Facebook


Pesquisar no blog

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

LINGUADO AO CHAMPAGNE

 


Outro belo prato, do grande cozinheiro Felice Bianchi, sempre presente no cardápio de seu restaurante “L’Approdo”, de Santa Margherita Ligure e que sempre ordeno, é seu insuperável “Sogliola allo Champagne” (Linguado ao molho de Champagne).

Um pouco mais elaborada, trabalhosa e complexa, do que o anterior “Linguado com Canela”, a presente receita não requer grande esforço ou apurada técnica, basta bom senso e não ter receio de errar na primeira ou segunda tentativa (eu entrei pelo cano algumas vezes).

Mais uma coisa…se não encontrar linguado, truta ou tilápia, também servem.

INGREDIENTES PARA 4 PESSOAS

4 filés de peixe (se forem pequenos, aumente para 6 ou 8)

1 copo de espumante seco de boa qualidade (Utilizar Champagne para cozinhar, no Brasil, é utopia. Para esta receita usei o espumante francês Paul Louis de R$ 70)


½ cebola, manteiga, creme de leite fresco, 2 gemas de ovo.

PREPARO

Em uma frigideira, de bom tamanho, coloque 2 colheres de manteiga, ½ cebola bem picada e leve à fritura por um minuto, ou pouco mais, em fogo baixo.

Quando a cebola estiver translúcida adicione os filés de peixe e frite por um minuto de cada lado.


Em seguida junte o espumante e aumente o fogo.

Enquanto o peixe cozinha, coloque em uma pequena panela 2 colheres de manteiga, 2 xicara de chá de creme de leite e 2 gemas de ovo.




Bata rapidamente com o mixer até obter um creme homogêneo. Em seguida adicione o creme aos filés de peixe, deixe cozinhar por mais dois ou três minutos, até o molho engrossar um pouco e em seguida sirva.

Prato refinado que pede um belo Champagne.

 ....Ia esquecendo: Não deixe de tomar uma estatina de 10mg para minimizar os “estragos” na taxa do colesterol causados pela manteiga, creme de leite, ovos.....


Bacco

 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

HÁ CHARDONNAY E CHARDONNAY.....

 

Entendo e concordo com as preferências e escolhas dos viticultores do Novo Mundo que utilizam castas francesas na produção de vinhos.

Não é fácil “fugir” das uvas gaulesas mais populares e difundidas do planeta: Merlot, Cabernet Sauvignon, Syrah, Cabernet Franc, Sauvignon, Chardonnay etc.

São as castas mais “badaladas” e que fazem a festa nos vinhedos do Chile, Argentina, EUA, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, México e..... até do Brasil.

Os viticultores, das novas fronteiras vinícolas, brigam para ver quem produz os melhores vinhos esmagando castas preferencialmente francesas, mas sabem, muito bem, que competir em qualidade com a matriz europeia é difícil, impossível.

Há alguns vinhos razoáveis, bons, até, mas quando comparamos, por exemplo, um Pinot Noir, de qualquer canto do planeta, com uma garrafa de Gevrey-Chambertin, Chambolle-Musigny, Clos de Veugeot, ou até de um Volnay ou Pommard, as diferenças são gritantes, gigantescas.

A única “salvação”, para vinhos do Novo Mundo, é o preço: deve ser bem mais barato, mais acessível, do que os originais franceses caso contrário mofam nas prateleiras.

Ser mais barato é fácil, pois as grandes etiquetas francesas não brincam em serviço e costumam estuprar os cartões dos incautos e afobados enófilos.

Como disse, no início da matéria, entendo a opção, dos viticultores das novas fronteiras vinícolas, em vinificar utilizando quase exclusivamente castas francesa, mas não nutro o mesmo entusiasmo quando encontro Merlot, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Syrah etc. em garrafas espanholas, italianas, portuguesas.

É uma tolice sem tamanho e sem razão.

Portugal, apesar de sua pequena extensão territorial, possui um impressionante patrimônio vinícola que abriga quase 350 castas autóctones.

Na   Espanha há um programa, que agrega 25 centros de pesquisas, que estuda 1736 castas e confrontando perfis genéticos de cada uma delas.

É bem provável, que após o termino das pesquisas, as castas autóctones, de uva de mesa e viníferas da Espanha, não sejam “apenas” 235, mas 536.

E a Itália?

Bem, a Itália, com suas 545 variedades autóctones é a piada da vez.


Apesar do imenso patrimônio e a incrível variedade de uvas nativas, sabem qual a 7ªcasta mais presente nos vinhedos da Bota?

A Merlot!

Sabem qual a 8ª?

 A Chardonnay!

A Cabernet Sauvignon ocupa um interessante 13º e a Syrah um modesto 20º lugar.

Um aspecto importante: Na Itália há mais vinhas de Merlot e Chardonnay do que, pasmem, Barbera, Primitivo, Nebbiolo, Corvina, Lambrusco, Garganega, Aglianico, Cortese (Gavi incluso), Moscato etc.


Os viticultores italianos sabem que jamais conseguirão produzir vinhos com a elegância de um Puligny-Montrachet, a complexidade de um Meursault, a grande classe de um Corton-Charlemagne ou a opulência de um Chassagne-Montrachet.

Alguns tentam, mas os resultados são sempre ridículos, patéticos, esquecíveis e quando conseguem, se aproximar da qualidade dos primos da Côte D’Or os preços das garrafas são, para mim, motivo de piada.

Alguns “piadistas” dos Chardonnay Italianos?

Gaja & Rey (Gaja) = 350 Euros  


Piemonte Chardonnay “Riserva della Famiglia” (Coppo) = 115 Euros


Chardonnay Ca’ del Bosco = 70 Euros.

Dos três, o mais ousado, como de costume, é Gaja.

Gaja é um dos predadores mais espertos da Bota.

Gaja não enrubesce ao pedir, por seu Chardonnay piemontês, 300% a mais do que, por exemplo, a “Domaine Cauvard” pede por seu ótimo Corton-Charlemagne


Corton-Charlemagne 2018

Domaine Cauvard

AOC Corton-Charlemagne 75 cl

13.5% vol

Voir les autres vins de l'appellation Aloxe-Corton

Direct propriété

93,20 €

Parte superior do formulário

Quantité93,20 €

 

Parte inferior do formulário

 

A vinícola Coppo, outra manjada predadora piemontesa, não se envergonha de mandar para as prateleiras das enotecas seu Chardonnay “Riserva della Famiglia” quase seis vezes mais caro do que o muito, mas muito, superior Chablis 1er Cru Vaillons da Domaine du Chardonnay.


Chablis 1er Cru Vaillons 2019

Domaine du Chardonnay19,60 €

 

Aguardem!

 Na próxima matéria pretendo comparar os Chardonnay italianos (e do resto do planeta) com os franceses.

Não decidi, ainda, se será um post cômico ou trágico......quem ler, dirá.

Dionísio

sábado, 22 de janeiro de 2022

SALMÃO-PERA-QUEIJO

 


Não lembro se já publiquei essa ótima e fácil receita.

 Faz tantos anos que provei esse ótimo antepasto, no restaurante “La Ruga del Corso”, de Arona, que parece impossível não o ter repassado aos leitores.


Para me certificar, se já a havia publicado, dei um passeio pelas páginas do blog, mas não encontrei nada que lembrasse     “Salmão Peras e Queijo”.

Simples, refinado e fácil de preparar, o antepasto, que ora proponho, agradará certamente aos mais exigentes paladares.

INGREDIENTES PARA 4 PESSOAS

2 confecções de salmão defumado e fatiado

2 peras bem maduras (se pequenas aumente para 3)

2 colheres de manteiga

½ copo de vinho branco

Queijo de cabra de boa qualidade


PREPARO

Descasque e corte as peras em pedaços.

Coloque em uma pequena panela, junte a manteiga e deixe cozinhar, em fogo brando, por alguns minutos.

Quando a manteiga tiver derretido, totalmente, adicione o vinho branco, aumente a chama e deixe evaporar.

Após a evaporação do vinho, retire a panela do fogo e bata o conteúdo com o liquidificador de imersão até obter um purê homogêneo e reserve.

Coloque um pouco de queijo ralado sobre as fatias de salmão, enrole e guarde na geladeira.



Na hora de servir aqueça levemente o purê de peras, em seguida, com a ajuda de uma colher, forme uma “cama” no prato, coloque o salmão sobre o purê de peras  e sirva.

Para beber?



Salmão, pera e queijo, pedem um grande espumante rosé

Bacco

P.S Sei que o Billecart-Salmon é quase impossível, no Brasil, mas sonhar é preciso.....

 

 

 

domingo, 16 de janeiro de 2022

SE FICAR O BICHO COME II

 


Bebi meu primeiro “Etna Bianco”, se não falha a memória, em 2006, como de costume, na casa de Bacco.

O “Etna”, na ocasião, era um “Pietramarina” da vinícola Benanti.

Bacco, comentou o Pietramarina

“O Marco, do Nanin, tirou da cartola uma garrafa como esta. Quando provei fiquei boquiaberto. Um grande vinho! Tão grande que comprei, apesar dos salgados 22 Euros, seis garrafas”.

Explicando: Marco é o proprietário, chef e sommelier, do restaurante Nanin de Chiavari.

Marco, um dos maiores entendedores de vinho que conheço, nunca erra uma e o “Pietramarina” era apenas mais uma de suas surpreendentes “descobertas”.

Bons tempos aqueles quando, ainda, podíamos levar para casa uma garrafa do “Etna Bianco” da Benanti por humanos e razoáveis 22 Euros.

Hoje a mesmíssima garrafa de “Pietramarina” somente entrega seus alcoólicos encantos por salgados 85/100 Euros.

O que aconteceu?

Os predadores-produtores chegaram!

Gaja, Farinetti (Eataly), Giovanni Rosso, Marco de Grazia (Tenuta dele Terre Nere), Planeta, San Gregorio, Donnafugata, Tasca D’Almerita, etc., farejaram as encostas do Etna e perceberam a possibilidade de um novo “Eldorado” vinícola.

 No Etna os predadores perceberam que poderiam produzir bons vinhos.

 As condições eram as melhores possíveis: terras baratas, os pequenos produtores eram facilmente “convencíveis” a vender suas vinhas e com a ajuda das costumeiras canetas de aluguel, críticos venais, influenciadores de plantão e um bom marketing, o investimento poderia retornar rapidamente.

Bingo!

Um hectare, de vinhas vulcânicas, que há 15 anos custava 10/15 mil Euros, graças aos investidores-predadores, em 2021 já ninguém o vendia por menos de 150/200 mil Euros.

A “invasão” começou...

Gaja, que entrou pelo cano com sua “aventura” Toscana, quer esquecer a “Ca’ Marcada” e faturar alto na Sicília produzindo o “Idda” em parceria com Alberto Aiello Graci.

Farinetti (Eataly) que já comprou, entre outras vinícolas, Fontanafredda, Borgogno, Vigne di Zamò, Serafini & Vidotto, Il Colombaio del Cencio, ataca na Sicília e entra de sócio com o produtor local, Francesco Tornatore e (a)funda a “Tenuta Carranco”.

Por falar em Farinetti o empresário conseguiu transformar uma ótima Barbera em tremenda bosta: A Barbera Borgogno

 A Barbera Borgogno-Farinetti só não é pior do que aquele insulto à casta que a Perini teima em comercializar.

Davide Rosso (Giovanni Rosso), modestíssimo produtor de Serralunga D’Alba que, graças a milhares de garrafas de Barolo, deixadas em herança, por seu primo em 2º grau, Tommaso Canale, que as vendia por 7/10 Euro e que ele vende por 350/500 Euros, virou uma promissora vedete vinícola e predador de primeira linha.

Davide sentiu o cheiro de bons e rápidos lucros e se mandou para a província de Catania.

 Marco de Grazia, que fez fortuna nos EUA importando vinhos, fundou a “Tenuta dele Terre Nere" e desponta como grande promessa no mundo dos predadores.


Quem entra, como de costume, pelo cano?

Nos, os consumidores

Alguns exemplos de preços praticados em 2007 e em 2021

“Etna Bianco Pietramarina Benanti” 23/30 Euros em 2007 – 80/100 Euros em 2021

“Etna Branco Graci” 20/26

 O mesmíssimo vinho, mas ostentando a etiqueta “Idda” custa 35/38 Euros.

Para quem não sabe, “Idda” é a etiqueta do vinho Gaja- Graci.

A etiqueta deve ter sido banhada nas águas de Lourdes, Ganges, Jordão ou em outras fontes milagrosas qualquer, pois no exato momento em que é colada na garrafa, que custava 20 Euros, voa para o paraíso dos predadores e seu preço, acrescido em não insignificantes 75%, passa para 35 Euros.

Não há saída? Não há escapatória?

Há!

Algumas delas: Mandar solenemente à merda grandes, renomados, badalados etc. produtores, mandar ao mesmíssimo endereço críticos, revistas, influenciadores, Vivino e similares, migrar para o Google, ou seguir algumas dicas de B&B.


Em rápida pesquisa, no Google, será fácil encontra pequenos e validos produtores.

As dicas de B&B:  Cantina Ayunta, Cantina Murgo, Cantina Vivera, Tenuta Monte Gorna, Azienda Falcone.

Bons produtores que não estuprarão seu cartão.

Mas é bom correr, pois os predadores não brincam em serviço e em poucos anos é bem provável que os preços, de todos os vinhos do Etna, alcancem a estratosfera.


Falando sério.... “Pietramarina Benanti” 85 /105 Euros?

Prefiro comprar um “Chablis Grand Cru les Blanchot” e com o que sobrar adquirir um estupendo Lessona Sella que nada deve aos melhores “Etna Rosso”.

Chablis Grand Cru Blanchot 2008 - Daniel-Etienne Defaix

68

La bouteille

Boicotar os predadores é preciso, ser eno-tonto não é preciso

Dionísio