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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

SEM ESPERANÇA.....

 


Bacco tem sua razão, Zé tem sua razão, mas que está certo é Bonzo com seu bordão: “Percamos as Esperanças”.

Bacco está coberto de razão quando afirma que uma crise atingiu, em 2022, o setor vinícola, afinal a quebra na produção é evidente e já é percebida na elevação dos preços em todos os mercados mundiais.



Zé está certíssimo quando nos mostra que há regiões em que a seca e o calor saarianos não atingiram gravemente os vinhedos e que sempre haverá uma via de fuga para os enófilos mais atentos.

Os francesas podem esquecer a Borgonha e pular para Bordeaux.

O italiano deixa de lado o Piemonte e “descobre” a Campânia.

O português foge do Douro e ameniza sua “sede” no Algarve e....por aí vai.

Mas uma coisa é certa: os preços aumentarão, em todos os cantos e para nosso desencanto.



Os europeus, mais uma vez e como sempre, levarão vantagem.

O italiano beberá menos Franciacorta e aumentará o consumo de Prosecco.

O francês deixará de lado o Châteauneuf-du-Pape e se consolará com o Côte du Ventoux.



O português poderá afogar suas magoas em uma garrafa de “Titular” branco ou tinto.

Neste ponto entra, no palco, o enófilo brasileiro e Bonzo com seu: “Percamos as Esperanças”.....

Sim, os europeus conseguirão contornar a crise diminuído um pouco a qualidade e consequentemente o preço de seus vinhos do dia-dia, mas para onde correrão os brasileiros?

Como baixar a qualidade de uma porcaria como o “Pérgola”?



Onde encontrar algo pior do que “Miolo Seleção”

Qual paladar resistirá a um líquido com qualidade inferior à do “Salton Classic Tannat”?

O enófilo brasileiro deverá migrar para o Chalise, Cantina da Serra, Sangue de boi, Dom Bosco ou outro insulto enológico?



Não senhores!

Como bem ressalta um leitor, em seu comentário na matéria “Apocalipse…”, o brasileiro aumentará o já enorme consumo de cerveja e cachaça.

Mais umas coisinhas....

O francês, para beber uma garrafa de Côte du Ventoux (7 Euros) gasta 0,0045% de seu salário (1.550 Euros)

O italiano, para levar para casa uma garrafa Prosecco (5 Euros), desembolsa 0,0033% de seu salário (1.500 Euros).



O pobre enófilo brasileiro, refém dos predares-produtores nacionais, para tentar engolir um Miolo Seleção Merlot (R$ 35) precisa se desfazer de 0,28% de seu salário.

Simplificando: O trabalhador francês, com seus 1.550 Euros mensais, compra quase 222 garrafas d Côte du Ventoux.

O trabalhador italiano, com seus 1.500 Euros pode encher a cara entornando 300 garrafas de Prosecco;

O trabalhador tupiniquim, com seus R$ 1.212, poderá esvaziar apenas e por sorte, 34/35 garrafas do quase-vinho da Miolo.



Bonzo tem razão “Percamos as Esperanças”

Dionísio

sábado, 27 de agosto de 2022

APOCALYPSE.....NOT NOW

 


Ao terminar de ler a matéria “Dias piores virão”, escrita por Dionísio, no início do mês, tive a impressão de que as minhas garrafas armazenadas seriam as últimas da minha vida: calor, estiagem, inflação... tudo isso e a futura encheção de saco por causa do uso de fertilizantes, assunto que não domino, mas que, ao menos de longe, parece ser mais uma exigência estapafúrdia de governos. 


Lembrando, ainda, de quantas vezes o sumido compadre Bonzo repetiu o mantra “percamos as esperanças”; sobre o panorama do vinho e de alguns outros produtos, de como os preços têm subido em relação a tudo, parece o fim dos tempos. 

Mas será mesmo? 

Bacco e Dionísio podem até me chamar de Pangloss, mas não estou tão pessimista assim.



Em maio, quando ainda morava no Porto, consegui na ótima “Mercearia Local”, uma garrafa de “Etna Rosso” da prestigiada “Tenuta Delle Terre Nere” por 18 euros. 

 Paulo, o dono da loja, me disse que a nova safra teria um aumento e nova remessa custaria 20 euros. 

20 Euros são, ainda, um valor justo pela qualidade do vinho. 



No mesmo mês consegui o que me parecia impossível: comprei, aproveitando a sensacional promoção, de uma loja virtual francesa, Chablis 1er Cru por 16 euros e Puligny-Montrachet 1er Cru por 48 

Nos vinhos portugueses, descobri grandes garrafas que custam entre 5 e 15 euros.

Motivo?

 A grande concorrência não permite a exagerada elevação dos preços. 

Uma ou duas safras ruins impactam os preços? Claro que sim, mas dificilmente uma safra é ruim em toda Europa. 

O ano em que nasci, por exemplo, foi considerado um desastre na maioria da Europa, mas pelo menos a safra no sul do Rhône e dos Tempranillo espanhóis obtiveram ótimos resultados. 


Sobre 2022, leio, no blog francês “Les 5 du Vin”, finalmente, uma boa notícia: o enólogo Olivier Dauga, conhecido pelo trabalho desenvolvido em Bordeaux, está otimista com a safra desse ano - chegando ao ponto de dizer que ela pode “regenerar a imagem clássica da região”. 

https://les5duvin.wordpress.com/2022/08/21/olivier-dauga-optimiste-a-propos-du-millesime-2022-a-bordeaux/

B&B tem suas regiões vinícolas favoritas, mas há muitas outras que podemos escolher em caso de desabastecimento ou inflação. 

Galícia, Loire, Alsácia, Campânia, Burgenland, Bairrada... e a lista segue acrescida pelos chilenos “de combate” e uns bons brancos neozelandeses, se e quando o preço ajuda. 

No Brasil, infelizmente, a coisa não é tão simples...

O dólar baixou um pouco, mas nenhuma importadora “ousou” repassar a baixa aos consumidores.... As desculpas e lengalenga de sempre, já conhecemos 

Até a Evino, que obtém descontos por grandes volumes, jogou a toalha e resolveu virar importadora-predadora e, sem pudor algum, cobra R$ 1.239 por um Barolo “Ravera” do Elvio Cogno (59 euros na Itália) ou R$ 739 por um Condrieu do Chapoutier (cerca de 35 euros na França). 


Aí o jeito é gastar as milhas do cartão de crédito, aproveitar a viagem para a Europa, beber bem e voltar com algumas garrafas. 

Não vou dizer que o futuro será róseo (não tenho bola de cristal), mas o enófilo esperto tem para onde correr.



terça-feira, 23 de agosto de 2022

LUGANA "CA' DEI FRATI"

 


Lugana, pequena DOC, de um grande vinho branco, nasce em um território vinícola de rara beleza: O “Lago di Garda”

O “Lago di Garda”, com seus 52 km de comprimento e 17 de largura, é, desde sempre, uma das mais famosas e procuradas metas turísticas de toda a Itália.

Quando digo “desde sempre” é bom lembrar que, em 56 a.C, o poeta Gaius Valerius Catullus, no seu “Carme XXXI”, comemorava seu feliz retorno a Sirmione.


A beleza do “Lago di Garda”, que já era cantada em versos antes de Cristo, continua sendo a meta preferida de 24 milhões de turistas/ano.

A beleza do lugar parece ter influenciado a qualidade de seu vinho branco mais famoso: Lugana.

O Lugana é produzido no sul do “Lago di Garda” nas províncias de Brescia e Verona e seus pouco mais de 2.300 hectares de vinhas se espalham pelos municípios de Dezenzano, Sirmione, Lonato, Pozzolengo e Peschiera del Garda.



Na lombarda província de Brescia nascem a maior parte das vinhas (90%), mas é no vizinho Veneto que encontramos a mais parte dos engarrafadores.

Mais de 250 são os produtores e mais de uma centena os engarrafadores.

Impossível provar todas as etiquetas, mas por sorte posso contar com a sempre precisa e confiável sugestão dos proprietários e sommeliers dos locais que frequento.



Em Rapallo meu restaurante predileto e que há anos frequento regularmente é o “Vesúvio”.

O “Vesuvio”, localizado na avenida beira-mar, não é um endereço famoso, estrelado, refinado, etc., mas   oferece uma cozinha honesta e uma adega de rara qualidade.

Vinhos italianos e franceses, com especial atenção para os espumantes e Champagne, são escolhidos com competência e bom gosto pelo proprietário do local.


Uma rápida consulta, uma pergunta e o garçom, para acompanhar meu filé de peixe com amêndoas, me aconselhou um Lugana      “Ca’ dei Frati”.

Ao argumentar que não conseguiria beber toda a garrafa o rapaz me tranquilizou “Eu abro a garrafa, o senhor bebe quantos taças quiser e o restante ofereço para os próximos clientes”.

Os “próximos clientes” deverão esperar um pouco mais…. o que sobrou da garrafa levei para casa.

Já havia provado algumas vezes o “Ca’ dei Frati” e confesso que o vinho nunca me decepcionou, mas aquela garrafa me convenceu de que o Lugana é um dos bons vinhos italianos dignos de disputar o pódio com o Verdicchio, Soave, Etna Bianco, Trebbiano D’Abruzzo etc.



A vinícola “Ca’ dei Frati” (Casa dos Frades) nasce em Lugana di Sirmione em 1939.

O “Lugana” Ca’ dei Frati é produzido com 100% de uva Turbiana, também conhecida como Trebbiano di Lugana.



A vinificação é realizada em cubas de inox onde o vinho repousa por 6 meses.  

Após engarrafado, o vinho, afina por ulteriores seis meses antes de ser comercializado.

O Lugana não é um vinho de longa guarda.

 Meu conselho:  degustá-lo, no máximo, 3 ou 4 anos após a colheita.

O “Lugana” Ca’ dei Frati, que bebi no “Vesuvio”, era um 2021.

 Em sua juventude se apresentou fresco, delicado, muito elegante e na boca apresentou nítidas notas amendoadas e frutas secas.

Um pequeno esclarecimento: Após provar e aprovar o “Ca’ dei Frati” 2021 resolvi comprar algumas garrafas para alegrar minha esquálida adega.

Três foram as garrafas do “Lugana” base e outras três do “Lugana Brolettino”.


O “Brolettino” é, também, vinificado parte em inox e outra parte, durante 10 meses, em barrique

O “Brolettino” adquire maior estrutura, nuances balsâmicas e um incrível final.

Grade vinho que recomendo aos enófilos que gostam de beber  “3-B” (bem, bom e barato).

O preço?



Lugana Ca’ dei Frati = 10,35 Euros

Lugana Ca’ dei Frati Brolettino = 12,80 Euros

Bacco

 

 

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

BONS E BARATOS

 


Patrimônio vinicola

A produção vinícola italiana conta com 607 variedades inscritas no registro das castas viníferas (mais que o dobro da França).

Há, na Bota, 76 vinhos ostentado a DOCG (de origem controlada e garantida) 332 ostentando a DOC (de origem controlada) e 118 IGT (indicação geográfica típica).

Os números, mencionados, demonstram o impressionante e rico patrimônio italiano de biodiversidade, sem esquecer, também, a milenar tradição vinícola.



Querem mais alguns números importantes?

310.500 são as empresas vinícolas, 666.400 são os hectares de vinhas, 49,5 são os milhões de hectolitros produzidos e 22,2 são os hectolitros exportados.

Números impressionantes, pujantes, importantes, mas que não satisfazem os produtores italianos que, assim, como os espanhóis e portugueses, teimam em vinificar castas francesas, também conhecidas como “internacionais”.

Os resultados são sempre os mesmos: quase sempre garrafas tremendas-bostas e quando não tremendas-bostas, tremendamente caras.



 Na “Place Carnot”, de Beaune, sentado no “Bar66”, somente um tremendo idiota pediria, ao garçom, uma taça de Barolo

 Ainda mais ridículo, seria pedir um de “Gevrey-Chambertin” no “Caffè Fiaschetteria Italiana 1888” em Montalcino.



Infelizmente o mundo é um imenso celeiro de eno-tontos e bebedores de etiquetas que, orgulhosos, postam fotos de vinhos caríssimos (muitas vezes falsificados)

 Os eno-tontos são fiéis seguidores da escola “se é caro é bom”.

Não é verdade!

Não sei quantas vezes esvaziei famosas garrafas, as enchi com vinhos comuns, baratos, e as ofereci, candidamente, aos bebedores de etiquetas

Quase sempre e quase todos, após o primeiro gole me olhavam, com aquela cara de quem adora Gaja, Conterno, Dal Forno etc. e exclamavam: ”isto, sim, é beber…”



Aqui, no blog, já indiquei ótimos vinho de 5/10/30/50 Euros que pulverizam as supervalorizadas etiquetas

Vamos recordar alguns?

“Pelaverga - Fratelli Alessandria”, “Gamba di Pernice- Tenuta dei Fiori”, “Timorasso – Claudio Mariotto”, “Gavi Minaia- Nicola Bergaglio”, “Verdicchio- Tenuta Coroncino”, “Spigau-Rocche del Gatto”, “Susumaniello- I Pastini“Gattinara-Mauro Franchino…. Poderia lembrar muitos mais, mas pareceria exibicionismo.

“Outra lengalenga sobre vinhos caros? ”



Não, apenas algumas indicações para os turistas que retornam à Bota.

Há um expressivo aumento de turista brasileiros na Itália.

Para se ter uma ideia, somente no mês de julho, foram realizados dois casamentos, de abonados e abobados patrícios, em Portofino.



Santa Margherita, Portofino, Paraggi, Cinque Terre, Rapallo, Camogli etc. foram literalmente tomadas de assalto pelos brasileiros que invadiram, sem cerimônia, boutiques, bares, restaurantes, hotéis, enotecas.

 Nunca vi, apesar dos insuportáveis 38º, tamanha quantidade de garrafas de Barolo, Brunello, Barbaresco, Sassicaia, Masseto etc. nas mesas dos bares e restaurantes.

O Brasileiro são a alegria dos comerciantes da Ligúria, pois, como de costume, nossos patrícios sempre bebem etiquetas caras, badaladas, manjadas.

Um bom Franciacorta? Nem pensar....

Um belo Pigato? Imagine....

Um refrescante Lambrusco? Credo....



Um ótimo Lugana? O que é isso….

Isso, o Lugana, é um dos grandes vinhos brancos italianos.



Na continuação da matéria escreverei sobre dois bons e baratos brancos italianos que recomendo, com entusiasmo, aos turistas que visitarem a Itália.

Aguardem.

Bacco

 

 

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

CEPPARELLO PARLE FRANÇAIS

 

O piemontês, Paolo De Marchi, cansou de ganhar dinheiro na Toscana e concordou em vender a “Isole e Olena” para a francesa “EPI”.


Nem todos sabem que, em 2017, o grupo familiar “EPI”, administrado por Chistofer Descours, já havia se aventurado nas terras de Dante adquirindo a Biondi Santi, um dos maiores ícones da viticultura italiana.

Se Chistofer Descours continuar “invadindo” as colinas toscanas e alcançar a Maremma, brevemente, poderemos beber vinhos bordaleses, produzidos na Itália por enólogos franceses.


É a globalização chegando às vinhas......

Mas voltemos aos De Marchi

O pai e tio de Paolo, advogados em Biella (cidade piemontesa), eram representantes e distribuidores dos relógios Omega para a região


Certo dia, alguns empreendedores da cidade nomearam, os De Marchi, administradores da massa falida de uma propriedade agrícola, na Toscana, da qual eram credores.

O pai de Paolo De Marchi se encantou com a propriedade, em San Donato del Poggio, vendeu sua parte na sociedade dos relógios Omega e comprou, por preço de banana, as terras localizadas na região do “Chianti Classico”.

Nascia, em 1956, a “Isole e Olena”.


Paolo De Marchi, que de bobo nada tem, já nos anos 1970, depois de ter alugado todas as canetas de vida fácil à disposição no mercado, despontava no cenário vinícola toscano como um dos mais famosos produtores de “Supertuscans” e seu “Cepparello”, um Chianti, milagrosamente, 100% Sangiovese, conquistava Parker, o mercado americano e até os paladares dos enófilos brasileiros.


A francesa EPI não sentirá saudades de casa: nas vinhas, de sua nova propriedade toscana, encontrará uvas Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Syrah que, após vinificadas, custam tanto quanto, ou mais até, do que os primos franceses (Chardonnay 45/60 – Cabernet Sauvignon 70/85 – Syrah – 50/60 Euros)

Como todo bom negociante, De Marchi, recuperou, com folga, o investimento de 1956 (dizem, as longas línguas, que a transação girou em torno de 50 milhões de Euros), afivelou as malas e se mandou para a “Proprietà Sperino”, em Lessona onde o filho produz o vinho homônimo.



No “Alto Piemonte”, além de Lessona, se produz Bramaterra, Gattinara, Boca, Ghemme, Fara, Sizzano, Erbaluce, Colline Novaresi, Valli Ossolane, Coste della Sesia.

A região é pouco conhecida, não possui o charme” da Toscana e os vinhos, ali produzidos, raramente embarcam para o exterior, e não propiciam lucros astronômicos similares aos do “Cepparello”.


 Ótimas garrafas de Lessona, Gattinara, Boca, Ghemme, Bramaterra etc. são encontradas por 15/30 Euros e os De Marchi não conseguirão, mais uma vez, meter a mão no bolso dos consumidores nem comprando todas as canetas de vida fácil do planeta.

Os De Marchi, todavia, continuam tentando......

Na região, dominada pela grande uva “Nebbiolo”, plantaram a Cabernet Sauvignon e com ela produzem o “L Franc Rosso” que é vendido, pasmem, por insanos 90/130 Euros.


‘L Franc 2010 – Proprietà Sperino

128.00

Os De Marchi, por suas raras características predatórias, poderiam, tranquilamente e também, produzir vinhos no Brasil.

Bacco

   


segunda-feira, 8 de agosto de 2022

DIAS PIORES VIRÃO

 

O título da matéria não poderia ser mais apropriado e antecipa o que acontecerá quando atingir, em cheio, os bolsos quase vazios e os cartões já debilitados dos enófilos do mundo todo.



A “Coldiretti” (a maior associação de cultivadores da Itália) anuncia que a vindima, de 2022, já iniciou em algumas regiões da Itália.

O calor de 40º e a longa estiagem obrigaram os viticultores a antecipar, em 10 dias, a safra que, apesar de “ótima qualidade”, será de “apenas” 45,5 milhões de hectolitros (10% menor que a de 2021).


Acredito, sim, que a quantidade será menor, mas não a afirmação que exalta uma “ótima qualidade”: O vinho de 2022 será parecido com o de 2003: baixa acidez e alto teor alcoólico…. E tome osmose reversa.


Outra certeza: os preços aumentarão, mais uma vez, para desespero dos já desesperados enófilos brasileiros que lutarão contra duas frentes: Os preços absurdos dos quase-vinhos nacionais e os sempre mais salgados das garrafas europeias.

Se algum descendente de Pangloss acreditar que o câmbio favorável compensará a alta dos preços, provocada pela escassez, pode tirar o cavalo do sol: Nossos importadores são predadores tão famintos, ou mais, até, do que nossos produtores de quase-vinhos.


Se a situação é dramática nas vinhas italianas, as parreiras francesas não vivem melhores momentos, muito pelo contrário.

O drama francês nada deve ao peninsular e a estiagem (na França choveu 88% menos do que o normal) preocupa mais do que o calor africano.

Os dois fenômenos, negativos, provocaram uma antecipação da colheita jamais vista anteriormente (vários produtores do Aude já iniciaram a colheita em 25 de julho).



A videira é uma planta muito resistente, mas até sua proverbial adaptação tem limites.

 A uva é composta por 75% de água e quando a parreira entra em stress hídrico, para se proteger e sobreviver, deixa cair seus frutos: se não há água a planta sacrifica seus bagos para, assim, evitar a morte.

Deu para perceber o drama?



Para encerrar com chave de ouro, a matéria, tenho certeza que   os preços dos vinhos, franceses e italianos, que em 10 anos quase dobraram, continuarão sua inexorável ascensão, para desespero dos consumidores brasileiros e alegria dos importadores e produtores de quase-vinhos nacionais.



Relaxe, compre KY ou......beba menos.

Bacco