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sexta-feira, 20 de março de 2020

CORONA-VINHOS


B&B, enquanto perdurar a crise sanitária, deixará de publicar matérias.

Não faz sentido algum comentar vinhos, viagens, receitas, restaurantes etc. enquanto pessoas estão presas e entrincheiradas em suas casas.

Se o toque de recolher continuar, em pouco mais de uma semana, o estresse e a depressão tomarão conta de todos nós e nosso interesse por belas garrafas será substituído por uma sensação de medo, impotência e desânimo.

No atual contexto, não tenho a mínima inspiração para continuar, por enquanto, a escrever sobre vinhos, viagens etc.

Me sentiria ridículo.

Um abraço a todos e até breve (espero)

Bacco

segunda-feira, 16 de março de 2020

BIODINÂMICO?



Que o mundo do vinho é suscetível às modas, é notório.
 

É notória, também, a facilidade com a qual as modas são esquecidas e até demonizadas, quando uma nova tendência marqueteira mais rentável é imposta.

 Muitas modas inúteis já foram soterradas, mas algumas, mesmo ridículas, insistem em permanecer, sobreviver.

Exemplo: Vinho natural.

Não é segredo que o bom vinho nasce nas vinhas e todos sabem que quanto menos intervenções e manipulações, na adega, melhor o resultado.

A moda do “vinho natural”, protegida pela sempre poderosa bandeira “green”, inundou o mercado com um tsunami de inomináveis porcarias.

Na onda do “Vinho Natural” não somos, todavia, obrigados a beber qualquer porcaria sob a égide do “natural” ou da "tipicidade".

 O bom marketing forneceu e continua fornecendo , argumentos para os eno-asnos que adoram garrafas com insuportáveis  “aromas-sabor-cocheiras” e de nauseantes Brettanomyces.

Em 2015, na série
"Vinhos Naturais = Vin de Merde", Bacco tratou do tema e dos  absurdos praticados em nome do “natural”.

Bacco revelou , também,  o caminho mais fácil  do oportunismo, preguiça e sujeira  que  inúmeros produtores encontraram e percorreram , mas esqueceram que para  realizar vinhos de qualidade é preciso mais enologia e menos fantasia.

http://baccoebocca-us.blogspot.com/2015/04/vinhos-naturais.html
http://baccoebocca-us.blogspot.com/2015/05/vinhos-naturaisvin-de-merde-final.html


No último post da série, foi citado um estudo, de 2005, do professor John Reganold, da Universidade do Estado de Washington (EUA);

O acadêmico concluiu que a análise de vinhas de Merlot, com tratamento biodinâmico, entre 1996 e 2003, não apresentou nenhuma mudança no vinho ali produzido.

Na ocasião metade das vinhas de um vinhedo na Califórnia  recebeu os preparados  biodinâmicos e a outra metade foi cultivada de forma convencional.

Quinze anos depois, a história se repete.

No início desse mês, o ótimo blog francês
"Les 5 du Vin" , publicou  as conclusões de um experimento, conduzido por dois produtores no sul do Rhône, sob a supervisão da Câmara de Agricultura de Vaucluse, sobre o cultivo biodinâmico das vinhas.

 Os dois produtores dividiram as vinhas ao meio e aplicaram a produção biodinâmica a uma das metades, enquanto a outra foi cultivada de forma convencional.

Trata-se de um estudo que, embora não seja uma verdade absoluta, tem diversos fatores que lhe dão confiabilidade:
- foi realizado em Châteauneuf-du-Pape, denominação das mais prestigiosas não apenas da França, mas do mundo;

- foi realizado ao longo de TRÊS ANOS, para que fosse afastada
qualquer acusação de que as características de um determinado ano poderiam invalidar os resultados;


- foi conduzido por dois produtores;


- um dos vinhedos, de propriedade do
Domaine L'Or de Line, foi
visitado por David Cobbold, do
Les 5 du Vin, que constatou que a área era homogênea em termos geológicos, de altitude e das castas cultivadas.

Foram três comparativos:

- 1º: efeito dos preparados biodinâmicos, sobre a vinha e o solo, para medir os resultados dessas misturas
(chifrestrume, 500, e chifre-sílica, 501) sobre o estado do solo, da saúde da vinha e de seus comportamentos agronômicos, em comparação a um cultivo biológico "clássico".

- 2º: efeito dos preparados biodinâmicos sobre a qualidade dos compostos (adubo, por exemplo), para estimar a contribuição dos biodinâmicos destinados à compostagem (502 a 507) sobre a qualidade final.


- 3º: avaliação técnico-econômica e organizacional das práticas biodinâmicas, tratando das implicações financeiras e metodológicas da implantação do biodinâmico.

O resultado?

Segundo o relatório de síntese do estudo:
"Globalmente, não foi possível, nas condições das provas realizadas, concluir sobre efeitos [específicos] dos preparados biodinâmicos sobre
o solo, a vinha ou a qualidade dos compostos".

Em seguida, os responsáveis pelo estudo, provavelmente defensores das bruxarias de Rudolf Steiner, invocam um monte de variáveis – há  problemas em tudo, menos na macumba biodinâmica.

David Cobbold, do
“Les 5 du Vin”, resume a situação: "Continuo a pensar que o biodinâmico, tornado um marketing bastante
eficaz e utilizado, ainda precisa provar sua eficácia agronômica em comparação a outras práticas que respeitem as plantas e os solos. Os 'pós de pirlimpimpim' e o jargão que envolve a prática me lembram algum tipo de obscurantismo, e seus adeptos se recusam a aceitar qualquer abordagem que analise ou critique seus métodos ou, sobretudo, seus resultados".




Para quem quiser gastar o francês, a matéria está em

Em suma:
o biodinâmico não deu em nada com o Merlot na Califórnia e não deu em nada com as uvas, do Châteauneuf-du-Pape, no Rhône.

Onde ele vai funcionar? No Brasil?


quinta-feira, 12 de março de 2020

MONTERIGGIONI




Conhecer todas as belas aldeias medievais da Toscana é quase uma “Missão
Impossível”.

Nas inúmeras andanças, que realizei pela região, conheci dezenas, mas confesso não recordar quantas formam e muito menos quantas “faltam”.

Já não me aventuro, como antes, sem rumo, loucamente, às cegas. Hoje prefiro seguir indicações e dicas seguras dos amigos “ciganos” como eu.

“Você já foi a Monteriggioni? ”

“Conhece Certaldo? ”.


Quando aparece uma dica, uma indicação confiável, pego a estrada e.…. Lá vou eu.

Depois do pouco sucesso em Montalcino e arredores, resolvi “explorar” duas aldeias que me haviam sugerido: Certaldo e Monteriggioni

Bingo!

Duas aldeias imperdíveis.

Monteriggioni é, na verdade, uma fortaleza medieval.

 Uma muralha, que se estende por quase 600 metros, circunda e protege o minúsculo povoado.

 Os muros continuam intactos, mesmo após 800 longos anos e há, ao longo de toda sua extensão, 14 imponentes torres defensivas.

 A muralha, de Monteriggioni, parece uma gigantesca coroa que enciumada guarda em seu interior a pequena e surpreendente aldeia.

No interior da fortificação muito charme, beleza e apesar do frio, turistas.

 Duas ou três horas são mais que suficientes para conhecer a grande praça, as poucas ruas, a pequena igreja, três dezenas de casas e todos os “segredos” de Monteriggioni.

Percorrer a muralha, admirar o panorama e a calma beleza das oliveiras, que circundam Monteriggioni, vale a viagem.

Depois da bela caminhada uma pausa para uma taça de Chianti no bar “La Cerchia” na “ Piazza Roma”.

Imperdível!

A caminhada e o Chianti despertaram o apetite?

Sem problema…Até nas menores aldeias italianas não se morre de fome e na “Osteria Antico Travaglio”, um belo prato “Pici con Ragu di Cinghiale” (massa com molho de javali) ou um delicioso e calórico “Cacio e Pepe” (massa com molho de queijo e pimenta do reino) alegram os mais exigentes paladares.

Monteriggioni, uma bela e imperdível surpresa.

Bacco

Continua.....

segunda-feira, 2 de março de 2020

O HOMEM DAS LATAS





O carnaval acabou, finalmente.

 Palhaças e palhaços, suados e cansados, retornam à dura realidade e enfadonha rotina.

Os (as) “artistas” já não se agarram uns aos outros, nem mais se beijam, fazendo pose, quando uma câmera aparece.

 Os desesperados do “carnavalesco-sexo-virtual”, esperam que todo o suor, cansaço, rebolado e promiscuidade, tenha servido, pelo menos, para prolongar a notoriedade um pouco mais do que os costumeiros 2 minutos.

Duvido.

Enquanto aguardava, ansioso, o retorno à “normalidade”, recebi duas fotos e percebi que os palhaços continuam, agora, nas adegas, pulando, cantando e faturando...... o carnaval não acabou.


O Rebola, que desistiu de continuar bancando o pateta, em concursos internacionais, onde aprendeu (pelo menos isso) que sua presença era tão marcante quanto a do campeão maranhense de curling em um campeonato mundial da modalidade, retorna à sua especialidade: Faturar como garoto (nem tanto) propaganda de vinícolas e importadoras.

Pagou?

 Rebola, como muitíssimos colegas de profissão, assina até vinho de jabuticaba.

Vejam as fotos.

Tocante, cheio de sinceridade é o trecho em que, nosso eterno quase campeão, afirma: ”..... e foi com bons olhos que vi a chegada dessa novidade ao mercado brasileiro….”

Traduzindo: “...e foi com bons olhos que vi a possibilidade de faturar uma grana com o vinho enlatado...”

Outro trecho emocionante e cheio de ternura: “......Assinar um produto inovador, com total autonomia na seleção e elaboração do mesmo; vinhos adaptados a essa apresentação e proposta, porém pensados em detalhes, para entregar qualidade aos paladares mais experimentados”.

Algumas informações adicionais: O vinho em lata não é uma inovação e um bom sommelier deveria saber que a “inovação” nasceu em Modena em 1982

Para entregar qualidade aos paladares mais experimentados?

Tá brincando ou tá de gozação.

Quer transformar tremendas-bostas em 1er Cru?

Espero ver o Rebola abrindo e servindo as suas latas inovadoras para os “paladares mais experimentados” (sem risos, por favor....)


É sempre bom lembrar que rebola, entre-copos-e-tapas, ameaçou processar B&B quando indaguei o quanto havia levado para elogiar o Talento da Salton, o Marselan e o Barbera da Perini.

Revoltado, indignado e contando com o apoio de inúmeros seguidores-zumbis, me bloqueou…tive insônia durante 22 segundos.


Passada a revolta e a animosidade gostaria que nossos formadores de opinião, informassem, por exemplo, quantas garrafas de “...uma aberração de tão bom” da Pireneus há na adega do Beato Salu e quantas de Barbera Perini repousam nas entranhas da mansão do Rebola.

Espero com indisfarçável ansiedade os enlatados do “Homem de Lata” e acredito que agora e graças à seriedade de no$$o$ profi$$ionai$ do setor, o consumo de vinho no Brasil, finalmente, decolará e alcançará incríveis 2,1 litros/ano per capita.

Dionísio.