Tommaso Canale morreu, em dezembro de 2010, em sua casa na
aldeia piemontesa de Serralunga d’Alba uma das capitais do Barolo.
Dizem, as más línguas, que a causa da morte foi a hipotermia.
Canale, como todo bom piemontês da antiga, não era exatamente
um gastador e os fofoqueiros contam que para aquecer sua casa usava, apenas, um
velho fogão a lenha.
Na verdade, Tommaso, morreu de infarto e sozinho em uma fria
noite invernal.
O espólio de Canale acabou favorecendo dois ramos de parentes.
Davide Rosso, primo em
segundo grau, além de herdar uma parcela da “Vigna Rionda” comprou a parte restante dos outros herdeiros.
Atualmente a vinícola “Giovanni Rosso” é a única proprietária da “Fração nº 151 B”
da mítica vinha de Serralunga d’Alba.
“Vigna Rionda” está no alto
do pódio dos grandes crus do Barolo ao lado de “Cannubi”,
“Bussia”, “Cerequio”, “Monprivato”, “Brunate” etc. e o valor de
um hectare desses vinhedos não tem preço.
Para que se tenha uma ideia, em 2018, um comprador, que exigiu
completo anonimato, adquiriu ½ hectare, no Cru “Cerequio” por, nada módicos, 2
milhões de Euros.
Tommaso Canale vendia o
Barolo de uvas provenientes de vinhas milionárias (Vigna Rionda) por 7/10 Euros
o litro......
Davide Rosso, que de bobo não tem absolutamente nada,
continuou vinificando o “Barolo Vigna Rionda”,
com tecnologia bem mais moderna, mas respeitando os mesmos métodos tradicionais
(nada de barrique) de Canale.
Com a mãe,
merecidamente e devidamente, homenageada, a vinícola Giovanni Rosso partiu para
os negócios e o “Barolo Ester Canale Rosso Vigna Rionda”,
nas prateleiras de ilustres enotecas europeias, ostenta preços que partem de 320 e alcançam
850 Euros.
Franco Bertolone, jornalista aposentado, do “Il Secolo XIX” de
Genova, nunca construiu nem superfaturou pontes, viadutos estradas etc. como fez
o Maluf pilantra, mas, esbanjando conhecimento e visão, soube comprar bons vinhos
e organizar uma adega de grande valor.
Bastaria, apenas, atualizar o valor de suas 200 garrafas de “Vigna Rionda”, para constatar que a escura adega de Franco
“esconde”, aproximadamente, 100 mil Euros.
Nada que possa ser comparado ao tesouro de quase 4 milhões de
dólares do nosso maior eno-pilantra, mas se compararmos o quanto foi investido
e o quanto Bertolone poderia, hoje, realizar é fácil perceber que Franco,
gastando muito menos, foi muito mais inteligente.
Vinho Italiano Giovanni Rosso Barolo - Safra 2008 (750ml)
País: Itália
Região: Serralunga
Variedade de uva: Nebbiolo
Mais uma coisa....
A Miolo, predadora de vinhos, importa o Barolo base da
Giovanni Rosso e o oferece, aos enófilos brasileiros, por R$ 450,56
Vinho Italiano Giovanni Rosso Barolo - Safra 2008 (750ml)
País: Itália
Região: Serralunga
Variedade de uva: Nebbiolo
R$ 450,56
Na Itália, o mesmíssimo vinho custa 30 Euros (R$ 121).
Se Franco Bertolone um dia decidir se mudar, de mala, cuia e Vigna Rionda,
para o Brasil e resolver vender suas garrafas aos enófilos brasileiros, aplicando
os quase 300% praticados pela Miolo-Predadora, iniciaria sua vida, na terra de
Maluf, com nada desprezíveis R$ 1.720.000.
Bacco.
P.S Franco Bertolone, ao ler a matéria, revelou que está disposto a
entregar suas garrafas de “Vigna Rionda por muito menos....
Baseado no seu raciocínio pertinente do preço do Romanée-Conti, vc acha que compensa pagar 10 ou 20 vezes mais por um Canale Vigna Rionda ao invés do Barolo genérico do mesmo produtor?
ResponderExcluirNão! Na próxima matéria eu trato exatamente desse assunto
ResponderExcluirEu notei que vcs praticamente não bebem vinhos mais apenas escrebem sobre! Procede?
ResponderExcluirProcede. Nós somos degustadores virtuais e bebemos somente no Google.
ResponderExcluirCaro Bacco.. Como se bebe um Barolo? Abre com antecedência, aera em um decanter? Li muita informação conflitante.. Grato
ResponderExcluirDepende. As taças modernas foram estudadas para aerar o vinho sem a necessidade do decanter. O decanter é muito útil para separar as borras do fundo das garrafas mais (quando há) , mas podem acelerar a "morte" do vinho muito velho. Os decanters , especialmente os mais modernos , são feitos para esnobar e demonstrar conhecimento. Meu conselho? Abra a garrafa de Barolo uma hora antes e estamos conversados.
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