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sexta-feira, 29 de março de 2019

OS SUPERLATIVOS


Não sou um grande conhecedor de vinhos e, quase sempre, quando vou a um restaurante, confio na sugestão do sommelier ou proprietário do local.
 

Mas até que ponto o sommelier ou o expert, entende de vinhos mais do que eu?
 

Segundo Robert Hodgson, pequeno produtor californiano, eles entendem tanto quanto ou menos ainda

Hodgons participou e participa, de inúmeras competições enológicas e notou que as premiações não seguem nenhuma lógica.

Um vinho aplaudido em uma competição é execrado na seguinte.

 
Em 2005, durante a “California State Fair”, iniciou uma experiência que se concluiu em meados de 2018.

Sem que soubessem e em incontáveis concursos, Hodgson, apresentou aos jurados, em cada degustação, o mesmíssimo vinho por três vezes

Resultado: Apenas um, entre dez jurados, pontuou   o vinho com a mesma nota nas três degustações.

Aí vem a pergunta: Se “expert” internacionais falham, clamorosamente, como confiar em nossos eno-picaretas de plantão?

Não confie .... Eles são apenas mais espertos e mais caras de pau do que você.

A pá de cal, sobre o mito do infalível sommelier, é jogada por Marco Reitano sommelier do tri estrelado restaurante “La Pergola” no “Waldorf Astoria Resort” de Roma.
 

“Nenhum sommelier consegue reconhecer um vinho, qualquer, apenas provando. Não faz parte do nosso trabalho. A tarefa do sommelier não é adivinhar o vinho, mas reconhecer a qualidade e entender quais as melhores harmonizações para pratos escolhidos”.

Dito isso, vamos adiante...

Nos anos 2000 a ABS de São Paulo publicava, em seu site, os “Melhores 100 Vinhos do Ano”.

Todos os anos os diretores da associação degustavam, classificavam e pontuavam os vinhos.

Era um festival, de palhaçadas, digno de um espetáculo circense.

Mirtilos, framboesas, cerejas, groselhas e inúmeras outras frutas, que raramente são encontradas no Brasil, abundavam nas descrições.

Intrigado com o sofisticado paladar e o refinado olfato, dos diretores da associação paulista, resolvi lançar um concurso-desafio.

 Escolheria 10 garrafas, entre as 100 melhores classificadas pelos gênios da ABS e convidaria os “experts” a reencontrarem em uma degustação às cegas, exatamente os mesmos aromas, os mesmos sabores e a mesma pontuação do julgamento anterior.

Haveria, logicamente, um prémio: Para cada acerto pagaria ao “expert” R$ 5.000.

Havia, porém, a contrapartida: A cada erro, o génio da ABS, me    pagaria R$ 1.000.

É sempre bom lembrar que, naqueles anos, R$ 50.000 era uma cifra considerável.

No primeiro desafio ninguém apareceu, mas não desisti.
 

Dobrei o valor e o prémio para passou a ser de R$ 10.000, para os acertos, mas mantive os mesmos R$ 1.000 para os erros.

Ninguém apareceu.... Desisti

Foi assim que me convenci que os aquele aromas, sabores, conhecimentos e percepções, quase extraterrestres, eram ridículas invenções que serviam, apenas, para impressionar os neófitos.
 

Toda aquela eno-sapiência era apenas um verniz, de quinta qualidade, que servia para enganar os incautos e eno-crédulos.

Acreditar que nossos “sommeliers” são seres de outro mundo e dotados de conhecimentos superlativos, é crer que nosso Diego Rebola, um dia, poderá trazer aquela taça inútil para o Brasil.

 
Picaretagem pura, pura picaretagem

Tem mais....aguarde

Dionísio   
OS

3 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkk...excelente! Como sou um modestíssimo apreciador e aprendiz de vinhos, vou sempre naquela do Didu Russo, que disse que o melhor vinho é aquele que você mais gosta. Muito bom, seu texto, muito verdadeiro e divertidíssimo. Abração do Oleari.

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  2. Obrigado. Aguarde a nova matéria sobre o mesmo assunto

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  3. Muiiito bom!!!! Parabéns pela excelente matéria.

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