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sábado, 6 de agosto de 2022

COMPOSTELA 2

 



Ainda “sobravam” algumas horas antes de deixar Santiago de Compostela e retornar ao Porto.

Sem ter muitas opções, procurei um bar de vinhos para matar o tempo...e a sede.

O mapa das imediações indicou que, na Rua do Vilar, a poucos metros de onde estava, havia a “Comovino”.


O espaço, de moderna decoração, é composto por um wine bar na parte anterior e um restaurante no salão mais ao fundo.

Acomodei-me a uma das mesas do wine bar e pedi ao atendente uma sugestão de branco.

 Ele me propôs o “Albariño Amodiño”, do produtor Eladio Piñeiro, afirmando tratar-se de um vinho atípico.

Até onde sei, a maior parte dos Albariño galegos, a exemplo dos Alvarinhos de Vinho Verde, é vinificada para resultar em vinhos leves, refrescantes, não exatamente complexos e que devem ser, quase sempre, consumidos em um ou dois anos.  

O rapaz da “Comovino” me garantiu, contudo, que a uva tem potencial para envelhecer bem e que aquele Amodiño 2016, de Eladio Piñeiro, era prova disso.

Ainda sem saber se era conversa de vendedor, peguei a taça e a levei ao nariz: aromas profundamente salinos e minerais me saudaram.

Na boca, essas impressões foram confirmadas, e vieram com um longo final.

Que beleza!

O “Amodiño” foi degustado praticamente sem comida – apenas o pequeno croquete servido como tapa o acompanhou – mas me pareceu um vinho perfeito para acompanhar frutos do mar.



Como eu havia acabado de comer meu segundo “polvo à feira” em menos de 24 horas, não fiz o teste, mas recomendo – e, quem sabe, encontremos a versão bem-sucedida do Muscadet de Sèvre et Maine (ainda não bebi um que me convencesse, mas pode ser que existam por aí).

A tarde era longa e a sede também......

 Pedi ao rapaz da “Comovino” mais uma sugestão para combater o calor.

 E ele colocou no balcão o “Quinta das Bágeiras Reserva”, um rosé... português.

Não faltam bons vinhos na Espanha.... a melhor explicação, para a inclusão de um lusitano na carta, devia ser, então, por sua qualidade.



Não sou grande conhecedor de rosés, mas quase todos os meus favoritos, até o momento, eram os de Bandol, na Provença – com a exceção do Costaripa, um ótimo lombardo.

O “Quinta das Bágeiras Reserva” tem cor forte, que em nada lembra aquelas águas de aquarela feitas para agradarem gente desagradável à beira da piscina.


Os aromas e sabores, igualmente mais intensos, evocam frutas vermelhas, e o final não é fugaz como em um rosé ordinário.

Curiosamente e em alguns anos, o “Quinta das Bágeiras Reserva” é vinificado com Baga e Touriga Nacional e outros apenas com a uva Baga – uva que tem grande potencial de envelhecimento, o que sugere que esse vinho, com uns cinco anos nas costas, possa estar ainda melhor.

Não posso esperar tanto assim.....com dois anos já está ótimo para o consumo.

Para encerrar a tarde, por conta própria, pedi um xerez Pedro Ximénez “Finest Old Harvest Medium”, das bodegas Ximénez Spínola.


 Um xerez fortificado singular: amadeirado, classudo, complexo, que desceu com facilidade –  um primo andaluz do sensacional vinho português de Carcavelos.


As duas primeiras taças saíram ao redor dos 4 euros cada e a do PX me exigiu 6,50 euros – valores mais que justificados.

A seleção dos vinhos e o ambiente agradável fazem da Comovino uma ótima opção em Santiago de Compostela –

 Não tive tempo suficiente para experimentar o restaurante da Comovino que, infelizmente, ficará para a próxima.

Comovino

Rua do Vilar, 47 – Santiago de Compostela

Aceita cartões, fecha às segundas e terças e no domingo à noite

2 comentários:

  1. Enquanto isso no bananal...
    "Projeto brasileiro quer trazer conceito de terroir para mundo da cerveja
    A ideia é pôr a mandioca no centro das receitas"

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