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sexta-feira, 24 de maio de 2019

ALTO PIEMONTE.....ADEUS 2


 


A região vinícola do Alto Piemonte é um território que confina com a Pianura Padana (Planície Padana) , ao sul e ao norte com os Alpes.

No final do século XIX havia, naquela região, cerca de 40.000 hectares de vinhedos.

Os ataques da filoxera e por causa da terrível geada de 1904, muitos agricultores abandonaram as vinhas, optando por uma vida, menos difícil e mais segura, na florescente indústria têxtil local e nas fábricas de Torino e Milano.

Resultado: A região, hoje, conta com menos de 1.000 hectares de vinhedos e, apesar da fama, de alguns de seus vinhos, especialmente a do “Gattinara”, a retomada parece difícil, impossível.

A desunião dos viticultores, nenhum investimento na divulgação do território, pouco apelo turístico e total falta de estrutura para atrair e conquistar os enófilos (em Boca não há sequer um bar decente para poder degustar o ótimo vinho local), contribuíram para perpetuar o esquecimento.

Mas, algo está mudando....

A revista Forbes, há alguns anos, classificou o Alto Piemonte como uma das 12 áreas, de produção vinícola, mais subvalorizadas do mundo e, coincidência, ou não, a vinícola Conterno, sim, aquela mesma do “Monfortino” da matéria anterior, comprou, em 2018, 27 hectares e toda a estrutura de vinificação e administrativa da centenária Nervi.
 

É bom lembrar 2 coisas: 1) A Nervi, tradicional produtora de Gattinara, foi adquirida por 6 milhões de Euros. 2) Conterno comprou, da Gigi Rosso, 3,6 hectares do Cru Arione por 7 milhões de Euros.

Não é necessário ser um grande matemático para perceber que Conterno adquiriu toda uma empresa vinícola (adegas, maquinas, tanques, toneis, 27 hectares de vinhedos etc.) pelo preço de 3,6 hectares em Serralunga D’Alba.

Amigos do vinho, preparem um cartão “XXLL”: Em 2 ou 3 anos os preços dos vinhos, do Norte do Piemonte, triplicarão.
 

Mas qual a razão do súbito interesse pelas vinhas esquecidas do “Alto Piemonte”?

Várias razões......

1ª) O preço insano e proibitivo dos vinhedos tradicionais e badalados das “Langhe” e o valor ridículo, se comparado às vinhas do albese, das DOC e DOCG do Alto Piemonte. Em Boca , Fara e Ghemme o valor médio é de 23 mil Euros. Em Lessona 30 mil Euros. Em Gattinara 33 mil Euros. 

2ª) As mudanças nas preferências dos consumidores e na orientação dos críticos
 

Os vinhos mastigáveis, de grande estrutura, muita extração, proveniente da afinação (mal executada) em barrique, impenetráveis, muito alcoólicos etc., há alguns anos estão perdendo terreno para vinhos mais leves, com boa acidez, minerais e com pouca extração.

Os vinhos do alto Piemonte são exatamente o oposto daqueles vinhos, ditos “internacionais” e se encaixam perfeitamente na nova tendência e no atual gosto dos consumidores.

Todo tem como base o Nebbiolo, localmente conhecido como “Spanna”, envelhecem muito bem, custam menos e são mais fáceis de beber.

Eu não tenho medo de afirmar que na minha adega há mais Lessona, Gattinara, Ghemme, Bramaterra e Boca do que Barolo e Barbaresco.

 
Ótimos vinhos, os do “Alto Piemonte”, que podem ser encontrados (por enquanto e ainda bem) por 10 - 20 Euros e que não temem comparações.

A minha atual viagem, pelo Alto Piemonte, foi decidida quando percebi o interesse dos “predadores” italianos em estender os tentáculo$ sobre as vinhas da região.

Quando os De Marchi, Zegna, Conterno etc., saem às compras, é hora de fortalecer o estoque de KY.
 

Segue na próxima matéria

PS.

Dionísio

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