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terça-feira, 21 de janeiro de 2020

VENDE-SE UMA ALDEIA



Está aposentado, ou quase?

Poupou bastante e sobrou uma boa grana?

Que tal “recomeçar” a vida, comprar uma igreja, um castelo ou uma inteira aldeia e morar na Itália?

Lendo o jornal “Il Sole 24 Ore” me surpreendi com uma matéria que trazia dados impressionantes.

 
A Itália é o país das aldeias, das pequenas e minúsculas aldeias.

72% dos mais de 8.000 municípios italianos contam com uma população de menos de 5.000 habitantes.

A Itália das pequenas aldeias, onde vivem 10,5 milhões de pessoas, representa 55% do território nacional e nele há grandes belezas naturais, parques, áreas protegidas, centros medievais históricos, igrejas abandonadas etc.

 
Um levantamento mostrou que das 5.383 pequenas aldeias cadastradas, 2.381 estão em avançado estado de abandono ou completamente despovoadas.

 É bom salientar que muitíssimas aldeias possuem um patrimônio histórico e arquitetônico de imenso valor.

Intrigou-me, na matéria, o preço de algumas localidades abandonadas que estão à venda: Um pedaço da Itália histórica (inteiras aldeias, com castelos, igrejas etc.) custa menos do que um apartamento no centro de Milão, Roma ou Santa Margherita Ligure.

Querem uma prova?

Um castelo medieval, na Úmbria, entre Todi e Montecastello di Vibio, com 975 m², uma igreja e 5,6 hectares de terreno cultivável, além de um panorama de perder o fôlego, custam 480 mil Euros.

Este é apenas um entre centenas de anúncio que aparecem diariamente na imprensa especializada.

Ingleses, alemães, americanos e russos já sucumbiram ao charme das aldeias medievais e transformaram inúmeras delas em hotéis, B&B, agro-turismo etc.

 
Caso lhe interesse há, também, centenas de igrejas desconsagradas e abandonadas por falta de fieis, que o Vaticano vende para se livrar de imóveis com alto custo de manutenção.

 Veja foto

Interessado?

Há muitos sites, mas para começar a sonhar acesse estes


Ou procure no Google: “chiese in vendita”.



Quase sempre as aldeias, castelos ou igrejas possuem áreas agricultáveis e nada impede que se inicie uma implantação de belos vinhedos.

Bom divertimento

Bacco

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

A LISTA DOS PIORES


Enfrentei meu “Alzheimer-Vinícola” e apesar das lembranças nada encorajadoras, obriguei a memória a encontrar, no fundo do baú, os vinhos que quase destruíram meu olfato, paladar e a alegria do “bom beber”.

Alguns vinhos, de tão indecentes, certamente esqueci, mas pelo menos uma dúzia de grandes porcarias, que atormentaram meu bom gosto vinícola, continuam vivas e presentes em minha mente.

Vários pesos pesados da crítica nacional, mesmo sem serem mencionados, explicitamente, nesta matéria, deveriam ter vergonha de recomendarem as etiquetas que comentarei.

Como de costume nossos críticos, sem nenhum pudor e muita cara de pau, publicarão suas listas pagas e fajutas, não alertarão os consumidores sobre os preços indecentes dos vinhos nacionais e impávidos continuarão desprezando a inteligência dos enófilos brasileiros


Na minha lista, dos “piores”, há antigas e conhecidas “tremendas-bostas” e algumas que poderão surpreender.

Nada de pontos, taças, medalhas ou outras imbecilidades: Para cada vinho comentarei o que me levou a bebê-los e considerá-los inomináveis porcarias.

Bom divertimento e espero que ninguém acompanhe a leitura   bebendo algumas das porcarias aqui descritas.

O pior Pinot Noir?


O “Fúlvia Pinot Noir” reinava tranquilo na categoria e apesar dos esforços das duas eno-topeiras, Sir Edward Motta e Bilu-Didu-Teteia em classifica-lo igual ou até ou superior aos grandes da Borgonha o “Fúlvia” até na Itália, quando degustado por dois sommeliers de comprovada experiência e qualidade, foi literalmente para o ralo.

Como disse, reinava tranquilo o Pinot Noir do nosso ex-fotógrafo, mas certo dia me ofereceram uma taça do Pinot Noir da Bodega Garzón.

Não consegui terminar a taça..


Dois “Quase-Pinot-Noir” que devem ser evitados.

O preço vergonhoso?

Fúlvia R$ 329,70 (Winerie)

Garzón R$ 199,00 (World Wine)

O pior Barbera?

Repetindo a façanha do Pinot Noir o título do pior Barbera é disputado por dois exemplares nacionais: "Barbera” da Perini (R$ 62,30 Superadega) e o “Pireneus Terroir Barbera (R$ 89,90 Americanas).

É preciso muita coragem para chamar “aquilo” Barbera.

Apesar dos esforços, de dois pesos pesados (na consciência?) da nossa crítica vinícola em nos convencer que são ótimos Barbera, não há parentesco algum entre os dois vinhos nacionais e um verdadeiro Barbera do Piemonte.

Evite absolutamente

O pior Nebbiolo?

Aqui não há dúvida: O “Singular Nebbiolo” da Lidio Carraro ganha de todos os piores que já bebi.

Um campeão que custa vergonhosos R$ 375,00 na boutique da vinícola.

Fuja.

O pior Brunello?

Bacco em sua matéria “Gaja....Final”, de fevereiro de 2019, havia alertado que o Brunello “Pieve Santa Restituta” não fazia jus à fama “Gaja” e que nada justificava seu preço.

Teimoso, quis provar o vinho toscano do Gaja …. Entrei pelo cano.

Vinho feito para  enoloides   que idolatram Gaja, e aqueles que adoram excesso de madeira e a agressiva presença do álcool.

Sem elegância, difícil de beber, não justifica seu preço de 60 Euros.


O Brunello “Canalicchio”, de Franco Pacenti, custa a metade (30 Euros) e pulveriza o “Pieve Santa Restituta”.

Corra.

O pior Chardonnay?

Os tintos chilenos e argentinos não entram na minha taça e até quando são oferecidos, gratuitamente, finjo bebê-los.

Diferente o discurso dos brancos.

Os brancos da Tarapacá e Cousiño Macul visitam minhas taças frequentemente e valem cada R$ cobrado.

 Pensando nos dois chilenos, quando vi a bela etiqueta, com os dizeres “P.N.K.T Gran Reserva Chardonnay” resolvi arriscar.

P. N. K.Te-pariu!

Um horror, um pavor.... Até o quase Chardonnay da Miolo, por incrível que possa parecer, é menos pior.

Esqueça.

O pior espumante?

Sem concorrente: “Gran Casa Valduga” (R$ 126,00 Superadega)

A vinícola afirma:  “ Os 60 meses de autólise de leveduras resultam em espumantes ricos, marcantes e expressivos”.

Pode até ser que inúmeros espumantes, após longos 5 anos, resultem ricos, marcantes e expressivos, mas não é o caso do “Gran Casa Valduga”.

O “Gran Casa Valduga” nem com 600 meses de autólise será rico, marcante e expressivo.

O espumante da Valduga é pobre, inexpressivo e tão marcante quanto água mineral com gás.

O Jorge Lucki premiou até o “Millesime Brut” da Miolo, mas não teve peito para “merdalhar” o “Gran Casa Valduga”.

Cancele da memória.

O pior Sauvignon?



Aqui o “Sauvignon Blanc / Vista do Café” reina absoluto: O pior que já tentei provar em toda minha vida.

Etiquetar o “Vista do Café” como sendo um Sauvignon é uma afronta à casta e um insulto aos produtores de Sancerre e Pouilly-Fumé.

O “Vista do Café” custa, em média, R$ 143,00 (32 Euros)

Um bom Sancerre, custa, na Europa 20/25 Euros.

Nenhum crítico levantou a voz para deplorar a inexistente qualidade e muito menos o preço absurdo das garrafas nacionais.

Resultado: O consumo de vinho, no Brasil, continua abaixo dos 2 litros per-capita

Dionísio

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

LISTA$ DO$ MELHORE$


 
Sempre considerei a publicação de listas dos “Melhores Vinhos”, que um sem número de revistas, críticos, sommeliers, formadores de opinião etc. divulgam todos os finais de ano, uma das picaretagens mais ridículas que habitam e emporcalham o mundo do vinho.

Ridículas, ou não, as indicações, dos gurus das garrafas perdidas, são seguidas, quase religiosamente, por um exército de enoloides de todos os cantos do mundo.

 
O mais incrível: Os enoloides não percebem que, “os melhores vinhos”, de anos anteriores, quase sempre somem, desaparecem nas novas listas.

Exemplo: Barolo “A”, Brunello “B”, Amarone “Cetc., que em 2018 figuraram nos primeiros lugares, desaparecem do mapa em 2019.

Será que os enoloides não perceberam, ainda, que é somente uma questão de $$$?

 
A classificação oscila na mesma proporção do valor pago: Mais se desembolsa, mais se aproxima do pódio.

A esmagadora maioria dos “melhores vinhos do ano”, no Brasil, premia os produtos de grandes e poderosas vinícolas ou garrafas de tradicionais importadores que, desde sempre e regularmente, engraxam as mãos e turbinam as carteiras de nossos probo$ críticos.

As pequenas vinícolas e as periféricas importadoras são incluídas e aparecem com seus vinhos, apenas para desviar as atenções e doar um ridículo verniz de credibilidade e imparcialidade às listas pagas.

Os enoloides, como de costume, engolem a isca com anzol e tudo.

 
No Brasil um batalhão de formadores de opinião revela seus vinhos prediletos com as listas pré-elaboradas ou aprovadas pelos importadores e produtores.

O valor pago sempre é relativo à credibilidade, respeitabilidade e penetração do “expert”.

Exemplo: Um 1º lugar, em uma lista do Didu-Bilu-Teteia, vale menos $$$ do que uma 20ª colocação naquela do Jorge Lucki..........e por aí vai.

O que os enoloides não percebem, ou não querem perceber: É sempre e apenas, picaretagem grosseira.

 
Alguns exemplos: Nosso escalador de cruzeiros medievais, que há anos bebe os fundos de garrafas deixados pelos ricaços que frequentam os restaurantes paulistanos, provou um sem número de grandes e bons vinhos e sabe reconhecer imediatamente o que é bom e o que é uma grande bosta.

A pergunta: Como pode, então, o Beato Salu apreciar um “Château Lafitte” e em seguida classificar aquela intrépida porcaria de Cocalzinho “uma aberração de tão bom”?

Grana!

Exemplo 2: Nosso Diego Rebola, eterno “melhor sommelier “e também “viciado” em participar e nunca ganhar concurso internacionais, já enxugou (de graça) milhares de ótimas garrafas em bocas-livres e percebe, com bastante segurança, o que é bom ou não.

Certo dia, ninguém sabe o porquê, sai com esta perola “...De ontem à noite, o ótimo Barbera da Perini, equilibrado, com baixo álcool e acidez suculenta”.

O Barbera do Perini foi o pior que já provei em toda a minha vida e o considero um insulto à casta.

O que motivou, nosso “rebolador-mor”, a elogiar a quase Barbera da Perini?

Grana?

Nunca, jamais, em momento algum! (O Rebola já avisou: se eu falar que levou grana ele me processa)

 
 Nossos imparciai$ críticos, sommeliers, (de) formadores de opinião, através de suas indicações, visam, apenas, ajudar os enófilos a educar o paladar e facilitar suas escolhas.

Deixando o sarcasmo de lado..... Alguém já viu alguma lista, elaborada por nossos probos profissionais do vinho, revelando algumas das “tremendas-cara-bostas” que invadem nossas prateleiras?

 Nem pensar..... Elogiar e faturar é o que interessa.

Com dinheiro no bolso até espumante nacional vira Champagne.

Bastaria você já imaginar um profissional europeu indicar e elogiar o “Miolo Milllesime Brut”, de 29 Euros, para mandar todos as “Listas dos Melhores” do Brasil à merda.

Eu, que nunca ganhei um centavo dos importadores ou dos produtores nacionais (ganhei apenas montes de insultos e ameaças) resolvi divulgar minha lista dos “imbebíveis”.

Aguarde

Dionísio

 

 


quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

ARNEIS


 
 
Arneis é uma casta piemontesa originária do “Roero”.
 
“Roero” é um território vinícola, nas proximidades de Alba, situado à margem esquerda do rio Tanaro (se pronuncia Tánaro) e confina com as “Langhe”.

 
O Tanaro separa as colinas do primo rico, “Langhe” (colinas que produzem os consagrados e caros Barolo e Barbaresco), daquelas do primo pobre “Roero” onde nascem vinhos menos badalados, entre eles o “Arneis”.

 A Arneis, em tempos remotos, era pouco vinificada e mais apreciada como uva de mesa.
 

Em meados dos anos 1970 as vinícolas Bruno Giacosa e Vietti resgataram a Arneis, promoveram sua “ressureição” e iniciaram a vinificá-la seriamente.

A Arneis, assim, como outras castas regionais pouco conhecidas e rentáveis (Pelaverga, Timorasso, Gamba di Pernice, etc.), perdia espaço para as mais rentáveis Nebbiolo, Barbera, Dolcetto, Moscato e caminhava para o vale das “Castas Abandonadas e Perdidas”.

 
A “salvação” veio através do prestígio e visão de Vietti e Giacosa que perceberam o potencial comercial de uma casta branca no reino das grandes tintas.

No final dos anos 1970 provei, pela primeira vez, os Arneis de Vietti e Giacosa.

 O vinho me impressionou positivamente.

Não um grande branco, mas um vinho interessante, fresco, agradável, fácil de beber e ótimo como aperitivo.

Jamais imaginei, todavia, que o Arneis, em menos de 20 anos, se transformasse em um sucesso comercial, que seus 45 hectares de vinhas pulassem para os atuais 650 e alcançasse uma produção de 7 milhões de garrafas.
 

Afinal qual o segredo de tão rápido e incrível sucesso se vinhos muito mais importantes como o Calosso Gamba di Pernice, Verduno Pelaverga, Erbaluce di Caluso, Rossese Bianco etc. continuam patinado em números modestíssimos e mal ultrapassam as fronteiras da zona de produção?

Marketing!

Marketing, inteligente e de primeiríssima qualidade, da “Ceretto Aziende Vinicole”.

A Ceretto, tradicional vinícola das Langhe, especializada na produção de Barolo, Barbaresco, Barbera, Dolcetto, continuaria sua normal trajetória, sem grandes novidades ou mudanças, trilhando o mesmo caminho e história dos outros viticultores locais.

 Em um lance ousado e fora das características dos piemonteses, sempre “amarrados” à tradição, em 1985, a Ceretto, resolve lançar um vinho branco: “Blangé”
 

O “Blangé”, um simples e normal Arneis, mas vitaminado por canetas importantes e de vida fácil, usando os canais certos, revistas, jornais etc., em poucos anos se tornou o principal e mais rentável produto da Ceretto.

 A Ceretto, atualmente, em seus 80 hectares de vinhas de Arneis, no Roero, produz, nada menos do que 600.000 garrafas de “Blangé”.

O sucesso comercial do “Blangé” motivou outros produtores que, ávidos por dinheiro fácil e acreditando conseguir o mesmo sucesso da Ceretto, inundaram o mercado com os atuais 7 milhões de garrafas.

A qualidade do Arneis, que nunca foi excelsa é, hoje, muito discutível.

Eu acredito, apesar de juras contrárias, que muito Chardonnay do Piemonte, que ninguém quer nem de graça, é adicionado ao Arneis para aumentar a litragem e o faturamento.

O resultado de todo este crescimento?

Quando Marco, chef do restaurante “Nanin”, semana passada me ofereceu uma taça de Arneis Vietti, agradeci e bebi esperando encontrar a qualidade dos anos 1970

  Marco tentou completar a taça pela segunda vez.

 Não muito educadamente recusei e exclamei “Questo vino fa cagare” (esse vinho é uma bosta).

Resultado: O Arneis entra na extensa lista dos meus “imbebíveis” onde já se encontra a “aberração de tão bom”, “Prosecco”.

Mais uma coisinha: O “Blangé”, que é direcionado à exportação e aos turistas incautos, custa, nada econômicos, 14/20 Euros.

 Um Arneis “normal”, comum, pode ser encontrado facilmente por 4/8 Euros.

Para encher os bolsos de grana nada melhor e mais fácil do que encontrar as caneta$ certa$.....

Bacco