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sexta-feira, 3 de abril de 2020

PULIGNY-VÍRUS


 


A minha adega é pobre em litragem, mas rica em “linhagem”.
 

Menos de 20 garrafas repousam nas prateleiras empoeiradas, mas a pouca quantidade é compensada pela grande qualidade e não desprezível valor.
 

 Poucas unidades preciosas, raras e.…caras.
 

“Gamba di Pernice” Tenuta dei Fiori do meu amigo Valter Bosticardo,

“Corton Charlemagne” Grand Cru   Maurice Chapuis

 
“Puligny-Montrachet” 1er Cru “La Truffière” Thomas Morey,

Barbaresco “Martinenga” Marchesi di Gresy,

Barolo “Vigna Rionda” Tommaso Canale,

 Champagne “Le Mont Benoit” Grand Cru Emmanuel Brochet,


 Barolo “Monvigliero” de Gian Alessandria

 e mais algumas garrafas nada banais.

Antes de hibernar, tentando escapar das garras do vírus da moda, resolvi comprar algumas garrafas, mais em conta, para não dizimar minhas “preciosidades”.

Quatro unidades de um ótimo encruzado “Titular”, outras tantas de Cremant de Bourgogne e meia dúzia de Chardonnay chileno Tarapacá e Cousiño Macul, entraram para o estoque de meus vinhos do dia-dia.

A primeira “vítima”, da quarentena, o Cremant de Bourgogne, não decepcionou e, apesar de seus “modestos” R$ 89,00, pulveriza inúmeros e pretensiosos espumantes nacionais muito mais caros.

O Encruzado “Titular” foi a segunda garrafa a entrar nas taças do “isolamento forçado”.

O ótimo vinho português merece uma matéria exclusiva que publicarei em seguida.

A cada dois dias “vitimava” uma garrafa.

Uma triste madrugada chuvosa, após noite mal dormida, desejo de mais um pouco de cama e a demora em acordar completamente, entorpeceram meus sentidos.

Como se tudo não bastasse, cometi um erro fatal: Tive preguiça em acender a luz da adega.

Havia resolvido beber, naquele dia, o Chardonnay “Antiguas Reservas” da Cousiño Macul e, confiante, em minha memória, retirei o vinho chileno da prateleira e, como quase sempre faço, abri para verificar a rolha.

Quando derramei um pouco na taça estranhei a cor e resolvi verificar a safra.

Quase enfartei...Acabara de abrir um Puligny-Montrachet 1er Cru “La Truffière” 2013 de Thomas Morey.

 
Garrafa de aproximadamente R$ 1.500 (paguei 80 Euros no produtor) para beber sozinho em uma anônima e comuníssima 4ª feira.

Não vou elencar o tsunami de imprecações que raivosamente proferi, para não ofender os leitores mais refinados, mas posso garantir que foram muitas e longas....

Depois de algumas horas, já mais calmo e conformado, provei, quase com reverência, o “La Truffière”.

Conheço Thomas Morey há anos.

 
Morey é meu fornecedor de “Les Dents de Chien” um dos grandes 1er Cru de Chassagne-Montrachet, mas nunca havia provado seu Puligny-Montrachet “La Truffière”.

Continua

Bacco

12 comentários:

  1. Porra, meu. Fico calado aqui, pasmo com a qualidade potencial das suas garrafas. Não que me queixe, tenho o que preciso para o meu bico, bem mais modesto, feia com uns Beaujolais villages, dignos de mortais como eu, mesmo que não esconda este ou aquele Grevrey, Mercurey, Poully Fumé que nutro pelos cantos. Igualmente mantenho a ferro e fogo algumas garrafas de Ripassi di Valpolicela, porque gosto delas, porque me fazem companhia, quando a solidão bate mais forte.
    E assim vou, pelas américas do sul, desviginando garrafas jamais abertas como estas Biografia do Máximo Boschi...

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    1. Breno, não creio que seu bico seja mais modesto. Quem bebe Mercurey e Gevrey, bebe refinado. Eu , com o passar dos anos, bebo sempre menos , mas melhor. Na próxima matéria você verá que , as vezes, nome não vale merda nenhuma

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  2. hahahaha... Já fiz uma dessas, mas não nesse nível. Troquei safras e pensando em abrir um espanhol (dos grandes), safra 2005, abri um 2015, que era um bebê. Bem, pelo menos não perdi o 2005. Quanto ao Titular Encruzado, já bebi algumas vezes e gostei muito. É uma uva que aprecio bastante. Aliás, os tintos da vinícola também são bons. E eles têm bons preços, de fazerem os caros vinhos brasileiros ficarem com vergonha.
    Salu2

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  3. Pois é.....Idiotice total. Economizar R$ 0,002 de eletricidade e torrar R$ 1.500 de vinho

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    1. Não é idiotice. É subconsciente ou FORÇAS OCULTAS DO BEM. Pior seria se ela tivesse caído e quebrado. rsrs

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  4. Já bebi esse Encruzado Titular e, quando comprei, ele chegou aqui por aproximados R$ 40,00. Depois, ganhou algum prêmio em Portugal e o preço subiu, acho que hoje custa mais de R$ 80,00, mas continua entregando mais que o preço, em minha humilde opinião.

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  5. Um americano, dono de uma das melhores adegas do mundo, diz que não é preciso um grande momento pra abrir um grande vinho, já que só por abrir um grande vinho, torna aquele um grande momento. Tenho certeza que vc aproveitou cada gota desse precioso caldo do Morey.

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    1. americanos sao mestres em marketing e frases feitas de efeito... poe preco na adega dele que ele vende rapidinho com baita lucro. esse he o grande momento para americano, por grana no banco.

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    2. "JR", li seu texto em seu blog (http://jratao.blogspot.com/2020/03/a-conta-chegou.html). Parabéns! Excelente! Quem não leu, deveria faze-lo. Todos devem estar fazendo promessas para depois dessa pandemia. Espero que não fique, como na maioria das vezes, apenas em promessas, e que o mundo possa ser um pouco melhor.
      Sds

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    3. Sempre mais facil falar/escrever do que agir... sao 5 milhoes de acessos naquele blog por dia. A responsa eh enorme. #humor

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  6. Não é bem assim.... Aguarde a continuação da matéria que postarei quando a preguiça me abandonar

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