O pagamento, de duas multas de trânsito, me "obrigaram"
a conhecer Alessandria.
Contrariando meu ateísmo, rezei aos céus para que nunca mais
cometa uma infração naquela província piemontesa: Alessandria é muito feia.
O único lugar interessante, da cidade, é a enorme praça e os
imponentes pórticos que a contornam.
A praça, melhor dizendo, "era bela"
Um prefeito, que deve ter frequentado a mesma escola do Roriz,
a transformou em um imenso estacionamento asfaltado.
Paguei as multas e, antes de retornar a Santa Margherita, resolvi
almoçar no melhor restaurante da cidade: O estrelado "I Due Buoi" (Os Dois Bois).
O "I Due Buoi", fundado no século
XVIII e estrelado desde 2015, no almoço serve um menu, menos complexo e mais
leve que o jantar, por um preço bem razoável: 30 Euros.
Um antepasto, um primeiro prato, um segundo e o dessert,
propostos, pelo chefe japonês, são refinados e de altíssima qualidade.
Vale à pena conhecer o "I Due Buoi".
O maitre, que devia ter algumas garrafas encalhadas e me achou
com cara de jacu, resolveu testar minha paciência.
Conseguiu.......
"Um aperitivo?"
Anui.
O maitre deu as ordens
e o sommelier, sem muita cerimônia, me serviu um Prosecco.
Nada contra o Prosecco, que vende feito água em todos os
cantos do planeta, mas nem em boteco e sob tortura, eu bebo Prosecco.
Havia sido estuprado pela prefeitura de Alessandria e não
encontrei forças para mais uma briga.
Engoli o Prosecco e ordenei um vinho branco "fermo".
O sommelier, já convencido que eu poderia beber qualquer coisa
sem reclamar, me serviu um "Chardonnay Berrò" da
vinícola piemontesa Pico
Maccario.
Aquele, certamente, era o dia que me fora reservado, pelo
acaso, para testar a resistência e elasticidade de meu saco.
Conheço, suficientemente bem, os Chardonnay da Bota e os
considero , assim como todos os outros de outros cantos da Europa , ridículas imitações
dos verdadeiros e ótimos Chardonnay franceses.
O Piemonte, pátria de grandes tintos e de alguns bons brancos
autóctones, teima em produzir Chardonnay deploráveis.
Eu nunca entendi para quem e para que.
As terras reservadas ao plantio do Chardonnay sempre são
aquelas menos indicadas ou impróprias para o cultivo das castas regionais mais conhecidas
e importantes (Nebbiolo, Barbera, Dolcetto, Moscato etc.),
consequentemente, os Chardonnay piemonteses "fanno
cagare".
Aquele "Chardonnay
Berrò" da Pico Maccario, foi, sem sobra de duvida, o pior que
bebi nos últimos anos..... Uma tremenda bosta.
Uma comida ótima acompanhada por vinhos horríveis
O saco já estava cheio, quase estourando.
Chamei o maitre e sem cerimônia alguma, fui logo dizendo: "Erro número 1: Restaurante estrelado serve ao
cliente Prosecco como aperitivo. Erro número 2: Na "pátria" do
Timorasso o sommelier serve um Chardonnay de merda. Erro número 3: O maitre
subestima grosseiramente o cliente. Erros enumerados..... Agora, por favor, me
sirva um vinho decente".
O maitre, com cara de quem assistira um discurso da Dilma,
saiu quase correndo e voltou com uma garrafa de Timorasso
Pitasso de Claudio Mariotto.
Grande vinho (que não foi cobrado) selou a paz entre o sommelier
o maitre e eu.
Recomendo, com entusiasmo, o "Due Buoi"
O "Due Buoi" vale o
"castigo" de conhecer Alessandria e beber o Chardonnay do Pico Maccario.
Esta matéria é a última antes do Natal.
Voltarei, dia 27, para comentar todos os "Segundos Chardonnay do Mundo".
A idéia dos "segundos" surgiu ao lembrar aquela
imbecilidade, inventadas pelos produtores gaúchos, sobre os espumantes
brasileiros.
Aguardem.
Bacco
ah, sim, espumantes gaúchos...
ResponderExcluirfalando nisso, o do velho arrogante, Adolfo Lama, viaja de caminhão... sua próxima matéria...