Chiavari, pouco mais de 27 mil habitantes, 163 bares 58
restaurantes.
É fácil imaginar, então, como bebe-se e come-se bem na cidade.
A ampla escolha obriga a concorrência a se esmerar, oferecer
sempre algo mais e garimpar produtos diferenciados.
Há uma busca incessante, não por vinhos raros ou caros, mas
por etiquetas novas, pouco conhecidas e com preços acessíveis (a crise aperta).
Nada de Valpolicella Bolla, Pinot Grigio Zonin, Verdicchio
Fazi Battaglia, Prosecco Sperone, ou outra porcaria do gênero.
Para conquistar clientela é preciso servir boa
Barbera, bom Pigato, Champagne pouco conhecidos, Franciacorta de qualidade,
Timorasso .... Sim, um grande Timorasso.
O Timorasso, casta piemontesa e redescoberta por Walter Massa,
é uma das raras uvas brancas, na região dominada por grandes tintos, digna de
respeito.
O Timorasso é uma uva que me fascina há mais de uma década e
sempre considerei os vinhos de Giovanni Daglio, os melhores da denominação.
Não são!
Sem ter muito o que fazer uma bela manhã resolvi dar um pulo
até Alba rever amigos e garimpar algumas novas etiquetas.
Resolvi abandonar a
monótona e perigosa A7 e percorrer estradas secundarias da província de Alessandria
para conhecer um produtor de Timorasso cujo vinho me havia impressionado muito:
Claudio Mariotto.
Claudio Mariotto, viticultor em Vho, em seus 26 hectares de
vinha, produz, além do Timorasso, Barbera, Freisa, Croatina e Cortese.
Todos bons vinhos, mas o Timorasso é a grande estrela.
Mariotto vinifica, o grande branco piemontês, com três
etiquetas: Derthona, Pitasso e Cavallina.
Derthona e Pitasso são vinificados com uvas provenientes de
vinhedos no município de Vho e o Cavallina nasce de vinhas localizadas no
território de Tortona.
Três grandes vinhos brancos.
Três vinhos que o enófilo brasileiro precisa conhecer.
Claudio Mariotto, extrovertido, falante, comenta com
entusiasmo os vinhos que oferece em seu galpão, que se transforma adaptando-se
às necessidades do momento: Deposito,
espaço degustação, cozinha, recepção, sala de jogos..... Uma zona total.
As libações, seguem
sem cerimônias, até quando Mariotto resolve, sem mais nem menos, desafiar o
paladar do interlocutor oferecendo seus vinhos de várias colheitas, às cegas.
As três etiquetas revelam claramente as diferenças,
diferenças, essas, que tem origem nas características dos terrenos onde as
vinhas são cultivadas.
Impossível não gostar de Mariotto!
Impossível não apreciar seus vinhos!
Difícil é convencer Claudio a vender algumas garrafas de
antigas safras.
Sim, amigos, o Timorasso envelhece muito bem!
Garrafas com dez, doze,
ou mais anos, são muito comuns e atestam a importância deste vinho que com o
tempo ganha maior complexidade, elegância, e aromas.
Os vinhos, todos de 2011, me transmitiram as seguintes
impressões:
Cavallina: O mais fácil dos três. Grande branco com aromas
cítricos, mineralidade impressionante e persistência incomum no paladar.
Derthona: Um vinho muito complexo, difícil de interpretar, com
aromas que mudam constantemente. Consegui identificar, sálvia e feno. Na boca é
uma festa onde mais uma vez a mineralidade, que lembra os grandes Riesling,
deixa sua marca. É um vinho que deve ser bebido com mais idade.
Pitasso: O mais elegante dos três. Aromas de feno, cítricos.
Na boca a persistência é notável é a mineralidade, típica do Timorasso, muito
presente.
É um vinho que, acredito, deve envelhecer mais e melhor que os
dois irmãos e revelar mais tarde suas qualidades.
Três grandes vinhos que podem ser encontrados nas enotecas
entre 10 e 15 £.
Com 4 Derthona, 4 Cavallina e 4 Pitasso no bagageiro, após ter
bebido mais que o recomendável na companhia de Mariotto, seu representante e
alguns amigos do viticultor, me despedi prometendo retornar.
Bacco
PS. Já voltei não sei quantas vezes...
mais um excelente artigo, melhor que padrão Fifa (sem puxa-saquismo).
ResponderExcluirBacco, conhece um produtor de timorasso chamado Vignetti Massa? o que me diz dele?
Conheço ,mas se escreve; "Vigneti Massa" .Se vc reler a matéria notará que falo de Walter Massa que "redescobriu" o Timorasso.Os vinhos do Massa são bons ,mas muito caros. Massa também produz para Martinetti um Timorasso com a etiqueta "Martin" Um vinho caríssimo , cheio de madeira . Esqueça.
ResponderExcluirobrigado pela correção e pelas informações, não sabia que se tratava do mesmo Massa. vi um Derthona dele a um preço razoável (na Europa, evidentemente) e fiquei tentado, mas a loja também tem o do Mariotto, então vai ser difícil escolher...
ExcluirEduardo, vá de Mariotto
ResponderExcluirMais vinhos maravilhosos que 99.7% das pessoas aqui jamais tomarao. Parece reportagem sobre a nova Ferrari com cambio de 4 embreagens que ninguem comprara, ou ainda um pornozao da melhor qualidade. Ou entao numeros do sorteio da sena premiados (o cara nao ganha e confere mesmo assim).
ResponderExcluirAuguri, bastardi
Não acho. Acredito que 99,7% das pessoas que leem B&B viajam, pelo menos, uma vez na vida para a Itália. O Timorasso do Mariotto não é difícil de ser encontrado basta esquecer os pontuados e caros vinhos, que fazem a alegria das revistas especializadas, e procurar o Timorasso.
ExcluirE não precisa viajar até a Itália.O infeliz brasileiro médio que só sabe ir aos EUA também pode tomar.
ExcluirTem Timorasso na Astor (maior loja online de vinhos da região de NY) por USD 24, do Massa. Não precisa nem tirar a bunda da cadeira pra procurar, manda entregar no hotel e pronto.
Mas de fato, uns bons 70-80% das pessoas não vão beber esse vinho, pq acham mais fácil reclamar, dado que não tem no mercado nacional, a incluir no planejamento da próxima viagem. PQ bacana mesmo é falar dos vinhos que 99,7% das pessoas JÁ tomaram.
Acho ótimas as dicas de vinhos, bares e restaurantes de Bacco e Bocca. Na maior parte das vezes são de cidades onde já estive, o que me faz sempre perceber que existem motivos infindáveis para voltar a esses lugares. E que é possível beber bons vinhos por preços razoáveis. Muito melhor que ler sobre vinhos com preços inflados por medalhinhas em concursos ou pontuações.
ExcluirAcho que o João Ratão ali em cima fez uma comparação despropositada e se descuidou do fato que o Bacco sempre se preocupa em ressalvar que os preços de grande parte dos vinhos indicados não são escorchantes e geralmente ficam aquém dos valores pedidos por alguns nacionais.
ExcluirAuguri
Joao Ratao he voce na vara. Shut your fucking face, uncle fucker.
Excluirblame canada
ExcluirQue saudade da epoca que vivi na Italia . Pena que nao os conheci antes para ter bebido mais vinhos maravilhosos. Voltarei em breve se o euro deixar e incluo o Piemonte e a Liguria. Ha algum vinho a ser apreciado da Umbria?
ResponderExcluirSagrantino di montefalco. Maravilhoso, mas cuidado com ano e produtor.
ExcluirEu tive a honra de conhecer esses vinhos de mesmo sobrenome que o meu. Realmente são muito bons! O Claudio é ótimo e o lugar, como vc expressou, é uma zona mesmo, o que nos deixa muito a vontade!! Fiz até caipirinha para o Claudio, que me chamou de cugina...rsrs não sei onde ele arrumou uma ypioca e limões verdes...ahaha foi uma experiência e tanto!!!
ResponderExcluirAdorei sua matéria!!
Seguindo sugestão do Bacco, conheci os Lagos Garda, Maggiore e Orta, hospedei-me em Malcesine e Stresa, jantei no La Piamontesa, ótimo, almocei no Olina, também muito bom, e bebi Timorasso e Bramaterra. Ótimas sugestões.
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