ETNA ROSSO II

Sempre defendi a tese que para falar, escrever, comentar ou criticar vinhos deveria ser "obrigatório" possuir conhecimento, comprovado, do território onde são produzidos.

Criticar vinhos da Sicilia, sem sair das adegas dos produtores ou importadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul etc. deveria ser proibido.

 

Proibir é impossível, mas é possível desconfiar dos formadores de opinião, melhores sommeliers do Brasil, blogueiros que brotam como cogumelos na internet, picaretas de plantão, críticos bocas- livres etc.

 

O "Etna Rosso Tenuta delle Terre Nere" pode ser encontrado, no Brasil, nas lojas da Expand e em breve será a nova vedete dos nossos "especialistas" que derramarão seus vastos conhecimentos sobre Nerello Mascalese e Nerello Cappuccio.

Como ser, todavia, um especialista em Etna Rosso sem nunca ter visitado a Sicilia, não conhecer as características climáticas e a composição do solo vulcânico do maior vulcão da Europa?

Vamos iniciar pelo nome da vinícola "Tenuta delle Terre Nere" (Terras Pretas)

O Etna despejou, durantes milênios, em suas encostas, uma imensa quantidade de lava.

 

A lava ao esfriar assume a cor negra.

Com o passar dos séculos grande parcela da lava se transforma em uma espécie de areia preta que cobre boa parte do território, daí o nome "Terre Nere". 

Se você caminhar pelas encostas do Etna em pouco tempo poderá ser confundido com um imigrante africano....

Apesar da proximidade do mar é preciso lembrar que o Etna, com seus quase 3.500 metros de altitude, é, entre outras coisas, uma estação de esqui.

 

Neva e neva muito no Etna.

O Nerello Mascalese, cuja história se perde nos tempos (já era conhecida muitos séculos AC) é a casta mais cultivada da DOC "ETNA ROSSO".

O Nerello Mascalese, na Sicilia, somente perde, em quantidade de hectares cultivados, para o Nero Davola.

 

O Nerello Mascalese , quando vinificado em pureza , apresenta um importante toque de especiaria, algumas notas floreais, é seco, quente, harmônicos e de boa estrutura.

O Nerello Cappuccio, que entra na vinificação do Etna Rosso da Tenuta delle Terre Nere, foi abandonado e redescoberto varias vezes e finalmente resgatado e incorporado, com 20%, na DOC Etna Rosso.

 

O Nerello Cappuccio, com seus delicados aromas frutados e floreais é o companheiro ideal do Nerello Mascalese na obtenção dos soberbos "Etna Rosso".

Quando derramei o "Etna Rosso Tenuta delle Terre Nere" na taça, sua cor lembrou, claramente, o Pinot Noir.

Não somente a cor lembrou o Pinot Noir.

No nariz a semelhança é sensível e na boca..... bem , na boca o Pinot Noir , para poder competir em fineza, harmonia, estrutura e elegância , tem que ser um bom exemplar da Côte de Nuits Saint Georges.

 

Os vinhedos que dão vida ao "Etna Rosso Tenuta delle Terre Nere", crescem nas encostas do vulcão entre 600 e 900 metros de altitude, o que propicia extraordinária excursão térmica.

O "Etna Rosso Tenuta delle Terre Nere" é um vinho que recomendo com entusiasmo, especialmente, para os enófilos que, assim como eu , não querem desembolsar os tubos por um bom Borgonha.

 

O "Etna Rosso Tenuta delle Terre Nere", custa, na Itália, 18/25 Euros.

Bacco