Eu já gozei
com a taça alheia muitas vezes.
As aventuras
de Bacco pelas vinícolas e restaurantes europeus são um oásis no deserto (Tim
Tones...glória Tim Tones) que insiste em produzir mais picareta que areia.
Apesar de
ter tido a chance de tomar muita coisa boa na vida, sou ciente que morando
longe da Europa não terei chance de encarar o que há de fantástico na fonte com
a frequência que mereço.
Vinho de
altíssima qualidade continua tendo como componentes obrigatórios baixa produção,
cuidados intensivos não mecanizados, armazenagem apropriada, distâncias curtas
até os consumidores e a boa companhia (quanto menos gente e palpiteiro,
melhor).
Anos de
viagens, conversas intermináveis em lojas de vinho, embromação na internet,
sommerdiers falando besteira ou tentando empurrar vinhos para ganhar incentivo
(propina), um monte de dinheiro jogado fora em degustações pavorosas em lojas
de vinhos etc., finalmente a luz que cancelou todas a frustações frustrações
que foram lavadas após degustar (fui bonzinho e compartilhei a garrafa com
outrem) um Pinot Noir do Willamette
Valley.
Talvez o
melhor vinho dessa reencarnação atual.
Willamette Valley há tempos
foi descoberto por nobres e corajosos franceses que viram muita semelhança
entre em algumas regiões do Oregon com a Borgonha (beira exagero dizer que são
muito semelhantes, mas primas bem próximas, e diga-se gostosas).
Como não
tenho como ir à Borgonha com tanta frequência (uma vez a cada 32 anos é a minha
média), procuro o Pinot perfeito perto de casa (9 horas
de estrada).
Consegui
1 garrafa na internet e planejo mais uma viagem para fazer um mini arrastão nas
micro-vinícolas da região.
80 caixas produzidas aqui, 100 ali, 250 acolá
...
Vinhos de
sonhos feitos por gente sem frescura, simples, mas espertos e inteligentes
naquilo que interessa, com grande contato e preocupação legitima com a natureza
(que coincidentemente é a origem das uvas que produzem e dos
alimentos que produzem e vendem e ou incorporam ao solo das propriedades).
Aqui mais um
ponto em comum entre Borgonha e Oregon: O viticultor do Oregon é muito ligado, aprecia e respeita muito a
natureza.
Tem muito
mais orgulho do que produz e não privilegia o quanto fatura (em média, sejamos
claros, nem todos são hippies idealistas), diferentemente dos de Bordeaux e Califórnia
que se assemelham muito, inclusive na picaretagem e sabedoria nos negócios (também
em média).
Mas a semana
seria difícil para os guerreiros como nós.
Lida rápida na lista de critérios da wine
magazine Wine Cascateitor de como classificam os melhores vinhos do mundo, o
tal artigo do vinho 1885, aquele das uvas francesas em homenagem aos italianos
(parece que vem ainda mais um artigo depois dessa) …. Total desânimo ao pensar nos
milhares de bebedores de vinho, espalhados pelo mundo, que se baseiam nessas
listas e nas opiniões de sommerdier, para comprar vinho.
Continuamos
nas “mãos” de joão de deus.
Falando
nisso, o joão de deus, também, produz vinho em Goiás?
Faltava só essa para a premiação da academia
da picaretagem nacional.
A vinícola,
que pode ter produzido (talvez) o melhor vinho tinto da minha vida até o
momento, jamais estará em nenhuma lista de melhores vinhos do mundo.
Amem.
Bonzo
Muito instrutivo meu nobre. Pagastes quanto pela garrafa comprada via internet. Se possível mande o sítio
ResponderExcluiresse doido so vende no local ou no sitio wine.com se chama antiquum farm. $69.00 mais impostos no wine.com. preco normal para grandes vinhos americanos de "nicho". uma vez ou outra na vida da para encarar.
ExcluirCom 69 dólares já se encontra no site da cellar vinhos bons da região de saint aubin.
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