que já bebi.



O Yllera é produzido com uva Verdejo e o 2017 se apresenta bem maduro, mas que ainda pode “viver” alguns anos.

Amarelo dourado, boa estrutura, complexo e um longo final onde prevalecem nota cítricas.

Belo vinho, que custou R$ 120, preço mais que justo pelo serviço e pelo refinado e aconchegante bistrô.



Finalmente um bom endereço para beber vinho em Brasília.

Bacco

 

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

OREGON

 

Animado com o lucro da venda da minha casa na Itália (dobrei a meta) e com a festa da democracia na nossa ilha do bananal que produziu milhares de memes, incluindo a trouxa instantâneo patriota do caminhão, segue mais um capítulo da fantástica série vinhos americanos, edição baixo nível-expert.

Oregon: Estado dos cultos e seitas das mais loucas, de gente desprovida de amor ao dinheiro, totalmente devotados à natureza, às teorias conspiratórias das mais descabeladas (desde reptilianos, passando por igrejas cristãs bem além daquelas pentecostais do interior da nossa ilha do bananal).

Se há um lugar, nos EUA, onde os vinhos são muito parecidos com a cultura local, esse lugar se chama Oregon.

Um pouco de más notícias sobre os vinhos do Oregon: A maldita mania de querer compara-los e equipara-los com os vinhos da Borgonha.

Afinal, o solo seria similar (não consta), a latitude é a mesma (e daí?), o clima similar (não consta) e as uvas que melhor se adaptaram lá (uva se adapta, compra casa maior durante a pandemia?) são as mesmas da região francesa mais famosa.

Em parte, essa narrativa (mais uma palavra que está na moda) vem dos produtores franceses que chegaram ao Oregon e sabem bem como contar uma lorota para eno-trouxa.

Vários produtores franceses já têm operações bem grandinhas na região.

Invariavelmente os maus negócios, em Oregon, na compra de vinhos, tem um dedinho da “francesada”.

Mais por menos.

Modelo também bem usado no Brasil com grande eficiência.

Vamos às ótimas notícias: Os vinhos são excelentes e os preços bons.



Há muita coisa ‘’natural’’, os famigerados biodinâmicos, também muito vinho tradicional, geralmente com uma pegada europeia de bom gosto e, como escrito acima, refletem, com exatidão, a personalidade dos donos, a cultural local.

Oregon além de religiões doidas, e de TODAS AS DROGAS legalizadas, tem uma preferência por tudo que seja orgânico, local, ‘’sustentável’’.



Eu adoro chegar numa vinícola e ser recebido pelo produtor que está irrigando o jardim enquanto a senhora está em seu minilaboratório, olhando os poucos barris, colhendo alguns mililitros para análise.

 Param tudo imediatamente para oferecer, em 5 minutos, uma degustação relâmpago enquanto preparam uma charcutaria.



Chapéu na cabeça, roupa com buracos, cachorro solto, paisagem de sonho (dos bons) ao fundo.

 Recomendo comprar somente algumas garrafas em cada vinícola porque não há porta-malas para tanta coisa boa numa viagem somente.

Com 23 DOC,  https://www.oregonwine.org/regions/avas/  , de vinhos deliciosos e baratos, o Estado de Oregon, ainda tem a cara de pau de oferecer natureza exuberante, alguns vulcões que doam, em algumas regiões, aquele solo vulcânico sensacional, lagos azuis, florestas verdes (chove regularmente em boa parte do estado), neve, mais céu azul (quando não chove), tudo isso numa mesma foto.



Na política você parece que não encontrar solução e está sempre acreditando nos caminhões de fake news, mas nos vinhos só leva enrabadas seguidas quem quer; há muita opção boa que não mata a carteira.

Bonzo

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

A GASTRONOMIA CANDANGA CONTINUA A MESMA......

 


Leitores estranham e nos cobram :  "O que foi feito de vossas críticas gastronômicas dos restaurantes brasilienses?".

Confesso que cansei de ser solenemente “enroubado” (acrônimo de ernabado-roubado) nos restaurantes da capital brasileira.

Muita pretensão, pura enganação, demasiada badalação e preços indecentes, foram aos poucos, mas inexoravelmente, me convencendo que o melhor é cozinhar em casa e guardar meus raros e caros $$$ para gastá-los, quem sabe, nos restaurantes italianos na Itália.

Estranhou “…. Restaurantes italianos na Itália”?



Há dezenas de restaurantes, em Brasília, que se auto denominam “italianos” onde Raimundos, Beneditos, Severinos, Marias e Joanas comandam panelas e tentam, sem sucesso, preparar, corretamente, pratos peninsulares.

Nossos valorosos, mas inexperientes cozinheiros, o máximo que conseguem “italianizar” são ridículos e deploráveis “espaguetes”, “risotos ” “parmegianas”, “nhoques” etc., que seriam sumariamente devolvidos à cozinha em qualquer boteco da Bota.



Como não bastasse, a ridícula qualidade gastronômica e preços apavorantes, pedir uma garrafa de vinho, nos restaurantes candangos, é prova de grande coragem e total desprezo pelo cartão de crédito (antes de ordenar uma garrafa recomendo ter, sempre, um Isordil no bolso......)



Uma prova da “enroubada”?

Um prato de massa, com frutos do mar, no dispensável restaurante “Da Rosario”, localizado à beira do brejo da QI 17, custa nada econômicos R$ 89, que e quando adicionados aos tradicionais 10% quase alcançam R$ 100.



O mesmíssimo prato (mesmíssimo apenas no nome) com qualidade infinitamente superior, no restaurante “Beppe Achilli”, localizado na orla da exclusiva e sofisticada Santa Margherita Ligure, alivia os fregueses em exatos 14 Euros (R$ 73).



Se comparássemos a qualidade das cozinhas do “Da Rosario” e “Beppe Achilli”, a do “Da Rosario” lembraria um rosário de penas....



Compreensível, então, minha “fuga” dos restaurantes candangos que tiveram seu momento de quase glória quando o finadoGeroancorou no “Iguatemi” do Lago Norte



O “Gero” teve grandes méritos e grandes pecados.

Méritos: Cozinha, atendimento e profissionalismo de alta qualidade.

Pecados: Ao fechar as portas, muitos funcionários demitidos pariram uma quantidade impressionante de “Gerinhos” que até hoje torturam nossos paladares e esvaziam nossos bolsos.



Creiam, a gastronomia candanga, que já viu nascer e morrer (ainda bem...) Alice, I Maestri, Cielo, Zuu, L’Altra Toscana, Risotteria, Gazebo, Annone Veneto e dezena de outros insultos ao paladar, continua a mesma previsível e cara porcaria.

Mas nem tudo está perdido....

Continua

Dionísio

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

A VOLTA

 


Acabou....finalmente.

Não há vencedores nem perdedores.

Haverá, como sempre e apenas, sofredores.



B&B, que viveu e cansou de outros embates iguais e que não deram em nada, volta com suas críticas, opiniões, dicas de lugares, vinhos, restaurantes, bares, receitas etc.  

 

Bacco