Mais uma matéria, escrita,
por Bacco, há mais de 10 anos, que merece ser reeditada ainda mais agora que
nossos sommeliers retornaram do Canadá com zero medalha e tentarão melhor sorte
(hahahahaha) no campeonato mundial.
É bem provável que o
Picolit não faça parte dos itens de um concurso que só interessa a quem dele
participa.
O campeonato "dos pavões das taças de
cristal" (Riedel?) se interessa mais pelas regiões vinícolas da Bélgica (hahahaha) e uvas autóctones da Etiópia (hahahahahahahahahaha), mas sempre e melhor
prevenir que se ferrar.
Nenhuma importadora
patrocinará, uma viagem ao Friuli para que nossos sommeliers possam conhecer o
Picolit.
B&B,
sempre presente e interessado em aumentar o consumo de vinho de ridículos 1,7 litros-ano
para 1,74 litros-ano, traz, gratuitamente, o Picolit ao Brasil
Bom proveito
Dionísio
Nos, agora quase esquecidos, anos 1970, eu considerava o Picolit um dos grandes vinhos italianos.
Não um entre os 50 – 60 -100, mas um entre os 10 melhores e, felizmente,
bebi naquela década algumas garrafas extraordinárias.
Com o passar dos anos, não sei qual a razão, a qualidade do Picolit foi diminuindo vertiginosamente e
atualmente não é nem a sombra daquele vinho que permanece armazenado na parte
mais recôndita e exclusiva da minha memória vinícola.
O Picolit dos tempos modernos deixa saudade do
Picolit d’antan.
Não quero ser leviano, mas tenho a impressão que o Picolit de hoje é um vinho produzido com
cachos não tão “Picolit”.
Há um, ou vários, estranho no ninho...
O estranho, entre outros, tem um nome: Ramandolo.
O Ramandolo não é certamente uma casta qualquer,
mas não pode ser comparado, em qualidade e nobreza, ao Picolit.
Infelizmente o Picolit é uma uva atacada por um aborto floreal que limita cachos em apenas 10
ou 15 bagos.
Esta “pão-duragem” resulta em uma produção que não ultrapassa os 500
hectolitros de vinho obtidos em, aproximadamente, 70 hectares de vinhas
espalhadas por um pequeno território quase na divida da Itália e Eslovênia.
É fácil perceber, então, que o Picolit é raro, caro e, por esta razão, nem sempre 100% honesto...
O disciplinar DOCG determina que 85% das uvas, com as quais é produzido,
sejam de Picolit e, os 15% restantes, uvas brancas
locais com a exclusão do Traminer Aromatico.
Apenas um pequeno cru, denominado “Cialla”, localizado no município de Prepotto, é autorizado pode vinificar o Picolit com 100% de uvas homônimas.
Sou da opinião que não se deve falar de vinho sem conhecer sua história,
o povo que o produz, a geografia da região, a cultura local, como é vinificado
etc.
Em meados de outubro iniciarei uma viajem para redescobrir o Picolit e, como sempre, estou certo que
encontrarei ,assim como ocorreu com o Verdicchio,quem produz com seriedade e paixão o grande vinho friulano.
Em Cividale del Friuli montarei
minha base logística dando maior importância ao território que circunda esta
belíssima cidade medieval.
Aguardem
Bacco
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