Facebook


Pesquisar no blog

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

O PIOR E O MELHOR

 


Gattinara é a única cidade, da província de Vercelli, que produz um vinho DOCG.


O território de Vercelli em quase sua totalidade é coberto por um imenso arrozal (Arborio é uma cidade da província que empresta o nome ao famoso arroz da região) onde é possível encontrar, apenas, algumas poucas denominações vinícolas interessantes


 Erbaluce de Caluso, Bramaterra e o ótimo Gattinara são três vinhos que merecem ser mencionados.



Gattinara, aldeia com pouco mais de 8.000 habitantes, 100 hectares de vinhas e 10 produtores que vinificam um dos melhores vinhos tintos que conheço.

O maior é Travaglini, o melhor (para mim), Mauro Franchino, o   pior Paride Iaretti.

Já bebi, nos bares de Gattinara (há inúmeros), muita taça de Gattinara do Iaretti e devo confessar que se nunca me entusiasmaram, também jamais decepcionaram, mas...........

 Paride Iaretti tem, como “joia da coroa”, a etiqueta “Pietro”.

Pode até ser sua “joia”, mas a garrafa que abri, para acompanhar o “Ossobuco al Civet”, me deu calafrios, os mesmos tremores que me assaltam quando alguém abre e me oferece um tinto nacional....

Excessivamente tânico, álcool que feriu as narinas, sem equilíbrio, zero harmonia, anguloso......  um vinho totalmente dispensável.

Para dar uma ideia da decepção, que tomou conta dos comensais, não conseguimos beber nem meia garrafa.


Um horror!

Para “salvar” o ossobuco, fui até a adega e voltei com uma garrafa de “Gamba di Pernice 2007 Tenuta dei Fiori” de Valter Bosticardo.

Valter foi um dos “salvadores” da extraordinária casta “Gamba di Pernice”.

A pequena denominação, que desde 2011 conseguiu a DOC e hoje se chama “Calosso” (eu prefiro chamá-la, ainda, Gamba di Pernice), conta hoje com 8 produtores que vinificam, no total, pouco mais de 30.000 garrafas.

Bosticardo, em sua propriedade de 5 hectares, produz, também, Moscato, Barbera, Pinot Noir, Chardonnay e Sauvignon, mas é no Gamba di Pernice e “Pensiero”, um Moscato “Metodo Classico”, que Valter atinge a perfeição.

Bosticardo, que é quase obsessivo na busca da qualidade, não vende, nem sob tortura, seu Gamba di Pernice antes dos 4 anos: As garrafas devem permanecer maturando e afinando em sua adega antes de serem comercializadas.

Resultado: Um vinho extraordinário, de bela estrutura, envolventes perfumes de especiarias e rara aptidão ao envelhecimento

Já bebi muitas garrafas do “Gamba di Pernice “ do Bosticardo, com 10-15 anos, perfeitas e inclusive a de 2009 que servi no almoço.

Apesar de não ser o mais indicado para acompanhar o “Ossobuco al Civet”, o “Gamba di Pernice 2009” de Valter Bosticardo nos fez esquecer rapidamente o “Gattinara Pietro” de Iaretti.

O “Calosso” é mais um grande vinho piemontês totalmente esquecido, ainda bem, pelos nossos importadores-predadores.


Aproveito a oportunidade para anunciar que neste final de semana, apesar do clima não ajudar (28º/30º), atendendo aos pedidos de vários leitores, cozinharei novamente o “Ossobuco al Civet” e publicarei, na íntegra, a receita.

Com o tsunami de “chefes-blefes” que “revelam” receitas até de batatas fritas, acredito que o ossobuco, que minha avó cozinhava em seu restaurante, já nos anos 1940, possa realmente surpreender.

Um aviso: Apesar de fotografar e detalhar, minuciosamente, o “Ossobuco al Civet” a receita não é fácil, nem rápida e muito menos, banal.

Requer um bocado de paciência, uma razoável intimidade com as panela e bom conhecimento dos ingredientes e speciarias.

Continua

Bacco

 

4 comentários:

  1. Aguardando ansiosamente a receita da nonna "Ossobuco al Civet".

    ResponderExcluir
  2. E o Antoniolo, da "estrupadora" Mistral, o que você acha?

    ResponderExcluir
  3. O Antoniolo é um produtor válido. Nunca bebi maus vinhos. Custa de 27 Euro o base até 60 o Osso San Grato o top

    ResponderExcluir