“Cozinha Italiana” não existe!
O nome correto é: “Cozinha Regional Italiana”
A “Itália Nação”, antes da unificação, em 1861, era uma colcha
de retalhos, política, cultural, econômica.
Imagine um território, menor do que o Maranhão, dividido em
inúmeros estados e comandado por vários senhores: “Regno di Sardegna, “Regno Lombardo e Veneto”,
“Ducato di Parma”, Ducato di Modena”, “Granducato di Toscana”, ”Stato
Pontificio”, “Regno dele Due Sicilie”.
Não bastassem as diferenças políticas e culturais havia (ainda
há) diferentes línguas: um napolitano não conseguia se comunicar com um milanês
e vice-versa
Exemplos de algumas línguas até hoje muito usadas no dia-dia dos
italianos: Ladino, Lígure,
Lombardo, Piemontês, Sardo, Napolitano, Siciliano, Walser, Véneto etc.
É sempre bom lembrar que Vittorio Emanuele II, primeiro rei da
Itália, nos encontros internacionais falava francês, na corte de Turim,
piemontês e eram notórias suas dificuldades para se comunicar em italiano.
Para confirmar a inexistência da “italianidade”, informo que, em
1861, somente 2,5% da população falava italiano e apenas 10% o entendia.
Qual a razão desse longo preâmbulo?
Demonstrar que se não existia nem um idioma único não poderia haver
uma única cozinha.
Última informação: Até final dos anos 1950 não havia sequer uma
pizzeria em Torino e em Palermo nem sabiam o que era o risotto.
E por falar em risotto.....
O risotto se transformou na “Gení” dos restaurantes
brasileiros: É um dos pratos mais prostituído, banalizado e “assassinado” nas
cozinhas locais.
O risotto é um prato típico do norte da Itália (Lombardia, Piemonte,
Veneto) que se espalhou por toda a Bota e pelo mundo afora.
O risotto, servido nos restaurantes brasileiros, é quase sempre uma caricatura malfeita e nem de longe lembra a receita original
É preciso recordar que risoto demora 12/15 minutos para ser
preparado corretamente e exige uma atenção quase exclusiva (o cozinheiro não
pode abandoná-lo)
Nos restaurantes tupiniquins o risotto se transformou em uma “escort”
de vida fácil que acompanha um sem números de outras receitas.
Para poder servi-lo,
com outros pratos, de diferentes cozimentos, o risotto é preparado bem cedo,
espera horas na panela, e quando, finalmente é assemblado à carne, peixe, camarão,
etc. etc. etc., assume a característica do reboco de parede...um horror.
Se os “risotti”, que infestam os restaurantes tupiniquins,
fossem servidos na Itália seriam considerados “Risotti-Tremendas-Bostas” e, entre
imprecações mil, devolvidos à cozinha.
Os arrozes mais
indicados são os italianos, Arborio, Carnaroli, Vialone Nano.
As técnicas: Há quem coloque o caldo todo de uma vez e quem o
adicione lentamente, com uma concha, mexendo constantemente para evitar que o
arroz grude no fundo da panela (eu cozinho abraçando esta segunda opção)
Uma receita
Risotto de Melão, Camarões e Abobrinhas (para 4 pessoas)
2 xícaras das de chá
de arroz (Arborio, Vialone Nano, Carnaroli)
½ cebola pequena – 2 colheres de manteiga - ½ copo de vinho branco- sal
1 litro de caldo de verduras (pode ser Knorr ou Maggi... se o Atola usa, você,
também, pode)
2 fatias de melão (Cantaloupe ou Charentais) - 1 abobrinha- 1 dúzia de
camarões médios,
pré-cozidos e limpos
Preparo
Ferva o caldo
Enquanto o caldo atinge a fervura, pique ½ cebolas e coloque em um uma
panela larga, não muito alta (eu uso uma antiga esmaltada) com uma colher
de manteiga
Em fogo médio doure levemente a cebola e quando estiver translúcida junte
o arroz, misture bem por um minuto (o arroz
deve “fritar”).
Em seguida derrame
o vinho branco e sempre mexendo, faça evaporar.
Quando o vinho tiver evaporado adicione duas conchas de caldo fervente
(lembre-se que arroz não deve broxar... deve sempre borbulhar) e misture
lentamente.
Quando o líquido
secar adicione mais caldo e a abobrinha picada.
Sempre adicionando o caldo, espere mais 3 minutos, controle o sal e junte o
melão
Misture bem e nunca deixe secar o arroz.
Quando o risotto tiver “al dente” junte os camarões pré-cozidos, regule o sal
e depois de 1
minuto apague o fogo.
Adicione o restante da manteiga, tampe a panela e deixe “descansar” por
mais um minuto.
Esta última operação se chama “mantecare” e serve para tornar o risotto
mais cremoso.
Sirva com um bom vinho branco
Não queria revelar com qual eu o acompanhei para não despertar inveja e antipatia , mas não aguentei.....
Buon appetito.
Bacco
foto do prato pronto, se deve ao fato que os convivas tomaram de assalto a
panela e não me foi permitido
“Mantecare”.
Faço exatamente desta maneira. Uso mais o Carnaroli que o Arborio e Vialone nano. Mas uma coisa que nunca consigo é usar apenas um litro de caldo. Sempre falta. Por que será? A propósito, eu faço meus próprios caldos, contrariando o Atrala.
ResponderExcluirSalu2
Faça 2 litros se sobrar, guarde ou congele. O caldo feito em casa é superior, mas exige muito tempo que muitas vezes não dispomos.
ExcluirVendo um programa de um certo chef franco carioca ao finalizar o risoto adicionou uma generosa colher de creme de leite! O italiano na sala gritou..."Figlio di puttana!"
ResponderExcluirCreme de leite é raramente usado na cozinha italiana onde o azeite é rei
ResponderExcluirEu colocaria (coloco) um pouco de limone, raspas da casca, salsa e ou coentro picados.
ResponderExcluirFome do cacete apos ler esse articolo...
harmoniza com cabernet franc brasileiro de 1951 ?
ResponderExcluirSim, especialmente se estiver sofrendo de prisão de ventre.....caganeira na certa
ExcluirNão há dúvida que este risoto, que mais parece uma comida de hospital, de tão desbotado e sem cor, não poderia harmonizar com um belo Cabernet Franc de 1951, uma jóia que está agradando paladares dos mais exigentes. Acredito mesmo que este risoto causaria problemas intestinais.
ExcluirSe você precisar de cor, para apreciar comida, ande sempre com um pouco de urucum no bolso e derrame até sobre o "hospitalar" filé de peixe ao Champagne. Discordo da segunda parte do comentário: O Cagarnet Franc 1951 agrada , apenas, aos bolso de seus "inventores" e aos fabricantes de papel Higiênico
ExcluirSem papas na língua , sou milanês e concordo que o risotto exige esta dedicação , p/ virar pappa é um instante!!!Salute
ResponderExcluirAppunto....
ResponderExcluirApresentação do Ultra Premium Cabernet Franc 1951! Emocionante, de tirar o fôlego! O vinho seria usado para fazer Vinho do Porto (como assim?). Morra de inveja
ResponderExcluirhttps://youtu.be/MCO3HIKCyoE
MUita inveja.....182 visualizações hahahahahahaha
ResponderExcluirMentir sobre o preço melhora a avaliação de vinhos baratos, diz estudo
ResponderExcluirhttps://www.msn.com/pt-br/receitasebebidas/noticias-e-receitas/mentir-sobre-o-pre%C3%A7o-melhora-a-avalia%C3%A7%C3%A3o-de-vinhos-baratos-diz-estudo/ar-BB1ewRum
Obrigado . Estou escrevendo uma matéria sobre o assunto
ResponderExcluir