Um dos meus bares preferido, em Chiavari, é o “VINORIA”
O “VINORIA” é tocado por
três simpáticos rapazes, Andrea, Marco e Raimondo, que levam a profissão à sério.
Busca incessante de vinhos para agradar os clientes, taças
generosas, simpatia contagiante e preços contidos, são as razoes do sucesso do VINORIA.
Colaborei um pouco, para o sucesso do VINORIA,
apresentando alguns vinhos aos três rapazes e que ainda hoje fazem parte
da carta do bar.
Quando oferecem uma nova etiqueta ao VINORIA
os proprietários, com frequência, pedem a minha opinião.
Ontem fui ao bar para o meu
sagrado aperitivo.
Andrea, um dos sócios, me apresentou uma garrafa e disse:
“Prove e amanhã me diga o que achou”.
Final de tarde luminosa, abri a garrafa de “Vermentino
Fliscano Vigneto Rivara” produzido por Daniele Parma.
Há uma nova “febre”, um modismo, que está fazendo sucesso no
mundo vinícola: “Vinhos Naturais”.
Não consigo entender, muito bem e até agora, o pessoal, que se
aferra a esta nova “Fashion”; não sei o que querem dizer nem onde querem chegar.
Vou escrever sobre o assunto, mas quero adiantar uma coisa: Aquilo, que os
espertinhos querem vender, como “naturais”, são vinhos turvos, com sérios
problemas de mau cheiro, todos iguais e que cansam após o segundo copo.
Renegar o grande progresso enológico, das últimas décadas, me
parece uma enorme burrice e uma malandragem ainda maior.
O “Vermentino Fliscano” está a meio caminho entre “natural” e
o normal.
O vinho, que permanece em contato com as cascas por um longo período,
consegue se distanciar, um pouco, da mesmice da maioria dos Vermentino, mas
apresenta odores que, para ser elegante, classificaria: Estranhos.
O Vermentino, de Daniele Parma, aproveita, assim como outros
vinhos locais, o grande charme de Portofino e estampa na etiqueta o nome da
renomada cidade lígure.
Para quem não sabe (eu
também não entendo.....), a badalada e sofisticada aldeia, do “Golfo Del
Tigullio”, empresta seu nome à DOC “PORTOFINO”.
A DOC “PORTOFINO” é uma das
mais novas picaretagens vinícolas que eu conheço.
Apesar da DOC se estender por mais de 30 municípios foi
homologada com o nome de “PORTOFINO”.
Não tenho dados, mas acredito que no território de Portofino
não se produza nem 400 litros de vinho.
É apelação pura, mas o turista estrangeiro não resiste à
tentação de possuir um vinho de Portofino.
É a gloria.
Portofino, não merece......
Todas os vinhos da denominação “Portofino” não conseguem
esconder suas limitações e deficiências.
O entusiasmo dos lígures, muita apelação mediática e uma boa
dose de picaretagem, não são suficientes para transformar o “Vermentino
Fliscano 2013” em um vinho que compraria: Há milhares iguais e centenas bem
melhores.
A matéria poderia terminar aqui apenas acrescentando que
recomendei o vinho ao “VINORIA”.
Alguém poderia perguntar: “Se não gostou não deveria
recomendar”.
O “VINORIA” trabalha,
também, com turista e, como já salientei, turista adora Portofino......
Não é o fim, ainda: Vou continuar.
Tentava terminar a taça, de Vermentino “Fliscano”, enquanto ouvia
algumas canções e olhava o sol se pondo, justamente atrás das colinas de Portofino.
De repente, Marilyn Monroe cantando, “I'm Through With
Love”.
A mente viajou até encontrar
uma das últimas cenas de “Quanto mais Quente Melhor” em que Marilyn, quase chorando, interpreta a
canção.
Um sorriso de Monalisa apareceu no canto dos lábios, mas
imediatamente desapareceu.
Lembrei que o genial diretor Billy Wilder, Marily Monroe, Jack
Lemmon, Tony Curtis, Joe Evans Brown e George Raft, que com suas interpretações
tornaram o filme inesquecível, já haviam morrido.
Joguei fora o que restava do Vermentino, corri para minha
adega abri uma garrafa de “Blanchot Dessus”,
de Jean Claude Bachelet, recoloquei “I'm Through With
Love” e finalmente o sorriso voltou.
Eu estou na comissão de frente e atrás vem gente.....
É preciso beber bem!
Lembrei a genial frase
de Diujker: “A
vida é curta demais para se beber maus vinhos”.
O “Blanchot Dessus”,
do Bachelet, é um dos melhores vinhos que já bebi.
Bacco.
Excelente post,um dos melhores desde que comecei a acompanhar a blog.
ResponderExcluirBacco, o que mais me irrita nesta onda natureba é a bandeira que certas pessoas ou restaurantes levantam como se o vinho "natural" fosse melhor ou proporcionasse benefícios infinitamente maiores a saúde do que os demais vinhos. Na minha experiência com vinhos naturais tive momentos horríveis e de não passar da primeira taça. Não quero sentir cheiro podre no meu vinho. Para isso basta bebed Toro Loco.
ResponderExcluirBom mesmo eh a combinacao de vinho natural com alimentos termogenicos mais herbalife.
ResponderExcluirParabéns pelo texto! Além de bem escrito, não deixou de trazer dados, dicas de vinhos, restaurantes e, ainda, manteve o viés crítico característico.
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