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domingo, 12 de janeiro de 2014

OS MODERNOS FARAÓS





 

O enófilo brasileiro, quando bem sucedido (rico), é, quase sempre, exibicionista e megalômano.

Quando sou convidado, raramente, confesso, para algum almoço ou jantar de ricaços brasilienses, percebo que os anfitriões tem especial prazer e orgulho em apresentar, não seus quadros, suas esculturas e outra obras de arte, mas suas adegas.

As ricas adegas brasilienses são de tirar o fôlego.

 Não somente pela quantidade de preciosas garrafas armazenadas, mas e especialmente, pelo tamanho “faraônico”.

Parecem tumbas repletas de garrafas, ali colocadas, para poder amenizar a longa e sedenta viagem, rumo à eternidade, dos faraós candangos.

A quantidade, de garrafas armazenadas, em muitos subsolos candangos, seria suficiente para abastecer grandes restaurantes de qualquer parte do mundo.

O mais interessante: Muitas vezes o número de garrafa é tão exorbitante que, caso os faraós e seus familiares sejam pessoas normais e não alcoólatras em estado terminal, é impossível de zerar durante uma vida (tem quem acredite em alegres bebedeiras no além…).

Brinquemos com números….

Quantas garrafas você bebe por dia?

Uma?

 Duas?

Todos os dias do ano?

Somente de sua adega?

Há festas, casamentos, divórcios, batizados, almoços e jantares com amigos, prisão de mensaleiros, etc. que devem ser festejados, mas a vida não é sempre uma festa.

Depois há, também, a idade, o fígado, a próstata, a pressão alta, o diabetes, o Parkinson, o bafômetro......Todos “amigos” daqueles que já ultrapassaram “Nel mezzo del cammin di nostra vita….”

A pergunta: Adegas de 100-300-400 metros quadrados armazenando 500-800-1000-3000, ou mais garrafas, por que e para quem?

A resposta: Para ostentar! Pura e ridícula ostentação.

O mais interessante que é que os faraós adoram mostrar garrafas caríssimas, mas detestam abri-las...

Romanée Conti, Petrus, Sassicaia, Masseto, Montrachet, Château Lafitte, La Tache, Cristal, etc. etiquetas que são mostradas como se fossem troféus (lembram daquelas cabeça empalhadas de veados, javalis, leões, tigres que enfeitavam, arghhhhhhh, as paredes das casas de caça?) Pois é, os vinhos acimas são modernos troféus que não devem nem podem ser tocados, apenas admirados.

Quando retorno, de uma dessas visita às catacumbas brasilienses e entro em minha adega, me sinto um pouco “bostinha”, mas ao abrir um Barolo Monvigliero, do Gian Alessandria, volto rapidamente ao normal.

Minhas 80/100 garrafas não mofam nas prateleiras nem são falsificadas....

Já aquelas dos faraós…sei lá!

Beber é preciso , ostentar é impreciso.

Dionísio

12 comentários:

  1. Comportamento tipico de quem tem que fazer algo com o dinheiro facil e possivelmente ilicito que tem a disposicao.

    Brasilia.... uma capital africana pura.

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  2. Bravo, mais uma vez! A mentalidade de pavão ataca muitas pessoas. Sentem que mostrar suas penas ao maior número possível de pessoas é um chamado da natureza.

    Tenho aqui 60 garrafas. Atualmente parei de comprar porque quero reduzir para 40-50, simplesmente porque não consigo beber tudo, e olha que bebo vinho quase todos os dias. Dentro desse universo consigo manter vinhos para quase todas as ocasiões e gostos.

    Fico imaginando quem tem 500, 5000 garrafas. Não há a menor possibilidade de beber essas garrafas sem acabar com sua saúde, exceto se a pessoa em questão acreditar em bebida após a morte... Mas, enfim, como o objetivo não é beber, missão cumprida!

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  3. Caríssimo concordo com você em parte.
    Eu consumo, por ano, em média 540 garrafas de vinho, destas, pelo menos, 400 minhas. Entendo que deva haver um estoque regulador que, pelas leis das Ciências Econômicas (sou economista também), é de quatro vezes o consumo médio anual. Portanto, no meu universo, 4000 garrafas é plausível. Só que não as exibo, bebo-as. Está certo, sou ponto fora da curva e concorda que 560 garrafas é bem razoável para um cidadão normal. Se eu morasse em Londres, não teria mais que 120 garrafas em casa, qualquer aperto resolveria no supermercado de bairro da esquina .
    de qualquer forma, bela matéria, vou abordar o tema, citando-o num programa da Enoteca Jovem Pan.
    Esper

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  4. Bom alerta.
    Sei que muita gente faz isso que vocês mencionam, ou seja, compram pela mentalidade de pavão. Mas nem sempre é assim. Muitas vezes é por compulsão. Eu, por exemplo, curto comprar umas garrafas e tenho um bom número delas em minha adega. Não tenho 500 :), Mas penso muito na questão de quando vou abrí-las. O fato é quero diminuir o número de garrafas, urgentemente, e vou fazê-lo. Estão convidados!
    Salu2,
    Jean

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  5. Meu caro Dionísio: Quem bebe UMA GARRAFA AO DIA (o que é consumo de gente grande!!!) e tem uma adega de 3-4 mil garrafas, deve ter pesadelos com os vinhos que estão passando ou acetificando e não dá tempo para bebe-los. Deve, no meio da noite, acordar toda a família e pedir: "Vamos beber". Ridículo e próprio de esnobador tipo Eike com sua McLaren na sala. Uma adega de no máximo 100 garrafas é mais do que suficiente. Abraço

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  6. Diga o dia a hora e as etiquetas. ..estarei la
    Dionísio

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  7. Enquanto os vinhos nao forem frutos de dinheiro de propina, ou de qualquer outra atividade ilegal, eu nao tenho nada contra. Compras por impulso movem o mundo. Se todos fossem como a maioria das pessoas que frequentam esse blog, o mundo estaria Fudid*.

    O problema, secondo me (HA!!!), comeca quando ha ostentacao pura e simples. Ha casos (me lembrei agora das adegas do Boni, do Maluf -- ah, esquece esse) em que claramente a adega pende mais para uma obra de arte. O dono tem/teve bom gosto e muito dinheiro. E mostra a adega com itens que merecem a atencao de alguem com um pouco mais que Miami na cabeca. O cara compra um vinho do porto de 100 anos para deixar para as proximas geracoes. E as vezes abre um ou outro. Sem problemas.

    Pessoalmente acho que nao tenho categoria cultural para comprar um quadro de R$ 500,000 (mesmo que tivesse dinheiro nao o faria). Fico contente visitando museus e admirando o trabalho feito.

    Carangueijo de ouro no cambio do carro vale?

    Minha adeguinha tem 24 garrafas. Algumas coisas com valor sentimental. E la nave va.

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  8. Olá crianças!Uma pergunta:No Brasil,aonde encontro vinhos para comprar,a preços decentes,com mais de dez anos de guarda?Suponhamos que eu goste de tomar vinhos mais "anejados",não seria interessante pra mim comprar mais do que bebo,para poder guardá-los e tomá-los quando me conviesse?
    Como não sou habitué da ponte aérea GRU-MXP,é isso que faço.Concordo que 5000 garrafas é ostentação,mas eu mesmo sei que alguns dos meus vinhos (se eu morrer amanhã todos eles) meus filhos irão tomar...fazer o que,c'est la vie,,,pelo menos foi divertido buscar informação e comprá-los.Tenho mais de 200 garrafas,tem coisa boa,coisa ruim,,é meu hobby!
    Abraço

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    Respostas
    1. Ola Rafael, como vai?

      Vinho de guarda longa tem um preço bem maior que esses de 10 anos que estao no mercado, mas nao duram muito mais que isso.

      Melhor mesmo viajar e trazer alguns barolos, bordeauxs, brunellos, bons prioratos, tokajs, outros vinhos doces, champagnes e por ai vai. Minha humilde opiniao.

      Abraços.

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  9. Inveja mata... kkkkk
    Você já bebeu mais alguma coisa além de Alessandria ou Tondonia?
    Vivemos num mundo de ostentação. Cada um gasta seu dinheiro com o que bem entender...
    Vamos aumentar o nível, por favor.

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