Nasce mais um gigante no mundo do
vinho e confirma a atual tendência do lento, mas inexorável desaparecimento dos
pequenos produtores europeus.
Comprar todas as pequenas
propriedades parece ser missão quase impossível, a curto e médio prazo, mas os
contínuos “assaltos” preocupam os enófilos que, assim como eu, fogem das
grandes e caras “griffes”.
Na Itália são inúmeras as vinícolas
de peso que saíram do controle familiar para cair nas mãos de grandes grupos: Vietti, Borgogno, Biondi e Santi, Ruffino, Gancia, Isole e Olena, Vigne
di Zamò, Sella & Mosca, são apenas algumas delas (seria impossível
elencar todas) e é sempre maior o interesse de grandes grupos pelas vinhas
mais prestigiosas em todo canto do planeta.
Confirmando, a minha preocupação,
informo que, há pouco meses, a aliança entre as famílias Pinault e Henriot deu
vida a um novo e colossal grupo no segmento de vinhos de importantes e
renomadas etiquetas.
A Pinault é proprietária, desde
1993, entre outras coisinhas, do celebérrimo “Château
Latour”.
A mesma Pinault, também,
colecionas joias raras tais como “Château Grillet”,
“Domaine d’Eugénie” e o “Clos de Tart”.
Para dar uma ideia, da “força” da
Pinault, informo que a empresa adquiriu, em 2017, os 7,53 hectares do “Clos de Tart”
pela mixaria de 240 milhões de Euros
(quase R$ 1,3 bilhão)
Uma rápida conta nos confirma que
cada hectare custou a bagatela de 32 milhões de Euros
(R$ 170 milhões de Reais).
É bom lembrar que a Pinault comanda,
também, griffes famosas como Gucci, Saint-Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga,
Bucheron etc.
A família Henriot entra no grupo
com modestos 100 hectares na Champagne , onde produz o renomado “Champagne
Henriot”, com os 78 hectares, em Chablis, da “Domaine William
Fèvres”, “Bouchard Père & Fils” e
seus 130 hectares de invejáveis e renomados 1ers Cru e Grand Crus da Borgonha: Montrachet,
Chevalier-Montrachet, Meursault, Volnay, Pommard, Beaune Clos Saint-Landry,
Beaune Clos de la Mousse, Beaune Vigne de l’Enfant Jésus, Corton,
Corton-Charlemagne, Bonnes-Mares, Clos de Vougeot, Chambertin, etc.
Quando colossos ,como
os dois acima, se unem, percebo que preciso renovar meus estoques de KY.
Agora, um
pequeno raciocínio para os que gostam de matemática.
Exemplo 1: Uma
garrafa de “Clos de Tart Grand Cru Monopole”
custa, em média, 800 Euros e 1 hectare, do homônimo vinhedo, como vimos, foi
adquirido por 32 milhões de Euro.
Para “pagar”
este 1 hectare a vinícola precisaria, então, vender 40.000 garrafas.
Exemplo2: Um
hectare de vinhedos, dos mais caros, na Serra Gaúcha, custa R$ 500 mil.
Uma garrafa de “Lote 43” é
vendida, pela Miolo, por R$ 258, assim a Miolo, precisaria vender 1.938 unidades
para pagar 1 hectare do “Lote 43”
Vamos supor que
o Lote 43, pelo que representa para a família Miolo, pela luta do imigrante
Giuseppe e sua enxada, por todas as gotas de suor e lágrimas derramadas (parece samba
canção do Lupicínio…), além de outras piedosas e melosas lembranças,
valha o dobro, ou seja, R$ 1 milhão?
Menos de 4 mil
unidades, do quase vinho “Lote 43”, seriam mais que suficientes para comprar 1
hectares do homônimo vinhedo e deixar os Miolo morrendo de rir de nossa cara
enquanto esvaziam nossos bolsos.
Os idiotas franceses
precisam vender 40.000 garrafas para comprar seu hectare na Côte de Nuits.
Nos brasileiros, muito mais espertos,
entregamos apenas 4.000 para adquirir a mesma superfície no mítico, fantástico,
insuperável, divino, mágico (ufa) “Lote 43”.
Quem não
entendeu o “sutil” recado precisa parar urgentemente de beber “Lote 43”......o
quase vinho, da predadora Miolo, já afetou, irremediavelmente, seus neurônios.
Perceberam o
porquê do meu bordão …. ”A vida do enófilo brasileiro é uma merda”?
Dionísio
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