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sexta-feira, 30 de junho de 2023

TURISMO PESADELO- FINAL

 


Se você não possuir um bom saldo bancário será difícil passear, por uma semana, nas belíssimas localidades da Ligúria  banhadas pelo mar Tirreno  

Não há escapatória, então?

Há, mas somente para os turistas inteligentes que fogem das “metas obrigatórias” e agências de viagens

Darei, no final das matérias, algumas dicas para os que desejam conhecer a “Riviera di Levante” sem perder a razão a paciência e.…a grana.

Os brasileiros, apesar do Euro nas estrelas, estão de volta, alegres, gastadores , barulhentos e os encontro, diariamente, nas  minhas caminhadas pelas ruas de Santa Margherita e Portofino.



Santa Margherita e Portofino, guardadas as devidas proporções, pouco diferem de Veneza, Roma, Florença etc. e, no começo da primavera, até o final do verão, são literalmente invadidas por hordas de turista.

Trens, ônibus, barcos, navios etc., todos os dias despejam milhares de pessoas que praticam um turismo que os italianos apelidaram de “mordi e fuggi” (morde e foge).



São comitivas que chegam pela manhã, passam o dia percorrendo os pontos turísticos mais badalados, na hora do almoço, sentados nos bancos dos jardins e praças,  comem pizza e focaccia, bebem cervejas e refrigerantes (restaurantes são caros....nem pensar)  e no final da tarde retornam aos trens, ônibus, barcos e navios para continuar suas irracionais e cansativas “viagens-calvários”.



Os quase 9.000 moradores, de Santa Margherita e os 360 de Portofino, já estão acostumados às invasões e assistem, pacientes e fleumáticos, turistas suíços, alemães, americanos, franceses, japoneses, árabes, chineses, brasileiros etc. esbarrarem, uns nos outros, pelas ruelas das duas localidades.

A invasão turística traz, consigo, a ganância.



Os restaurantes, bares, lojas de roupas, enotecas, gastronomias, etc. acionam o “modo verão” e praticam preços que fazem tremer até os mais sólidos e impávidos cartões.

Um café, um croissant e um refrigerante, nos bares de Santa Margherita, aliviam os bolsos em míseros 10/12 Euros.



Em Portofino?

Quase o dobro.

Maio traz consigo a primavera e não somente a primavera...

Há alguns anos surgiu, nas duas localidades, um novo sofisticado turismo: O “turismo-casamento”.



Casar, em Santa Margherita ou Portofino, virou “fashion” e as duas aldeias faturam somas importantes ao esfolar incontáveis casais que não medem esforço e Euros, para jurar votos de fidelidade e amor eternos (será?) em suas igrejas e castelos.


Caso você resolva se casar, na exclusiva “Abazzia della Cervara” (século XIV), ou na “Villa Durazzo” (século XVII) de Santa Margherita, saiba que apenas a singela e rápida cerimônia civil aliviará sua carteira em 3.500 Euros.



Caso queira , além do casamento civil, um padre abençoando a união, prepare 5.000 Euros

Se optar por festejar o evento, com almoço, bebida, doces etc., reserve mais 200/300 Euro/pessoa .




Caso você resolva jurar amor eterno no “Castello Brown”, de Portofino, precisa saber que os preços pouco diferem....é paulada na certa.

Se você já é casado e quer apenas gozar a vida nas belas , fascinantes e exclusivas Santa Margherita e Portofino, vamos em frente: Uma taça de um comuníssimo Champagne “Veuve Clicquot” , no “Caffè del Porto”, de Santa Margherita, custa míseros 18 Euros.



 No “Sabot”, “Master” e “Miami”, bares da orla e da moda, da mesma  Santa, para beber uma taça, de um deplorável Prosecco, são necessários 7/8 Euros.

 Se seu paladar recusar as intragáveis bolhas do Prosecco e optar por um bom espumante “Franciacorta”, “Trento DOC”, “Alta Langa” etc. apronte 10/15 Euros.



Quer almoçar em um restaurante na famosa pracinha de Portofino?

Acorde, vagarosamente, seu cartão para não aumentar o estresse que o acometerá ao ser informado que você e sua acompanhante queimaram 150 Euros para comer 2 triviais “Spaghetti alle Vongole”, 2 banais filés de peixes à lígure e beber uma garrafa de um pavoroso “Vermentino dei Colli di Luni”.



Se o casal for membro, da sempre mais numerosa espécie, “Deslumbrados do Instagram”, resolver subir a escadaria, realizar alguns “selfies”, no atual e estrelado “Cracco Portofino”, precisará administrar uma boa dose de Isordil para o cartão.....



Um almoço, ou jantar, no restaurante de Carlo Cracco, em Portofino, aliviará os pombinhos em, pelo menos, 500 Euros.

Carlo Cracco, chef estrelado, infelizmente não estará presente, nem no salão e muito menos na cozinha, preparando “Spaghetti alle Vongole” de 46 Euros (R$ 250).



 Cracco, como a maior parte dos renomados e estrelados chefs, naquele exato momento, estará participando, como juiz, de um dos previsíveis e dispensáveis programas televisivos onde  cozinheiros, de 3ª categoria, se enfrentam em um dos centenas de  “Master-Chef-Horrores” espalhados pelo planeta.



Em suma…o melhor momento de Portofino é quando você parte de Portofino......

Não há escapatória?

Não!

Portofino e Santa Margherita?




Fuja.....deixe-as só para mim

Bacco












 

domingo, 25 de junho de 2023

TURISMO PESADELO 2

 

Na matéria anterior teci alguns comentários sobre o turismo predatório que tomou de assalto o pouco que ainda restou do parque das “5 Terre” e agora tentarei informar como “sobreviver” em Portofino, Santa Margherita e arredores.

Portofino, na primavera ou verão?



Nem sob tortura.

Se as “Cinque Terre” são uma caricatura do passado, Portofino é o purgatório do presente.



Hordas de turistas, “mordi e fuggi” (morde e foge), que apesar de todos os obstáculos, contratempos e problemas, teimam e insistem na insana aventura de conseguir alguns selfies, em dois dos mais badalados e exclusivos pontos turísticos da Itália, logo percebem que Portofino e Santa Margherita não são exatamente o “paraíso” e muito menos metas baratas e acolhedoras.

  O “mordi e fuggi”, poucos minutos depois da chegada, já percebem que a estada, nas duas aldeias lígures, não será exatamente um mar de rosas.



Ao descer do trem, na estação de Santa Margherita, um ônibus, com destino “Portofino”, espera, acolhedor e sedutor, a horda dos apressados e ansiosos turistas que mal conseguem disfarçar o frenético desejo de conhecer, o mais depressa possível, o mítico, charmoso e badalado recanto da Ligúria.



 Já na hora da compra do bilhete, o turista, para poder percorrer os pouco mais de 5 km, da sinuosa e belíssima estrada, que em menos de 15 minutos o deixará na mítica pracinha de Portofino, deverá desembolsar nada irrelevante 7,80 Euros (R$ 41).

O preço do bilhete serve como aviso e rápido treinamento para todas as carteiras e cartões: Portofino estará esperando linda, sedutora, como sempre, e...... pronta para os esfolar.



Sim, acredite, os turistas são regular e sistematicamente depredados e esfoladas pelos bares, lojas de souvenires, boutiques, restaurantes, estacionamentos (6 Euros/hora), etc. que praticam, sem o menor constrangimento e pudor, galácticos preços (um refrigerante, 8 Euros).

Os “mordi e fuggi” invadem a famosa e charmosa pracinha, percorrem as três ruelas da aldeia, sobem a ladeira, até a igreja de São Jorge e cemitério anexo, visitam o Castelo Brown, tentam, desesperada e inutilmente, descobrir se a famosa dupla Dolce & Gabbana está tomando banho de sol em sua milionária “Villa” mediterrânea , fotografam tudo o que é possível fotografar, fazem selfies em todas as posições ( para mulheres, pernas cruzadas  e “boca cu de galinha”, são obrigatórias...) e, missão cumprida ,retornam exaustos à cinematográfica pracinha.



Terminada a maratona obrigatória, de uma ou duas horas, literalmente depredados nos bares, restaurante, lojas de souvenires chineses, etc., correm, desesperados, ofegantes, suados e quase sem dinheiro, para alcançar o primeiro barco ou ônibus que os levará até a quase humana (será?) Santa Margherita onde a Coca-Cola custa, “apenas”, 5 Euros… (R$26)



Em Santa Margherita, os preços são mais “acessíveis”, quase humanos, mas a grosseria e mal educação, dos “sammargheritesi”, continua proverbial: A impressão, que se tem, é de que fazem um enorme esforço para “suportar” e atender os turistas que ainda teimam em visitar a cidade.



Após e além ter sido literalmente esfolado, em Santa Margherita e Portofino, é preciso uma boa dose de paciência para não mandar, toda hora, comerciantes, donos de restaurantes e bares etc., à.....

Continua

Bacco

sábado, 17 de junho de 2023

TURISMO PESADELO

 


Com o declínio da “paranoia-covid” os turistas estão retornando, em massa, à Europa e suas capitais “obrigatórias”.

Paris, Madrid, Lisboa, Londres, Roma, etc., são tomadas de assalto pelos sedentos e famintos turistas que, após demorada e penosa “quarentena”, retornam, lotam museus, praças, igrejas, castelos, pontos turísticos mais badalados etc.

Um verdadeiro “salve-se-quem-puder” turístico.



Eu, há anos e sistematicamente, evito o estressante e angustiante turismo das “metas-obrigatórias” e somente visito Veneza, Florença, Roma, Verona etc., quando sou “obrigado” ou apenas nos chuvosos e gélidos dias invernais que espantam a maioria dos turistas.

Quem acredita que somente as grandes cidades europeias são tomadas de assalto está redondamente enganado: As aldeias mais famosas, também, não escapam à invasão dos modernos hunos.



A Ligúria e suas duas “Rivieras”, a de Ponente e de Levante, atraem milhões de turistas de todos os cantos da Terra.

“Rivera di Ponente” se estende de Genova a Ventimiglia, onde encontra a fronteira francesa.

“Riviera di Levante”, também, começa em Genova e serpenteia até a pequena Bocca di Magra na divisa com bela Toscana.



“Riviera de Ponente” é bonita, interessante, mas não pode competir com a “Riviera di Levante” que em seu território abriga Portofino, Camogli, Santa Margherita, Sestri Levante, além das estonteantes e badaladas “Cinque Terre”.

São metas turísticas badalas e famosas em todos os cantos do planeta.



Fama e beleza, todavia, provocam, na região, os mesmos desagradáveis problemas do turismo predatório e incontrolável.

Para se ter uma ideia, da “predação”, bastaria lembrar que   Monterosso, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore, as 5 aldeias que compõem as famosas “Cinque Terre”, abrigam, no total e apenas, 3.500 habitantes, mas são “invadidas”, pasmem, por mais de 3 milhões de turistas a cada ano.

Resultado: É quase impossível caminhar pelas ruelas das pequenas aldeias sem esbarrar, a todo momento, em outras pessoas.



Trens lotados de turista suados e cansados, barcos quase afundando pelo excesso de passageiros, mesas de bares e restaurantes disputados a tapas, vinho local, “Cinque Terre”, falsificado, preços estrelares, incontáveis lojas de souvenires e quinquilharias (todas rigorosamente Made in China....) já não há quase mais nada de autêntico, característico, para admirar e apreciar nas super-badaladas “Cinque Terre”.

Quando quero visitar as “Cinque Terre”, desprezo trens e barcos, retiro o carro da garagem, percorro 60 km até Levanto, abandono a monotonia e conforto da autoestrada e me aventuro pelas sinuosas estradinhas que sobem e descem pelas montanhas que circundam e “protegem” as famosas cinco aldeias.

 O panorama, que nos acompanha no sobe-desce dos morros, pode, então, ser admirado com tranquilidade e quase exclusividade.



A beleza é indescritível .... É preciso ver para crer!  

As deslumbrantes e intocadas paisagens me acompanham até a minúscula Volastra.

Em Volastra, livre da barulhenta e insuportável multidão, que circula pelas ruelas de Monterosso, Varnazza, Corniglia, Manarola, Riomaggiore, um bom vinho e ótima cozinha, me aguardam na “Locanda Tiabuscion”.  



Após o almoço, quando não tenho limite de tempo e não preciso regressar a Santa Margherita, continuo viagem até alcançar Riomaggiore, a última aldeia das “Cinque Terre.

 Ignoro Riomaggiore e dirijo, impávido, até a monótona e sem graça La Spezia.



Em La Spezia acelero o carro e sigo, por mais 10 quilômetros, até encontrar as maravilhosas LericiSan Terenzo Tellaro.

Continua.

Bacco