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segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

SONOMA OU SODOMA?

 


A pandemia, além de nos condenar a termos um comportamento de quase ermitões, nos obriga a passar sempre mais tempo assistindo televisão ou navegando na internet.


Na tela: Covid, vacinas contra o covid, virologistas e infectologistas comentando a covid, cuidados para evitar contagio da covid, remédio contra a covid, governantes brigando pelo “Oscar” do combate à covid, UTI para os doentes de covid, boletins de mortos por causa da covid, estatísticas da covid, nova cepa da covid ....... Paranoia total que parece não ter fim.

Quando troco de canal, tentando fugir da “covid”, dou de cara com trocentos programas de cozinha.


 É um exército de “chefs” de meia panela , avalanches de pratos para todos os gostos e desgostos, conselhos, cursos, dicas, concursos e, naturalmente, propagandas de produtos.

 Por falar em produtos..... Lembram do Atala recomendando caldo Knorr?


Pois é, nosso tatuado chef está de volta atacando nossos paladares, agora, com baunilha do cerrado.

Ao tentar fugir da TV-Covid tento encontrar refúgio nas redes sociais (Facebook) ...... mais desgosto: Anúncios de importadores   e produtores de vinhos nacionais

Um festival de predadores!



Miolo, Valduga, Guaspari, Geisse, Carraro, Mistral, Grand Cru, Inovini, Vinci ... uma verdadeira convenção de predadores.

Semana passada um anúncio, desta feita da “Sonoma”, despertou minha atenção:

 


 Baricci Brunello di Montalcino Cru "Colombaio Montosoli" 2015 - Pré Venda

Entre os mais cobiçados Brunello da safra 2015, esta estrela de 96 Pontos nasceu na melhor parte de Montosoli, o vinhedo Cru mais valioso de Montalcino.

UNIDADE

37% OFFR$ 1.260,00Por:R$ 799,90ou 3x de R$ 266,63

 

 Antes de continuar devo precisar que sou freguês de carteirinha de Baricci, Franco Pacenti, Pietroso e Capanna e que em todas as minhas viagens, a Montalcino, jamais voltei sem comprar algumas garrafas dos produtores mencionados.



 Meu fornecedor mais antigo (15 anos) é o Baricci e já nem lembro quantas garrafas sequei de seu ótimo Brunello.

 Lembro muito bem, todavia, de seus preços: As últimas garrafas foram compradas, há dois anos, por exatos 25 Euros.

 Não sei se Pietro e seus filhos aumentaram as tarifas nos últimos anos, mas acredito, que para não perder clientes, seu Brunello deve custar no máximo 28 Euros.

 Estou informando os preços para quem, como eu, compra 6 ou 12 garrafas, logicamente, para revendedores, distribuidores, exportadores etc. os preços são sensivelmente inferiores.

 Voltemos à Sonoma.....

 A nova e feroz predadora anuncia, pasmem, o Brunello Baricci por módicos R$ 1.260.00 (210 Euros), mas talvez por ter percebido que a voracidade foi desmesurada, concedeu um desconto de 37%, assim, o vinho de Montalcino pode ser comprado por quase uma pechincha: R$ 799,90 (130 Euros)

 O Baricci custa, no varejo italiano, 38/40 Euros.

 O varejo costuma aplicar uma margem de 80% - 100% sobre o preço de custo o que me faz deduzir, com segurança, que o Brunello Baricci é vendido, na vinícola, por 18/20 Euros.

 

 Façam as contas e vejam quanto é abnegada nossa querida Sonoma.

Mais um dado: A renda per capita/ano, na Itália, é de 22.000 Euros o que significa que o italiano coloca no bolso pouco mais de 1.800 Euros por mês, assim sendo, ele pode comprar, cada 30 dias, 45 garrafas de Brunello Baricci.

 Seguindo o mesmo raciocínio verificamos que a renda no Brasil é de 12.000 euros/ano.

 O enófilo brasileiro, aproveitando o fabuloso desconto da Sonoma, poderá beber 7,6 garrafas, por mês, de Brunello Baricci. 

 Resultado da política de preços dos importadores e produtores (lembram da Milantino?): consumo de vinho na Itália = 43 litros/ano

Consumo de vinho no Brasil = 2/litros anos.

 


Graças à política de preços da Sonoma e dos outros eno-predadores, o Brasil combate o alcoolismo.

 Dionísio  

11 comentários:

  1. Com este texto vc atacou o ponto certo do problema do consumo de vinho no Brasil. É por isso que posto muito raramente sobre vinhos. Só quando encontro B&B,bom e barato, o que é raro.

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  2. É preciso denunciar os abusos , sempre e , se possível, boicotar. Há anos não compro vinhos nacionais e de importadoras predadoras.

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  3. E o roubo é tão descarado que alguns "ícones" do Cone Sul, estão mais caros que muitos franceses e italianos (mesmo com a cotação assombrosa do Euro).
    Com os R$ 2 mil que o cidadão desembolsaria para comprar o aclamado Almaviva, quantos vinhos bordaleses ele poderia comprar? Até uns Grand Cru Classé. E se partir para os Cru Bourgeois, com paciência, acharia uma dezenas de coisas, mesmo no Brasil superfaturado (isso só para citar os Assemblages bordaleses, os mesmos da"família" do Almaviva).
    Mas você pode se tornar sócio da Wine e pagar módicos R$ 670 pelo "Deuxième Vin" do Almaviva, o EPU (a menos de dois anos custava menos de R$ 250).Já não valeria os 250 paus.

    Aproveitando, começou a queima de estoque anual da Mistral, corre lá!!!

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  4. Ótimo artigo! Realmente revoltante! O que já era caro, ficou ainda mais com a desculpa do aumento do dólar, da covid etc. Eu fico de espreita esperando uma ofertinha aqui ou alí, de importadoras não predadoras. Essas grandes, não dá mais. As queimas de estoque são ridículas. 2/3 do dobro. Nem é mais a metade do dobro. E quando passa a tal "queima", os preços voltam lá em cima. E o James 100 pontos para tudo Suckling, fica inflando os preços por aí. Acho que se acha o substituto do Parker. O que deu de 100 pontos para vinhos argentinos e chilenos, não é brincadeira. Bem, eu fico com meus portugueses e espanhóis de bom custo benefício, Languedoc, Loire, Africa do Sul (se quiser algo que lembra Bordeaux) etc. Quem não tem cão...
    Salu2

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    1. Falamos ainda de descontos falsos, ninguem evoluiu mesmo desde que nosso Napolleao abriu o mercado para importados em 1991.

      Em relacao ao cambio, se o cambio sobe e desce, os precos deveriam acompanhar, mas quando os precos em R$ sobem, nunca mais descem.

      Vinho que pica na lingua...

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  5. James Sukling da aulas agora na internet. A cada 5 minutos tem propaganda dele. E olha que a coisa esta bem feita, bem produzida, tem ate musica para melhorar o astral.

    E voce pensava que nada que estivesse ruim nao poderia piorar ainda mais.

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  6. Dionísio,

    saindo do tema desse texto: você gosta dos vinhos feitos com a uva Nascetta?

    https://www.winepoint.it/prodotti/live-nascetta-monferrato-bianco-vignaquaranti.php

    nunca tinha ouvido falar dela, mas fuçando a newsletter de uma loja italiana, encontrei essa garrafa e queria saber mais a respeito.

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    Respostas
    1. Compra um timorasso para mim. Nao consigo achar dita uva por aqui. Prometo que te pago antes do Trump pagar o Rudy.

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    2. Eu também quero 3 garrafas do Timorasso e uma do Nascetta. Tem um do Elvio Cogno que é legal. Embrulha bem para não quebrar na viagem, tá? Se for pagar com cartão e dividir, fala que eu deposito todo mês um dia antes de cair a fatura. Se não for pedir muito, quando você chegar, coloca na transportadora. Mas cuidado, por que tem umas picaretas. Vê um frete baratinho também, tá?
      Valeu, Eduardo!

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  7. Eduardo , pelo jeito você já pode abrir uma importadora e estuprar os enofilos tupiniquins. Boa sorte. Respondendo: A Nascetta é uma casta que foi "redescoberta" por Elio Cogno que está tentando conseguir o mesmo sucesso que os Ceretto alcançaram com o Arneis "Blangè".A Nascetta era um uva de mesa e não creio fará sucesso. Eu acho o Nascetta um vinho de merda.

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