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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

CLOS-DE-TART II


Dos muitos clichês, sem sentido e sem fundamento, que ouvimos (eu paguei!) em escolas (sic) de sommerdiers, no Brasil, há um que desperta minha atenção:
Borgonha é a região onde os vinhos se casam perfeitamente com a natureza e os proprietários, das pequenas "domaines", compostas de Grand Crus ou Premiere Crus, são campesinos orgulhosos de sua tradição milenar e só pensam no futuro das próximas gerações.
 
 
 
 

“Quanto vale minha propriedade? Tanto quanto minha vida."

 Deve ter passado despercebida, à bebado-esfera (que eu não leio), a venda do mítico "Clos De Tart" para bilionário François Pinault.

 Rumores contam que Pinault pagou 250 milhões de euros por 7.5 hectares.

Para facilitar a conta: EUR 3.400 por m2.
 

Números recordes que são sintomáticos.

Rico não gasta dinheiro à toa, com raras exceções (políticos, lobistas, gerentes da Petrobras etc.)

Um cálculo simples e rápido: Seriam necessários 11, anos produzindo e vendendo todas as garrafas, sem computar salários, insumos, manutenção, impostos, mão de obra etc., para pagar o investimento.

Na realidade esta montanha de Euros demorará muito mais para voltar aos bolsos do Pinault.
 

Pinault é mais um bilionário que atinge o sonho de infância que todos tivemos: Ser dono de alguns chateaus dos mais premiados e ilustres do mundo.

 O bom dos bilionários é que eles não têm preferência por regiões ou países.

Compram e adquirem terra e vinícolas onde seu ego falar mais alto......

Cocalzinho e São Roque já sinalizaram (louvado seja o Senhor) que suas almas viníferas e seus "terroirs" não estão à venda.
 

 Recusas sistemáticas de aproximação, ouvidos moucos às sedutoras tentativas com ofertas tentadoras, etc. não tiveram, até agora, nenhum sucesso, mas até quando as jóias de nossa tradição vinícolas resistirão aos assédios dos bilionarios?

Hein! Hein! Hein!

Já basta o Carlos Eduardo Bueno ter realizado o negócio do milênio ao comprar parte da disputadíssima "Miolo-Quase-Vinhos" (eu acho que ele levou uma bela enrabada, ali).

Aquisições milionárias de vinícolas serviriam para qual propósito?

 Na renascença os novos ricos usavam a compra de artes como "escada" para tentar ingressar na sociedade.

Compravam status... mas hoje dificilmente é o mesmo caso.
 

Grupos industriais, russos e chineses descobriram o "amor" pelos vinhos e saíram comprando tudo que podiam com o dinheiro obtido graças ao suor e trabalho, dos outros.

Artistas de Hollywood, franceses, italianos, cantores, jogadores de futebol, corruptos etc. sucumbiram ao charme das vinhas e gastaram fortunas para poder imprimir seus nomes nas etiquetas de seus vinhos.
 

Nossa sorte: Para cada "Clos-de-Tart" que se vai, há uma Guaspari que chega.

Bonzo.

2 comentários:

  1. guerra de egos com o vizinho, já que a LVMH tem o Clos des Lambrays, ao lado...

    https://dico-du-vin.com/mommessin-famille-clos-de-tart-et-groupe-bourgogne-et-beaujolais/

    Mais ce petit bout de terroir vaut aussi pour son voisinage. Avec le Clos de Tart, les Pinault se retrouvent installés juste à côté des 8,66 hectares du Clos des Lambrays, acquis en 2014 par le groupe LVMH de Bernard Arnault pour un peu plus de 100 millions d'euros. La rivalité historique entre les deux géants du luxe se déplacerait-elle sur les terroirs de la prestigieuse Bourgogne? En tout cas, les acteurs locaux voient l'arrivée d'Artémis d'un bon œil.

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