Nas noites frias do inverno, Santa Margherita Ligure, tem a
mesma alegria e movimentação de um cemitério em dia chuvoso.
Quase todos os hotéis, bares, restaurantes e lojas, fecham as
portas em final de janeiro e somente as reabrem em março.
Beber uma boa taça não é tarefa fácil….
Menos mal que, nos finais de semana, a “Vineria
Macchiavello” sai do recesso para a alegria dos sedentos
clientes.
Enrico e Raffaella, proprietários da enoteca, às sextas feira invernais,
organizam jantares sempre regados com vinhos de uma região italiana e pelo
preço fixo de 40 Euros.
Semana passada, para acompanhar embutidos, queijos, lasanha,
carne assada e sobremesa, a região escolhida foi a Toscana.
Os vinhos propostos: Morellino di
Scansano 2016 “Morisfarms”, Chianti Classico
“Pèppoli” 2016 Antinori e, finalmente, o vinho que me convenceu a
participar do jantar, Brunello di Montalcino 2013 “Pieve
Santa Restituta” Gaja.
A apresentação dos vinhos, suas características e um pouco de história
de cada denominação, foi realizada por Enrico Valle proprietário e sommelier da
casa.
Pratos calóricos, mas perfeitos para a noite fria, plateia
selecionada, bela dissertação de Enrico e.…. finalmente os vinhos.
Minhas impressões.
O Morellino di Scansano 2016,
da vinícola MorisFarms, apresentou bela cor, perfumes intensos e frutados e na
boca agrada sem entusiasmar.
Como grande parte dos vinhos da Maremma, o Morellino da
MorisFarms, além do Sangiovese, é vinificado acompanhado por castas francesas,
neste caso, Merlot e Syrah.
Não desagrada, mas não é um vinho que pediria espontaneamente:
Há vinhos mais autênticos e melhores na mesma faixa de preço.
O Chianti Classico “Pèppoli”, apesar
da adição, outra vez, do Merlot e Syrah, me agradou.
Brilhante, fresco, taninos presentes, mas macios, fácil de beber,
acompanhou soberbamente uma ótima lasanha.
Bom vinho.
Aguardei com ansiedade, que Enrico terminasse a apresentação
do Brunello, para finalmente provar o famoso “Pieve
Santa Restituta” do Gaja.
Talvez tenha sido a grande expectativa, o desejo quase infantil,
ou, quem sabe, exagerar na importância do nome “Gaja”, mas devo confessar que
aquele Brunello, já no primeiro gole, me decepcionou.
Tentei corrigir meu juízo e bebi mais um pouco de “Pieve Santa
Restituta”.
Piorou.....
Um vinho de estilo claramente “internacional”, com excesso de
madeira, álcool muito presente e difícil de beber.
Fiquei pensando qual a razão do Gaja em insistir em um estilo
de vinificação que já não empolga, não agrada nem seduz.
Resposta: Exportação para os que não entendem de Brunello.
Sem medo de errar afirmo que o “Pieve Santa Restituta”, foi um
dos piores Brunello que já bebi e declaro que não foram poucos....
Acreditem....voltei rapidamente para o melhor vinho da noite: Chianti Classico “Pèppoli”
Bacco
Muita satisfação em ver que trouxe uma garrafa desse Chianti Classico “Pèppoli” na bagagem.
ResponderExcluirMas não foi a toa, experimentei uma taça desse vinho em um restaurante de Florença e vi a potencialidade dele.
Será que estou errado por nunca mais ter tomado vinhos do Antinori, em função da vinícola estar entre as envolvidas na fraude de 2003? Mas se o BACCO, que como eu, é um antipetista indignado com tantos anos de corrução não leva isso em consideração, devo ser eu o enotonto por estar abrindo mão de bons vinhos!
ResponderExcluirA Antinori não é um exemplo de lisura nem de qualidade e eu não sou um fã de seus vinhos, mas naquela noite de horror vinícola, o Peppoli foi o melhor. Antinori produz centenas de etiquetas ealgumas são bebiveis. Você não é um enotonto
ResponderExcluirComo parte da minha expiacao dos pecados, eu ja tomei o peppoli em alguns paises. Sempre me decepcionou pela expectativa, mas é potavel. Mas no caso do Bananal, o peppoli atinge precos ridiculos que honestamente nao sei como chegaram nessa conta.
ResponderExcluirO Pèppoli é um bom Chianti. Não é nenhum San Felice (principalmente se tratarmos da linha Il Grigio), mas ele não faz feio (só não pago 200 paus nele). E como o Bacco constatou, comparativamente, se destacou frente ao Brunello Pieve Santa Restituta, que também acho bem fraco. Quanto às restrições a Antinori, também as tenho. No entanto, não digo que não produza vinhos bebíveis. Se alguém quiser me enviar algumas garrafas na faixa, eu passo o endereço. Mas se quiser me enviar San Felice, aí eu pago.
ResponderExcluirSds
200 paus? Nas lojas italianas 9/10 Euros
ResponderExcluirVi até por mais que isso. Mas agora achei por cento e pouco na SA. É um vinho que eu acho não poderia passar a barreira dos 100. Você dizendo que acha por 9/10 na Itália, seria mais ou menos este o valor dele por aqui. Mas a turma não perdoa.
ExcluirSds
era só essa que faltava:
ResponderExcluirhttp://blog.tribunadonorte.com.br/vinodivinovino/93944
E eu não sabia que o ovo era usado para esclarecimento. Mas agora, estou esclarecido. hahaha
A clara do ovo é usada há muitíssimos anos no vinho. É um clarificante já usado , dizem ,pelos romanos. Desde 2012 na Itália a adição deve constar na etiqueta para satisfazer as exigência dos veganos e dos alérgicos. Não há noticia, todavia, que algum vegano tenha morrido bebendo vinho....
ResponderExcluirSim. Mas foi engraçado como traduziram "clarification".
ExcluirVocê tem razão. Não havia notado o "esclarecimento".O Elmano é mais um "expert" que nos brinda com seus conhecimentos
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