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sexta-feira, 15 de junho de 2018

PICOLIT 2º


 
 
 

 
 
Bacco dando uma verdadeira aula de Picolit e ainda há alguns críticos que afirmam não ser necessário conhecer o território para poder falar de vinho.

 






Na manhã seguinte, após um belo descanso no “La Sorgente”, agro-turismo bem na entrada do "Valle Cialla", saí à procura do Picolit dos tempos perdidos.

Não precisei me deslocar muito: já sabia, perfeitamente, onde procurar.

Subindo as colinas do vale Cialla, alguns quilômetros e muitas curvas depois, encontrei a vinícola "Ronchi di Cialla".

A Ronchi di Cialla era a minha meta da DOCG Picolit Cialla. (“ronchi” é a versão italianizada de “roncs” que em dialeto Friulano significa: colinas)

 
Os cônjuges, Paolo e Dina Rapuzzi, me receberam, em sua bela propriedade, com rara gentileza e simpatia e ministraram uma verdadeira aula de Picolit e de outros vinhos do Friuli.

Havia reencontrar o verdadeiro Picolit.

No vídeo anexo mesmo aqueles que não entendem o italiano não terão grandes dificuldades em perceber o que aconteceu com o Picolit.

 Na entrevista, Paolo explica com clareza e objetividade quais foram os erros que quase acabaram com o Picolit e como este grande vinho foi salvo.

Quem não possui grandes conhecimentos da língua poderá acompanhar, mais facilmente, lendo meus comentários.
https://www.youtube.com/watch?v=JxBKqeMldWM

Iniciei perguntando sobre o Tocai e Paulo me surpreendeu ao me declarar que o Tocai é uma sub-variedade do Sauvignon é foi implantado no Friuli após a primeira guerra mundial.

Quando o provoquei, perguntando o que havia acontecido com o Picolit, Paolo deu uma risadinha e me mostrou o caminho das pedras.

 
Comentou que, a verdadeira uva Picolit, sofre um aborto floreal e acabava produzindo cachos com pouquíssimos bagos.

Este “defeito” é, na realidade, a razão da grande qualidade deste vinho maravilhoso e raro.

Em seguida o viticultor me mostrou dois cachos de uva Picolit que ilustram perfeitamente o porquê do vinho ser tão raro e... tão caro.

Como sempre ocorre, a ganância, o ganho fácil, a falta de seriedade e o pouco caso com a tradição, falaram mais alto.

 Nas décadas de 50/60 foi selecionado e plantado um clone chamado “Picolit R3” que não sofria o aborto floreal.

A produção aumentou, mas a qualidade foi para o espaço.

Paolo, apesar de odiar o “Picolit R3”, não encontrando mais mudas da casta original, o plantou, assim como fizeram todos os outros viticultores e vagarosamente, mas de modo inexorável, o verdadeiro Picolit foi desaparecendo.

Nos anos 80 Paolo recebeu um telefonema, do centro de experimentação agrária da região, informando que haviam encontrado quase uma centena de velhas videiras Picolit na propriedade de um viticultor mais que octogenário.

Os técnicos estavam preocupados com o estado físico do viticultor e temiam que , quando não mais pudesse cuidar delas , a vinha poderia desaparecer.

Paolo tinha acabado de comprar um hectare com vinhas de Tocai, mas não estava interessado em produzir aquele vinho.

O Tocai não estava nos planos  do viticultor e queria extirpá-lo para plantar, em seu lugar, Ribolla Gialla.

Quando surgiu a oportunidade, dos enxertos “Picolit", Paolo não pensou duas vezes e  , naquele hectare de Tocai, começou a produção de seu “Picolit Cialla”.
 

Nos primeiros seis anos o fracasso foi total.

Os cachos doavam dois ou três bagos, no máximo, e acabavam sendo misturados com as uvas provenientes da variedade Picolit R3.

No décimo ano as vinhas começaram a dar um pouco mais de si.

Neste ponto, Paolo, separa os dois cachos e os mostra.

Continua dizendo que para fazer uma garrafa, de 500 ml de Picolit Ronchi di Cialla, são necessárias uvas colhidas em seis videiras.

Com o sucesso do seu vinho, apesar da baixa produtividade, Paolo erradicou todas as vinhas de Picolit R3 e hoje, em sua propriedade , há 3,5 hectares de Picolit que proporcionam, pasmem, uma produção de 2.000 garrafas de 500 ml. (na verdade são produzidas 2.800 de meio litro)

A vinificação é igual àquela relatada pelo conde Asquini que, no século XVII, produzia o Picolit com 50% de uvas frescas e 50% de uvas-passa.

Neste ponto a esposa, Dina, abre uma garrafa de um belíssimo Schioppettino di Cialla.
 

Salute e..... como faço para voltar a Cividale del Friuli?

Bacco

 

10 comentários:

  1. Tempos atrás comprei na Cellar por cerca de 200 reales o do Jermann. Muito bom! Mas não tem mais. Agora só vi um na Vinci (Conte D'Attimis - Maniago) por 447 (102 Euros). Só que este custa 28 Euros na Europa.

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  2. Tenho dúvidas que sejam produzidos com o verdadeiro Picolit e gastar R$447 nem pensar

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    1. Mas nem o Jermann? Gosto muito dos vinhos dele.

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  3. Jermann faz vinhos medianos e nada além disso. Não são vinhos ruins mas .... O Picolit dele não é comparável ao Ronchi di Cialla

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    1. Grazie centi. Mais um titanic que nao embarco entao, gracas a vossa insolencia. Auguri.

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    2. B&B, a ONG dos enófilos sem rumo

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  4. Não falta mais nada:

    http://www.balaiodovictor.com/2018/06/champanhe-para-se-beber-no-espaco-ele.html

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