Se, comer bem em Brasília é uma utopia, encontrar um bar para
beber uma boa taça de vinho, por preços honestos, na capital do país, é “Missão Impossível”.
Cidade cervejeira, de incontáveis botecos, onde a cultura,
tradição e costume de beber vinho inexiste, Brasília é o Kalahari dos enófilos.
Algumas tentativas, de alguns loucos sonhadores, de abrir
wine bar, “champanherias” e locais para servir vinho em taça, existiram, mas
todas naufragaram antes de comemorar um ou dois aniversários.
Um dos raros endereços,
que sobreviveram e onde era possível degustar boas garrafas, sem estuprar o
cartão, era o “Bartô” da QI 11 do Lago
Sul.
Era......
O centro comercial da QI 11 não é exatamente um exemplo de
sofisticação arquitetônica e apesar de inúmeras reformas continua parecendo um
conjunto de lojas da periférica Ceilândia (Ceilândia é uma das horríveis
“cidades satélites” da capital).
Na inútil tentativa de melhorar o visual, o centro comercial
recebe nova e inútil tentativa de maquiagem.
Onde?
Exatamente na área
externa onde o “Bartô” esparramava suas
mesas e...... Lá se foi o “Bartô”
Já resignado e pensando em abrir minhas garrafas e convidar
amigos para não beber sozinho, após retirar um dinheiro, em um dos bancos 24 horas, do
“Gilberto Salomão”, casualmente esbarrei no "novo" “Vinalla”.
O “Vinalla” já mudou proprietário, nome, característica
comercial etc., sei lá quantas vezes, mas confesso que nunca o vira tão
aconchegante, bonito e refinado.
A curiosidade falou mais alto…. Entrei.
Mesas bem-postas, impecável mise em place, boa e grande
seleção de garrafas...
“ Posso beber uma taça? ”
A simpática e atenciosa moça anui, pediu para escolher uma
garrafa e disse que poderia sentar onde quisesse.
Não me fiz de regado e, após uma minuciosa busca, escolhi um vinho
espanhol: “Yllera Vendimia Nocturna 2017”.
Não poderia ter escolhido melhor.
Belo vinho que mais uma vez atesta a soberba qualidade dos
vinhos ibérico.
É sempre bom lembrar que considero, o também espanhol, “Viña Tondonia”, um dos 10 melhores brancos
que já bebi.
O Yllera é produzido com uva Verdejo e o 2017 se
apresenta bem maduro, mas que ainda pode “viver” alguns anos.
Amarelo dourado, boa estrutura, complexo e um longo final onde
prevalecem nota cítricas.
Belo vinho, que custou R$ 120, preço mais que justo pelo serviço e pelo
refinado e aconchegante bistrô.
Finalmente um bom endereço para beber vinho em Brasília.
Bacco
Contradição inexplicável: como alguém com gosto tão apurado e sofisticado, e dotado de invejável formação cultural, reside em Brasília?
ResponderExcluirNão queria confessar, mas você me obrigou. Estou pagando todos meus incontáveis pecados
ResponderExcluirBacco, muito bom o comentário do anônimo acima e também sua resposta, sempre espirituosa... mas acredito que os ares em Brasília não correm o risco de ficarem irrespiráveis, caso o governo petralha assumisse. Do jeito que andam as coisas, a cobra vai fumar...
ResponderExcluir....erva estragada?
ResponderExcluirAmo Brasília!!!
ResponderExcluirMas gosto não se discute… Lamenta.
Também gosto de Brasília cidade, mas não de sua gastronomia
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