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terça-feira, 28 de maio de 2019

ALTO PIEMONTE, FINAL.....SERÁ?


No começo do mês resolvi passar dez dias na casa de Bacco, em Santa Margherita, aproveitar seus conhecimentos, visitar algumas vinícolas do Alto Piemonte e comprar alguns vinhos

Lessona, Gattinara, Bramaterra, Ghemme, minhas preferências.

Bacco concordou imediatamente em visitar a região e acrescentou, na rota, uma parada em Suno para conhecer um ótimo branco: “Costa di Sera dei Tabacchei”.

A primeira parada seria em Lessona onde pretendia comprar o Bramaterra da “Colombera & Garella” e o Lessona da “Prevostura”

Quem quiser aprofundar seus conhecimentos sobre o Bramaterra Colombera & Garella poderá acessar o link


Confesso que meu principal interesse era conhecer a vinícola “Prevostura” que, muitos críticos italianos, insistem em classificar como a melhor produtora de Lessona.

Se quiser conhecer a Prevostura prepare um ótimo GPS: O caminho é difícil de encontrar e percorrer (há 3 km de estrada de terra).
Alguns buracos e muitas curvas depois, finalmente encontramos a “Prevostura” e Marco Bellini, seu proprietário.

Após as apresentações de praxe e sem muitas delongas, Marco abriu as portas da adega e apresentou seus vinhos: O bom rosé “Corinna”, Bramaterra, Coste del Sesia, “Guinot” e Lessona.

Degustamos apenas o “Corinna” e o surpreendente “Guinot” que poderia definir como um Lessona menos complexo, menos estruturado e mais simples.

A mesma diferença que há entre um Nebbiolo e um Barolo.



O Lessona, Marco, nem fez menção de abrir.

Quando revelei minha intenção de comprar algumas garrafas e ele declarou o preço, entendi o porquê: 35 Euros.

O Lessona “La Prevostura” custado mais do que um bom Barbaresco ou Barolo?

Há alguma coisa errada....

Mais algumas perguntas, o papo fluido, descontração aumentando e.....finalmente o “PORQUÊ”.

“No próximo ano, com entrada de capitais, oriundos da venda de parte da vinícola aos De Marchi e Zegna, aumentarei os atuais 5 hectares de vinhedos e também a produção”

Os 35 Euros dos Lessona “La Prevostura” estavam explicados.
Os De Marchi são piemonteses que nos anos 1950 compraram, por preço de banana, uma propriedade falida em Barberino Val D’Elsa e aos poucos a transformaram na rica “Isole&Olena”.

“Cepparello”, um Supertuscan, que custa nada módicos 65 Euros, “Chardonnay Collezione Privata” de 45 Euros e o “Chianti Classico Gran Selezione” de 190 Euros, fizeram a fortuna dos De Marchi que, cheios da grana, voltaram para o Piemonte e compraram, mais uma vez, por preço de banana, terras em Lessona.

Acostumados com preços altos e apostando na eno-idiotice dos consumidores abonados, de cara saíram com um Lessona, “Proprietà Sperino”, por 60 Euros.

É sempre bom lembrar que o ótimo Lessona, da “Tenute Sella”, custa 20-22 Euros.

Como se não bastassem os De Marchi, um membro da família Ermenegildo Zegna, também, injetou dinheiro na “La Prevostura”.

De Marchi + Zegna = Lessona “La Prevostura” (por enquanto) 35 Euros.

Minha opinião?

Não vale nem a metade.

Abri uma garrafa de “La Prevostura” 2015 e já no primeiro gole senti saudades do “Lessona Sella”

Os aromas são até agradáveis, característicos, mas um insistente odor, que lembra o de um armário fechado há meses, compromete totalmente a analise olfativa.

Na boca o álcool é muito presente, os taninos são angulosos, agressivos, um final amargo e desagradável torna o “Lessona La Prevostura” um vinho cansativo.
Não vale os 35 Euros pagos por ele nem a dificuldade de transitar por uma estrada esburacada para encontrar a vinícola.

Na viagem de volta passei por Gattinara e, na enoteca da cidade, comprei algumas garrafas do Mauro Franchino por 20 Euros.

Um último aviso aos eno-tontos-abonados: Ao lado do Gattinara do Franchino, de 20 Euros, descansava placidamente uma garrafa do mesmo vinho com a etiqueta “ Nervi - Conterno 2014” por imbecilizantes, 82 Euros.

Dois detalhes:  em 2014 a Conterno ainda não estava presente na vinícola e vinho foi produzido pela Nervi.

A Conterno produziu apenas a etiqueta. 

A etiqueta “mágica” já valorizou o Gattinara Nervi quase 300%.

Como disse anteriormente e reafirmo, corra para o Alto Piemonte e compre o que puder.

Quando os De Marchi, Zegna, Conterno etc. “invadem” um território...... não há KY que baste.

Dionísio  


















7 comentários:

  1. Dionísio e Bacco,

    grande série de matérias. a subida dos preços dos vinhos no Alto Piemonte é, de fato, motivo pra preocupação, depois que Barolo (e imediações), Borgonha e Bordeaux dispararam de preços. vocês conhecem o mercado muito melhor do que eu, mas, sendo um pouco menos pessimista do que geralmente sou, pensei em duas coisas que talvez não puxem o mercado tanto assim:

    - primeiro, os vinhos do Alto Piemonte, embora dividam a Nebbiolo (sozinha ou com outras uvas) e o nome Piemonte com o Barolo, não têm, por ora, a mesma fama do primo das Langhe. é claro que, assim como foi com a Maremma, um papo com crítico$$$ i$$$ento$$$ pode dar um jeito, mas não sei se seria algo tão fácil e rápido. prova disso é que são raros os Gattinara no Brasil e a Cellar, única importadora que trazia Bramaterra e Lessona, não os vende mais. nunca vi Ghemme, Boca, Carema, Sizzano e outros por aqui, e imagino que, em outros países, também não sejam figurinhas fáceis.

    - segundo, vocês já mencionaram, algumas vezes, que a área plantada no Alto Piemonte foi, noutros tempos, muito maior do que é hoje. quão difícil seria expandir essa área? se houver especulação imobiliária como em Sintra, em que a Colares DOC disputa (e perde) área plantada com os lançamentos das versões locais de Gontijo e Paulo O., complica. mas não sei como está no Alto Piemonte.

    talvez esse Gattinara do Conterno, do alto dos seus 82 euros, seja apenas uma aberração, como o Bricco dell'Uccelone é entre os Barbera. tomara que seja, já que continuamos a beber boas Barbera por menos de um quinto do preço do Bricco.

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  2. Interessante comentário. Concordo que não possuem a mesma fama dos primos das Langhe e poucos são aqueles que os conhecem, até na Itália. mas quando os "barões" do vinho cheiram bons negócios é difícil conter preços, área plantada, e aberrações. A primeira aberração você já mencionou. A segunda, eu encontrei no preço do Lessona Prevostura. Um LESSONA custar, no produtor, mais do que um Barolo é o segundo indício da chegada de uma avalanche de aberrações. O Bricco dell'Uccellone faz parte da imbecil tentativa de transformar o Barbera em um "Superpiemont". Bastaria lembrar os Barbera da Coppo, Chiarlo, Rivetti, Massa, Vietti e outros. Só um imbecil pagaria 65 Euro por um Barbera "La Court" de Michele Chiarlo. Abç

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  3. Ótima trilogia!
    Eu gosto de Gattinara, Ghemme e Lessona. Não tive a oportunidade de apreciar Bramaterra. A Cellar tinha, e perdi a chance de comprar. Aliás, o que é bom dura pouco. A Cellar tinha em seu portifólio excelentes vinhos italianos, e a preços justos. Mas acho que o público brasileiro prefere pagar mais caro em rótulos.
    Salu2,
    Jean

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    1. Concordo. O enófilo brasileiro adora exibir suas etiquetas caras e não sabe beber bem. Bastaria lembrar que um dos ícones das adegas tupiniquins é o Amarone de 16º

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  4. Respeito a sabedoria italiana em vender saco de fumaca da pizzaria de Jesus di Napoli por uma fortuna, mas deve haver limites em alguma parte dessa historia.

    Eu aposto que esses genios dessa vez vao se ferrar. Em nome do que resta da pouca inteligencia dos eno-trouxas.

    Fui.

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  5. Será? O Gaja se ferrou na Maremma , mas tenta recuperar nas encostas do Etna. Caro roedor mor , e sempre bom lembrar que trouxa é como caspa....diminui mas nunca acaba

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  6. Isso é como pirâmide, um monte de pato sempre se ferrando a cada novas que aparece....e os donos enchendo os bolsos....

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