Na semana dos eno-trouxas, acompanhei, com
algum interesse, a defesa dos vinhos suaves e a tradição do açúcar.
Faltou ao leitor citar tradição das mulatas do
Sargentelli, assim, a festa seria completa.
Na MESMA SEMANA, em que estudava
dados, gráficos, software nas vinícolas, a nova faixa etária dos que entram (o
que querem, como querem, o que consomem, o que levam às festas ou jantares?) no
mercado americano ou europeu, do vinho, no Brasil pessoas gritavam em defesa de
vinhos nacionais produzidos com "vitis labrusca" .
O contraste de qualidade e importância
entre os tópicos, “vinho suave e os dados” sobre
o mercado nozestranjero, é de
desanimar mais uma vez.
Há aqueles que ainda têm alguma esperança de
mudar o passado, porque o futuro já era.
Meu ponto aqui é que o consumidor de
vinho se comporta exatamente como todos os outros grupos demográficos.
Eis meu desespero.
Não só perdemos o bônus demográfico
(histórico e irrecuperável), que vai custar muito ao país no futuro muito
próximo, vemos, também, mais uma geração, de potenciais consumidores, que nem
entrou no mercado de vinho e já se foi.
Estamos fudidos e nem pagos fomos.
Em princípio não seria crime de lesa-pátria
consumir vinho suave (de vitis labrusca, deus), mas após tantos anos em contato
com o vinho, como empresário-mirim, consumidor e observador, vi poucos ou
nenhum avanço em todos os grupos e setores, salvo o setor de picaretas
(pastores tele-evangélicos, inclusos), sommerdiers e blogueiros- mendigos
buscando bocas-livres.
Ah, as usinas de cana aumentaram bem a
produtividade dos canaviais nos últimos 40 anos.
Ponto para o leitor raivoso.
Assim como em todos os outros setores
da sociedade caminhamos sempre para trás ou de lado (dá na mesma...... a
concorrência não espera e arranca para frente).
Não aprendemos a tomar vinho, novamente.
“Aprender” a tomar vinho?
Dizer que o vinho tem aromas de peixe de rio
com escama, de casca de melão sergipano, ou tapete persa feito na China?
Não!
Aprender sobre as origens do vinho,
uvas, história, geografia e até cultura da região vinícola.
Pode ser um simples vinho do Tejo, do
Maule, Otago, Bordeaux, Cape Town ou Finger Lakes, mas essa curiosidade deveria
ser estimulada lá no prezinho, ou jardim da infância vinícola.
Aprender, também, engloba discernir
entre lixo caro e algo mais justo, mais correto;
significa moldar e doutrinar o mercado em torno de uma coisa chamada "conhecimento"
que poderia criar uma massa crítica, do bem, com práticas de vendas melhores,
melhores profissionais, melhores empresas, menos impostos (vide exemplo
argentino onde vinícolas impõem regras aos políticos).
Nossos consumidores, críticos,
empresários, lojistas de vinho, são, em essência, um retrato (ou foto, na
linguagem contemporânea) de toda a sociedade.
Menção honrosa de exceção ao padre do
balão que tentou algo diferente.
Inserção na civilização, nível básico
mandatório e pouca barreira para consumo ou aquisição.
Assim deveria ser o vinho.
Assim deveria ser tanta coisa no país
que já foi sem ter sido.
Bonzo
Nossos consumidores, críticos, empresários, lojistas de vinho, são, em essência, um retrato (ou foto, na linguagem contemporânea) de toda a sociedade.
ResponderExcluirClap. Clap. Clap.