Não sou um grande conhecedor de vinhos e, quase sempre, quando
vou a um restaurante, confio na sugestão do sommelier ou proprietário do local.
Mas até que ponto o sommelier ou o expert, entende de vinhos mais
do que eu?
Segundo Robert Hodgson, pequeno produtor californiano, eles
entendem tanto quanto ou menos ainda
Hodgons participou e participa, de inúmeras competições
enológicas e notou que as premiações não seguem nenhuma lógica.
Um vinho aplaudido em uma competição é execrado na seguinte.
Em 2005, durante a “California State Fair”, iniciou uma
experiência que se concluiu em meados de 2018.
Sem que soubessem e em incontáveis concursos, Hodgson, apresentou aos jurados,
em cada degustação, o mesmíssimo vinho por três vezes
Resultado: Apenas um, entre dez jurados, pontuou o vinho
com a mesma nota nas três degustações.
Aí vem a pergunta: Se “expert” internacionais falham,
clamorosamente, como confiar em nossos eno-picaretas de plantão?
Não confie .... Eles são apenas mais espertos e mais caras de
pau do que você.
A pá de cal, sobre o mito do infalível sommelier, é jogada por
Marco Reitano sommelier do tri estrelado restaurante “La Pergola” no “Waldorf Astoria Resort” de Roma.
“Nenhum sommelier consegue reconhecer um vinho, qualquer, apenas
provando. Não faz parte do nosso trabalho. A tarefa do sommelier não é
adivinhar o vinho, mas reconhecer a qualidade e entender quais as melhores harmonizações
para pratos escolhidos”.
Dito isso, vamos adiante...
Nos anos 2000 a ABS de São Paulo publicava, em seu site, os “Melhores 100
Vinhos do Ano”.
Todos os anos os diretores da associação degustavam,
classificavam e pontuavam os vinhos.
Era um festival, de palhaçadas, digno de um espetáculo
circense.
Mirtilos, framboesas, cerejas, groselhas e inúmeras outras
frutas, que raramente são encontradas no Brasil, abundavam nas descrições.
Intrigado com o sofisticado paladar e o refinado olfato, dos
diretores da associação paulista, resolvi lançar um concurso-desafio.
Escolheria 10 garrafas,
entre as 100 melhores classificadas pelos gênios da ABS e convidaria os
“experts” a reencontrarem em uma degustação às cegas, exatamente os mesmos
aromas, os mesmos sabores e a mesma pontuação do julgamento anterior.
Haveria, logicamente, um prémio: Para
cada acerto pagaria ao “expert” R$ 5.000.
Havia, porém, a contrapartida: A cada erro, o génio da ABS,
me pagaria R$ 1.000.
É sempre bom lembrar que, naqueles anos, R$ 50.000 era uma
cifra considerável.
No primeiro desafio ninguém apareceu, mas não desisti.
Dobrei o valor e o prémio para passou a ser de R$ 10.000, para
os acertos, mas mantive os mesmos R$ 1.000 para os erros.
Ninguém apareceu.... Desisti
Foi assim que me convenci que os aquele aromas, sabores,
conhecimentos e percepções, quase extraterrestres, eram ridículas invenções que
serviam, apenas, para impressionar os neófitos.
Toda aquela eno-sapiência era apenas um verniz, de quinta
qualidade, que servia para enganar os incautos e eno-crédulos.
Acreditar que nossos “sommeliers” são seres de outro mundo e
dotados de conhecimentos superlativos, é crer que nosso Diego Rebola, um dia,
poderá trazer aquela taça inútil para o Brasil.
Picaretagem pura, pura picaretagem
Tem mais....aguarde
Dionísio
OS
kkkkkkkkkkkkkkkkkk...excelente! Como sou um modestíssimo apreciador e aprendiz de vinhos, vou sempre naquela do Didu Russo, que disse que o melhor vinho é aquele que você mais gosta. Muito bom, seu texto, muito verdadeiro e divertidíssimo. Abração do Oleari.
ResponderExcluirObrigado. Aguarde a nova matéria sobre o mesmo assunto
ResponderExcluirMuiiito bom!!!! Parabéns pela excelente matéria.
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