Que
critérios você utiliza quando compra uma caneta, ou uma noiva russa?
E se
alguém, com muita influência nas suas escolhas, propusesse a seguinte lista de
requisitos para escolha dos melhores supositórios do ano?
1. Volume/estoque disponível nos USA
2. Qualidade baseada em pontuações
3. Valor (preço)
4. X-Factor. Algo como o ‘’uauuuu’’ que significa, nada.
Deixo
para você a análise dos critérios.
A
primeira leva de vinhateiros, das minhas já distantes lembranças juvenis, produzia
vinho e tinha orgulho ao propor suas garrafas.
Lutando
contra dificuldades climáticas, financeiras, tecnológicas ou culturais, lá
estariam, eles, nas feiras de domingo vendendo o vinho, ou indo de porta em
porta dos pequenos restaurantes para deixar algumas caixinhas por semana.
A
dedicação, a competência, a boa intenção e um pouco de sorte, resultaria em bons
resultados e assim eles conseguiram pagar os investimentos.
A segunda geração estudou, fez MBA, talvez um
curso online e retornou ás vinhas com jargões econômicos na mala, uma Mercedes
financiada (para abater dos impostos sob sugestão da filha economista ou
administradora de empresas) e várias assinaturas de revistas especializadas.
Como já
escrito por B&B e até pela nossa querida Jancis Robinson (ainda a única crítica/crítico em que
confio, mas sempre esperando o pior) trocentas vezes, os gênios de plantão
resolveram abandonar uvas nativas para produzir vinhos que agradassem aos
consumidores e às piores pragas do mundo do vinho atual: editores de revistas sobre o ‘’liquido
precioso’’ (aquele que verte...duro e mastigável por vezes).
Nas
encostas do Etna começaram a produzir Chardonnay, Cabernet Sauvignon em Portugal,
Sauvignon Blanc na Galícia, Syrah em Cocalzinho e em Pinhal (SP).
Essas
duas últimas DOC, são muito famosas pelas barbas de bode e cupins.
De onde
mais viria essa ideia asinina e herética de fazer vinhos que não tem nada a ver
com a tradição e aptidão das regiões produtoras?
Temos
várias respostas.
Uma delas se encaixa nas listas dos ‘’melhores
do ano’’ que sempre aparece nessas épocas.
A lista
dos top-top 100 vinhos (o top-top, quem paga é você) da prestigiosa Wine Cascateitor
já saiu e, esse ano, resolvi ler os critérios para a confecção da tal lista.
1.
Volume
disponível nos USA
2.
Qualidade
baseada em pontuações
3.
Valor
(preço)
4.
X-Factor.
Algo como o ‘’uauuuu’’ que significa, nada.
Como um
alivio, do tipo “sal na hemorroida”, a revista ainda diz que o top-top 100 não
são uma lista de compras, mas um ‘’guia’’ para as vinícolas recordarem, no o futuro,
e um reflexo dos vinhos que os redatores e editores se apaixonam a cada ano.
Se você
faz vinhos pensando e tentando agradar esses leitores e editores, até Mefistófeles
teria vergonha de você e Fausto rolaria no tumulo.
Se você
ainda compra vinho baseado nessas listas, após saber como são feitas, você
merece ganhar o título de eno-trouxa do ano, edição da “ sua
casa sua vida”.
Não se desespere…há
milhares de lares, no mundo, com gente como você.
A
informação ainda chegará aos consumidores como nós, gente que busca aprender e
se divertir durante a ‘’jornada’’ e pagar um valor justo por um produto ou
serviço e esperando que o dia do juízo final cuide dos picaretas e ego
maníacos.
A única
fé que tenho.
Aos
eno-trouxas, que insistirem em tais listas, restam alguns consolos (sem
trocadilho): Supositórios e noivas russas combinam bem com os
vinhos das listas top-top 100.
Segue
sugestão da minha lista de critérios para compras dos melhores vinhos do ano:
1.
Nenhuma
garrafa em nenhum supermercado, drogaria, zona, ou posto de combustível do
mundo
2.
Nenhuma
menção em nenhuma revista ou blog cujo blogueiro tenha índice massa corpórea
maior que 38.
3.
Nenhuma
participação em feira internacional ou qualquer concurso mundial de Bruxelas,
Zanzibar ou Valparaiso
4.
Indicação
de quem já esteve no local e ou conhece os produtores
5.
Nenhuma
menção gratuita da palavra biodinâmico
6. Qualquer vinho que não seja duro, forte
e mastigável
Bonzo
ótima lista de critérios para encerrar o post, Bonzo. sobre a lista da Wine Cascateitor, confesso que ri da história da loja brasileira que comprou um vinho chileno, mudou o nome para o Brasil, e agora esse vinho, com o nome original, está na lista...
ResponderExcluirhahahahahahahahahahahaahahahahahaahahahahahahahahahahaha
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