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sexta-feira, 18 de novembro de 2022

MAIS UM GIGANTE

 

Nasce mais um gigante no mundo do vinho e confirma a atual tendência do lento, mas inexorável desaparecimento dos pequenos produtores europeus.

Comprar todas as pequenas propriedades parece ser missão quase impossível, a curto e médio prazo, mas os contínuos “assaltos” preocupam os enófilos que, assim como eu, fogem das grandes e caras “griffes”.



Na Itália são inúmeras as vinícolas de peso que saíram do controle familiar para cair nas mãos de grandes grupos: Vietti, Borgogno, Biondi e Santi, Ruffino, Gancia, Isole e Olena, Vigne di Zamò, Sella & Mosca, são apenas algumas delas (seria impossível elencar todas) e é sempre maior o interesse de grandes grupos pelas vinhas mais prestigiosas em todo canto do planeta.

Confirmando, a minha preocupação, informo que, há pouco meses, a aliança entre as famílias Pinault e Henriot deu vida a um novo e colossal grupo no segmento de vinhos de importantes e renomadas etiquetas.



A Pinault é proprietária, desde 1993, entre outras coisinhas, do celebérrimo “Château Latour”.

A mesma Pinault, também, colecionas joias raras tais como “Château Grillet”, “Domaine d’Eugénie” e o “Clos de Tart”.

Para dar uma ideia, da “força” da Pinault, informo que a empresa adquiriu, em 2017, os 7,53 hectares do “Clos de Tart” pela mixaria de 240 milhões de Euros (quase R$ 1,3 bilhão)



Uma rápida conta nos confirma que cada hectare custou a bagatela de 32 milhões de Euros (R$ 170 milhões de Reais).

É bom lembrar que a Pinault comanda, também, griffes famosas como Gucci, Saint-Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga, Bucheron etc.

A família Henriot entra no grupo com modestos 100 hectares na Champagne , onde produz o renomado “Champagne Henriot”, com os 78 hectares, em Chablis, da “Domaine William Fèvres”,  “Bouchard Père & Fils” e seus 130 hectares de invejáveis e renomados 1ers Cru  e Grand Crus da Borgonha:  Montrachet, Chevalier-Montrachet, Meursault, Volnay, Pommard, Beaune Clos Saint-Landry, Beaune Clos de la Mousse, Beaune Vigne de l’Enfant Jésus, Corton, Corton-Charlemagne, Bonnes-Mares, Clos de Vougeot, Chambertin, etc.



Quando colossos ,como os dois acima, se unem, percebo que preciso renovar meus estoques de KY.

Agora, um pequeno raciocínio para os que gostam de matemática.

Exemplo 1: Uma garrafa de “Clos de Tart Grand Cru Monopole” custa, em média, 800 Euros e 1 hectare, do homônimo vinhedo, como vimos, foi adquirido por 32 milhões de Euro.

Para “pagar” este 1 hectare a vinícola precisaria, então, vender 40.000 garrafas.



Exemplo2: Um hectare de vinhedos, dos mais caros, na Serra Gaúcha, custa R$ 500 mil.

Uma garrafa de “Lote 43” é vendida, pela Miolo, por R$ 258, assim a Miolo, precisaria vender 1.938 unidades para pagar 1 hectare do “Lote 43”

Vamos supor que o Lote 43, pelo que representa para a família Miolo, pela luta do imigrante Giuseppe e sua enxada, por todas as gotas de suor e lágrimas derramadas (parece samba canção do Lupicínio…), além de outras piedosas e melosas lembranças, valha o dobro, ou seja, R$ 1 milhão?



Menos de 4 mil unidades, do quase vinho “Lote 43”, seriam mais que suficientes para comprar 1 hectares do homônimo vinhedo e deixar os Miolo morrendo de rir de nossa cara enquanto esvaziam nossos bolsos.

Os idiotas franceses precisam vender 40.000 garrafas para comprar seu hectare na Côte de Nuits.

 Nos brasileiros, muito mais espertos, entregamos apenas 4.000 para adquirir a mesma superfície no mítico, fantástico, insuperável, divino, mágico (ufa) “Lote 43”.



Quem não entendeu o “sutil” recado precisa parar urgentemente de beber “Lote 43”......o quase vinho, da predadora Miolo, já afetou, irremediavelmente, seus neurônios.



Perceberam o porquê do meu bordão …. ”A vida do enófilo brasileiro é uma merda”?

Dionísio

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