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sábado, 2 de dezembro de 2017

VITIS LABRUSCA


Na semana dos eno-trouxas, acompanhei, com algum interesse, a defesa dos vinhos suaves e a tradição do açúcar.

 Faltou ao leitor citar tradição das mulatas do Sargentelli, assim, a festa seria completa.

Na MESMA SEMANA, em que estudava dados, gráficos, software nas vinícolas, a nova faixa etária dos que entram (o que querem, como querem, o que consomem, o que levam às festas ou jantares?) no mercado americano ou europeu, do vinho, no Brasil pessoas gritavam em defesa de vinhos nacionais produzidos com "vitis labrusca" .
 
 

O contraste de qualidade e importância entre os tópicos, “vinho suave e os dados” sobre o mercado nozestranjero, é de desanimar mais uma vez.

 Há aqueles que ainda têm alguma esperança de mudar o passado, porque o futuro já era.

Meu ponto aqui é que o consumidor de vinho se comporta exatamente como todos os outros grupos demográficos.

 Eis meu desespero.
 

Não só perdemos o bônus demográfico (histórico e irrecuperável), que vai custar muito ao país no futuro muito próximo, vemos, também, mais uma geração, de potenciais consumidores, que nem entrou no mercado de vinho e já se foi.

Estamos fudidos e nem pagos fomos.

Em princípio não seria crime de lesa-pátria consumir vinho suave (de vitis labrusca, deus), mas após tantos anos em contato com o vinho, como empresário-mirim, consumidor e observador, vi poucos ou nenhum avanço em todos os grupos e setores, salvo o setor de picaretas (pastores tele-evangélicos, inclusos), sommerdiers e blogueiros- mendigos buscando bocas-livres.
 

Ah, as usinas de cana aumentaram bem a produtividade dos canaviais nos últimos 40 anos.

 Ponto para o leitor raivoso.

Assim como em todos os outros setores da sociedade caminhamos sempre para trás ou de lado (dá na mesma...... a concorrência não espera e arranca para frente).

 Não aprendemos a tomar vinho, novamente.

“Aprender” a tomar vinho?

 Dizer que o vinho tem aromas de peixe de rio com escama, de casca de melão sergipano, ou tapete persa feito na China?

Não!

Aprender sobre as origens do vinho, uvas, história, geografia e até cultura da região vinícola.
 

Pode ser um simples vinho do Tejo, do Maule, Otago, Bordeaux, Cape Town ou Finger Lakes, mas essa curiosidade deveria ser estimulada lá no prezinho, ou jardim da infância vinícola.

Aprender, também, engloba discernir entre lixo caro e algo mais justo, mais correto; significa moldar e doutrinar o mercado em torno de uma coisa chamada "conhecimento" que poderia criar uma massa crítica, do bem, com práticas de vendas melhores, melhores profissionais, melhores empresas, menos impostos (vide exemplo argentino onde vinícolas impõem regras aos políticos).

Nossos consumidores, críticos, empresários, lojistas de vinho, são, em essência, um retrato (ou foto, na linguagem contemporânea) de toda a sociedade.

Menção honrosa de exceção ao padre do balão que tentou algo diferente.

Inserção na civilização, nível básico mandatório e pouca barreira para consumo ou aquisição.

Assim deveria ser o vinho.
 

Assim deveria ser tanta coisa no país que já foi sem ter sido.

Bonzo

Um comentário:

  1. Nossos consumidores, críticos, empresários, lojistas de vinho, são, em essência, um retrato (ou foto, na linguagem contemporânea) de toda a sociedade.

    Clap. Clap. Clap.

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