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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

BARRY LYNDON


 
“The Memoirs of Barry Lyndon”, um dos grandes livros da humanidade, acabou virando um dos maiores filmes de todos os tempos, sob a regência de Stanley Kubrick: “Barry Lyndon”.
 
 
 

Um filme espetacular onde até mesmo o Ryan O’Neal convence como ator.

O fim do filme apresenta uma ideia assustadora, mas inevitável.

 Lembro que meus parentes e amigos europeus, jamais entenderam a veneração e idolatria da minha geração por nomes, regiões e pontuações nos vinhos.

 Comecei no mundo do vinho comprando um livro, do estimado Parker e sonhava com Brunello, Barolo e pontos...
 

Honestamente, devo confessar, que tenho um pouco de inveja do Parker.

Ele tem méritos.

 Era um zé ninguém, mas começou a viajar pela Franca (especialmente), pelo mundo e resolveu escrever, sobre vinhos, em um país que tomava somente cerveja e tequila de qualidade duvidosa.

 Se o americano médio, até hoje, tem um gosto mais ou menos, imagine na década de 70….
 

Gastou um baita dinheiro em viagens, pesquisas, vinhos, investindo num produto com presente mambembe e futuro incerto.

 Levantou Bordeaux, ajudou a Califórnia e um monte de viticultores desconhecidos que hoje, graças ao Parker, tem duas refeições ao dia.

Depois que um projeto dá certo fica fácil falar que ‘’estava na cara’’, etc.

Virou um império, um sinônimo, uma marca, uma referência.
 

Pouco ou nada se comenta desde a semi-aposentadoria (quieta, sem fanfarra nem choro) do Parker.

Rei morto, rei esquecido, mesmo.

Ainda temos os resquícios, da marca Parker, em vinhos de safras passadas e que ainda estão no mercado.

 Os críticos contratados, pela companhia que leva o nome dele, ainda dão pontos “Robert Parker”, mas a prática caminha para fim em poucos anos.

 
Duvido que as crias dele consigam levantar a bandeira dos pontos como RP levantou (aposto que nem ele tinha ideia de se transformar no mito que é).

 Não sei se você notou, mas há alguns anos já diminuímos o discurso dos pontos, estrelas, rolhas ou notas para vinhos (ainda estão presentes, mas bem menos do que antes).

Se não estava ciente, agora está.

Repare bem: quando foi a última vez que falamos de pontos com muita convicção, vontade e respeito?

Uma pancada de críticos já está definindo os vinhos como na era pre-parker: bons, medianos, ótimos, excelentes, isso ou aquilo, caro, barato, barganha..., mas já sem os pontos do nosso Parker-praga.

 Eu estou notando que muitas lojas já não colocam etiquetas com os pontos malas em todo lugar e todas garrafas

 E-mails já chegam sem pontos.

Gastaram pontos e superlativos em excesso.

Tudo era 90 e alguns pontos.

Compramos pontos e ganhamos de presente um diploma de trouxas.

Aprendemos? Espero que sim.

Há várias mensagens durante o longo filme, mas o final, mesmo já nos créditos, beira um orgasmo de constatação

A futilidade de tudo na vida.

A mensagem final: Nada tem importância depois de 200 anos.

Todos morreremos.

Até o Sarney (talvez em 20 anos).
 

Os pontos, nos vinhos,  parece que já estão morrendo bem antes dos 200 anos.

Isso vale uma celebração, que também será esquecida muito brevemente.

 Nada tem importância.
 

Bonzo

 

 

Um comentário:

  1. Parker revolucionou o vinho nos Estados Unidos e quiçá no mundo.Isso ninguém tira dele.Estava na hora certa no lugar certo.EUA maior consumidor de vinho no mundo.Essa coisa de ponto foi um plus dele.

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