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quarta-feira, 6 de junho de 2018

PREDADORES TAMBÉM USAM KY...


Li a matéria, de Bacco, "Gattinara Nervi" e , assim como todos os que conhecem e gostam dos vinhos do "Alto Piemonte" , fiquei preocupado: Quando os "Caixas Altas" entram de sola em determinada área, especialidade, atividade etc... é sempre bom estocar boa quantidade de KY...... A enrabada é certa!
 
 
 

Poderia enumerar dezenas, centenas, de exemplos, mas já não tenho saco.

Nem sempre, todavia, o predador consegue ter sucesso e nessas raras ocasiões, é ele aquele que precisa a usar a famosa pomada.

Um caso típico ocorreu, há alguns anos, na mesma região (Alto Piemonte), mais exatamente em Lessona.

Os De Marchi , na década de 1950 , farejaram que a Toscana poderia se transformar em um novo "Eldorado" vinícola e trocaram Lessona por Barberino Val D'Elsa.
 

Na onda dos "Supertuscans", os De Marchi encheram as burras de dinheiro com seu "Isole Olena Cepparello".

O "Isole Olena Cepparello" é um Chianti que custa, nas enotecas, nada módicos 60/70 Euros.

Bem antes dos Conterno, De Marchi, ao perceber que os "Supertuscans" já haviam dado o que tinham que dar, farejaram que o Norte do Piemonte, com seus grandes vinhos, poderia "explodir".

Sem pensar muito voltaram para as antigas e semi-abandonadas terras, "Proprietà Sperino", em Lessona.

Com a fama, conseguida na Toscana, calcularam que poderiam repetir o mesmo sucesso do "Cepparello" com o Nebbiolo do Alto Piemonte.

 
Alguns erros estratégicos, canetas, provavelmente, não bem azeitadas, preço irreal.... Resultado o "Lessona Proprietà Sperino" de 60/65 Euros mofa, tranquilamente, nas prateleiras das enotecas.

O erro estratégico: A Toscana e Chianti, nomes de fama internacional, são regiões vinícolas conhecidas há séculos.

 A DOC Lessona é praticamente desconhecida na própria Itália e 80% dos italianos nem sabe do que se trata.

 A DOC Lessona é engarrafada por 4 produtores. 

A área plantada não atinge nem 15 hectares e o preço médio, de uma garrafa de Lessona, não supera os 20/30 Euros.

Nem com a ajuda de todas as canetas de vida fácil do planeta seria possível vender uma garrafa de Lessona "Propietà Sperino" por 60/70 Euros (Uma garrafa do ótimo Lessona "Colombera & Garella" custa 20/25 Euros e o não menos ótimo Lessona "Sella" custa 16/30 Euros)
 

Os De Marchi, que pretendiam encher, ainda mais, os bolsos de dinheiro, como fizeram com o "Cepparello Isole Olena", precisarão comprar um grande estoque de KY.

Angelo Gaja, o maior nome das "Langhe" , nos anos 1990, fareja, também, a Toscana e entra de sola na região central da Itália

O faz como de costume: em grande estilo, antes em Montalcino e mais tarde em Bolgheri.

Em Montalcino, Gaja, compra "La Restituta" e em Bolgheri implanta a "Ca' Marcanda".

No Piemonte, dos pequenos produtores, Gaja cantou de galo e fez imensa fortuna vendendo suas etiquetas por preços compatíveis e alcançáveis somente aos bolsos e bolsas de brasileiros envolvidos em diversas e conhecidas falcatruas.  
Barbaresco Sori Tildin 350 Euros, Chardonnay Gaja & Rey 175 Euros são apenas alguns exemplos.


       
 


Gaja, em Montalcino, é apenas mais um e em Bolgheri, nem isso.  

Na Toscana há famílias nobres que dominam o setor há séculos e os Antinori, Frescobaldi, Incisa della Rocchetta, Ricasoli etc. não temem ninguém.

Gaja ganhou e continua ganhando uma boa grana com seus "Supertuscans", mas nenhum de seus vinhos conseguiu alcançar a fama e os preços do Masseto, Solaia, Sassicaia, Ornellaia.
 

Tenho certeza que o "Gaja-Bolgheri" precisou usar KY.

O nosso Angelo Gaja já farejou novas vinhas, vinhos e grana nas encostas do Etna.

 Aguardemos.

Outro que tentou uma aventura vinícola, aproveitando seu "famoso" nome, foi Elio Altare.

Altare um dos pais do "Barolo moderno" acreditou que poderia "vencer", também, nas "Cinque Terre" e, em 2005, comprou algumas vinhas na região.

 
Doze anos depois o vinho branco do Altare é um ilustre desconhecido, inclusive na Ligúria.

Acreditar que o nome "Altare" possa justificar 35/40 Euros por uma garrafa de vinho produzido com Bosco e Albarola, duas variedades nada além de regulares, é chamar o consumidor de idiota.

Aliás, somente um idiota compraria um "Cinque Terre" por 35 Euros se pelo mesmo preço poderia beber um belíssimo Chablis "Les Vaillons" 1er Cru.

KY, também, para Elio Altare, em dose menor, mas sempre KY.
Aguardemos o que conseguirá Conterno com o Gattinara.

Dionísio

2 comentários:

  1. Excelente, Dionísio!
    O que estes caras têm que se meter fora de seus domínios? Já não ficam contentes com o que faturam vendendo seus vinhos a preço de ouro nas suas regiões? Não! Querem expandir, "explorar" novos horizontes, mostrar seu poder. Não são muito diferentes de Michel Enrolandos da vida. Que se aventurem no sul da Itália e tomem na tarraqueta, sem KY. Eu continuarei dando preferência aos "nativos".
    []s,
    Charles Toledo

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  2. Ainda mais quando , como Gaja, vinificam Merlot, Vionir, Cabernet Sauvignon etc. na Itália da mais de 500 castas autóctones

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