Na matéria passada, falei, por cima,
da grande venda de 862 garrafas da Domaine de la Romanée-Conti, inclusive 68 da
joia da coroa, o Romanée-Conti, por Paulo Maluf.
Deixei três perguntas para os leitores
debaterem, e eu mesmo ofereci algumas respostas:
1. Quem, no Brasil de hoje, tem R$ 15
milhões para gastar em vinho?
2. Sendo, talvez, o produtor mais
falsificado do mundo, quem garante que todas essas garrafas são legítimas?
3. Se a venda é apenas pelo lote
completo, para quê comprar tantos DRCs, exceto pela ostentação?
Em meados do ano passado, pegando um
voo de Brasília para São Paulo, encontrei, na sala de embarque do aeroporto
Juscelino Kubitschek, ele mesmo: Paulo Maluf.
Sozinho, próximo a uma esteira, aguardava seu
assessor, que havia ido à toalete.
Para provocar risos entre os amigos,
resolvi tirar uma foto com o famoso político de origem libanesa, aproveitando
que ele estava sozinho.
Em uma época em que os políticos brasileiros
não têm sido CAÇADOS para fotos (a exceção, até agora, sendo o presidente
eleito), mas CASSADOS, ele estranhou meu pedido, mas, vaidoso, capitulou.
E fiz a foto.
Sabendo que Maluf divide duas paixões
com B&B, resolvi puxar papo sobre uma delas: os vinhos
"-
Doutor Paulo, tenho uma curiosidade: onde o senhor compra seus vinhos?"
Foi fazer essa pergunta e o assessor
dele chegou.
Mas não arrefeci.
"- É, sei que o senhor gosta de vinho bom, tem
vários Romanée-Conti..."
"-
Rapaz, você conhece o Mercado Municipal de SP? Entrando pela porta principal,
virando à esquerda, tem a loja de um espanhol. É lá que eu compro meus vinhos.
Se bem que, da última vez que fui lá, não comprei nada. Senti um cheiro ruim e
fiquei com a impressão de que tava tudo estragado."
"- Entendo. Me diga uma coisa, doutor Paulo: o
Romanée-Conti vale tudo isso que cobram?"
"-
Meu filho, aquilo lá é nome. Olha, você conhece o Domaine, o Domaine de la
Romanée-Conti? Se você tomar qualquer vinho do Domaine, do DRC... La Tâche,
Richebourg, Échezeaux... são todos iguais."
"- Nossa, sério?"
"-
É, pode tomar um que tem o mesmo gosto dos outros, mas eu não compro vinhos pra
colecionar, compro pra beber."
Um ano e meio depois, o cara que me
garantiu que não compra vinhos para colecionar, anuncia sua coleção de vinhos.
Como nunca quis gastar R$ 15 milhões para
encher a cara, tentei reaver um pouco do dinheiro dos meus impostos de uma
forma mais ousada:
"- Poxa, doutor Paulo, bem que o senhor podia
me chamar para a gente tomar uma garrafa dessas!"
"-
Opa, vamos lá! Me dá o seu cartão, quando você estiver aqui com um grupo de
amigos, a gente combina!"
Promessa de político.
Como tenho um trabalho bem
insignificante, não tenho cartão de visitas, ao que ele ordenou que seu
assessor me entregasse um cartão dele. Dei sequência à conversa:
"- Obrigado, doutor Paulo..... Voltando ao
vinho, o senhor prefere Borgonha ou Bordeaux?"
Depois de uma pausa longa, daquelas
de quem faz força para pensar um pouco, Maluf sentenciou:
"-
Prefiro Bordeaux. É um vinho mais delicado, mais suave. Borgonha é muito...
muito... muito ácido para o meu gosto."
O homem coleciona garrafas da DRC,
junta mais de oitocentas delas, e diz que Borgonha é "muito ácido".
Naquele momento, achei que tinha
ouvido o maior absurdo da tarde.
Depois daquilo, nosso colecionador de vinhos
foi esperar o voo dele e eu fui esperar o meu.
Mas não me aguentei e fui falar com
ele de novo, para dizer da minha felicidade de quando ele decidiu abandonar o
PT, a quem tinha se unido para sobreviver politicamente, e votar pelo
impeachment da comandanta.
E ele disse:
"-
Meu filho, vou te falar uma coisa: a Dilma é honesta. Uma incompetente, péssima
gestora e sem qualquer traquejo político, mas ela não roubou".
Poucos meses depois, às vésperas do
Natal de 2017, Maluf seria preso, e eu nunca liguei para o assessor dele para
marcar aquele Romanée-Conti que me fora prometido.
Com a taça vazia, deixo a vocês, leitores, que
decidam qual o maior absurdo: se é colecionar vinhos da DRC sem gostar muito da
Borgonha ou se é atestar que a defenestrada comandanta não roubou.
E, se algum de vocês comprar a adega do Maluf,
chamem o staff de B&B para cumprir a promessa que o turco me fez naquela
tarde.
Zé
Malufao virou piada, ladrao de galinha depois da quadrilha petista, mas o que ele roubou de nos...pqp. Antes da seita petista com o monte de seguidor mais fiel que crente, reverendo Moon, maluf era o deus de medicos e engenheiros em SP. Testemunhei varias brigas entre malufistas e pessoas normais. BTW, Quercia roubou bem mais, mas espertalhao caiu fora do radar. Tipo Marta...
ResponderExcluirMentiroso patologico nem nas conversas de aeroporto consegue falar uma verdade.
PS: Ze, ele falou se coleciona vinhos raros gauchos? Acho que nao compensa, afinal so se pode comprar 6 garrafas por cpf.