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quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

O MALUF DA LIGURIA II


Tommaso Canale morreu, em dezembro de 2010, em sua casa na aldeia piemontesa de Serralunga d’Alba uma das capitais do Barolo.

Dizem, as más línguas, que a causa da morte foi a hipotermia.

 

Canale, como todo bom piemontês da antiga, não era exatamente um gastador e os fofoqueiros contam que para aquecer sua casa usava, apenas, um velho fogão a lenha.

 

Na verdade, Tommaso, morreu de infarto e sozinho em uma fria noite invernal.

O espólio de Canale acabou favorecendo dois ramos de parentes.

 Davide Rosso, primo em segundo grau, além de herdar uma parcela da “Vigna Rionda” comprou a parte restante dos outros herdeiros.

 Atualmente a vinícola “Giovanni Rosso” é a única proprietária da “Fração nº 151 B” da mítica vinha de Serralunga d’Alba.

 
“Vigna Rionda” está no alto do pódio dos grandes crus do Barolo ao lado de “Cannubi”, “Bussia”, “Cerequio”, “Monprivato”, “Brunate” etc. e o valor de um hectare desses vinhedos não tem preço.

Para que se tenha uma ideia, em 2018, um comprador, que exigiu completo anonimato, adquiriu ½ hectare, no Cru “Cerequio” por, nada módicos, 2 milhões de Euros.

 Tommaso Canale vendia o Barolo de uvas provenientes de vinhas milionárias (Vigna Rionda) por 7/10 Euros o litro......
Davide Rosso, que de bobo não tem absolutamente nada, continuou vinificando o “Barolo Vigna Rionda”, com tecnologia bem mais moderna, mas respeitando os mesmos métodos tradicionais (nada de barrique) de Canale.
Copiou, até, a layout da antiga etiqueta apenas adicionando o nome da mãe: Ester.

 Com a mãe, merecidamente e devidamente, homenageada, a vinícola Giovanni Rosso partiu para os negócios e o “Barolo Ester Canale Rosso Vigna Rionda”, nas prateleiras de ilustres enotecas europeias, ostenta preços que partem de 320 e alcançam 850 Euros.
Agora vamos falar do nosso Maluf da Liguria.

Franco Bertolone, jornalista aposentado, do “Il Secolo XIX” de Genova, nunca construiu nem superfaturou pontes, viadutos estradas etc. como fez o Maluf pilantra, mas, esbanjando conhecimento e visão, soube comprar bons vinhos e organizar uma adega de grande valor.

 
Bastaria, apenas, atualizar o valor de suas 200 garrafas de “Vigna Rionda”, para constatar que a escura adega de Franco “esconde”, aproximadamente, 100 mil Euros.
Nada que possa ser comparado ao tesouro de quase 4 milhões de dólares do nosso maior eno-pilantra, mas se compararmos o quanto foi investido e o quanto Bertolone poderia, hoje, realizar é fácil perceber que Franco, gastando muito menos, foi muito mais inteligente.



Mais uma coisa....

A Miolo, predadora de vinhos, importa o Barolo base da Giovanni Rosso e o oferece, aos enófilos brasileiros, por R$ 450,56

 
 Vinho Italiano Giovanni Rosso Barolo - Safra 2008 (750ml) 
País:  Itália

Região:  Serralunga 

Variedade de uva:  Nebbiolo 
            

R$ 450,56

 


Na Itália, o mesmíssimo vinho custa 30 Euros (R$ 121). 

Se Franco Bertolone um dia decidir se mudar, de mala, cuia e Vigna Rionda, para o Brasil e resolver vender suas garrafas aos enófilos brasileiros, aplicando os quase 300% praticados pela Miolo-Predadora, iniciaria sua vida, na terra de Maluf, com nada desprezíveis R$ 1.720.000.

Bacco.
 
P.S Franco Bertolone, ao ler a matéria, revelou que está disposto a entregar suas garrafas de “Vigna Rionda por muito menos....

 
 
 



terça-feira, 29 de janeiro de 2019

O MALUF DA LIGÚRIA


Esta não é uma matéria sobre um dos maiores pilantras que nossa política pariu.

É, na realidade, uma história que trata de um antigo costume italiano, hoje totalmente soterrado.


É a história de um amigo que, após longos anos e sem grandes investimentos, conseguiu "construir" uma adega de grande valor.

Para compreender melhor a matéria é necessário voltar nos anos e reencontrar velhos costumes locais.

Até o início dos anos 1970 a maioria dos pequenos viticultores, das Langhe, vendiam as uvas para os grandes produtores e engarrafadores.

Apesar de privilegiar esta opção comercial, sempre reservavam uma parte das colheitas, a vinificavam para o próprio consumo e vendiam o vinho excedente para amigos e eventuais clientes, não em garrafas etiquetadas, mas em “damigiane” (garrafões de 54 litros).


Em meados da mesma década, com o sempre ascendente preço dos vinhos, especialmente Barolo e Barbaresco, os pequenos produtores perceberam que vinificar e engarrafar era muito mais rentável do que vender à granel.

Nos anos 1980 encontrar Barolo e Barbaresco em “damigiane” era quase impossível: A era romântica, folclórica, do antigo e simplório viticultor que produzia vinho pisando as uvas havia sido definitivamente soterrada pela moderna enologia e a sempre mais necessária tecnologia.


Os preços dos vinhos voavam e arrastavam, em seu voo, o valor das vinhas.

 Os viticultores enriqueciam, o Barolo e Barbaresco à granel desapareciam, mas, sempre há um “mas”, alguns “antigos” e teimosos viticultores continuaram a praticar a quixotesca e romântica comercialização.

Um deles e o mais incrível de todos: Tommaso Canale.


Tommaso Canale já mereceu algumas matérias de B&B

Leia.
http://baccoebocca-us.blogspot.com/2018/03/a-ceia-no-nanin.html

Canale, até o final da vida, permaneceu fiel à sua maneira de comercializar os vinhos e sempre preferiu vender seu “Barolo Vigna Rionda”, aos clientes e amigos, em “damigiane” de 54 litros.

Um desses clientes e amigos foi, desde o começo e até o fim, Franco Bertolone.

Bertolone, grande conhecedor de vinhos e que todos os anos vinifica artesanalmente para seu consumo, pontualmente recebia o telefonema de Tommaso Canale alertando que uma “damigiana” de Barolo Vigna Rionda estava à sua espera.


Franco confirmava a compra e, na primeira oportunidade, ia retirar seus 54 litros de Barolo por, pasmem, 7-10 Euros o litro.

Em sua adega, Bertolone, engarrafava o Barolo de Canale, tampava, etiquetava as garrafas e muitas delas, até hoje, descansam nos subsolos de suas casas de Chiavari e Velva. 

Foi assim durante vários anos

 Bertolone, que não prima pela organização de suas adegas, não sabe ao certo quantas unidades engarrafou e nem quantas ainda sobraram.

 Ele calcula que, aproximadamente, 200 ou 210 garrafas de ”Vigna Rionda” ainda repousam nas prateleiras dos seus escuros e silenciosos subsolos.

Alguém perguntará: Onde o Maluf entra nesta história?

Na próxima matéria eu conto

Bacco.






sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

MITOS


Leio uma ótima matéria, de autoria de Stefano Cinelli Colombini, onde o autor aborda mitos.
 

Stefano não é um sommerdier ou um bobão qualquer que se “acha”.
 
 
 
 

Stefano não é um daqueles insuportáveis presunçosos, que depois de um curso de três dias, no descartável WSET, adora posar de expert, escrever ou comentam vinhos.

 Colombini é um grande e premiado produtor de “Brunello di Montalcino” (Fattoria dei Barbi).
 

Stefano argumenta, com muita propriedade, que uma garrafa de Romanée Conti custa 400 vezes mais do que outra, de ótima qualidade, não tão badalada, mas produzida na mesma região.

Colombini, continua argumentado que um Lamborghini Veneno Roadster custa, também, 400 vezes mais do que um Fiat Panda, mas há uma enorme diferença entre os dois carros italianos: O Lamborghini tem desempenho, segurança, e qualidade mecânica que o Panda nem sonha.
 

O Veneno Roadster é produzido artesanalmente, com matérias primas de altíssima qualidade, possui uma tecnologia de ponta, a performance é incrível e o design …. Bem, o design nem se fala.

Finalmente, quando um Lamborghini passa pela rua todos o admiram, babam, batem fotos, suspiram.
 

 Quando cruzamos com um “Panda”..... Bem é apenas mais um “Panda” e ninguém dá a mínima

Se bebemos um Romanée-Conti em um restaurante, ou em um outro local, ninguém sabe diferenciar ou adivinhar qual vinho estarmos degustando.
 

Pode ser um Chianti, Valpolicella, Côte du Ventoux, Morgon, ou qualquer outro tinto,mas ninguém e jamais poderia adivinhar sua procedência e identidade.

Apesar de tudo, todos os que compram o Romanée-Conti, mesmo falsificado e por um preço absurdo, se declaram felizes com a compra.

Por qual razão?

A etiqueta é feia, garrafa, rolha, capsula, são comuns e a matéria prima, Pino Noir, não é melhor e nem possui tipicidade marcante que a diferencie das uvas vizinhas e provavelmente não é o melhor Pinot Noir do mercado.
 

A tecnologia utilizada na produção não é singular, quem o vinificou não é um gênio nem um ser do outro mundo que possa doar-lhe um grande diferencial, no entanto há incontáveis enófilos que se sentem felizes em pagar 10-12-15 mil, ou mais Euros, para leva-lo para a adega.

Por quê?

Marketing, um grande marketing que criou um mito.
 

Mas tudo tem um limite e, na minha opinião, não há vinho que possa justificar uma diferença de 400 a 1.

O mais insano e irracional emerge quando comparamos, por exemplo, dois mitos: Romanée-Conti e Porsche.

Vamos aos finalmente….

Uma garrafa de RC custa, em média 10.000 Euros.
 

Um Porsche Cayman pode ser adquirido por 60.000 Euros

Você se tivesse 60.000, para torrar, compraria 6 garrafas de vinho ou um Porsche?
 

Bacco

 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

PER CAPITA


Acabaram as festas de fim de ano e, na Itália, chegou a farra dos descontos.

Todos os comerciantes, de todas as cidades, expõem, em suas vitrines, cartazes anunciando redução (real) nos preços.

Os descontos variam de 30% até 70%.

Roupas, sapatos, utensílios domésticos, celulares, eletrodomésticos, pacotes de viagem, alimentos etc. etc. etc.

Vinhos?

 Farra total.

Na foto anexa, os enófilos do rico Brasil, poderão perceber o quanto bebem mal e porcamente os pobres italianos.

O enófilo brasileiro, com sua renda/ano de R$ 31.000 pode tranquilamente pagar R$ 125 por um espumante Geisse Extra Brut, ou nem dar bola para R$ 239 e levar para casa um Maria Valduga, nem pestanejar ao desembolsar R$ 95 para estourar uma garrafa de Chandon.

O coitado e pobretão italiano, com renda/ano de Euros 31.000 (R$ 133.000), é obrigado a esperar promoções, de começo de ano, para poder acompanhar as macarronadas do dia-dia com garrafas de Champagne 1er Cru de 12,45 Euros (R$ 53,40).

O italiano, não tão abonado ou refinado, poderá saciar sua “sede” gastando 1,99 Euros (R$ 8,50) para levar para casa Barbera, Dolcetto, Montepulciano, Sangiovese e dezenas de outras denominações.

Enquanto os italianos enchem suas adegas com vinhos baratos, os produtores gaúchos não sabem o que fazer com 40 milhões de garrafas de “vinho fino” (eufemismo usado para enganar o consumidor) estocadas e sem comprador em suas adegas.

Os produtores italianos fazem promoções e vendem, os nacionais continuam culpando os impostos e cobrando R$ 169 por um Barbera “tremenda bosta” de Cocalzinho ou R$ 800 por um espumante Geisse.

Quando acabará o protecionismo?

Bacco. 


sábado, 19 de janeiro de 2019

BAROLO BRUNATE 2013


Já declarei, inúmeras vezes, que deixei de consultar guia$, formadore$ de opinião, eno-guru$, revista$ etc., para sabe qual bela taça de vinho beber.

Se, depois de enxugar centenas e centenas de garrafas, eu ainda não conseguir reconhecer um bom vinho, deveria ser considerado um perfeito eno-idiota.

 

Quando tenho dúvida ou insegurança, sempre peço ajuda ou me aconselho com o garçom, ou dono do restaurante.

Raramente entro numa fria....

Semana passada almoçando em Barolo, no ótimo “La Cantinetta”, pedi ao elétrico Maurilio, proprietário do restaurante, uma boa garrafa de Barolo com custo de 40-50 Euros.

Maurilio sem pestanejar abriu uma garrafa de “Barolo Brunate 2013” da vinícola Claudio Boggione.

 

Já no nariz deu para perceber que Maurilio sabe, como poucos, escolher fornecedores, reconhecer o gosto e respeitar a carteira do cliente.

Todos os belíssimos aromas elegantes e potentes do grande vinho piemontês estavam presentes: Rosa, violeta, especiarias e notas balsâmicas.

Na boca o prazer continuou.

Como descrever aquela potência aveludada, aquela austeridade e elegância?

O Barolo Brunate 2013 revelou grande personalidade, complexidade, harmonia e, apesar de sua pouca idade, se apresentou já pronto para beber.

 Um grande vinho que somente um belo   cru, como o “Brunate”, pode oferecer.

 

O melhor de tudo foi o preço: 35 Euros (R$ 150)

Ao lembrar quanto custa o “Anima” (R$ 529,90), da dupla pornô Galvão&Cipresso, escrevi na minha agenda o endereço da vinícola e em minha próxima passagem por Barolo visitarei Claudio Boggione para comprar algumas garrafas.

Bacco

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

ENOCLUB - ALBA


   
Alba, dos dias atuais, é, sem dúvidas, o mais badalado centro eno-gastronômico da Itália.

Até os anos 1990,  Montalcino e a Toscana mantinham a hegemonia do turismo eno-gastronômico, mas já no princípio dos anos 2000 Alba e as “Langhe” iniciavam sua irresistível corrida para o ponto mais alto do pódio.

Se Montalcino se vangloriava, com razão, de seu vinho e da estupenda Val d’Orcia, Alba respondia, ao “desafio”, com seus grandes Barbaresco e Barolo e com as belíssimas paisagens vinícolas das “Langhe”.

Alba, todavia, possuía um ás na manga: Tartufo Bianco.

A Toscana, também, produz o “tartufo”, mas nunca conseguiu promover seu cogumelo hipógeo com a mesma força e o grande marketing   da cidade piemontesa: Quando alguém procura o “Tartufo Bianco” pensa, imediatamente e em primeiro lugar, em Alba.

Uma impressionante estrutura de hospedagem que conta com dezenas de hotéis, centenas de B&B, agro turismos, BRNB, etc., um não menos impressionante número de restaurantes (mais de 400), inúmeros e ótimos wine bar, espalhados por todas as aldeias da região, garantem ao turista a certeza de grande conforto e qualidade nos serviços.

Há poucos endereços, na Europa, que podem competir com Alba quando o quesito é eno-gastronomia.

Dos mais de 400 endereços gastronômicos conheço, pelo menos umas centenas.

Já frequentei todos os restaurantes estrelados (com 3 – 2- 1 estrelas), comi em dezenas de trattorie, osterie etc. e devo confessar que apenas três deles nunca oscilaram e sempre mantiveram uma altíssima qualidade de cozinha e atendimento.

Os nomes?

“La Bottega Ristorante di Cesare Giaccone”, em Albaretto della Torre

“Trattoria dai Bercau” em Verduno


“Enoclub Ristorante” em Alba.

Já não lembro quantas matérias escrevi sobre Cesare Giaccone e Bercau, mas nunca e injustamente, comentei o ótimo “Enoclub”.

O “Enoclub”, sob os pórticos da histórica “Piazza Savona”, bem no centro de Alba, possui três ambientes bem distintos: Na primavera e até o início do inverno, na parte superior e nas mesas espalhadas na Piazza Savona funciona o ótimo bistrô e o não menos interessante wine bar.

O wine bar serve uma bela seleção vinhos em taças e é uma boa opção para degustar grandes etiquetas.

 Na mesma praça há seis fortes concorrentes

 A qualidade do serviço e os preços dos vinhos contam muito na hora da escolha, então.......


O bistrô revela cozinha de qualidade onde são servidos pratos da tradição regional, com toques de modernidade em ambiente moderno e serviço informal.

Nas antigas e belíssimas adegas do subsolo a conversa muda de tom.......

O serviço é personalizado, o sommelier de primeira, os pratos mais rebuscados e a carta de vinhos...... Bem a carta de vinhos só perde para a do “La Ciau del Tornavento” o famoso restaurante estrelado de Treiso.

Uma pequena amostra: Na carta, do “Enoclub”, é possível escolher entre 38 etiquetas de Champagne, 120 de Barolo, 47 de Barbaresco, além dos quase esquecidos Freisa e Grignolino, do raríssimo Rossese Bianco e o do soberbo Château Musar.



No total são mais de 600 etiquetas italianas, francesas, libanesas, espanholas, eslovenas, austríacas, alemãs etc.

Vinhos para todos os gostos e bolsos.




“Eno Club” parada obrigatória que recomendo com entusiasmo

Bacco.

 




quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

ESPERANÇAS PERDIDAS




2019 teria tudo para ser o ano da virada e das boas: Localizei um vinho que representava a nova era de mudanças, para melhor, o ano em que enófilos, finalmente, atingiriam um bom nível, não para se auto-denominarem ‘’expert’’ em vinhos, mas já capazes de reconhecer armadilhas, saber onde comprar, justificar compras absurdas ou perceber onde estariam boas barganhas e tesouros escondidos.

Pensei que caminhávamos para discussões mais inteligentes e menos pretenciosas/tendenciosas.

 

Uma percepção totalmente assimétrica.

Um dos vinhos que dispararam minha fé foi um Bordeaux feito com Sauvignon Blanc à moda hippie-chique: Orgânico, biodinâmico, etc.

Nada disso me seduziu na compra.

A sedução veio ao perceber que a cor dele revelava mínimas intervenções, filtragens e outras sacanagens sempre mais comuns.

 

Vinho com sedimentos, cor opaca, sem o brilho dos vinhos que são “polidos” e se transformam em triste caricaturas daquilo que poderiam ter sido.

Vinhos bem ao gosto do mercado; brilhantes, lindos aos olhos, mas uma pobreza ao paladar.

 Um grande vinho, uma delícia por um preço ainda mais delicioso.


Bastaram alguns dias, entre o natal e o ano novo, para eu cair na realidade.

Após 90 anos tomando vinho, um parente meu (nome fictício ‘’pai’’) declara que vinho bom tem quer ter alto conteúdo alcoólico.

 

Outra pessoa (mãe, também com nome fictício) acha que o gosto de madeira é o que denota um bom vinho.

Uma amiga confessa que leu uma crítica onde o ‘’expert’’ diz que o vinho do dia a dia tem que ficar na faixa dos R$ 40.00 e que a maioria das pessoas não tem paladar para compreender vinhos caros.

Antes tivesse discutido religião com ela.......É provável que fiquemos sem conversar por um bom tempo após a minha resposta.


 

Falar de cerveja, tipo trapista, em almoço com Brahma no copo americano.

Melhor seria tratar porco com bolachas recheadas trakinas.

Para finalizar o “Grand Slam” da banalidade, Eric Asimov, crítico de vinhos do New York Times, escreve coluna sugerindo 3 vinhos de supermercado para as pessoas perderem o preconceito com vinhos baratos.

 Já tive o desprazer de tomar os vinhos indicados e Eric comprou uma baita briga com milhares de leitores.

 De onde o infeliz tirou a ideia de promover lixos produzidos aos milhões de garrafas?

Precisava provar o que?
Percam as esperanças.

 Seguiremos sendo bombardeados pelo mau gosto preguiçoso e conveniente.

Seguiremos cercados de parentes (eca) e amigos sem o mínimo interesse em gastar alguns minutos para aprender algo novo sobre um simples café, um queijo particular, uma maca diferente, uma região desconhecida e (seria pedir demais) a história por trás de tudo.

 

 Enquanto isso o mercado, do eno-brega, da eno-picaretagem e da embromação, prospera.

2019 mal começou, mas já aprendi a falar em libras aos eno-picaretas e eno-tontos:  “Ok”, em inglês, para vocês.

Bonzo