Antes de reiniciar nossa caminhada, percorrendo as estradas
dos Grands Crus, rumo a Chassagne-Montrachet, gostaria de esclarecer que, ainda,
não dei minha opinião sobre o “TERROIR”.
A interpretação do DIWINE TASTE, na matéria anterior,
praticamente esgota o assunto, mas há algo mais que gostaria de acrescentar:
Para mim, o conceito de terroir, vai um pouco além.
Continuando nosso percurso quase não se percebe a pequena placa
indicando que estamos deixando Puligny e alcançamos as terras de Chassagne.
Há apenas aquela sinalização anunciando o novo território.
Nenhuma mudança nas
características e na paisagem vinícola: As vinhas dos Grands
Crus, “Montrachet” e “Bâtard-Montrachet”, “invadem”
com 3,9 e 5,84 hectares, respectivamente, o território de Chassagne-Montrachet.
O único Grand Cru, totalmente de Chassagne, é o “Criots-Bâtard-Montrachet” que, com seus 1,57
hectares, divididos entre uma dezena de proprietários, produz, anualmente,
cerca de 8.000 garrafas de vinho (60 hectolitros).
Quando a estrada, já em Chassagne, encontra uma pequena
descida, terminam as vinhas de “Montrachet” e “Bâtard-Montrachet”
Bem no início da descida, mais duas joias raras da região.
Apenas um muro separa o “Bâtard-Montrachet” do Criots-Bâtard-Montrachet e uma minúscula estrada divide o “Montrachet”
do ótimo Premier Cru “Blanchot Dessus”.
É bom lembrar que a estradinha entre o “Blanchot Dessus” e “Montrachet” é a mesma que conduz a
outro estupendo Premier Cru: “Dents de Chien”.
Chassagne, território de grandes brancos.
Há, todavia, uma Chassagne-Montrachet que esqueceu, nos anos
80, o “terroir” e privilegiou o dinheiro, dinheiro que seduziu corações, almas
e....vinhas.
Nos anos 80 o mundo “descobriu” e se apaixonou pelos brancos
da Borgonha.
Um belo dia, como
sempre acontece, nesses casos, hordas de compradores, negociantes, turistas,
importadores etc. desembarcaram na Côte D’Or e compraram todos os brancos que
viam pela frente.
Em pouco tempo o preço, dos Chardonnay locais, foi para o
espaço.
Pommard, Volnay, Corton (alguns exemplos) foram aldeias que não substituíram
as vinhas e continuaram produzindo seus grandes tintos, mas em Chassagne, onde
não havia uma legislação específica que determinasse e limitasse as áreas de
brancos e tintos, o Chardonnay foi paulatinamente ocupando o espaço antes
reservado (há séculos) ao Pinot Noir.
A corrida para produzir brancos foi tão desenfreada que as
vinhas de Pinot Noir do território, em pouco mais de 25 anos, passaram de 80%,
nos anos 80, para os atuais 48%.
O fato preocupou alguns viticultores que tentaram frear a
transformação e sugeriram novas regras.
Foram vencidos pela maioria que soterrou a proposta.
O Pinot Noir lentamente foi
empurrado para as partes mais
baixa dos vinhedos e o Chardonnay, por sua vez, ocupou espaços, nem sempre os
melhores e adequados às suas características.
Resultado: Chassagne-Montrachet produz grandes brancos, mas
com características bastante heterogêneas.
Diversamente de Meursault e Puligny, não há um “estilo” Chassagne-Montrachet.
Sempre ótimos vinhos,
afinal aqueles 316 hectares são fantásticos, mas os “vignerons” não se
importaram nem respeitaram, como deveriam, o “TERROIR”.
Na próxima matéria: Saint Aubin, Jean Claude
Bachelet, Criots-Bâtard-Montrachet, Blanchot Dessus.
Excelente, Bacco! Aguardamos o próximo capítulo.
ResponderExcluirSalu2,
Jean