2019
teria tudo para ser o ano da virada e das boas: Localizei um vinho que
representava a nova era de mudanças, para melhor, o ano em que enófilos, finalmente,
atingiriam um bom nível, não para se auto-denominarem ‘’expert’’ em vinhos, mas
já capazes de reconhecer armadilhas, saber onde comprar, justificar compras
absurdas ou perceber onde estariam boas barganhas e tesouros escondidos.
Uma
percepção totalmente assimétrica.
Um
dos vinhos que dispararam minha fé foi um Bordeaux feito com Sauvignon Blanc à moda
hippie-chique: Orgânico,
biodinâmico, etc.
Nada
disso me seduziu na compra.
A
sedução veio ao perceber que a cor dele revelava mínimas intervenções,
filtragens e outras sacanagens sempre mais comuns.
Vinho
com sedimentos, cor opaca, sem o brilho dos vinhos que são “polidos” e se
transformam em triste caricaturas daquilo que poderiam ter sido.
Vinhos
bem ao gosto do mercado; brilhantes, lindos aos olhos, mas uma pobreza ao
paladar.
Um grande vinho, uma delícia por um preço
ainda mais delicioso.
Bastaram
alguns dias, entre o natal e o ano novo, para eu cair na realidade.
Após
90 anos tomando vinho, um parente meu (nome fictício ‘’pai’’) declara que vinho
bom tem quer ter alto conteúdo alcoólico.
Outra
pessoa (mãe, também com nome fictício) acha que o gosto de madeira é o que
denota um bom vinho.
Uma
amiga confessa que leu uma crítica onde o ‘’expert’’ diz que o vinho do dia a
dia tem que ficar na faixa dos R$ 40.00 e que a maioria das pessoas não tem
paladar para compreender vinhos caros.
Antes
tivesse discutido religião com ela.......É provável que fiquemos sem conversar
por um bom tempo após a minha resposta.
Falar
de cerveja, tipo trapista, em almoço com Brahma no copo americano.
Melhor
seria tratar porco com bolachas recheadas trakinas.
Para
finalizar o “Grand Slam” da banalidade, Eric Asimov, crítico de vinhos do New York
Times, escreve coluna sugerindo 3 vinhos de supermercado para as pessoas
perderem o preconceito com vinhos baratos.
Já tive o desprazer de tomar os vinhos
indicados e Eric comprou uma baita briga com milhares de leitores.
De onde o infeliz tirou a ideia de promover
lixos produzidos aos milhões de garrafas?
Precisava
provar o que?
Percam
as esperanças.
Seguiremos sendo bombardeados pelo mau gosto
preguiçoso e conveniente.
Seguiremos
cercados de parentes (eca) e amigos sem o mínimo interesse em gastar alguns
minutos para aprender algo novo sobre um simples café, um queijo particular,
uma maca diferente, uma região desconhecida e (seria pedir demais) a história
por trás de tudo.
Enquanto isso o mercado, do eno-brega, da
eno-picaretagem e da embromação, prospera.
2019
mal começou, mas já aprendi a falar em libras aos eno-picaretas e
eno-tontos: “Ok”, em inglês, para vocês.
Bonzo
Um vinho de mercado que custa 42 usd? Wtf?? Cá em Portugal um vinho de mercado custa menos de um eur e de certeza que se bebe melhor.
ResponderExcluiria comentar exatamente isso. recomendar um vinho de supermercado de US$ 42: o Asimov usou crack ou o quê?
ExcluirO vinho sai de Bordeaux, passa por trader/importador, distribuidor e varejista e vem parar no outro lado do mundo. Custou $35.00 (sem impostos). Temos outra realidade de renda e despesas que paises do baixo clero europeu (grecia, portugal, macedonia, romenia...)
ExcluirO pa, saude.
Eduardo, creio que ele (o portuga) esteja se referindo ao vinho que eu comentei e nao os de supermercado americano...o Eric realmente mandou mal nessa. Baita perda de tempo recomendar vinhos ruins de supermercado. Vou ficar mais uns 2 anos sem ler a coluna dele. Pena.
Excluir