“The Memoirs of Barry Lyndon”, um dos grandes livros da
humanidade, acabou virando um dos maiores filmes de todos os tempos, sob a
regência de Stanley Kubrick: “Barry Lyndon”.
Um filme espetacular onde até mesmo o Ryan O’Neal convence
como ator.
O fim do filme apresenta uma ideia assustadora, mas
inevitável.
Lembro que meus
parentes e amigos europeus, jamais entenderam a veneração e idolatria da minha
geração por nomes, regiões e pontuações nos vinhos.
Comecei no mundo do
vinho comprando um livro, do estimado Parker
e sonhava com Brunello, Barolo e pontos...
Honestamente, devo confessar, que tenho um pouco de inveja do
Parker.
Ele tem méritos.
Era um zé ninguém, mas
começou a viajar pela Franca (especialmente), pelo mundo e resolveu escrever,
sobre vinhos, em um país que tomava somente cerveja e tequila de qualidade
duvidosa.
Se o americano médio,
até hoje, tem um gosto mais ou menos, imagine na década de 70….
Gastou um baita dinheiro em viagens, pesquisas, vinhos,
investindo num produto com presente mambembe e futuro incerto.
Levantou Bordeaux,
ajudou a Califórnia e um monte de viticultores desconhecidos que hoje, graças
ao Parker, tem duas refeições ao dia.
Depois que um projeto dá certo fica fácil falar que ‘’estava
na cara’’, etc.
Virou um império, um sinônimo, uma marca, uma referência.
Pouco ou nada se comenta desde a semi-aposentadoria (quieta,
sem fanfarra nem choro) do Parker.
Rei morto, rei esquecido, mesmo.
Ainda temos os resquícios, da marca Parker, em vinhos de
safras passadas e que ainda estão no mercado.
Os críticos contratados,
pela companhia que leva o nome dele, ainda dão pontos “Robert Parker”, mas a prática
caminha para fim em poucos anos.
Duvido que as crias dele consigam levantar a bandeira dos
pontos como RP levantou (aposto que nem ele tinha ideia de se transformar no
mito que é).
Não sei se você notou,
mas há alguns anos já diminuímos o discurso dos pontos, estrelas, rolhas ou
notas para vinhos (ainda estão presentes, mas bem menos do que antes).
Se não estava ciente, agora está.
Repare bem: quando foi a última vez que falamos de pontos com
muita convicção, vontade e respeito?
Uma pancada de críticos já está definindo os vinhos como na
era pre-parker: bons, medianos, ótimos, excelentes, isso ou aquilo, caro,
barato, barganha..., mas já sem os pontos do nosso Parker-praga.
Eu estou notando que
muitas lojas já não colocam etiquetas com os pontos malas em todo lugar e todas
garrafas
E-mails já chegam sem pontos.
Gastaram pontos e superlativos em excesso.
Tudo era 90 e alguns pontos.
Compramos pontos e ganhamos de presente um diploma de trouxas.
Aprendemos? Espero que sim.
Há várias mensagens durante o longo filme, mas o final, mesmo
já nos créditos, beira um orgasmo de constatação
A futilidade de tudo na vida.
A mensagem final: Nada tem importância
depois de 200 anos.
Todos morreremos.
Até o Sarney (talvez em 20 anos).
Os pontos, nos vinhos,
parece que já estão morrendo bem antes dos 200 anos.
Isso vale uma celebração, que também será esquecida muito
brevemente.
Nada tem importância.
Bonzo
Parker revolucionou o vinho nos Estados Unidos e quiçá no mundo.Isso ninguém tira dele.Estava na hora certa no lugar certo.EUA maior consumidor de vinho no mundo.Essa coisa de ponto foi um plus dele.
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