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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

OS VINHOS DO MALUF...A ENTREVISTA

 

 

Na matéria passada, falei, por cima, da grande venda de 862 garrafas da Domaine de la Romanée-Conti, inclusive 68 da joia da coroa, o Romanée-Conti, por Paulo Maluf. 

 Deixei três perguntas para os leitores debaterem, e eu mesmo ofereci algumas respostas: 

1. Quem, no Brasil de hoje, tem R$ 15 milhões para gastar em vinho? 

2. Sendo, talvez, o produtor mais falsificado do mundo, quem garante que todas essas garrafas são legítimas? 

3. Se a venda é apenas pelo lote completo, para quê comprar tantos DRCs, exceto pela ostentação? 

Em meados do ano passado, pegando um voo de Brasília para São Paulo, encontrei, na sala de embarque do aeroporto Juscelino Kubitschek, ele mesmo: Paulo Maluf. 
 

 Sozinho, próximo a uma esteira, aguardava seu assessor, que havia ido à toalete.

Para provocar risos entre os amigos, resolvi tirar uma foto com o famoso político de origem libanesa, aproveitando que ele estava sozinho. 

 Em uma época em que os políticos brasileiros não têm sido CAÇADOS para fotos (a exceção, até agora, sendo o presidente eleito), mas CASSADOS, ele estranhou meu pedido, mas, vaidoso, capitulou.  

E fiz a foto. 

Sabendo que Maluf divide duas paixões com B&B, resolvi puxar papo sobre uma delas: os vinhos 
 

"- Doutor Paulo, tenho uma curiosidade: onde o senhor compra seus vinhos?" 

Foi fazer essa pergunta e o assessor dele chegou.

Mas não arrefeci. 

"- É, sei que o senhor gosta de vinho bom, tem vários Romanée-Conti..." 

"- Rapaz, você conhece o Mercado Municipal de SP? Entrando pela porta principal, virando à esquerda, tem a loja de um espanhol. É lá que eu compro meus vinhos. Se bem que, da última vez que fui lá, não comprei nada. Senti um cheiro ruim e fiquei com a impressão de que tava tudo estragado."
 

"- Entendo. Me diga uma coisa, doutor Paulo: o Romanée-Conti vale tudo isso que cobram?"

"- Meu filho, aquilo lá é nome. Olha, você conhece o Domaine, o Domaine de la Romanée-Conti? Se você tomar qualquer vinho do Domaine, do DRC... La Tâche, Richebourg, Échezeaux... são todos iguais." 

"- Nossa, sério?" 

"- É, pode tomar um que tem o mesmo gosto dos outros, mas eu não compro vinhos pra colecionar, compro pra beber." 

Um ano e meio depois, o cara que me garantiu que não compra vinhos para colecionar, anuncia sua coleção de vinhos.

 Como nunca quis gastar R$ 15 milhões para encher a cara, tentei reaver um pouco do dinheiro dos meus impostos de uma forma mais ousada: 

"- Poxa, doutor Paulo, bem que o senhor podia me chamar para a gente tomar uma garrafa dessas!" 


"- Opa, vamos lá! Me dá o seu cartão, quando você estiver aqui com um grupo de amigos, a gente combina!" 

Promessa de político.  

Como tenho um trabalho bem insignificante, não tenho cartão de visitas, ao que ele ordenou que seu assessor me entregasse um cartão dele. Dei sequência à conversa: 

"- Obrigado, doutor Paulo..... Voltando ao vinho, o senhor prefere Borgonha ou Bordeaux?" 

Depois de uma pausa longa, daquelas de quem faz força para pensar um pouco, Maluf sentenciou: 

"- Prefiro Bordeaux. É um vinho mais delicado, mais suave. Borgonha é muito... muito... muito ácido para o meu gosto." 

O homem coleciona garrafas da DRC, junta mais de oitocentas delas, e diz que Borgonha é "muito ácido".  

Naquele momento, achei que tinha ouvido o maior absurdo da tarde. 

 Depois daquilo, nosso colecionador de vinhos foi esperar o voo dele e eu fui esperar o meu. 

Mas não me aguentei e fui falar com ele de novo, para dizer da minha felicidade de quando ele decidiu abandonar o PT, a quem tinha se unido para sobreviver politicamente, e votar pelo impeachment da comandanta. 

 E ele disse: 
 

"- Meu filho, vou te falar uma coisa: a Dilma é honesta. Uma incompetente, péssima gestora e sem qualquer traquejo político, mas ela não roubou". 

Poucos meses depois, às vésperas do Natal de 2017, Maluf seria preso, e eu nunca liguei para o assessor dele para marcar aquele Romanée-Conti que me fora prometido. 

 Com a taça vazia, deixo a vocês, leitores, que decidam qual o maior absurdo: se é colecionar vinhos da DRC sem gostar muito da Borgonha ou se é atestar que a defenestrada comandanta não roubou. 
 

E, se algum de vocês comprar a adega do Maluf, chamem o staff de B&B para cumprir a promessa que o turco me fez naquela tarde. 

Um comentário:

  1. Malufao virou piada, ladrao de galinha depois da quadrilha petista, mas o que ele roubou de nos...pqp. Antes da seita petista com o monte de seguidor mais fiel que crente, reverendo Moon, maluf era o deus de medicos e engenheiros em SP. Testemunhei varias brigas entre malufistas e pessoas normais. BTW, Quercia roubou bem mais, mas espertalhao caiu fora do radar. Tipo Marta...

    Mentiroso patologico nem nas conversas de aeroporto consegue falar uma verdade.

    PS: Ze, ele falou se coleciona vinhos raros gauchos? Acho que nao compensa, afinal so se pode comprar 6 garrafas por cpf.

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