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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

PIEDIROSSO


A Campânia, soube exportar, com incrível sucesso e como nenhuma outra região italiana, sua música, folclore, cozinha e turismo.
 

“O Sole Mio” em seus quase 200 anos de existência foi interpretado por mais de 50 cantores, entre eles, Elvis Presley, Frank Sinatra, Luciano Pavarotti, Enrico Caruso, Tony Bennet e continua sendo umas das canções mais conhecida do mundo.
 

A Costiera Amalfitana, Capri, Ischia, Pompei, Napoli, Sorrento são metas turísticas cobiçadas e desejadas por todos nós.
 
 

A Pizza napolitana, um dos pratos mais simples e saborosos do mundo, conquistou paladares em todos os continentes e hoje em qualquer biboca do planeta é possível encontrar uma ou mais pizzarias.

 

Grande região, grandes atrativos.

Mas......os vinhos?

A Campânia nunca conseguiu grandes sucessos com suas garrafas e poucos são aqueles que conhecem o Taurasi, Fiano d’Avellino, Greco di Tufo, Falanghina del Sannio, Lacryma Crhisti.

Se continuarmos mencionando os menos populares, então.....
 

Em Santa Margherita o clima ameno estimula o consumo de vinhos brancos, mas o inverno deste ano, particularmente rígido, me levou para taças de tinto.

Os vinhos tintos que eu bebo nos bares nunca são aqueles importantes, excepcionais, estruturados, complexos como Barolo, Barbaresco, Amarone, Brunello etc., sempre privilegio vinhos leves, fáceis de beber, honestos e …baratos.
 

“Você quer provar um Piedirosso”.

Marco, proprietário do wine bar “Sun Flower, respondia, assim, à minha indagação sobre o que beber naquela tarde gelada.

Tentando ser irônico perguntei: “O Piedirosso” (pés-vermelho) é um vinho produzido em alguma aldeia Sioux”.

Marco, pacientemente, respondeu que a “Piedirosso” era uma casta autóctones da Campânia e que o “Agnanum Sabbia Vulcanica”, que ele me propusera, nascia nas terras vulcânicas do parque natural de Astroni nas proximidades de Napoli.
 

A pequena vinícola “Agnanum”, do viticultor, Raffaele Moccia, possui apenas 4 hectares nas colinas do parque Astroni, mas Moccia, com obstinação e cuidados extremos, consegue extrair daquelas incríveis areias vulcânicas vinhos excepcionais.

O “Agnanum Sabbia Vulcanica”. Que estava degustando, era exatamente o vinho que precisava para aquela ocasião.

Sua delicada cor rubi, seus aromas florais e de especiarias, um incrível frescor e grande facilidade para se beber me “obriga” a classificar o “Agnanum Sabbia Vulcanica” um dos vinhos mais interessantes e originais que bebi nos últimos tempos.

Seus 12º de álcool não cansam e a cada rotação da taça aparecem novas emoções.

O preço? 10/12 Euros.

Confiram

Bacco

 

 

 

 

 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

DOC DOCG DOP ?



Assim, como crônicas de tragédias anunciadas em Banania, que nunca falham em acontecer, nossos parentes italianos já passaram do limite nos trambiques e a população paga um preço muito caro (inclusive na saúde) ao se submeter à picaretagem e aos pedágios da máfia.

Há poucos lugares no planeta mais lindos e inesquecíveis que o sul italiano, ilhas inclusas.

 Muito mais interessante e bonitos do que os badalados sul da Tailândia, Índia, África do Sul e outras mecas (sem trocadilho) do turismo mundial.

Me surpreende que muita gente ainda não entendeu porque há aquelas aldeias abandonadas, baratas, que em tese estariam prontinhas para serem amealhados por grupos vinícolas, hoteleiras, restaurantes e afins.

Ou você nunca se perguntou porque cidades no sul da Itália oferecem uma graninha para quem se mudar para lá ou por qual motivo um pedaço de terra, dos melhores para agricultura, custa tão pouco quando comparado às regiões mais ao norte?

Temos somente a miséria obtida após décadas de trambique e coação.

 A lista do PIB per capita pode ser vista aqui

Tenho até pena dos africanos que saem dos barcos em busca da terra prometida.

Estão ferrados, ali, também.

Há mais uma investigação em curso e dessa vez, 50 vinícolas e ou empresas, estão na mira da polícia por fraude nos vinhos de várias regiões.

A mesma falcatrua de sempre: Mostos baratos, comprados em outras localidades e adicionadas aos vinhos DOC.

Tudo completamente fora das leis das DOCG, DOC, DOP da vida.
https://www.thedailybeast.com/sting-operation-targets-cheap-grapes-in-fancy-wines

Azar de que tenta competir com essa gente.


 Como competir com quem adultera vinho, aumenta margens artificialmente e acaba com mercado?

O controle das DOC italianas parece ser atuante, mas deixa escapar muita coisa e pelo jeito a punição compensa o crime.

 Haja vista a sequência de escândalos que acontecem regularmente.

As DOC falharam.

Criaram uma ilusão de proteção, de alta qualidade, de algum controle, de alguma autenticidade, mas os relatos e notícias, que envolvem as DOC e afilhadas, na Itália, dizem o contrário.

No caso dos queijos e azeites, as fraudes atacam carteiras, reputações, mas também deixam um rastro de doenças que podem ser desenvolvidas dependendo da quantidade da química usada e adicionada aos produtos.


Do alto da minha inteligência, abençoada e superior, eu proponho algumas mudanças nas DOC desde já.

1.    Banimento perpétuo em qualquer atividade empresarial para quem for pego falsificando qualquer DOC (isso inclui fechamento das atividades que não poderiam ser vendidas ou transferidas para quem quer que seja)

2.   Cadeia

3.   Multa pesada

4.   Vinhedos e olivares erradicados

5.   Todas as medidas acima

Laranjas da máfia não teriam algum perdão por terem sido obrigados a participar das fraudes e, aqui também, fechamento das empresas.

Que plantem cortiça ou agave.

Vivemos numa era em que a próxima geração de clientes se preocupa com autenticidade e exclusividade.

 São mudanças que ocorrem aos poucos, mas são equivalentes a mega terremotos no varejo mundial.

Enquanto a Itália não combater de frente, de lado ou de qualquer maneira essas práticas, continuaremos a testemunhar a derrocada de um país (ou países-estados antes) que foi um dos berços da civilização atual e base de muitos países mundo afora via emigração (espalhando a “ética” inabalável dos modos operandi italiano).

 Lamento e me envergonho das minhas origens

Bonzo

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

VERDICCHIO CORONCINO


 


Quando percebi quão inútil e ridículo seria continuar meu eno-aprendizado no Brasil seguido indicações de revistas, jornalistas especializados, formadores de opinião, cursos (a ABS de Brasília era cômica) etc., resolvi dar um basta e procurar meus próprios caminhos.
 
 
 

Eram os anos 1980, a internet gatinhava, as informações eram limitadas, manipuladas por interesses comerciais (importadoras e produtores), poucas opções e quase sempre banais....uma pobreza total.

Bastaria lembrar o famoso “vinho alemão”, aquele da horrenda garrafa azul, para perceber a limitação de nossas opções.

Sangue de Boi, Sinuelo, Mosteiro, Château Duvalier, Clos de Nobles e outras banalidades, foram as etiquetas que marcaram época e torturaram paladares
 

O inesperado (herança) me permitiu, nos anos 1990, uma razoável renda extra.

Decidi, então, procurar minhas vinhas e vinhos em solitárias, mas bem planejadas viagens pelos países produtores da Europa.

França e Itália as metas preferidas.

Na França viajei pelas vinha da Borgonha (todas), Alsácia, Rhône, Languedoc-Roussillon, Provence.

Na Itália..... Bem, na Itália não há região vinícola que não conheça.
 

Da Val D’Aosta à Sicília, do Friuli ao Piemonte, do Veneto à Sardegna, da Liguria às Marche e “.... e se mais vinha houvera, lá chegara”

 A propósito de Marche.....

Consultando a carta, de um restaurante, da belíssima Sesto Calende, às margens do rio Ticino, uma etiqueta chamou minha atenção: “Verdicchio Il Coroncino”.

Imediatamente minha mente voou até Staffolo, pequena aldeia marchigiana, onde o intrigante e grande viticultor Lucio Canestrari produz o “Il Coroncino”
 

 Desde sempre considerei a Verdicchio uma das grandes castas italianas.

Ao lado de outras uvas campeãs como Garganega, Carricante, Fiano d’Avellino, Malvasia Friulana, Trebbiano d’Abruzzo, Timorasso, a Verdicchio, quando vinificada seriamente, doa vinhos soberbos.

Há duas versões: Verdicchio dei Castelli di Jesi e Verdicchio di Matelica.
A mesma casta doa diferentes vinhos.

A denominação “Castelli di Jesi” se aproveita da proximidade do mar, do clima mais ameno e dos ventos marinos para nos doar vinhos com pronunciados aromas florais e frutados

Ao paladar se apresentam harmônicos, secos e com um final que lembra a amêndoa amarga.

A denominação “Matelica”, apesar de ser vinificada com a mesmíssima uva, é totalmente diferente.
 

Matelica, pequena aldeia incrustrada nos Apeninos, não é atingida pelos ventos marinos e seu clima frio, seco e com importantes excursões térmicas doa um Verdicchio com maior elegância, estrutura e menor gradação alcoólica.

Duas versões, dois grandes vinhos.

O Verdicchio dei Castelli di Jesi (pronuncia-se: Iesi) teve um passado nada edificante e aquelas garrafas, lembrando ânforas etruscas, continham um vinho de baixíssima qualidade que poderia ser facilmente confundido com as zurrapas gaúchas.

Com a conscientização, de alguns produtores de maior visão, a Verdicchio iniciou a ser vinificada com o justo respeito e maiores cuidados.

Excelentes resultados podem ser encontrados em muitas etiquetas: Bucci, Sartarelli, Pievalta, Felici e.…. Coroncino.
 

Quem se dispuser a gastar entre 10 e 20 Euros poderá beber três produtos da “Fattoria Coroncino” e mandar às favas muitas etiquetas premiadas e endeusada.
 

“Bacco” o mais simples, “Coroncino”, para mim o mais interessante e “Gaiospino”, com passagem em madeira, são três exemplos de como o Verdicchio dei Castelli di Jesi pode agradar os mais exigentes enófilos.

 Lucio Canestrari, um valido e respeitabilíssimo produtor

Bacco 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

EnGAJAdos e enrabados


A série de Bacco, sobre os idolatrados vinhos “Gaja”, veio bem na hora em que eu lia mais um relatório sobre novas áreas vinícolas onde vários grupos comerciais (que ocasionalmente produzem vinhos), entre eles americanos, bordaleses e borgonheses, estão investindo.
 
 
 

A África do Sul é uma delas.

Os vinhos da África do Sul deveriam estar em todas as adegas se fosse levado em conta o quesito “qualidade-custo”.

 Não estão e nem estarão.

Apesar do investimento pesado em marketing, que em breve testemunharemos, há um teto baixo no que tange volume, área plantada e um limitado número de consumidores (exceto os pinguços do reino unido) que estariam dispostos a trocar as etiquetas de países tradicionais e encherem suas taças com vinhos da África do Sul.
 

O perigo, para a indústria do vinho (principalmente a europeia), mora mais longe e o estrago que deverá causar será de proporções épicas.

Durante muito tempo muitas vinícolas europeias conseguiram dinheiro para plantar e aumentar a produção de vinhos contando umas cascatas ao gerente do banco local.

Uma delas: como produzir e vender vinhos para nosso “Banánico Gigante Adormecido”, China, Rússia, Índia...aquela turma que, na opinião dos economistas de botequim, teria dominado o mundo já em 2015.
 

 Pfui.

Nas feiras de negócios vinícolas já se sabia que os chineses comprariam muitas zurrapas (ou o que fosse mais barato) e que dariam oxigênio ao fluxo de caixa.

Os outros mercados tradicionais comprariam os vinhos mais caros ou verdadeiros.

A China acordou, da pobreza e da fome pós Mao (quem sobrou) e se tornou o consumidor mais voraz de tudo o que há no mundo.

De 2012 a 2016 consumiram mais cimento que todo EUA no século XX.

Acionistas da Vale do Rio Doce deveriam acender umas velas por dia em agradecimento aos chineses.
 

Os orientais aprenderam a gostar de vinho e, sem mais delongas, compraram vinícolas com dinheiro fácil vindo dos esquemas.

Em seguida aprenderam a beber, plantar uva e produzir vinhos (digo, de passagem, em tempo recorde).

Em degustações às cegas já amealham as famosas medalhas e prêmios.

A China já tem, hoje, a segunda maior área mundial de vinhedos, perdendo por pouco para a Espanha e ainda estão plantando mais...a coisa não tem fim.

 Já produzem mais vinhos que o Chile, estão quase ultrapassando a Argentina e rapidamente alcançarão a Austrália.
 

Duvida?

Com a consolidação da viticultura chinesa acabou a vida fácil das vinícolas.

 Os chineses terão uva suficiente para produzir bons vinhos e poderão escolher se vender para o mercado interno, se exportar para mercado de fraudes ou para o mercado sério (vinhos para mistura/fraude ainda mais barato que os vinhos do sul da Europa) ou, até mesmo, se aumentar as falsificações de etiquetas famosas com bons vinhos nas garrafas.

Todas as parcerias, via empréstimos sem fundo, que fizeram na África e na Ásia, vão abrir vários mercados, inclusive o de vinhos.

Duvida?

Quando chinês se engaja em alguma coisa o restante do planeta acaba enrabado.

Um relatório da CIA, que vazou na internet, revela que ainda não há planos apontando que os chineses queiram falsificar vinhos gaúchos,

O promissor mercado das falsificações continuará visando somente os de sempre: Europeus. 

A serra respira aliviada e nos.... levando enrabada por mais um tempo.

Bonzo

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

DE VOLTA PARA O PASSADO


 


Entre as maiores “criações”, no glorioso mundo gastronômico e vínico, as que eu mais adoro são as que já existiam antes, que eram obvias, simples e agora retornam com o raio “gourmetizador”, bem mais caras, parecendo novas e originais.
 

Minha avó moía grãos de milho para fazer polenta no quintal da casa.
 
 

O molho de tomate cozinhava durante muitas horas e quanto mais tempo no fogo, melhor e mais saudável (descobriram um tempo depois que esse processo mais lento liberava várias substancias que o tomate tem).

Massa para macarrão, então, era algo que se fazia de pancada todo domingo.

Alguns chefs sabichões descobriram que um monte de incautos não sabe como se faz polenta, molho de tomate e massas (seria alguma tecnologia da NASA?).
 

 Os chefs vivaldinos cobram uma fortuna para “torturar” os infelizes nas cozinhas do restaurante que, no final das tais “aulas”, aprendem apenas bater fotos para postar na “face”.

Palavras como “Polenta de Terroir”, “Tomate DOC” fazem parte das ‘’aulas’’.

Qualquer R$ 500.00 paga pela aula e jantar.

Mas existe alguém ainda mais alerta para levar dinheiro de tonto: Dono de vinícola e enólogo-consultor.

Durante séculos viticultores usaram tecnologia simples, disponível e de bom senso, para obtenção de vinho.

Colheita, prensa, fermentação do mosto, algumas operações de transferência de liquido direto para a barrica ou garrafa e finalmente, taça (resultados nem sempre dos melhores, mas assim era a vida).

Com o passar do tempo iniciou uma nova era; aquela do capitalismo de volume, de escala, de maquinário e tecnologia indispensáveis (ao menos de acordo com os fabricantes das máquinas e aparatos).

 Feiras e convenções, em todos os cantos do mundo, para divulgar os novos brinquedos que qualquer vinícola “tem que ter”.
 

Palavras como: compliance, shareholder, board of directors, stock options, hoje são corriqueiras e indispensáveis nas vinícolas que produzem os vinhos que você, caro eno-corno, venera.

Eis que não contavam com a suposta astúcia de uma pequena, mas barulhenta classe de consumidores que se preocupa com coisas como autenticidade, sabor, qualidade, preço...

Um dos tópicos que está na boca, de vários críticos de vinho e semelhantes, chama-se: ‘’vinho por gravidade’’.

Nada mais que obtenção de vinho onde todo processo de transferência de mostos e líquidos para barricas, containers ou garrafas acontece sem bombas, sem fórceps, sem pressão, tudo de maneira mais delicada e natural para preservar o que há de bom na bebida.

É claro que funciona!
 

Vinho tem pavor de choque, de transporte, de alta pressão, de tabela periódica de elementos.

Os espertinhos, de sempre, largaram na frente no marketing: EUA e os “picaretas-emeritus-eternum” do Chile (Chileno do vinho parece viticultor gaúcho anabolizado, mais esperto e mais picareta em tudo) já anunciam os ‘’novos vinhos’’ para alegria de crítico$ entusiasmado$.

Polenta e molho de tomate com raio “gourmetizador”, vinhos de gravidade; mais alguns itens que vão para a lista de invenções simples e obvias que já existiam, mas você, sempre sedento por “novidades”, vai, agora, pagar mais por isso. 
 

Anote e cobre os donos do blog sobre o assunto mais tarde.

Demoram, mas pagam.

Alguns poucos consumidores, que já perceberam a reciclagem de técnicas antigas, agora voltando com roupagem nova e preços de século XXII (22 para os analfabetos em romano), já começaram a reclamar, mas haverá muita gente que vai morder a isca e garantir a prosperidade da reciclagem da malandragem.
 

Bonzo

 

domingo, 10 de fevereiro de 2019

GAJA.....FINAL


Nas noites frias do inverno, Santa Margherita Ligure, tem a mesma alegria e movimentação de um cemitério em dia chuvoso.
 

Quase todos os hotéis, bares, restaurantes e lojas, fecham as portas em final de janeiro e somente as reabrem em março.

Beber uma boa taça não é tarefa fácil….

Menos mal que, nos finais de semana, a “Vineria Macchiavello” sai do recesso para a alegria dos sedentos clientes.

 
Enrico e Raffaella, proprietários da enoteca, às sextas feira invernais, organizam jantares sempre regados com vinhos de uma região italiana e pelo preço fixo de 40 Euros.

Semana passada, para acompanhar embutidos, queijos, lasanha, carne assada e sobremesa, a região escolhida foi a Toscana.

Os vinhos propostos: Morellino di Scansano 2016 “Morisfarms”, Chianti Classico “Pèppoli” 2016 Antinori e, finalmente, o vinho que me convenceu a participar do jantar, Brunello di Montalcino 2013 “Pieve Santa Restituta” Gaja.

A apresentação dos vinhos, suas características e um pouco de história de cada denominação, foi realizada por Enrico Valle proprietário e sommelier da casa.
 

Pratos calóricos, mas perfeitos para a noite fria, plateia selecionada, bela dissertação de Enrico e.…. finalmente os vinhos.

Minhas impressões.

O Morellino di Scansano 2016, da vinícola MorisFarms, apresentou bela cor, perfumes intensos e frutados e na boca agrada sem entusiasmar.
 

Como grande parte dos vinhos da Maremma, o Morellino da MorisFarms, além do Sangiovese, é vinificado acompanhado por castas francesas, neste caso, Merlot e Syrah.

Não desagrada, mas não é um vinho que pediria espontaneamente: Há vinhos mais autênticos e melhores na mesma faixa de preço.

O Chianti Classico “Pèppoli”, apesar da adição, outra vez, do Merlot e Syrah, me agradou.

Brilhante, fresco, taninos presentes, mas macios, fácil de beber, acompanhou soberbamente uma ótima lasanha.

Bom vinho.

Aguardei com ansiedade, que Enrico terminasse a apresentação do Brunello, para finalmente provar o famoso “Pieve Santa Restituta” do Gaja.

Talvez tenha sido a grande expectativa, o desejo quase infantil, ou, quem sabe, exagerar na importância do nome “Gaja”, mas devo confessar que aquele Brunello, já no primeiro gole, me decepcionou.

Tentei corrigir meu juízo e bebi mais um pouco de “Pieve Santa Restituta”.
 

Piorou.....

Um vinho de estilo claramente “internacional”, com excesso de madeira, álcool muito presente e difícil de beber.

Fiquei pensando qual a razão do Gaja em insistir em um estilo de vinificação que já não empolga, não agrada nem seduz.

Resposta: Exportação para os que não entendem de Brunello.

 
Sem medo de errar afirmo que o “Pieve Santa Restituta”, foi um dos piores Brunello que já bebi e declaro que não foram poucos....

Acreditem....voltei rapidamente para o melhor vinho da noite: Chianti Classico “Pèppoli”  

Bacco

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

GAJA TOSCANO


Gaja, sem dúvida, um dos maiores nomes do panorama vinícola italiano, ainda é o mais conhecido e renomado nome das vinhas do Piemonte.

Giacosa, Mascarello, Conterno, outros grandes “astros dos vinhos piemonteses, nunca conseguiram atingir a notoriedade de Gaja.

A marca “Gaja” reinou absoluta nas mentes dos enófilos de todos os cantos do planeta (na Itália, menos).

Seus vinhos merecem a fama e justificam os preços?

Não! 
 

Há outros tão bons, melhores, até, por um terço ou um quarto do preço.

Antes que os bebedores de etiquetas iniciem o costumeiro apedrejamento, recomendo a prova de um Barbaresco “Ca’ del Baio”, “Boffa”, “Rizzi” ou até mesmo um magnífico “Montestefano” dos Produttori del Barbaresco.
 

 Se continuarem admirando o Gaja, recomendo uma visita ao psiquiatra da família.

Poderia continuar com uma lista bem mais longa, mas seria inútil, pois as etiquetas não chegam ao Brasil...

Nem quero comentar o Chardonnay Gaja & Rey....Uma piada caríssima.

O sucesso dos “AIAS” (Sassicaia, Solaia, Ornellaia, etc.) provocou uma verdadeira corrida ao novo “Eldorado” vinícola na Maremma.

Inúmeros produtores, entre eles Angelo Gaja, correram para Bolgheri e arredores, na esperança de faturar alto repetindo o sucesso dos primeiros “Aias” e do Masseto.
 

Quebram a cara.

Na Maremma, os concorrentes não eram os pequenos produtores piemonteses.

Em Bolgheri, pesos pesados e velhas raposas das vinhas, Frescobaldi, Antinori, Incisa della Rocchetta, haviam fincado raízes e não eram adversários fáceis de serem vencidos.

Os espaços e as canetas de vida fácil já tinham donos (e que donos).
 

Resultado: Os vinhos da Ca’ Marcanda nunca conseguiram repetir o sucesso dos irmãos piemonteses e não seduziram as carteiras dos bebedores de etiquetas.

Outra aventura de Gaja, desta feita em Montalcino, também não foi um sucesso

 Seu Brunello “Pieve Santa Restituta” não empolgou ninguém.
 

O Brunello de Gaja é apenas mais um, aliás, apenas meio

Tem mais, aguardem.

Bacco