Facebook


Pesquisar no blog

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

O MALUF DA LIGÚRIA


Esta não é uma matéria sobre um dos maiores pilantras que nossa política pariu.

É, na realidade, uma história que trata de um antigo costume italiano, hoje totalmente soterrado.


É a história de um amigo que, após longos anos e sem grandes investimentos, conseguiu "construir" uma adega de grande valor.

Para compreender melhor a matéria é necessário voltar nos anos e reencontrar velhos costumes locais.

Até o início dos anos 1970 a maioria dos pequenos viticultores, das Langhe, vendiam as uvas para os grandes produtores e engarrafadores.

Apesar de privilegiar esta opção comercial, sempre reservavam uma parte das colheitas, a vinificavam para o próprio consumo e vendiam o vinho excedente para amigos e eventuais clientes, não em garrafas etiquetadas, mas em “damigiane” (garrafões de 54 litros).


Em meados da mesma década, com o sempre ascendente preço dos vinhos, especialmente Barolo e Barbaresco, os pequenos produtores perceberam que vinificar e engarrafar era muito mais rentável do que vender à granel.

Nos anos 1980 encontrar Barolo e Barbaresco em “damigiane” era quase impossível: A era romântica, folclórica, do antigo e simplório viticultor que produzia vinho pisando as uvas havia sido definitivamente soterrada pela moderna enologia e a sempre mais necessária tecnologia.


Os preços dos vinhos voavam e arrastavam, em seu voo, o valor das vinhas.

 Os viticultores enriqueciam, o Barolo e Barbaresco à granel desapareciam, mas, sempre há um “mas”, alguns “antigos” e teimosos viticultores continuaram a praticar a quixotesca e romântica comercialização.

Um deles e o mais incrível de todos: Tommaso Canale.


Tommaso Canale já mereceu algumas matérias de B&B

Leia.
http://baccoebocca-us.blogspot.com/2018/03/a-ceia-no-nanin.html

Canale, até o final da vida, permaneceu fiel à sua maneira de comercializar os vinhos e sempre preferiu vender seu “Barolo Vigna Rionda”, aos clientes e amigos, em “damigiane” de 54 litros.

Um desses clientes e amigos foi, desde o começo e até o fim, Franco Bertolone.

Bertolone, grande conhecedor de vinhos e que todos os anos vinifica artesanalmente para seu consumo, pontualmente recebia o telefonema de Tommaso Canale alertando que uma “damigiana” de Barolo Vigna Rionda estava à sua espera.


Franco confirmava a compra e, na primeira oportunidade, ia retirar seus 54 litros de Barolo por, pasmem, 7-10 Euros o litro.

Em sua adega, Bertolone, engarrafava o Barolo de Canale, tampava, etiquetava as garrafas e muitas delas, até hoje, descansam nos subsolos de suas casas de Chiavari e Velva. 

Foi assim durante vários anos

 Bertolone, que não prima pela organização de suas adegas, não sabe ao certo quantas unidades engarrafou e nem quantas ainda sobraram.

 Ele calcula que, aproximadamente, 200 ou 210 garrafas de ”Vigna Rionda” ainda repousam nas prateleiras dos seus escuros e silenciosos subsolos.

Alguém perguntará: Onde o Maluf entra nesta história?

Na próxima matéria eu conto

Bacco.






4 comentários:

  1. Orestes fala e Maluf faz, Ermirio xinga e Maluf faz....Maluf faz faz faz a gente viver em paz, faz faz faz!

    Quando sera que eu vou poder usar o crucifixo que ganhei da minha namorada?

    A seguranca he nossa, a liberdade he sua, bandido na cadeia, gente boa he na rua...

    Maluf faz faz faz, a gente viver em paz faz faz faz.... (musica valida para quem vivia em SP em 86).

    Aposto que o Bertolone construiu muitas pontes e estradas, superfaturadas com o meu dinheiro. Ao menos as coisas do Maluf ficam de pe, ao passo que os lixos superfaturados do Fleury, do Orestes e da petralhada acabam rapidinho.

    Auguri.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bertolone, é jornalista aposentado. Por falar em pontes caindo, em Genova a Morandi despencou

      Excluir
  2. Rimango ansioso su come continua la storia...

    ResponderExcluir
  3. Sono asioso su come continua la storia...

    ResponderExcluir