Gattinara é a única cidade, da província de Vercelli, que
produz um vinho DOCG.
O território de Vercelli em quase sua totalidade é coberto por
um imenso arrozal (Arborio é uma cidade da província que empresta o nome ao
famoso arroz da região) onde é possível encontrar, apenas, algumas poucas
denominações vinícolas interessantes
Erbaluce de Caluso,
Bramaterra e o ótimo Gattinara são três vinhos que merecem ser mencionados.
Gattinara, aldeia com pouco mais de 8.000 habitantes, 100
hectares de vinhas e 10 produtores que vinificam um dos melhores vinhos tintos
que conheço.
Já bebi, nos bares de Gattinara (há inúmeros), muita taça de
Gattinara do Iaretti e devo confessar que se nunca me entusiasmaram, também
jamais decepcionaram, mas...........
Paride Iaretti tem,
como “joia da coroa”, a etiqueta “Pietro”.
Pode até ser sua “joia”, mas a garrafa que abri, para
acompanhar o “Ossobuco al Civet”, me deu calafrios,
os mesmos tremores que me assaltam quando alguém abre e me oferece um tinto
nacional....
Excessivamente tânico, álcool que feriu as narinas, sem
equilíbrio, zero harmonia, anguloso......
um vinho totalmente dispensável.
Para dar uma ideia da decepção, que tomou conta dos comensais,
não conseguimos beber nem meia garrafa.
Um horror!
Para “salvar” o ossobuco, fui até a adega e voltei com uma
garrafa de “Gamba di Pernice 2007 Tenuta dei Fiori” de
Valter Bosticardo.
Valter foi um dos “salvadores” da extraordinária casta “Gamba di Pernice”.
A pequena denominação, que desde 2011 conseguiu a DOC e hoje
se chama “Calosso”
(eu prefiro chamá-la, ainda, Gamba di Pernice), conta hoje com 8 produtores que
vinificam, no total, pouco mais de 30.000 garrafas.
Bosticardo, em sua propriedade de 5 hectares, produz, também,
Moscato, Barbera, Pinot Noir, Chardonnay e Sauvignon, mas é no Gamba di Pernice e “Pensiero”, um Moscato “Metodo Classico”, que Valter atinge a
perfeição.
Bosticardo, que é quase obsessivo na busca da qualidade, não vende,
nem sob tortura, seu Gamba di Pernice antes dos 4 anos: As garrafas devem
permanecer maturando e afinando em sua adega antes de serem comercializadas.
Resultado: Um vinho extraordinário, de bela estrutura, envolventes
perfumes de especiarias e rara aptidão ao envelhecimento
Apesar de não ser o mais indicado para acompanhar o “Ossobuco al Civet”, o “Gamba di Pernice 2009” de Valter Bosticardo nos fez
esquecer rapidamente o “Gattinara Pietro” de Iaretti.
O “Calosso” é mais um grande vinho piemontês totalmente
esquecido, ainda bem, pelos nossos importadores-predadores.
Aproveito a oportunidade para anunciar que neste final de
semana, apesar do clima não ajudar (28º/30º), atendendo
aos pedidos de vários leitores, cozinharei novamente o “Ossobuco al Civet” e
publicarei, na íntegra, a receita.
Com o tsunami de “chefes-blefes” que “revelam” receitas até de
batatas fritas, acredito que o ossobuco, que minha avó cozinhava em seu
restaurante, já nos anos 1940, possa realmente surpreender.
Requer um bocado de paciência, uma razoável intimidade com as
panela e bom conhecimento dos ingredientes e speciarias.
Continua
Bacco
Aguardando ansiosamente a receita da nonna "Ossobuco al Civet".
ResponderExcluirE o Antoniolo, da "estrupadora" Mistral, o que você acha?
ResponderExcluirO Antoniolo é um produtor válido. Nunca bebi maus vinhos. Custa de 27 Euro o base até 60 o Osso San Grato o top
ResponderExcluirSalve!
ResponderExcluirNo aguardo Bacco!