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domingo, 11 de setembro de 2022

FREISA X NERO D'AVOLA

 


Nunca escondi que minhas preferências vinícolas recaem sobre os brancos e que considero o Champagne o melhor vinho do planeta.

Nosso clima tropical, em parte, influenciou minha “paixão” pelos brancos: Acho uma heresia beber tintos de 14º/15º, ou até mais, em temperaturas que alcançam facilmente os 30/35/40º.

Alguém poderá argumentar que beber tintos encorpados, até um Amarone, em um ambiente com ar condicionado, é viável.

Não é!



Vinhos tintos e muito alcoólicos são indicados para os outonos e invernos dos países do hemisfério norte e não para climas tropicais, como é o do Brasil.

Quem quiser continuar bebendo tintos, encorpados, pesados, impenetráveis, que mais parecem geleias, pode continuar sua aventura parkeriana, mas eu, no verão europeu, ou no Brasil tropical, bebo brancos ou, quando muito, tintos leves.




Nossos patrícios, com o quase desaparecimento da “paranoia-covid”, estão retornando à Europa.

 Alegres, coloridos, falantes e sedentos, continuam os mesmos e previsíveis na hora de escolher os vinhos que, quase sempre, são tintos, famosos, caros e muito alcoólicos.

E 2022, um verão tórrido e implacável atingiu toda a Itália e obrigou os suados e sedentos turistas a entornarem copos e mais copos de cerveja, agua mineral, vinhos brancos, espumantes......

Todos os turistas?

Nem todos….

  Nos bares que frequento, em Santa Margherita, Portofino, Rapallo, Chiavari, Camogli etc., esbarro, todos os dias, com brasileiros que, contrariando qualquer lógica e bom senso, esvaziam taças e mais taças de vinho tinto.


Discreto, silente e sem revelar minha origem candanga, observo e escuto o ritual que antecede a escolha dos vinhos.

A carta é quase sempre consultada superficialmente, sem grande interesse em conhecer novos caminhos, novas experiências e, após rápida votação, a escolha recai, 90% das vezes.....



Adivinharam?

Não?

Sassicaia, Ornellaia, Brunello, Barolo, Barbaresco, Amarone, Tignanello etc.

Um bom e barato Grignolino, Bardolino, Schiava, Rossese di Dolceacqua, Lambrusco, Piedirosso?

Nem sob tortura!

Apesar dos insuportáveis 35/38º, quase sempre nossos patrícios escolhem um Supertuscan, ou outro tinto famoso e.... $$$$

Insanidade total!

É visível o desprezo que enófilos brasileiros revelam por um tinto bom e barato: o Freisa.


Ah, a Freisa…. Que grande uva é a Freisa.

Um dos meus bares favoritos, em Santa Margherita é, desde sempre, o “SunFlower”.

O “SunFlower”, como todo bom wine bar, renova, com frequência   sua carta de vinhos.



Ilaria e Roberto, sommeliers e proprietários do local, quando recebem novas etiquetas, gentilmente, me convidam para uma degustação informal na qual trocamos opiniões e comentamos os vinhos recém-chegados.

Chablis, Lambrusco, Malvasia Friulana, Coda di Volpe, Verdicchio, Lugana, Champagne, Vermentino, Ribolla Gialla, Torgiano, Piedirosso ...... já não lembro quantos vinhos degustei no “SunFlower”.


Semana passada, o calor deu uma pequena trégua....

“Prove esta Freisa”

 Sem a “tortura” do clima infernal resolvi aceitar uma taça de Freisa que Roberto comprou e pretende adicionar à sua carta para o próximo outono.

No exato momento em que levei a taça ao nariz, como sempre faço antes de beber, dois casais entraram no “SunFlower” e imediatamente percebi a origem: Brasileira


 Jovens, bem vestidos, alegres e educados, se acomodaram e depois de rápida consulta, pediram quatro taças de? …. NERO D’AVOLA

SOCORRO!

Bacco

Continua

  

9 comentários:

  1. Hahaha. Mas pense bem, podia ser pior. Podiam ter pedido um Primitivo, naquelas garrafonas de 5 kilos.

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  2. O frenesi pelos rótulos de grife até dá para entender, é fruto da frivolidade e do conhecimento superficial da nossa elite selvagem. Mas aqui no Brasil escolhem um Cabernet Sauvignon em vez de um Branco ou Rosé de qualquer vinícola, para acompanhar a peixada sob 40 graus. Depois vem aquele suadouro e a conclusão de que era melhor cerveja ou caipirinha. Vai entender!

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  3. Bacco, desculpe a ignorância, mas ainda não conheço a Freisa. Seria ela algo próximo da Pelaverga? Eu sou fã do Pelaverga do Alessandria

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    1. Sua "ignorância" é compartilhada pela imensa maioria dos enófilos brasileiros. A Freisa é uma casta nobre "parente" da Nebbiolo e revela características extremas: ou se ama ou se odeia.... Para conhecer mais , leia : https://baccoebocca-us.blogspot.com/2014/07/a-freisa.html ++++++ https://baccoebocca-us.blogspot.com/2014/08/freisa-ii.html e aguarde a próxima matéria

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    2. Matérias lidas e várias possibilidades de compra. Encontrei Freisa Kye Vajra 2009 por US$32.

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  4. Se com um ar-condicionado ainda não pode, que tal uma degustação dentro de uma câmara frigorífica.
    Ora, faca-me um favor!

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    1. Pode degustar em qualquer lugar: praia , piscina , Sahara .... também pode vestir camiseta durante uma nevasca, casaco de lã no Amazona. Pode tudo e seja feliz

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  5. Onde posso achar um Freisa no Brasil?

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  6. Tente no Google e importadoras, mas cuidado com o preço

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