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quarta-feira, 22 de abril de 2020

PULIGNY - VÍRUS II


Depois de abrir, acidentalmente, uma garrafa de Puligny-Montrachet, quando pretendia desarrolhar uma de Cousiño Macul, meditei longamente e cheguei à conclusão que guardar grandes garrafas, postergando o momento “certo” de degustá-las, é uma idiotice.

A corona vírus, a idade e a saúde, são três “inimigos” que conspiram contra mim.

Depois de algumas reflexões me convenci que meu melhor amigo, no momento, é o saca-rolhas.

Resoluto e avassalador, nos últimos 25 dias, resolvi “atacar” minha adega como um enfurecido Átila das garrafas….Detonei tudo o que me aparecia pela frente.

As fotos não precisam de grandes explicações....

Descrever ou comentar garrafas de prestígio é uma tarefa fácil:  basta seguir o “Método Google” muito utilizado por nossos experts, sommeliers, formadores de opinião e paspalhos em geral

O mais interessante seria, talvez, resumir, através de algumas matérias, o caminho percorrido desde a compra até à taça.

Um pequeno resumo de viagens, impressões, descobertas, alegrias e decepções.

Decidi, então, apresentar uma pequena retrospectiva de minhas andanças e compras pela Borgonha, começando pela Côte D’Or

A minha Borgonha

Não posso afirmar, exatamente, quantas vezes visitei a Borgonha.

 Comecei, minhas três costumeiras “peregrinações” anuais, no início de 2000 e um rápido cálculo me faz crer que as visitas somam quase três dezenas.

Quando digo “Borgonha” não me limito às prestigiosas Côte de Nuits e Côte de Beaune, mas Beaujolais, Côte Chalonnaise, Chablis.....

Depois das primeiras e tímidas incursões comecei a “entender” o território.

 Mais confiante e com um francês menos pior, pude consolidar meus conhecimentos sem necessitar de guias, indicações, formadores de opinião e resolvi, então, focar minhas atenções na Côte D’Or.

Nos primeiros anos, os preços salgados, mas ainda “humanos”, não conseguiram arrefecer meu entusiasmo e a cada visita lotava meu porta-malas de 1er Crus e Grands Crus.

 Rotina de aquisições que continuou até 2015.


 Quase sempre as compras eram realizadas nas adegas dos meus “tradicionais” fornecedores: Jean Claude Bachelet, Sylvain Lagoureau, Paul Pernot, Bzikot, Thomas Morey, Bruno Colin, Lamy Pilot, Ramonet, Maurice Chapuis, Chevalier, Gérard Raphet a mais alguns ocasionais.

Montrachet, Bâtard-Montrachet, Chevalier-Montrachet, Criots-

Bâtard-Montrachet, Bienvenue-Bâtard-Montrachet, Corton-

Charlemagne, Les Dents de Chien, Les Embrazées, La Boudriotte, Les

 Champs Gain, Blanchot Dessus, Les Perrières, Les Pucelles, Le

 Cailleret, Sous le Puits, La Truffière, Blagny e muitas outras 

denominações, passaram pelas minhas taças deixando, quase sempre, 

ótimas recordações.

Quando afirmo “quase sempre” é preciso lembrar que nem todos os 

produtores da Borgonha vinificam com o mesmo cuidado e maestria.

Há, também, aqueles que, por alguma razão, se entregaram mais

 avidamente ao mercado “internacional” e aos modismos (leia-se: mercado 

americano)

Nos, de B&B, pagamos todos os vinhos que bebemos, não frequentamos bocas ou copos livres, não sobrevivemos nem dependemos da esmola de produtores e/ou importadores, não aceitamos convites, passagens aéreas, diárias de hotel etc. para visitar esta ou aquela vinícola e nossas mães já não dão a mínima aos xingamentos.

Uma total independência, então, nos permite descer a lenha, sem nenhum receio de perder alguma boquinha, em quem quer que seja e sempre damos nomes aos bois (ou serão, picaretas?)

Os “bois” do dia são: Bruno Colin e Thomas Morey ambos produtores em Chassagne-Montrachet.

Bacco

Continua....

sexta-feira, 3 de abril de 2020

PULIGNY-VÍRUS


 


A minha adega é pobre em litragem, mas rica em “linhagem”.
 

Menos de 20 garrafas repousam nas prateleiras empoeiradas, mas a pouca quantidade é compensada pela grande qualidade e não desprezível valor.
 

 Poucas unidades preciosas, raras e.…caras.
 

“Gamba di Pernice” Tenuta dei Fiori do meu amigo Valter Bosticardo,

“Corton Charlemagne” Grand Cru   Maurice Chapuis

 
“Puligny-Montrachet” 1er Cru “La Truffière” Thomas Morey,

Barbaresco “Martinenga” Marchesi di Gresy,

Barolo “Vigna Rionda” Tommaso Canale,

 Champagne “Le Mont Benoit” Grand Cru Emmanuel Brochet,


 Barolo “Monvigliero” de Gian Alessandria

 e mais algumas garrafas nada banais.

Antes de hibernar, tentando escapar das garras do vírus da moda, resolvi comprar algumas garrafas, mais em conta, para não dizimar minhas “preciosidades”.

Quatro unidades de um ótimo encruzado “Titular”, outras tantas de Cremant de Bourgogne e meia dúzia de Chardonnay chileno Tarapacá e Cousiño Macul, entraram para o estoque de meus vinhos do dia-dia.

A primeira “vítima”, da quarentena, o Cremant de Bourgogne, não decepcionou e, apesar de seus “modestos” R$ 89,00, pulveriza inúmeros e pretensiosos espumantes nacionais muito mais caros.

O Encruzado “Titular” foi a segunda garrafa a entrar nas taças do “isolamento forçado”.

O ótimo vinho português merece uma matéria exclusiva que publicarei em seguida.

A cada dois dias “vitimava” uma garrafa.

Uma triste madrugada chuvosa, após noite mal dormida, desejo de mais um pouco de cama e a demora em acordar completamente, entorpeceram meus sentidos.

Como se tudo não bastasse, cometi um erro fatal: Tive preguiça em acender a luz da adega.

Havia resolvido beber, naquele dia, o Chardonnay “Antiguas Reservas” da Cousiño Macul e, confiante, em minha memória, retirei o vinho chileno da prateleira e, como quase sempre faço, abri para verificar a rolha.

Quando derramei um pouco na taça estranhei a cor e resolvi verificar a safra.

Quase enfartei...Acabara de abrir um Puligny-Montrachet 1er Cru “La Truffière” 2013 de Thomas Morey.

 
Garrafa de aproximadamente R$ 1.500 (paguei 80 Euros no produtor) para beber sozinho em uma anônima e comuníssima 4ª feira.

Não vou elencar o tsunami de imprecações que raivosamente proferi, para não ofender os leitores mais refinados, mas posso garantir que foram muitas e longas....

Depois de algumas horas, já mais calmo e conformado, provei, quase com reverência, o “La Truffière”.

Conheço Thomas Morey há anos.

 
Morey é meu fornecedor de “Les Dents de Chien” um dos grandes 1er Cru de Chassagne-Montrachet, mas nunca havia provado seu Puligny-Montrachet “La Truffière”.

Continua

Bacco