Há pouco mais de um mês critiquei, severamente, um vinho de
Bruno Colin: Chassagne-Montrachet 1er Cru "La Boudriotte" 2014.
Na ocasião, o excesso de madeira, manteiga, baunilha etc., me
haviam impressionado negativamente e comparei o vinho do Colin aos Chardonnay californianos.
Ontem, decidido em acabar o estoque de garrafas, do Bruno,
resolvi abrir uma de Chassagne-Montrachet
1er Cru "Les Chaumées".
Enquanto derramava, um pouco de vinho na taça, já me preparava
para ser soterrado por um tsunami de manteiga, madeira, álcool etc..
Sem nenhum entusiasmo levei "estoicamente" a taca ao
nariz.
O que se apresentou ao olfato foi uma onda de elegantes e
sofisticados aromas florais, cítricos e uma leve e contida nota amanteigada.
Por um segundo pensei ter aberto a garrafa errada, mas ao
verificar a etiqueta constatei que aquela era, sim, uma garrafa de Chassagne-Montrachet
1er Cru "Les Chaumées" de Bruno Colin.
Pude perceber claramente o aroma de "biancospino"
(espinheiro branco) que agora, na primavera européia, invade minhas narinas.
Os outros aromas, tantos e tão elegantes, mudavam a cada
instantes, se confundiam e seria impossível, pelo menos para meu olfato, conseguir
reconhecê-los em sua totalidade.
Para decifrar todos os "odores
e olores" seria necessário um nariz privilegiado, olímpico, como o
de nosso escalador de cruzes medievais: Beato Salu.
Beato, "o escalador",
é o único ser humano com capacidade e coragem para encontrar até "aromas de ouriço do mar" em uma taça de
vinho.
Na boca a surpresa foi maior.
A opulência, típica dos Chassagne-Montrachet, a "californização",
o excesso de manteiga, madeira, baunilha etc., presentes no "La
Boudriotte" do Colin, que eu criticara e detestara, sumiram e
apareceu a rara fineza, elegância, equilíbrio e muita classe.
Não tenho receio em classificar o Chassagne-Montrachet 1 er Cru "Les
Chaumées" de Bruno Colin como um dos melhores brancos provados
em 2018.
Uma nota negativa: 56 Euros são
muitos.
Uma garrafa, como esta, no Brasil, dos enófilos estuprados,
custaria hiperbólicos R$ 1.000/1.200.
Bacco
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