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sábado, 27 de agosto de 2022

APOCALYPSE.....NOT NOW

 


Ao terminar de ler a matéria “Dias piores virão”, escrita por Dionísio, no início do mês, tive a impressão de que as minhas garrafas armazenadas seriam as últimas da minha vida: calor, estiagem, inflação... tudo isso e a futura encheção de saco por causa do uso de fertilizantes, assunto que não domino, mas que, ao menos de longe, parece ser mais uma exigência estapafúrdia de governos. 


Lembrando, ainda, de quantas vezes o sumido compadre Bonzo repetiu o mantra “percamos as esperanças”; sobre o panorama do vinho e de alguns outros produtos, de como os preços têm subido em relação a tudo, parece o fim dos tempos. 

Mas será mesmo? 

Bacco e Dionísio podem até me chamar de Pangloss, mas não estou tão pessimista assim.



Em maio, quando ainda morava no Porto, consegui na ótima “Mercearia Local”, uma garrafa de “Etna Rosso” da prestigiada “Tenuta Delle Terre Nere” por 18 euros. 

 Paulo, o dono da loja, me disse que a nova safra teria um aumento e nova remessa custaria 20 euros. 

20 Euros são, ainda, um valor justo pela qualidade do vinho. 



No mesmo mês consegui o que me parecia impossível: comprei, aproveitando a sensacional promoção, de uma loja virtual francesa, Chablis 1er Cru por 16 euros e Puligny-Montrachet 1er Cru por 48 

Nos vinhos portugueses, descobri grandes garrafas que custam entre 5 e 15 euros.

Motivo?

 A grande concorrência não permite a exagerada elevação dos preços. 

Uma ou duas safras ruins impactam os preços? Claro que sim, mas dificilmente uma safra é ruim em toda Europa. 

O ano em que nasci, por exemplo, foi considerado um desastre na maioria da Europa, mas pelo menos a safra no sul do Rhône e dos Tempranillo espanhóis obtiveram ótimos resultados. 


Sobre 2022, leio, no blog francês “Les 5 du Vin”, finalmente, uma boa notícia: o enólogo Olivier Dauga, conhecido pelo trabalho desenvolvido em Bordeaux, está otimista com a safra desse ano - chegando ao ponto de dizer que ela pode “regenerar a imagem clássica da região”. 

https://les5duvin.wordpress.com/2022/08/21/olivier-dauga-optimiste-a-propos-du-millesime-2022-a-bordeaux/

B&B tem suas regiões vinícolas favoritas, mas há muitas outras que podemos escolher em caso de desabastecimento ou inflação. 

Galícia, Loire, Alsácia, Campânia, Burgenland, Bairrada... e a lista segue acrescida pelos chilenos “de combate” e uns bons brancos neozelandeses, se e quando o preço ajuda. 

No Brasil, infelizmente, a coisa não é tão simples...

O dólar baixou um pouco, mas nenhuma importadora “ousou” repassar a baixa aos consumidores.... As desculpas e lengalenga de sempre, já conhecemos 

Até a Evino, que obtém descontos por grandes volumes, jogou a toalha e resolveu virar importadora-predadora e, sem pudor algum, cobra R$ 1.239 por um Barolo “Ravera” do Elvio Cogno (59 euros na Itália) ou R$ 739 por um Condrieu do Chapoutier (cerca de 35 euros na França). 


Aí o jeito é gastar as milhas do cartão de crédito, aproveitar a viagem para a Europa, beber bem e voltar com algumas garrafas. 

Não vou dizer que o futuro será róseo (não tenho bola de cristal), mas o enófilo esperto tem para onde correr.



16 comentários:

  1. Dias atrás bebi um bom vinho português, vendido a 16-19 Euros em Portugal. Fui ver aqui… Mais de 400 reais na importadora.

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  2. Imposto de importação altíssimo e margem de lucro gananciosas tornam o vinho quase um artigo de luxo aqui em Pindorama.

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  3. Assim que a Evino comprou a Grand Cru, ela reajustou o portfolio inteiro. Não em vinhos/safras novas, mas no que já estava em estoque. Mais uma onde parei de comprar.
    Ah, e cai novamente no conto do outlet da Mistral e recebi doze meias garrafas de Chardonnay com cor de Sauternes maduro. Levou um mês, mas trocaram por algo aceitável, ao menos.
    Seguimos perdendo...

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  4. Pra quem vive viajando não é difícil beber bons vinhos. A luta é pra quem mora no Brasil. Aliás, aí de quem gosta de algo além de cachaça, cerveja barata, churrasco, feijoada e carnaval por aqui.

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  5. O fim do vinho não esta proximo, Ze esta certo. Há muitas coisas diferentes nos centros de pesquisas na europa, china e usa (e em pesquisas que podem pagar) em termos de fisiologia vegetal e genética. Se viveremos o suficiente para ver tudo isso, so no proximo capitulo.

    Os revoltadinhos com preços dos vinhos reclamam do tamanho da rola, mas não param de devora-la. Parem de pagar por preços abusivos, ostras.

    Enquanto isso tem muito produto que substitui vinho a altura e que não pesa no cartão. nem precisa ser um gênio para saber quais são.

    Tenhamos pena zero dos eno-trouxas e eno-corno mansos.

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    1. Desculpe a minha ignorância, mas quais são os produtos que substituem vinho?

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    2. Isso aí Carlinhos. É só saber escolher. Como diria o João Ratão.

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  6. Essa história de que vinho lá fora é mais barato já cansou hein..pequena parcela tem grana para uma viagem de vários mil reais para trazer meia dúzia de rótulos que secam em duas semanas. apocalypse now sem perspectiva de melhora, migrar para cerveja é a minha realidade

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    1. Cansou mesmo. TNC! Não tem dinheiro para viajar compra aqui e não enche o saco. Ou muda prá cerveja. É igual cara que viaja para o exterior e fica convertendo a moeda até para o cafezinho. Vive e para de encher o saco.

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  7. ou migrar para alguns bons chilenos, portugueses, argentinos

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    1. Então, vinho chileno e argentino com gosto de tudo-a-mesma-coisa prefiro cerveja, português das periquitas e afins idem. Quando encontro algum Dão de safra já finalizada pela importadora dando bobeira, esquecido na prateleira de algum mercado eu faturo, mas está raro disso acontecer. Ficar esperando vinho francês ou italiano na margem dos seus 20 euros vendido na origem chegar por preço justo aqui..consumo vinho desde 94 e raríssimas vezes presenciei. Longe de ser minha preferência, mas a cerveja está sendo minha amiguinha

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    2. Tem coisa diferente no Chile e Argentina. Mas tem que procurar e geralmente custa mais que um bom Dão ou Bairrada, que sempre dá para encontrar a bom preço. Bordeaux e borgonha bom no Brasil? Só para endinheirados mesmo.

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  8. A desculpa são sempre os impostos...

    Peça para um importador nacional lhe mostrar quais são os impostos atrelados ao vinho que eles vendem, você não vai entender absolutamente nada! Vão tentar te enrolar ao maximo.

    Agora pegue o Japão por exemplo, os impostos sobre bebidas alcoolicas importadas também é altissimo, de acordo com alguns japoneses, o mais alto do mundo (algo que não posso confirmar), mas lá um vinho Francês chega custando "apenas" o dobro do que custa em seu país de origem. Entre no site de algum importador predador nacional como Zahil e Mistral e vc vai ver vinhos de 30 euros custando até 6 vezes mais do que custam na origem...nunca irão me convencer que a culpa é dos impostos.

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    1. Exato,, a desculpa é sempre os impostos e o dólar. Mas o maior culpado é o brasileiro mesmo, que aceita pagar qualquer coisa pra beber o pontuado da vez.

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  9. https://www.nytimes.com/2022/09/07/world/middleeast/israel-negev-desert-wine.html Ze esta certo. Fim do mundo adiado.

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