Quanta vezes sai da autoestrada, bem na entrada de Millesimo,
sem nunca pensar em dar uma paradinha para conhecer a aldeia?
Não sei.
Certamente centenas.
Quando de Chiavari me dirijo até Alba, ou resolvo visitar
Martinelli em Vicoforte, invariavelmente deixo a rodovia em Millesimo,
subo até Montezemolo e percorro as estradas secundarias.
O tempo perdido, nas estradinhas cheias de curvas perigosas, é
largamente compensado pelo fantástico panorama que se descortina a cada
instante.
Doces colinas, campos floridos, aldeias de sonho (Sale San Giovanni merece uma rápida parada),
natureza preservada, os Alpes, nevados e no horizonte, emoldurando todo o conjunto,
são belezas naturais que alegram até os mais cansados e exigentes olhos.
Todos esses apelos, raros e belos, contribuíram para que eu
desprezasse, sempre, a pequena Millesimo.
Semana passada, sem um motivo claro, um estranho desejo: Antes
de prosseguir viagem, ao sair da autoestrada, entrei em Millesimo.
Falta de imaginação e pouca curiosidade me distanciaram,
durante longos anos, de uma beleza que releguei, estupidamente, a segundo
plano......
Pequena (pouco mais de 3.000 habitantes) Millesimo conserva um centro histórico importante, belos traços
medievais e uma tranquilidade, quase contagiante, de fazer inveja à tradicional
baiana.
Belos bares, poucas lojas, ruas calmas e limpas, pequeno rio
margeando a aldeia, resto de ponte do século XIII; Millesimo é importante centro
gastronômico que abriga, creiam, até restaurante estrelado Michelin.
Em final de setembro, assim como na mais badalada e
mundialmente conhecida Alba, Millesimo realiza sua “FESTA DEL TARTUFO”.
Tartufi e funghi são abundantes e podem ser encontrado com
facilidade nas colinas que cercam a cidade.
Funghi, tartufi,
preparados pelos cozinheiros locais ou vendidos pelas ruas da cidade, atraem
sempre mais e mais turistas.
O restaurante estrelado Michelin, “Locanda
dell’Angelo”, fechado por repouso semanal, deverá esperar minha
próxima viagem.
Sob os pórticos medievais do centro histórico, o pequeno e
aconchegante “PANTAREI”,
merece ser mencionado.
Não mais que 8 mesas, cozinha regional com alguns toques
inventivos, boa carta de vinhos, serviço cordial, preços de matar de raiva
brasileiros sobreviventes de assaltos praticados pelos restaurante tupiniquins, o
“PANTAREI” é uma válida e boa opção em Millesimo.
No ‘PANTAREI” vivi
dois momentos distintos: Comi a pior galinha de Angola da minha vida, mas
provei um dos melhores antepastos da minha, não exatamente curta, existência.
A coxa da galinha de Angola, ressecada, sem sal e sem aparência,
foi esquecida e sepultada pela lembrança do extraordinário “Vitello Tonnnato” e da soberba “Caponata di
Melanzane”.
Carne macia, ponto perfeito, molho de sutileza ímpar.... Um
“Vitello Tonnato” para ficar na memória.
A “Caponata di Melanzane”, já na apresentação, prometia.
Prometia e cumpriu!
Na foto é possível perceber a composição do antepasto e, também,
notar as anchovas no pratinho vermelho.
As anchovas, importantes na culinária lígure e piemontesa, são
utilizadas em centenas de receitas.
Podem ser fritas, curtidas no limão, cruas, marinadas, etc.
etc. etc. e, por isso mesmo, não surpreendem mais ninguém que viaje por aquelas
regiões.
Não são novidades, concordo, mas as anchovas do “PANTAREI”
não somente me deixaram de queixo caído como me obrigaram a levantar da mesa
para cumprimentar a cozinheira:” Nunca provei
anchovas iguais. Parabéns!”
A cozinheira, Lucia, sorridente e contente, (omiti a péssima
galinha de Angola) retribuiu meu entusiasmo com mais um prato de suas anchovas
que, literalmente, devorei.
Gran Finale: Dois antepastos, a galinha (argh) de Angola, meia
garrafa de vinho Gavi, café = £ 26
Millesimo e Pantarei, mais
dois endereços imperdíveis de B&B.
Bacco
muito apetitosas as fotos da comida, Bacco. tá aí mais um lugar que preciso conhecer.
ResponderExcluirenquanto isso, nos EUA, olha o cúmulo do sabrage...
http://virgula.uol.com.br/inacreditavel/curiosidades/apresentador-dos-eua-ensina-abrir-garrafa-de-champanhe-com-espada
Olhe esta
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=YWnm1Evrnus&index=10&list=UUk-Tx8y5To6EFjtTpeayWeQ
essa eu conheço... a clássica da escumadeira. ri pra cacete quando vi da primeira vez!
ExcluirSagra del Tartufo
ResponderExcluirParece ser bem acolhedor.
ResponderExcluirUm ótimo restaurante onde jantei várias vezes é o do hotel Locanda del Pilone, nas cercanias de Alba. Também estrela do Michelin e a cozinha realmente é muito boa, além de a carta de vinhos ser excepcional e com preços que considerei justos, pois quase equivalentes aos das enotecas. Muitos vinhos de safras já antigas, 96, 97 e diante. Vale conhecer.
ResponderExcluirO hotel também é muito bom.
O restaurante trocou de cozinheiro há três ,mas continua ótimo.
ResponderExcluirO antigo chef, Maurizio Quaranta, agora toca seu restaurante, o bem mais modesto "La Speranza" em Farigliano.
Prezados senhores do Board:
ResponderExcluirVoces nao gostam do norte e do sul da Italia, includindo as ilhas? Aproveitem o tempo que (aparentemente) tem a disposicao. Pais inteiro lindo. E pitoresco....(mais ao sul vemos um pouco de ordem e progresso, elvira do ipiranga).
Auguri, bastardi.
Gostamos ,mas Bacco que mora em Chiavari está ficando preguiçoso...
ExcluirQuem pede meio vinho é meio gay rss. Não seria bem melhor pedir uma garrafa inteira, beber metade e levar a outra metade para degustar depois? Abços.
ResponderExcluirQuem fala degustar é fresco por inteiro. Vinho se bebe ou se toma.
ExcluirOlá Bacco, belíssima matéria!
ResponderExcluirAproveitando o ensejo, conhece o BAROLO DOCG ROCCHE COSTAMAGNA DELL’ANNUNZIATA?
Recebi uma promoção dessas lojas on line por email e,em breve pesquisa na internet, pareceu-me que se trata de um bom produtor.
Desde já agradeço.
Abraço
Não conheço o vinjo ,mas sei que é um pequeno produtor. Na Cantina Comunale di La Morra custa 28£
ExcluirObrigado Bacco. Acho que vou arriscar. Abraço
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