Ainda “sobravam” algumas horas antes de deixar Santiago de
Compostela e retornar ao Porto.
Sem ter muitas opções, procurei um bar de vinhos para matar o
tempo...e a sede.
O mapa das imediações indicou que, na Rua do Vilar, a poucos
metros de onde estava, havia a “Comovino”.
O espaço, de moderna decoração, é composto por um wine bar na parte anterior e um restaurante no salão mais ao fundo.
Acomodei-me a uma das mesas do wine bar e pedi ao atendente
uma sugestão de branco.
Ele me propôs o “Albariño Amodiño”, do produtor Eladio
Piñeiro, afirmando tratar-se de um vinho atípico.
Até onde sei, a maior parte dos Albariño galegos, a exemplo
dos Alvarinhos de Vinho Verde, é vinificada para resultar em vinhos leves,
refrescantes, não exatamente complexos e que devem ser, quase sempre,
consumidos em um ou dois anos.
O rapaz da “Comovino”
me garantiu, contudo, que a uva tem potencial para envelhecer bem e que aquele
Amodiño 2016, de Eladio Piñeiro, era prova
disso.
Ainda sem saber se era conversa de vendedor, peguei a taça e a
levei ao nariz: aromas profundamente salinos e minerais me saudaram.
Na boca, essas impressões foram confirmadas, e vieram com um
longo final.
Que beleza!
O “Amodiño” foi degustado praticamente sem comida –
apenas o pequeno croquete servido como tapa o acompanhou – mas me pareceu um
vinho perfeito para acompanhar frutos do mar.
Como eu havia acabado de comer meu segundo “polvo à feira” em menos de 24 horas, não fiz o teste,
mas recomendo – e, quem sabe, encontremos a versão bem-sucedida do Muscadet de
Sèvre et Maine (ainda não bebi um que me convencesse, mas pode ser que existam
por aí).
A tarde era longa e a sede também......
Pedi ao rapaz da “Comovino” mais
uma sugestão para combater o calor.
E ele colocou no balcão
o “Quinta das Bágeiras Reserva”, um rosé...
português.
Não faltam bons vinhos na Espanha.... a melhor explicação, para
a inclusão de um lusitano na carta, devia ser, então, por sua qualidade.
Não sou grande conhecedor de rosés, mas quase todos os meus
favoritos, até o momento, eram os de Bandol,
na Provença – com a exceção do Costaripa,
um ótimo lombardo.
O “Quinta das Bágeiras Reserva” tem
cor forte, que em nada lembra aquelas águas de aquarela feitas para agradarem
gente desagradável à beira da piscina.
Os aromas e sabores, igualmente mais intensos, evocam frutas vermelhas, e o final não é fugaz como em um rosé ordinário.
Curiosamente e em alguns anos, o “Quinta das Bágeiras Reserva” é vinificado com Baga e Touriga Nacional e outros
apenas com a uva Baga – uva que tem grande potencial de envelhecimento, o que
sugere que esse vinho, com uns cinco anos nas costas, possa estar ainda melhor.
Não posso esperar tanto assim.....com dois anos já está ótimo
para o consumo.
Para encerrar a tarde, por conta própria, pedi um xerez Pedro
Ximénez “Finest Old Harvest Medium”, das bodegas Ximénez
Spínola.
Um xerez fortificado singular: amadeirado, classudo, complexo, que desceu com facilidade – um primo andaluz do sensacional vinho português de Carcavelos.
As duas primeiras taças saíram ao redor dos 4 euros cada e a
do PX me exigiu 6,50 euros – valores mais que justificados.
A seleção dos vinhos e o ambiente agradável fazem da Comovino
uma ótima opção em Santiago de Compostela –
Não tive tempo
suficiente para experimentar o restaurante da Comovino que, infelizmente,
ficará para a próxima.
Zé
Comovino
Rua do Vilar, 47 –
Santiago de Compostela
Aceita cartões,
fecha às segundas e terças e no domingo à noite
Enquanto isso no bananal...
ResponderExcluir"Projeto brasileiro quer trazer conceito de terroir para mundo da cerveja
A ideia é pôr a mandioca no centro das receitas"
Ideia da Dilma?
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